quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Novo Cardeal em Potencial

A capital chilena recebeu a notícia de um novo arcebispo. Substituindo o cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa, o Papa nomeou Dom Ricardo Ezzati, atual arcebispo de Concepcion e presidente da Conferência de Bispos do Chile.

A nomeação de dom Ricardo segue uma linha interessante do Papa para as Sés cardinalícias da América Latina - homens de influência na Cúria Romana, administradores e alinhados com o Papa.

Dom Ricardo também foi um dos "sentinelas" no processo de visitação apostólica dos Legionários de Cristo que, como soubemos recentemente, emitiu duras normas sobre a memória do seu fundador, o nada reverendíssimo Pe. Maciel. Coube a Dom Ezzati supervisionar as casas e movimentos dos Legionários em toda América do Sul.

Mas vamos ao que interessa. O que pensa Dom Ricardo sobre o Motu Proprio Summorum Pontificum? Essa é uma pergunta que, embora eu não queira generalizar, indica praticamente tudo sobre um bispo. É impressionante como essa perguntinha é reveladora.

Dom Ricardo concedeu, a época da publicação do documento, uma entrevista a Rádio Vaticano:


Concepción, 18 jul (RV) - O Arcebispo de Concepción, no Chile, Dom Ricardo Ezzati Andrello (salesiano), assinalou que a motivação de fundo do Motu Proprio Summorum Pontificum de Bento XVI, que liberaliza o Missal de 1962, aprovado pelo então papa João XXIII, não é uma "nostalgia de museu" de tipo arqueológico litúrgico, mas sim um autêntico zelo pastoral que busca a comunhão na Igreja.
Ao refletir sobre as motivações de fundo do documento pontifício, o arcebispo assinalou que esse Motu Proprio deve ser entendendido como "abertura da Igreja Católica a grupos mais tradicionalistas que se haviam separado dela", e destacou que "a grande finalidade do papa é a comunhão".
Do mesmo modo, Dom Ricardo pediu para esse documento não ser interpretado como a volta das missas em latim, porque isso seria ficar só no lingüístico. Nesse sentido esclareceu que a Eucaristia _ segundo o Missal de uso comum antes da reforma litúrgica _ é celebrada nessa língua, mas implica, além disso, uma estrutura distinta da contemplada no Missal aprovado por Paulo VI.
Dom Ricardo afirmou ainda que a missa em latim segundo o Missal de Pio V _ reformado por João XXIII em 1962 _ nunca foi juridicamente suspensa, e sempre esteve permitida depois do Concílio Vaticano II. Entretanto, até agora era necessária a autorização expressa do bispo para utilizá-lo em uma cerimônia.
Por último, o arcebispo chileno assinalou que Bento XVI, ao promulgar esse documento, insistiu que o retorno a usos tradicionais não implicava nenhuma negação às determinações do Concílio Vaticano II, nem a "uma de suas reformas essenciais, ou seja, a reforma litúrgica", e que o uso da língua vernácula na missa, em nosso caso o espanhol _ frisou ele _, seguia sendo "o normal", e o latim, "o extraordinário". (JD)

Que podemos concluir? É uma entrevista bem simples, curta e direta. Dom Ricardo não transpira entusiamos, mas não demonstra qualquer desaprovação. Coloca o gesto papal numa proporção bem interessante, embora não satisfaça os mais ávidos por posições absolutas. Mas não posso dizer que Dom Ricardo foi "morno", ele simplesmente foi prático.

Ele reconhece a validade da missa, nunca suspensa, e que sua estrutura é sim diferente do Missal reformado. Isso é bom porque vemos um bispo que reconhece uma real visão das coisas.
Bento XVI parece gostar de Dom Ricardo, já que sua nomeação como arcebispo de Concepcion veio do atual Papa em 2007.

A arquidiocese de Santiago vive praticamente em guerra discreta com as comunidades tradicionais e com as missas tradicionais. O atual cardeal arcebispo já teve sérias dificuldades com o Instituto Bom Pastor, inclusive expulsou formalmente o IBP.

Dom Ricardo é membro da nova força da Igreja - os salesianos
Isso só reforça a influência absurda que o atual secretário de
Estado tem nas nomeações atuais.
A nomeação de um bispo que entende como o Motu Proprio funciona e que, embora aparentemente não morra de amores pelo documento, ao menos tolera a missa sem problemas, é uma boa coisa para o pequeno Chile.
Mas como é praxe, desde janeiro deste ano, os progressistas estavam preocupados com a escolha do novo arcebispo, reclamando publicamente (do jeito que todo progressista adora fazer) que o novo pastor não poderia ser "surdo aos problemas do povo sofrido" ou "comprometido demais com os projetos romanos". Os mesmos progressistas se irritaram com o avanço constante do Opus Dei no país, afirmando que o movimento provavelmente definiria o futuro da arquidiocese. Parece que não foi exatamente o caso, infelizmente.
Façamos votos e rezemos para que novo cardeal em potencial do Chile seja mesmo o que promete - um fiel colaborador do Papa.

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