Já anunciado em dezembro, o próximo consistório para a criação dos novos cardeais se dará em fevereiro próximo. A lista, entretanto, dos agraciados com a púrpura cardinalícia só foi divulgada hoje. São eles, com direito a voto num eventual conclave:
1 – Mons. Dominique Mamberti, prefeito da Signatura Apostólica
2 – Mons. Manuel José Macário do Nascimento Clemente, Patriarca de Lisboa
3 – Mons. Berhaneyesus Demerew Souraphiel, C.M., Arcebispo de Addis Abeba (Etiópia)
4 – Mons. John Atcherley Dew, Arcebispo de Wellington (Nova Zelândia)
5 – Mons. Edoardo Menichelli, Arcebispo de Ancona-Osimo (Itália).
6 – Mons. Pierre Nguyên Văn Nhon, Arcebispo de Hà Nôi (Viêt Nam).
7 – Mons. Alberto Suárez Inda, Arcebispo de Morelia (México).
8 – Mons. Charles Maung Bo, S.D.B., Arcebispo de Yangón (Myanmar).
9 – Mons. Francis Xavier Kriengsak Kovithavanij, Arcebispo de Bangkok (Tailândia).
10 – Mons. Francesco Montenegro, Arcebispo de Agrigento (Itália).
11 – Mons. Daniel Fernando Sturla Berhouet, S.D.B., Arcebispo de Montevidéu (Uruguai).
12 – Mons. Ricardo Blázquez Pérez, Arcebispo de Valladolid (Espanha).
13 – Mons. José Luis Lacunza Maestrojuán, O.A.R., Bispo de David (Panamá).
14 – Mons. Arlindo Gomes Furtado, Bispo de Santiago de Cabo Verde (Cabo Verde).
15 – Mons. Soane Patita Paini Mafi, Bispo de Tonga (Ilha de Tonga).
Aqui cabe ressaltar a insistência em
não criar cardeais ratzingerianos, que mais uma vez vemos como marca dos consistórios franciscanos e a única regra absoluta que o pontífice reinante se impôs a seguir. O patriarca de Veneza, Dom Moraglia, continua humilhado sem o barrete vermelho a que teria direito se o Papa-Sol respeitasse os antigos costumes da Igreja. Francisco preferiu criar como cardeal o arcebispo de Agrigento, diocese que nunca na história teve um cardeal como cabeça e cuja a importância dentro da própria igreja italiana é praticamente nula (alguém já ouviu alguma coisa sobre Dom Montenegro?), a fazer cardeal o Patriarca de Veneza,
Sé que deu à Igreja três papas no século XX. Lamentável, sem dúvida.
Como no consistório anterior, Francisco aposta em cardeais de lugares inusitados e, em alguns casos, igrejas locais muito pequenas.
São os cardeais do fim do mundo para acompanhar o Papa do fim do mundo.
Francisco parece querer moldar o próximo conclave com muita força. Todos os papas fazem isso, de uma forma ou de outra, mas gradualmente. Bento XVI levou oito aos deixando o colégio e a cúria ratzingerianos...e depois esses elegeram Francisco,
o que é um mistério insondável da alma humana! Francisco, contudo, age pela força, autocrático como sempre. A sanha em criar cardeais vindos de lugares exóticos, de pouca importância para a política interna da Igreja já se tornou uma marca e com isso o Papa acredita - pura especulação minha - eleger seu sucessor para "além do fim do mundo".
Na minha modesta opinião, que nada vale, a insistência do Papa nesse tipo de consistório se torna um
espetáculo lamentável e de consequências vindouras para a Igreja que ainda não podemos mensurar. Levará anos, talvez décadas, para a Igreja se recuperar dessas decisões obviamente equivocadas e, mais uma vez, de
caráter eminentemente populista. É um consistório bolivariano, sem dúvida, muito próximo das políticas "sociais" aplicadas nos países do eixo "Foro de São Paulo".
O colégio de cardeais é, de alguma forma, o Senado da Igreja. Nele estão os melhores dos melhores (os melhores progressistas também), os bispos das dioceses mais importantes, das maiores igrejas particulares, das dioceses mais ricas (no caso dos alemães, é claro), etc. Não se enquadra em nenhuma categoria, por exemplo, a diocese de Santiago de Cabo Verde.
Não é falta de respeito, é bom senso mesmo.
Que o Papa queira nomear cardeais de dioceses pequenas, localizadas no "fim do mundo", é uma prerrogativa pontifícia, mas preterir dioceses importantes e de relevo para a Igreja
é colocar-se, mais uma vez, acima da própria Igreja.
Analisando racionalmente, o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil - o maior país católico do mundo, por enquanto -
tem muito mais precedência que o Bispo de Tonga. Entretanto, dom Murilo Krieger não foi feito cardeal,
mais uma vez.
Não sei o que se passa na cabeça do pontífice quando decide seus novos cardeais. Talvez pense "
quem é o mais desconhecido de todos? Que país está mais perdido no mapa?" e,
pabum!, escolhe o bispo de Addis Abeba, na Etiópia. Talvez faça isso com a ajuda de um grande globo, girando-o e repousando seu dedo ao acaso. Não sei! Mas o que sei é que as nomeações e,
especialmente, as não nomeações custarão caro o Papa que, penso eu, se acha inalcançável por qualquer ressentimento.
Mais uma vez os EUA foram preteridos na criação de novos cardeais. Com a ótica típica de um pensamento terceiromundista ou bairrista, Francisco se diverte criando cardeais os bispos que o mundo até então nem sabia que existiam. Outros, por sua vez, esperam.
Francisco, embora tenha vindo do fim do mundo, se esquece que
o mesmo é redondo e dá voltas.
O que virá a seguir? O que sairá desse conclave cada vez mais "exótico", repleto de figuras do fim do mundo? Não sei... só sei que
o fim está próximo!