segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
Piero Marini - Prefeito do Culto Divino e Chefe da Ecclesia Dei. Ou: Quando você pensa que não poderia ficar pior...
Os blogues de língua espanhola, com destaque para o La Cigueña de la Torre, dão como certa a nomeação do Cardeal Antonio Cañizares como sucessor do Cardeal Rouco na Sé de Madri.
Cañizares, apelidado de "pequeno Ratzinger" por sua proximidade com Bento XVI e por sua pequena estatura física, esteve a frente da congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos desde 2008. Como Prefeito, embora apoiando a ideia da hermenêutica da continuidade dentro do campo litúrgico, o principal terreno na batalha de Bento XVI para a revitalização do catolicismo, não teve conquistas significativas. Sejamos francos... o que veio de realmente significativo desta importante congregação nos anos de Cañizares? Praticamente nada. O projeto de reforma da reforma, nos anos de Ratzinger, caminhou a passos lentos e não encontrou resposta dentro da própria congregação que lhe desse sustentação prática, ou seja, o que víamos era apenas o exemplo piedoso do Papa alemão e nada mais.
Cañizares em Madri, a perda não seria tão lamentável assim. Ou seria...?
Ressurge das cinzas de um abençoado esquecimento o nome de Piero Marini, antigo mestre de cerimônias de João Paulo II. Ele não pede apresentações, e com certeza, o leitor já deve demonstrar sinais de uma suave ojeriza quando ouve seu nome.
Sim, os blogues espanhóis dão como certa também a nomeação de Piero Marini como Prefeito da Congregação que cuida - ou pelo menos deveria cuidar - da liturgia e dos sacramentos.
Bento XVI, ainda cardeal, já apontava na construção da nova missa uma das causas principais do esmorecimento da fé católica no ocidente. E não isentou o comitê encarregado da reforma da sua parcela de culpa. Para Bento XVI e muitos outros liturgistas de renome, a reforma não foi conduzida segundo a "planta" do concílio; em seu lugar foi construído um rito ecumênico.
O responsável pela reforma, como todo leitor deste blog deve saber, foi Annibale Bugnini, que teve por secretário particular o então padre Piero Marini. Marini inclusive escreveu um livro defendendo seu antigo mentor e a sua obra prima, o Novus Ordo Missae.
A nomeação de Marini já circula na internet desde abril, pelo menos. Entretanto hoje acrescentamos um detalhe a mais nessa história.
Uma verdadeira ironia do destino, o Papa Francisco planeja[ria] deslocar a Comissão Ecclesia Dei, que cuida das comunidades tradicionais e das questões relacionadas com o antigo missal, da Congregação para a Doutrina da Fé para a do Culto Divino. Assim, Piero Marini seria chefe "universal" dos dois ritos. Alguém pode imaginar algo mais bizarro?
Eu acredito que esse movimento seria natural e até "orgânico" num futuro distante, quando a missa antiga estivesse presente harmoniosamente na maioria das dioceses. Entretanto, não podemos esquecer que a comissão cuida também da relação com a FSSPX. Estaria, portanto, encerrado todo o contato? Com a comissão nas mãos do Culto Divino, sim.
Piero Marini, chefe da Ecclesia Dei, seria também a total aniquilação do tradicionalismo "cum Petro et sub Petro".
Piero Marini soube sobreviver ao pontificado de Bento XVI, esperando apenas a sua chance. Teve a paciência digna de uma cobra e aguentou o exílio dentro de um comitê sem grande importância dentro da Igreja. Ressurge agora porque vê uma chance.
A sua nomeação para o Culto Divino já está sendo lamentada em vários cantos do mundo. Damian Thompson já rogou ao Papa Francisco que não o fizesse. Vários teólogos italianos também escreveram. Mas é Francisco o bispo de Roma.
A nomeação de Piero Marini como chefe da Ecclesia Dei é o horror dos horrores. Se confirmada, tiro meu chapéu para Francisco. Nunca antes na história dessa Igreja um Papa conseguiu, em tão pouco tempo, transformar um pontificado precedente em pó.
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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Padres de Tradição Virtual Somem.
Algo me chama a atenção desde o começo de Abril. Algo que não sei se chamou a sua atenção também, caro leitor.
Este post é breve e serve apenas para expor esse "algo". Os padres tradicionais brasileiros desapareceram!
Sim, caro leitor, eles simplesmente sumiram...
Num passado não tão distante, você certamente deve se lembrar que na blogosfera pipocavam as páginas de alguns sacerdotes, diocesanos e/ou religiosos, que escreviam com um entusiasmo invejável e um conhecimento igualmente digno de nota. Acontece que já tem algum tempo que esses mesmos sacerdotes abandonaram a barca do teclado.
Eu percebi isso imediatamente ao anúncio "Habemus Papam". Foi como um tiro estridente que deu a largada a uma correria desenfreada. Alguns padres que lidavam com apostolado tradicional, sumiram. Padres que celebravam, até então, a missa tradicional para grupos estáveis - e que vinham conseguindo bons resultados e notáveis frutos - sumiram ou abandonaram oficialmente esses mesmos grupos que estão, até agora, sem pastor.
É possível tecer inúmeras teorias. Qualquer uma me moveria a julgar o coração destes sacerdotes da www. Portanto não dedilho nenhuma delas aqui, mas tenham certeza que as tenho. Sobretudo pelo testemunho de algumas pessoas ligadas a esses padres, que estão ainda atônitas. Não me refiro a um ou dois padres, desta ou daquela cidade, mas são vários "casos" que me chegam. Os guardarei como segredo de confissão.
Quantos mais irão sumir? Se antes tínhamos os padres de passeata, agora parece que os padres da Tradição Virtual também integrarão aquele seleto clube das modinhas que passaram. Talvez eles estejam preparando uma conversão pastoral, adaptando seu apostolado ao contexto. Vai saber!
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Os Bispos da Alemanha declaram guerra!
Acredito que não existe nenhum outro país com uma contribuição tão "bipolar" quanto a Alemanha. Sua literatura, a cultura do seu povo e a tradição e o amor ao trabalho duro são características do povo e da nação alemã. Entretanto não podemos esquecer que foi dessa terra que brotou três dos piores males que afligem o mundo moderno, uma sombra perpétua que parece encobrir a face da humanidade. O primeiro mal foi, sem dúvida, a revolta protestante. O segundo foi a teoria marxista. O terceiro, o nazismo. Um foi consequência direta do outro.
Não por acaso essas três manifestações do mal encarnaram-se em homens de grande intelecto e capacidade de convencimento: Lutero, Marx e Hitler. Os três males - que aqui vejo como as "Três Dores da Alemanha" - se caracterizam ainda por uma estreita relação com a Igreja Católica, quer diretamente, como no caso de Lutero, que foi monge católico, ou indiretamente, como foi o caso de Marx, ateu convicto da necessidade de destruição do cristianismo, e Hitler, um católico de fachada.
Agora, entretanto, é a vez da Igreja alemã apunhalar a Igreja Universal. A revolta e o desejo de destruir o que há de santo e católico estão dentro do templo de Deus.
Chega-nos a notícia que a Igreja Alemã, num ato cismático (entretanto não receberão preâmbulo doutrina para assinar), planeja aprovar a comunhão para os divorciados em segunda união. Sobre isso já escrevemos antes.
A reunião plenária dos bispos da Alemanha está marcada para março próximo, mas segundo informa o site "Catholic Herald" (CH), os bispos já possuem um documento pré-aprovado com diretrizes para a prática. O documento seria baseado na nota que a arquidiocese de Friburgo emitiu em outubro, mas que foi feita sem efeito pela Congregação para Doutrina da Fé, comandada hoje por um bispo alemão, e também num rascunho redigido por uma comissão de seis bispos.
Segundo informa o CH, os bispos estão confiantes que a sua "prática pastoral" não sofrerá qualquer repreensão de Roma. Essa confiança foi reforçada, segundo o CH, pela nova Exortação Apostólica Pós-Sinodal do Papa Francisco.
"Nós já temos as nossas próprias diretrizes e o Papa assinalou claramente que certas coisas podem ser decididas localmente.
Não somos a única diocese que busca soluções úteis para este problema e nós tivemos reações positivas de outras dioceses na Alemanha e do exterior nos assegurando que eles já praticam o que nós escrevemos em nossas diretrizes", afirmou Robert Eberle, porta-voz da arquidiocese de Friburgo.
A exortação Apostólica "Evangelii Gaudium", publicada no último dia 26, no seu número 32 assinala que:
Dado que sou chamado a viver aquilo que peço aos outros, devo pensar também numa conversão do papado. Compete-me, como Bispo de Roma, permanecer aberto às sugestões tendentes a um exercício do meu ministério que o torne mais fiel ao significado que Jesus Cristo pretendeu dar-lhe e às necessidades atuais da evangelização. O Papa João Paulo II pediu que o ajudassem a encontrar «uma forma de exercício do primado que, sem renunciar de modo algum ao que é essencial da sua missão, se abra a uma situação nova». Pouco temos avançado neste sentido. Também o papado e as estruturas centrais da Igreja universal precisam de ouvir este apelo a uma conversão pastoral. O Concílio Vaticano II afirmou que, à semelhança das antigas Igrejas patriarcais, as conferências episcopais podem «aportar uma contribuição múltipla e fecunda, para que o sentimento colegial leve a aplicações concretas». Mas este desejo não se realizou plenamente, porque ainda não foi suficientemente explicitado um estatuto das conferências episcopais que as considere como sujeitos de atribuições concretas, incluindo alguma autêntica autoridade doutrinal. Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária.
Segundo o trecho acima, com negritos meus, o Papa vê um novo futuro para as Conferências Episcopais. Bento XVI nunca viu as conferências episcopais como verdadeiros sínodos ou como entidades com referências canônicas. As conferências são uma criação recente, que predata em alguns anos a própria inauguração do Vaticano II. As conferências episcopais não possuem um status dentro da realidade eclesial superior a um órgão meramente consultivo; ao longo dos anos, entretanto, elas adquiriram considerável poder a ponto de regular o que um bispo, este sim um verdadeiro prelado, pode ou não fazer dentro da sua diocese. Isso nos conduziu à situação esdruxula em que vivemos hoje no Brasil, por exemplo, onde bispos católicos ortodoxos são reféns da CNBB.
Acredito - e aqui cabe uma pausa - que as conferências episcopais são, na sua maioria, as verdadeiras pedras de tropeço na ação evangelizadora da Igreja. Potencializar a sua autoridade, conferindo-lhes alguma posição análoga a uma "antiga Igreja Patriarcal" reduzirá a Igreja Universal a uma porção de igrejolas nacionais unidas por comodismo, interesse financeiro ou afinidade ideológica. O "sentire cum ecclesia" desaparecerá se o projeto apontado por Francisco no nº 32 se tornar realidade.
Uwe Renz, porta-voz da diocese de Rottenburg-Stuttgart, acredita que os bispos alemães estão agindo de acordo com o "espírito do ensinamento do Papa Francisco". Até onde sei o espírito do Papa Francisco encontra-se com o mesmo, não saiu a borboletear pelas margens do Reno.
Estamos como as vésperas de uma invasão, num estado de guerra fria. É guerra, mas ao mesmo tempo não é.
O que fará Francisco se a Alemanha adotar a comunhão aos divorciados? Prosseguirá com sua "Agenda 32" de patriarcalização das Conferências Episcopais? Não sabemos ainda.
A doutrina da Igreja sobre o divórcio é clara. As palavras de Francisco nem tanto. Esse é o problema do discurso "pastoral", que é inevitavelmente ambíguo e subjetivo.
A aprovação da prática pela Alemanha conduzirá a um efeito dominó em toda a Europa e América Latina. Se a Santa Sé indulgenciar tal prática escandalosa com um silêncio pastoral obsequioso ou com uma aprovação tácita justificada por algum malabarismo teológico, então será hora deste blogueiro jogar a toalha. Desculpe o desabafo, mas todos experimentamos extravios, incertezas, dúvidas. Quem não experimentou? Todos, eu também! Faz parte da fé.
Rezo para que as portas do inferno não prevaleçam, para que Francisco veja o perigo diabólico da "Agenda 32" e derrote a marcha de hereges que rompe nas terras de Ratzinger.
Antes perder a moribunda igreja alemã que perder todo o rebanho!
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
30 Padres Removidos do Vaticano
(CNA/Ewtn | Tradução Blogonicus) - Pelo menos 30 padres que estavam empregados nos departamentos do Vaticano poderão ser removidos dos seus postos e enviados para as dioceses nos próximos meses, de acordo com três diferentes fontes.
"A Congregação para o Clero será a primeira da lista", afirmou uma fonte do Vaticano familiarizada com a congregação.
Quatro padres empregados na congregação foram chamados para trabalhar nas dioceses. Entre eles está mons. Luciano Alimandi, que foi secretário pessoal por muitos anos do antigo chefe do departamento, Cardeal Dario Castrillon Hoyos.
De acordo com a fonte ouvida, Mons. Alimandi e outros três formavam "parte do círculo pessoal do Cardeal Mauro Piacenza". Ele foi prefeito da Congregação para o Clero até setembro.
O cardeal Piacenza foi apontado para comandar a Penitenciária Apostólica em 21 de setembro. O arcebispo Beniamino Stella o substituiu como prefeito da Congregação para o Clero. Uma fonte que esteve em contato com arcebispo Stella explicou ao CNA que "muitas mudanças são esperadas na congregação".
Essa fonte também afirmou que "o Papa Francisco deseja ter poucos empregados nos dicastérios vaticanos e quer mandar o máximo de padres que puder para servir nas paróquias e dioceses". A reforma do Papa, afirmou a fonte, "dará mais poder aos bispos locais. No passado, quando havia um caso difícil para lidar, um oficial da congregação era enviado ao local para relatar sobre o problema. No futuro, os bispos locais poderão receber essa função, recebendo parte do trabalho dos dicastérios vaticanos".
Outra fonte, que falou com a CNA e pediu para não ser identificado, "as mudanças envolverão todos os departamentos do Vaticano".
A fonte disse que "quando apontado como membro do grupo dos cardeais, o Cardeal Giuseppe Bertello realizou várias visitas às congregações vaticanas pedindo a cada uma delas por uma lista de pessoas que não necessárias à congregação".
De acordo com a fonte, a lista incluiria 30 nomes, todos sacerdotes. A fonte acrescentou que "alguns padres foram solicitados pelas suas dioceses de origem".
***
Não é de hoje que lemos e ouvimos que a reforma franciscana consistirá de uma diminuição considerável do poder da Cúria Romana. Alguns usam um eufemismo para mascarar um fato que salta aos olhos, falam de uma "diminuição da burocracia". Como ninguém gosta de burocracia, todos aplaudem qualquer iniciativa nesse sentido.
Eu me lembro do escândalo do clero americano, lá perto do ano 2000-2001, envolvido em diversas acusações de abusos sexuais. Todos os casos foram mascarados, por anos, pelos... bispos locais! Os bispos, mesmo com "pouco poder", causaram um estrago de proporções ainda desconhecidas. As finanças da igreja americana foram pelo ralo graças aos vários processos judiciais com indenizações milionárias; dioceses inteiras estão na bancarrota até hoje. A credibilidade da Igreja nos EUA foi levada ao chão e só agora começa a se recuperar.
Na crise americana o papel da Cúria Romana, na investigação e punição dos culpados, foi decisivo. Sobretudo o Papel do então cardeal Ratzinger. Um caso mais recente, de igual proporção, aconteceu na Irlanda e na Escócia e a Cúria, com seu poder, foi também decisiva para tentar reconstruir o que os bispos destruíram.
Me pergunto o que aconteceria se essa ideia de reforma for adiante. Se casos como os que citei acima surgirem novamente, o que aconteceria? Será que a "mini-Cúria" de Francisco seria capaz de resolver problemas semelhantes?
Cardeal Piacenza teve um infarto durante missa com Papa Francisco Prenúncio da sua queda poucos meses depois. |
Outro ponto da matéria que me chama a atenção é a obsessão com o Cardeal Piacenza. Por que Piacenza? Na minha modesta opinião - que não conta nada ou influencia coisa alguma - Mauro Piacenza foi o melhor Prefeito que essa congregação já teve desde o Vaticano II.
Levanto duas teorias [da conspiração]. Uma eu já escrevi aqui neste blog, seria que a remoção humilhante de Piacenza seria um desagravo que Francisco faria ao seu "amigo" Claudio Hummes, ex-prefeito e antecessor de Piacenza. A outra diz respeito ao conclave. É possível que Mauro Piacenza tenha se levantado como candidato de "oposição" a Francisco. Uma vez que os italianos não aderiram em consenso com Scola, Piacenza seria o nome mais natural. Nele votariam toda a ala ratzingeriana e bertoniana, sobretudo os cardeais curiais criados no consistório de fevereiro de 2012. É só uma teoria e o segredo do conclave nos permite criar teorias as mais diversas.
Devemos esperar rezando para ver o que acontecerá. Poder aos bispos locais, sobretudo para investigar e reportar casos problemáticos, é, sem dúvida, a pior besteira que poderia ser feita desde o Vaticano II.
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terça-feira, 19 de novembro de 2013
Bispo "de luxo" afastado. Mas e quanto ao Cardeal de luxo?
Marx - Cardeal de Extremo Luxo entre os conselheiros do Papa pobre |
Depois de meses de contestação e acusações pela mídia e por alguns padres da diocese, e depois de ter recorrido em pessoa ao Papa Francisco, o bispo de Limburgo, Dom Terbatz Van Elst, foi afastado temporariamente da sua diocese. Já escrevemos sobre isso aqui.
A acusação contra o bispo seria de gastos exagerados, ou mesmo exorbitantes, na construção da residência episcopal. Jornais e outros meios de comunicação, alimentados pelo clero, traçaram uma linha oposta entre Van Elst e o Papa recém eleito Francisco, contrastando a simplicidade deste último com a gastança desenfreada do primeiro.
A reunião no Vaticano se deu no mês passado, com a presença do ultra-liberal Robert Zollitsch, na qualidade de [ainda] presidente da Conferência Episcopal da Alemanha. Os bispos da Alemanha procuraram se distanciar de Van Elst, tratando o caso com meias palavras.
É possível que o bispo tenha exagerado nos gastos, mas acredito que isso não era caso para que o Vaticano o afastasse. Pensem, por exemplo, em bispos como Casáldaliga, Balduíno, Redovino e cia que, embora não gastem horrores, causam um estrago muito maior à Igreja. Todos eles, é claro, não foram afastados.
Mas o que me leva a escrever esta pequena nota é o fato interessante, que não foi focado pela mídia 'imparcial'. Dom Terbatz foi afastado da sua diocese por conta de um projeto que custou €31 milhões. Uma cifra considerável, sem dúvida. Mas o que a mídia talvez tenha se esquecido é que o Cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique, também tem um projeto ativo para a construção de uma nova sede da arquidiocese. O valor? Singelos €130 milhões. Isso mesmo 130 milhões de Euros!
Marx é um dos conselheiros de Francisco no G8 que ajudará o Papa a 'governar' a Igreja.
Será que os pobristas irão mirar no cardeal? Acredito que não, afinal de contas Marx quer comunhão aos divorciados, fim do celibato, etc...
Por sua vez Dom Terbatz foi acusado de ser "muito ortodoxo", preferindo o doutrinal sobre o pastoral. Que pecado!
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Dois lados da mesma moeda
sábado, 16 de novembro de 2013
"Você é o melhor intérprete do Vaticano II" escreve Papa Francisco a Bispo Ratzingeriano
(InfoCatólica | Tradução Blogonicus*) - A carta escrita pelo papa Francisco ao Arcebispo Agostino Marchetto, por ocasião da publicação de um livro sobre o primado papal, causou uma comoção em setores da igreja da Itália, porque consiste em apoiar a tese do prelado italiano, conhecido como um dos maiores expoentes da teoria da hermenêutica da continuidade do Concílio Vaticano II, em oposição àqueles que o interpretam em chave de novidade e ruptura. O Papa assegurou ao bispo que ele é considerado como o melhor intérprete do Concílio e ainda garante que o arcebispo corrigiu erros ou imprecisões suas [de Francisco], pelo que lhe agradeceu.
O texto completo da carta do Papa ao Arcebispo Marchetto Francisco (traduzido para o espanhol por InfoCatólica da versão dada na imprensa da Itália) [e traduzido para o português por este blog, NdT]:
Caro ao Arcebispo Marchetto,
Com estas linhas eu quero mostrar a minha proximidade e participar da apresentação do livro“Primato pontificio ed episcopato. Dal primo millennio al Concilio ecumenico Vaticano II”. Eu imploro que você me sinta espiritualmente presente.
O tema do livro é uma homenagem ao amor que você tem à Igreja, um amor fiel e ao mesmo tempo poético. Lealdade e poesia não podem ser negociados: não são comprados ou vendidos, são simplesmente as virtudes enraizadas em um coração de filho que sente a Igreja como mãe, ou para ser mais preciso, e dizê-lo com "ar" da família inaciana, como "a Santa Mãe Igreja Hierárquica".
Este amor você manifesta de muitos modos, inclusive corrigindo um erro ou imprecisão da minha parte - e por isso lhe agradeço de coração -, mas sobretudo manifesta com toda a sua pureza nos estudos realizados sobre o Concílio Vaticano II.
Uma vez lhe disse, querido Mons. Marchetto, e hoje desejo repetir, que o considero o melhor intérprete do Concílio Vaticano II. Sei que é um dom de Deus, mas também sei que você o fez frutificar.
Estou agradecido por todo o bem que nos faz com seu testemunho de amor à Igreja e peço ao Senhor que o recompense abundantemente.
E peço por favor para que não se esqueça de rezar por mim. Que Jesus o abençoe e a Virgem Santa o proteja.
***
O Arcebispo Marchetto foi secretário do Pontifício Conselho para os Migrantes e Itinerantes até atingir os 70 anos, quando pediu ao então Papa Bento XVI seu afastamento para se dedicar exclusivamente ao estudo da hermenêutica do Concílio Vaticano II.
É conhecido na Itália por seu um ferrenho "ratzingeriano", defendendo a hermenêutica da continuidade. Desde 2005 o arcebispo vem escrevendo sobre o Concílio. É claro que nenhum desses livros foi traduzido para o português!
Por isso mesmo a carta de Francisco - totalmente pessoal e inesperada - está sendo vista com espanto pela imprensa italiana, como um elo que o conecta ao coração do pontificado de Bento XVI, algo que acreditava-se estar morto desde março deste ano.
Penso que um sinal amarelo começou a piscar entre os maiores admiradores de Francisco até o momento - os liberais e os "mass media".
Não é segredo para ninguém que a esmagadora parcela de católicos tradicionais e até mesmo uma parte significativa dos católicos conservadores vem encontrando dificuldades em Francisco. Sobretudo nos meses de julho, setembro e outubro, quando o Papa se empenho pelo caminho desastroso das "entrevistas".
Como escreveu o blogueiro espanhol Francisco José Fernández de la Cigoña, "El Papa, como todos sus antecesores, está aprendiendo a ser Papa. Y parece que con celeridad y aprovechamiento. Bendito sea Dios".
*Li primeiro no blog La cigüeña de la torre
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sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Entrevista de Francisco ao jornalista Scalfari removida do site do Vaticano.
A famosa entrevista concedida pelo Papa Francisco ao jornalista ateu e fundador do "La Repubblica", Eugenio Scalfari, foi removida do site oficial do Vaticano.
Segundo o Pe. Frederico Lombardi a decisão de remover o texto da página partiu da Secretaria de Estado. "A entrevista é confiável de um modo geral, mas não em avaliações individuais: por este motivo, foi decidido não torná-la num texto disponível no site da Santa Sé. Em substância, remover a entrevista a configurou de acordo a natureza desse texto. Houve uma certa ambiguidade e debate sobre o seu valor. A decisão foi tomada pelo Secretário de Estado", afirmou Lombardi.
Desde a publicação da entrevista, o Pe. Lombardi havia afirmando que o texto não tinha sido revisado ou lido previamente pelo Papa Francisco, sendo composto por Scalfari a partir das sua própria memória de uma conversa com o Francisco.
Segundo informa o La Stampa, "o artigo continha expressões dificilmente atribuíveis ao papa Francisco. Bem como um erro sobre o que aconteceu na Capela Sistina. Em uma das respostas, foi dito que o Papa, depois de atingir um quorum para a eleição, antes de aceitar, havia se retirado em oração. O fato não é verdadeiro, e foi refutado por vários cardeais, incluindo o arcebispo Timothy Dolan de Nova York".
As afirmações do Pe. Lombardi sobre a natureza não magisterial da entrevista, que deveriam servir para consolar alguns católicos perplexos com as declarações do Papa sobre o primado da consciência e sobre a natureza do bem e do mal, não foram completamente acolhidas devido a presença do texto em veículos oficiais do Vaticano.
No dia seguinte à publicação do texto de Scalfari no periódico La Repubblica, foi a vez do jornal oficial do Papa, L'Osservatore Romano, comandado por Gian Maria Vian, publicar o texto na íntegra. Em quanto isso, na entrada pessoal do pontífice no site do Vaticano, a entrevista figurava entre documentos de magistério.
Antonio Socci, colunista católico do jornal italiano "Libero", escreveu em 27 de outubro que após a publicação da entrevista, o Papa Francisco estava plenamente consciente do risco de incompreensão de algumas de suas palavras, particularmente aqueles sobre a consciência.
De acordo com Socci, o Papa Francisco "lamentou" a publicação da entrevista no "L'Osservatore Romano" e "queixou-se que ao diretor Vian, em Assis, no dia 04 de outubro".
O vídeo da TV do Vaticano mostra que quando o papa Francisco foi visitar o túmulo de São Francisco de Assis, ele parou e teve uma conversa de um minuto com Vian.
De acordo com Socci, "este é provavelmente o momento em que o papa Francisco queixou-se a Vian".
Segundo reporta o site CNA/EWTN, apenas duas pessoas estavam perto o suficiente do papa Francisco para ouvir a conversa entre ele e Vian: o jornalista Aldo Cazzullo, e o vice-diretor da assessoria de imprensa da Santa Sé, o padre Ciro Benedettini.
Socci confirmou ao CNA em 28 de outubro que ele "soube sobre o arrependimento do Papa por duas fontes diferentes."
É recomendável assistir ao vídeo (clique aqui) e ver as expressões e os gestos do Papa a Vian. Francisco, com as mãos, indica uma negativa sobre algo que foi escrito. As imagens começam aos 22:56 minutos.
Embora tenha sido removida do website do Vaticano, a página ainda consta nas entradas de pesquisa do buscador do mesmo site. Entretanto os links só podem ser acessados através de uma cópia cache.
Tudo indica que a complicada entrevista foi colocada nos veículos oficiais do Vaticano sem qualquer consentimento do Papa Francisco. Foi Vian quem deu ao texto um caráter magisterial ao publicá-lo como tal no jornal vaticano e torná-lo disponível na página de internet. O texto de Scalfari, escrito a partir das suas "memórias" de um bate-papo com Francisco, nunca é bom esquecer, agradou aos liberais e dentre eles, ao que tudo indica, Vian. Vale lembrar que poucos dias antes Francisco também concedeu uma entrevista a um jornalista jesuíta, mas esta nunca foi disponibilizada no site do Vaticano. A entrevista à Rede Globo, depois da JMJ do Rio, também não figura como um documento "para-magisterial". Vian, parece, tem uma predileção por textos de religiosos de ateus.
Cópia da Entrevista removida do site do Vaticano. Agora só através do Cache |
Segundo o Pe. Frederico Lombardi a decisão de remover o texto da página partiu da Secretaria de Estado. "A entrevista é confiável de um modo geral, mas não em avaliações individuais: por este motivo, foi decidido não torná-la num texto disponível no site da Santa Sé. Em substância, remover a entrevista a configurou de acordo a natureza desse texto. Houve uma certa ambiguidade e debate sobre o seu valor. A decisão foi tomada pelo Secretário de Estado", afirmou Lombardi.
Desde a publicação da entrevista, o Pe. Lombardi havia afirmando que o texto não tinha sido revisado ou lido previamente pelo Papa Francisco, sendo composto por Scalfari a partir das sua própria memória de uma conversa com o Francisco.
Segundo informa o La Stampa, "o artigo continha expressões dificilmente atribuíveis ao papa Francisco. Bem como um erro sobre o que aconteceu na Capela Sistina. Em uma das respostas, foi dito que o Papa, depois de atingir um quorum para a eleição, antes de aceitar, havia se retirado em oração. O fato não é verdadeiro, e foi refutado por vários cardeais, incluindo o arcebispo Timothy Dolan de Nova York".
As afirmações do Pe. Lombardi sobre a natureza não magisterial da entrevista, que deveriam servir para consolar alguns católicos perplexos com as declarações do Papa sobre o primado da consciência e sobre a natureza do bem e do mal, não foram completamente acolhidas devido a presença do texto em veículos oficiais do Vaticano.
No dia seguinte à publicação do texto de Scalfari no periódico La Repubblica, foi a vez do jornal oficial do Papa, L'Osservatore Romano, comandado por Gian Maria Vian, publicar o texto na íntegra. Em quanto isso, na entrada pessoal do pontífice no site do Vaticano, a entrevista figurava entre documentos de magistério.
Antonio Socci, colunista católico do jornal italiano "Libero", escreveu em 27 de outubro que após a publicação da entrevista, o Papa Francisco estava plenamente consciente do risco de incompreensão de algumas de suas palavras, particularmente aqueles sobre a consciência.
De acordo com Socci, o Papa Francisco "lamentou" a publicação da entrevista no "L'Osservatore Romano" e "queixou-se que ao diretor Vian, em Assis, no dia 04 de outubro".
O vídeo da TV do Vaticano mostra que quando o papa Francisco foi visitar o túmulo de São Francisco de Assis, ele parou e teve uma conversa de um minuto com Vian.
Papa Francisco em conversa "dura" com Vian. |
Os gestos do Papa são severos e rápidos. |
De acordo com Socci, "este é provavelmente o momento em que o papa Francisco queixou-se a Vian".
Segundo reporta o site CNA/EWTN, apenas duas pessoas estavam perto o suficiente do papa Francisco para ouvir a conversa entre ele e Vian: o jornalista Aldo Cazzullo, e o vice-diretor da assessoria de imprensa da Santa Sé, o padre Ciro Benedettini.
Socci confirmou ao CNA em 28 de outubro que ele "soube sobre o arrependimento do Papa por duas fontes diferentes."
É recomendável assistir ao vídeo (clique aqui) e ver as expressões e os gestos do Papa a Vian. Francisco, com as mãos, indica uma negativa sobre algo que foi escrito. As imagens começam aos 22:56 minutos.
Embora tenha sido removida do website do Vaticano, a página ainda consta nas entradas de pesquisa do buscador do mesmo site. Entretanto os links só podem ser acessados através de uma cópia cache.
Busca por "Scalfari" no site do Vaticano |
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Bispos dos EUA e Chile escolhem seus presidentes
Uma Igreja ainda mais obcecada pela defesa incondicional da vida
Bispos americanos reunidos |
A Conferência Episcopal Americana (USCCB) escolheu hoje o seu novo presidente. Em primeiro lugar é preciso destacar a lista dos então candidatos à presidência da mais importante conferência de bispos do mundo:
Gregory Aymond (arcebispo de Nova Orleans)
Charles Chaput (arcebispo da Filadélfia)
Daniel DiNardo (Cardeal Arcebispo de Galveston-Houston)
José Gomez (Arcebispo de Los Angeles)
Joseph Kurtz (Arcebispo de Louisville)
William Lori (Arcebispo de Baltimore)
Dennis Schnurr (Arcebispo de Cincinnati)
Allen Vigneron (Arcebispo de Detroit)
Thomas Wenski (Arcebispo de Miami)
Blase Cupich (Bispo de Spokane)
A predominância de nomes "beneditinos" é visível. São bispos que, na sua maioria, compartilham com o Papa Emérito a sua visão de uma igreja unida pela mesma fé, de tradição ininterrupta.
Três candidatos foram nomeados com a missão de restaurar dioceses destruídas pela administração progressista e liberal dos seus predecessores. Charles Chaput recebeu de Bento XVI a missão de reconstruir a arquidiocese da Filadélfia arrasada pelos escândalos de pedofilia. José Gomez recebeu a arquidiocese de Los Angeles, lar do cardeal ultra-heterodoxo Roger Mahony; nos primeiros meses de governo Gomez precisou lidar com a crise gerada pelo bispo auxiliar, e braço direito de Mahony, Gabino Zavala que assumiu a paternidade de uma menina já adolescente. Thomas Wenski recebeu a "diocese gay" para recompor; como o próprio nome já diz, a diocese de Miami se tornou conhecida pelo número absurdo de padres envolvidos em orgias homossexuais.
O Cardeal DiNardo desempenha um papel importante no estabelecimento do Ordinariato da Cátedra de São Pedro, destinado aos ex-anglicanos americanos que desejam se converter ao catolicismo. Foi sua a iniciativa de abrir as portas do seminário arquidiocesano de Houston para que os ex-pastores pudessem completar seus estudos.
Terminadas as considerações, o escolhido para suceder o Cardeal Dolan como presidente foi o arcebispo de Louisville, Dom Joseph Kurtz.
Kurtz era vice-presidente da USCCB, diretor do Centro Nacional de Bioética Católica e membro do grupo que promove a canonização do Venerável Arcebispo Fulton Sheen. Kurtz ainda é um grande ativista pró-vida.
Arcebispo Kurtz rezando em frente a uma clínica de abortos |
A escolha do arcebispo Kurtz, além de confirmar a regra de se eleger o vice-presidente como presidente (regra que havia sido quebrada quando Dolan assumiu), dá um sinal claro que a Igreja americana não desistirá da defesa da vida, nem minguará sua vontade de reverter a cultura de abortos tão enraizada no país.
Depois das palavras do Papa Francisco sobre a [suposta] obsessão da Igreja com temas como o aborto e o casamento gay, pensava-se que a USCCB escolheria um bispo mais alinhado com essa [suposta] visão do Papa. Quem apostou suas fichas em nomes mais políticos, como Lori ou Vigneron, perdeu.
***
Na outra ponta do continente da esperança...
Bispos Chilenos depois da Assembleia Geral |
Os bispos do Chile reelegeram o arcebispo de Santiago, Dom Ricardo Ezzati, como seu presidente.
Surpreendentemente - para um país membro do CELAM - os bispos do Chile recomendaram publicamente que os católicos votem nas eleições gerais do próximo dia 17 seguindo a doutrina católica e avaliando seus candidatos considerando a defesa da vida e da família.
Na sua mensagem ao povo chileno os bispos do estreito, porém belíssimo, país falam de "Três casos relevantes a considerar no seu discernimento ético, ao escolher seus representantes". A primeira é a avaliação e a defesa incondicional da vida desde a concepção até seu fim natural. A segunda instância de discernimento é a proteção da família, da comunidade de vida e de amor, fundada sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher. A terceira instância para o nosso discernimento é de que a paz social é a obra da justiça.
O atual presidente do Chile, Sebastian Piñera, é contrário ao aborto e à leis que o promovam de alguma forma, afirmando-se um defensor da vida. Dos nove candidatos à presidência, apenas um (Ricardo Israel) é defensor da vida e inclusive tem uma "política de natalidade" para promover que os casais tenham mais filhos. Todos os demais candidatos apoiam o aborto ou desejam ampliar a sua oferta, além de endossarem uma cultura de gênero gayzista.
Enquanto isso no Brasil...
Nossos bispos devem estar preocupados com a falta d'água, maioridade penal, "capitalismo selvagem", degradação das matas ciliares ou emitindo alguma nota que ninguém dará a menor atenção.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Müller anula decisão de Zollitsch sobre comunhão aos divorciados
Quase imediatamente após a sua renúncia ao governo da arquidiocese de Friburgo ser acolhida pelo Papa Francisco, o arcebispo Robert Zollitsch torna público um documento "pastoral" onde orienta os padres sobre a comunhão aos católicos divorciados e em segunda união. Poucas semanas depois o Prefeito da Doutrina da Fé, o também alemão Gerhard Müller, publicou um longo artigo no L'Osservatore Romano onde defende a atual posição católica de total inviolabilidade do casamento, desde que validamente celebrado. Agora Müller se dirige de forma direta ao arcebispo emérito Zollitsch, e aos demais bispos da Alemanha, revogando o documento "pastoral". Abaixo a carta enviada por Müller.
***
A Sua Excelência!
Honorável Senhor Arcebispo!
Com o documento prot. N 2922/13, de 8 de outubro de 2013, o Nuncio Apostólico informou o projeto das diretrizes para o cuidado pastoral das pessoas separadas, divorciadas e recasadas civilmente na Arquidiocese de Friburgo, bem como a sua circular aos membros da Conferência Episcopal Alemã antes da publicação dessa carta, à Congregação para a Doutrina da fé. Uma leitura cuidadosa do rascunho do texto revela que ele contém ensinamentos pastorais muito corretos e importantes, mas não é claro em sua terminologia e não corresponde com o ensinamento da Igreja em dois pontos:
"As pessoas divorciadas e recasadas se colocam no caminho do seu acesso à Eucaristia".
1. Em relação à recepção dos sacramentos por fiéis divorciados novamente casados a proposta dos bispos da área de Oberrhein é novamente recomendada como uma direção pastoral: após um processo de discussão com os párocos, as pessoas interessadas podem chegar à conclusão de participar muito na vida da Igreja, mas a abster-se deliberadamente de receber os sacramentos, enquanto outras podem em suas situações concretas alcançar uma "decisão responsável de consciência" e serem capazes de receber os sacramentos do Batismo, a Sagrada Comunhão, Crisma, Reconciliação e Unção dos Enfermos , e esta decisão deve "ser respeitada" pelo padre e pela comunidade.
Ao contrário desta suposição, o Magistério da Igreja enfatiza que os pastores devem reconhecer bem as diversas situações e devem convidar os fiéis afetados por elas a uma participação na vida da Igreja, mas também "reafirma a sua prática, que é baseada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística divorciados que voltaram a casar "(cf. João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio, de 22 de novembro de 1981, N. 84; também comparar a Carta desta Congregação de 14 de setembro de 1994 sobre a recepção da Comunhão por divorciados recasados fiel, que rejeita a proposta dos bispos Oberrhein, e Bento XVI, Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, de 22 de fevereiro de 2009, N. 29).
Esta posição do Magistério é bem fundamentada. Divorciados recasados estão no caminho de seu acesso à Eucaristia, na medida em que o seu estado de vida é uma contradição objetiva para a relação de amor entre Cristo e a Igreja, que se torna visível e presente na Eucaristia (razão doutrinária). Se estas pessoas pudessem receber a Eucaristia isso causaria confusão entre os fiéis sobre o ensinamento da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio (razão pastoral).
2. Além disso, um rito [service, no original em inglês, NdT] de oração para os fiéis divorciados que entram em um novo casamento civil é sugerigo. Embora seja explícito que isso não é um "semi-casamento" e a cerimônia deve ser simples, mas ainda assim seria uma espécie de "rito", com uma entrada, a leitura da Palavra de Deus, benção e entrega de uma vela, oração e conclusão.
Tais celebrações foram expressamente proibidas por João Paulo II e Bento XVI: "O respeito devido ao sacramento do Matrimônio, para os próprios casais e suas famílias, e também para a comunidade dos fiéis, proíbe qualquer pastor, por qualquer motivo ou pretexto mesmo de natureza pastoral, de realizar cerimônias de qualquer natureza para as pessoas divorciadas que se casam novamente. Estas dariam a impressão de celebração de novas núpcias sacramentais válidas, e que, assim, levariam as pessoas ao erro sobre a indissolubilidade do matrimônio contraído validamente "(Familiaris Consortio, n. 84).
Os fiéis afetados devem receber suporte, mas é preciso evitar que "cresça confusão entre os fiéis sobre o valor do matrimônio" (Sacramentum Caritatis, N. 29).
Devido às discrepâncias acima destacadas, o projeto de texto deve ser retirado e revisto, de modo que nenhuma direção pastoral seja sancionada que se oponha aos ensinamentos da Igreja. Porque o texto suscitou questões não só na Alemanha, mas em muitas partes do mundo, bem como levou à incertezas numa questão pastoral delicada, me senti obrigado a informar ao Papa Francisco sobre isso.
Após consulta com o Santo Padre, um artigo de minhas mãos foi publicado em L'Osservatore Romano em 23 de outubro de 2013, que resume o ensino vinculante da Igreja sobre estas questões. Essa contribuição também foi publicada na edição semanal do jornal do Vaticano.
Uma vez que um número de bispos que se voltou para mim e um grupo de trabalho da Conferência Episcopal Alemã está lidando com o tema, gostaria de informar que vou enviar uma cópia desta carta a todos os bispos diocesanos da Alemanha. Esperando que sobre esta questão delicada nós vamos por caminhos pastorais, que estão em pleno acordo com a doutrina da fé da Igreja, fico com cordial saudação e bênção no Senhor.
Gerhard L. Müller
Prefeito
sábado, 9 de novembro de 2013
Cardeal Marx sobre comunhão aos divorciados: "O Prefeito da Doutrina da Fé não pode impedir essa discussão"
(PrayTell) Na opinião do Cardeal Marx, arcebispo de Munique, o debate sobre a forma como os católicos lidam com os divorciados re-casados (sic) está aberta [para discussão]. "O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé não pode colocar um freio na discussão", afirmou o cardeal na conclusão da reunião de bispos de Freising [Frisinga], segundo o site KathWeb. A conferência consiste na reunião de bispos bávaros de Munique e Frisinga, Regensburgo, Passau, Augsburgo, Bamberg, Wurzburgo, Eichstatt e Speyer.
O arcebispo Gerhard Ludwig Müller, antigo bispo de Regensburgo, e agora prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, recentemente escreveu um artigo no L'Osservatore Romoano defendendo enfaticamente a disciplina da Igreja em negar a comunhão aos recasados, não vendo qualquer possibilidade de mudança nessa prática. Em resposta, o Cardeal Marx afirmou que "nós veremos isso discutido da forma ampla. O resultado [da discussão] eu não sei". O Cardeal Marx está no comitê de oito cardeais apontados pelo Papa Francisco para aconselhá-lo na reforma da Cúria Romana e no governo da Igreja Católica.
O Cardeal Marx disse que é o desejo expresso de Roma que haja uma discussão ampla por toda a Igreja na preparação para o Sínodo Especial para a Família, em outubro de 2014. O cardeal acredita que há algumas questões nas quais a postura da maioria dos católicos, em particular dos católicos praticantes, é clara. Ele apontou o caso dos recasados como um exemplo. Um grande número de fiéis católicos não pode compreender completamente "que uma segunda união não é aceita pela igreja". Ele acredita que é inadequado falar no divórcio como uma simples "falha moral".
***
Ok, ok, ok. Na prática precisamos nos perguntar: o que esperar desse sínodo? Por que ele foi convocado? Qual a sua verdadeira finalidade?
Estamos querendo, com o Sínodo para a Família, compreender o que se passa nas "periferias existenciais" católicas, como o católico ordinário compreende ou não a doutrina, suas dificuldades em viver de acordo com ela e, a partir disso, procurar ajudá-lo a compreender melhor essa mesma doutrina? Ou será que o Sínodo foi convocado única e exclusivamente para aprovar a comunhão aos divorciados?
Se o Sínodo se pautar pela opinião dos católicos ordinários, então é de se esperar que a partir de 2015 os divorciados já poderão comungar.
O que eu vejo dos bispos que já se pronunciaram a respeito é justamente uma inclinação nessa direção facilitadora e acomodada. "Ah, não se pode vencê-los, junte-se a eles!". O número de divórcios é imenso e uma verdadeira chaga no corpo social; essa pestilência precisa ser combatida e não "discutida" por toda a Igreja. O único bispo, até o momento, que parece ter sido abençoado com algum juízo é Müller! Incrível, não é mesmo!?
Estamos ouvindo muito, recentemente, as palavras "abertura", diálogo (essa nunca deixamos de ouvir), sensibilidade pastoral e outras expressões de uma igreja afeminada e incapaz de combater o mal. O Sínodo para a Família precisa se preocupar com a família! Acolher uma das causas da destruição da família é um absurdo.
Mas talvez, e só talvez, qualquer certeza doutrinal seja inadequada daqui para frente.
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quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Bispo americano proíbe oração pelo casamento gay na Catedral
[Sun-Times] O líder da Igreja Católica de Springfield se manifestou nesta terça-feria para sabotar um protesto silencioso pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo, planejado para acontecer na catedral, afirmando que o plano [dos manifestantes] de rezar o rosário pela igualdade no casamento é "blasfemo".
Os partidários da Bill 10 [equivalente a um projeto de lei que tramita no senado estadual que prevê o "casamento" gay] planejam participar da missa na Catedral da Imaculada Conceição como parte de "uma clamorosa presença católica pela igualdade do matrimônio", como descrevem os organizadores, que irá comportar um dia inteiro de manifestações favoráveis à legislação.
O bispo Thomas Paprocki, cabeça da diocese de Springfield, afirmou que qualquer um usando uma faixa com as cores do arco-íris não poderá permanecer dentro da igreja.
"É blasfêmia mostrar desrespeito ou irreverência a Deus ou a algo sagrado", Paprocki disse em um comunicado divulgado na terça-feira pela manhã. "Desde que Jesus ensinou claramente que o casamento como criado por Deus é uma instituição sagrada entre um homem e uma mulher (ver Mateus 19:4-6 e Marcos 10:6-9), rezar pelo casamento do mesmo sexo deve ser visto como blasfemo e como tal, não será permitido na catedral.
Pessoas vestindo uma faixa do arco-íris, ou que de outra forma se identificam como filiados ao Movimento Rainbow Sash [faixa arco-íris] não serão admitidos na catedral e quem se levanta para rezar pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo na catedral será convidado a se retirar ", disse Paprocki.
"É claro que a nossa catedral e paróquias estão sempre abertas para todos os que desejam se arrepender de seus pecados e pedir perdão a Deus", disse ele.
***
Em primeiro lugar, devemos reconhecer a coragem do bispo. Combater o gayzismo com força não é uma atitude vista com frequência dentro da Igreja. Parabéns a Dom Paprocki!
Destaquei o último trecho da matéria porque ele é a síntese de toda a pastoral autenticamente católica - abraçar o pecador, não o pecado.
Mas quem é ele para julgar? O bispo, é claro! O pastor do rebanho que deve ensinar, acolher e corrigir!
Um dos problemas da Igreja, hoje, é querer, de alguma forma, acolher o pecado. Essa é uma tentação moderna muito forte, com raiz numa falsa noção de compaixão e caridade.
Pensemos, por exemplo, na questão dos divorciados em segunda união. O que se quer é encontrar uma solução pastoral para essas pessoas, mas não se fala, nessa sonhada "solução", do arrependimento, muito menos na mudança de vida. Os bispos [alguns, queira Deus que não sejam todos] querem encontrar um "jeitinho" para incorporar plenamente essas pessoas à Igreja, mas esquecem-se, ou fingem esquecer, que esses casais vivem em pecado grave e não será uma canetada do papa do fim do mundo ou uma decisão no próximo Sínodo que mudará essa realidade. Corremos o risco, isso sim, de um agravamento sem precedentes na já inédita crise da Igreja se algo desse tipo for adotado, uma verdadeira "solução final" para a Igreja.
Como consequência dessa vontade de acolher o pecador e o pecado, há ainda o perigo de uma separação entre doutrina e prática pastoral. A Igreja não pode pregar contra a sodomia e celebrar missas-gays, como acontece nos EUA e Inglaterra.
O bispo de Springfield agiu de forma corretíssima. Colocou a doutrina à serviço da prática pastoral, ignorando o bom-mocismo reinante. Espero que o bispo não se torne mais uma vítima da patrulha franciscana.
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Maradiaga no lugar de Braz de Aviz?
(Marco Tosatti - La Stampa) Vozes insistentes profetizam uma mudança importante no vértice da Cúria Romana. O cardeal brasileiro João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os religiosos, poderia retornar ao Brasil, para a [arqui]diocese de Aparecida.
O seu lugar seria ocupado por um dos principais conselheiros e colaboradores do Papa Bergoglio, o cardeal hondurenho Oscar Andres Rodriguez Maradiaga. Maradiaga, salesiano, já estava cotado para um cargo na Cúria romana, alguns anos atrás, quando era secretário de Estado o seu confrade Tarcísio Bertone. Mas o projeto não foi adiante. Maradiaga é o primeiro cardeal da história de Honduras; foi considerado papabile nos últimos dois conclaves, toca piano (como Bento XVI), possui um brevê e fala seis línguas. Nas suas veias, segundo um biógrafo, corre sangue Maia.
Outras movimentações semelhantes, em breve, são o Prefeito da Congregação para o Culto Divino, o cardeal Antonio Cañizares Llovera (apelidado de pequeno Ratzinger), que alguns afirmam que partirá para a Espanha (Madri). E sempre a Espanha, para a Catalunha, Barcelona, poderia partir o secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, o jesuíta espanhol Luis Francisco Ladaria Ferrer. Ladaria é de Barcelona, mas não é seguro que aos 70 anos desejaria o governo de uma diocese.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Foto do dia - Pregador do Retiro Quaresmal de Francisco na Reforma da Reforma da Reforma
O Papa Francisco, que vem impactando a Igreja com seu estilo litúrgico "simples", já divulgou quem será o pregador do tradicional retiro de quaresma da Cúria Romana.
Mas antes...
Para aqueles que não sabem, durante alguns dias da Quaresma o Papa se retira com os membros da Cúria Romana em oração. Para estes momentos o Papa aponta um sacerdote ou religioso para conduzir e pregar.
Bom... O retiro será diferente dos tradicionais, que se realizavam sempre nas dependências do Vaticano. Francisco inovou (sic!) e levará os prefeitos e presidentes dos departamentos curiais, além dos secretários e sub-secretários, para uma residência na zona de Castelgandolfo.
Segundo a Rádio Vaticano "a decisão de realizar o retiro fora do Vaticano tem como objetivo assegurar um lugar reservado e silencioso, longe do local de trabalho habitual, para que cada um se possa assim dedicar com maior recolhimento aos exercícios espirituais".
E não é só isso...
Para pregar durante os cinco dias de retiro, o Papa Francisco escolheu um sacerdote da diocese de Roma, Dom Angelo De Donatis. Abaixo uma foto do sacerdote romano celebrando a missa na Cripta do SS.Crocefisso com paramentos "simples" e vasos de barro.
Aqui, na mesma cripta, o sacerdote pregador concelebrando.
Em Março, poucos dias depois da sua eleição, o Papa Francisco almoçou com Dom De Donatis. Acredito que neste mesmo dia o papa já comunicou ao sacerdote a escolha do seu nome como pregador, porque, como explicou o cardeal Maradiaga, nos primeiros dias de papado Francisco já tinha um plano de reforma completo e traçado.
Mas antes...
Para aqueles que não sabem, durante alguns dias da Quaresma o Papa se retira com os membros da Cúria Romana em oração. Para estes momentos o Papa aponta um sacerdote ou religioso para conduzir e pregar.
Bom... O retiro será diferente dos tradicionais, que se realizavam sempre nas dependências do Vaticano. Francisco inovou (sic!) e levará os prefeitos e presidentes dos departamentos curiais, além dos secretários e sub-secretários, para uma residência na zona de Castelgandolfo.
Segundo a Rádio Vaticano "a decisão de realizar o retiro fora do Vaticano tem como objetivo assegurar um lugar reservado e silencioso, longe do local de trabalho habitual, para que cada um se possa assim dedicar com maior recolhimento aos exercícios espirituais".
E não é só isso...
Para pregar durante os cinco dias de retiro, o Papa Francisco escolheu um sacerdote da diocese de Roma, Dom Angelo De Donatis. Abaixo uma foto do sacerdote romano celebrando a missa na Cripta do SS.Crocefisso com paramentos "simples" e vasos de barro.
Aqui, na mesma cripta, o sacerdote pregador concelebrando.
Em Março, poucos dias depois da sua eleição, o Papa Francisco almoçou com Dom De Donatis. Acredito que neste mesmo dia o papa já comunicou ao sacerdote a escolha do seu nome como pregador, porque, como explicou o cardeal Maradiaga, nos primeiros dias de papado Francisco já tinha um plano de reforma completo e traçado.
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sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Rumores sobre o destino de Mons Guido Marini
O blog espanhol "La cigüeña de la torre" nos reporta que Mons. Guido Marini, Cerimoniário do Papa, seria nomeado bispo de Ventimiglia-San Remo, uma diocese da província de Gênova. Mons. Marini é natural de Gênova e trabalhou com os cardeais Bertone e Bagnasco na arquidiocese.
Por enquanto tal nomeação não passa de mais um boato de sacristia. Entretanto, penso que a presença de Mons. Marini é mais um vestígio da "antiga administração" que o Papa Francisco quer eliminar o quanto antes.
Circula na blogosfera - e penso que não é de todo incorreto ou pura maledicência - que Francisco tornou-se uma espécie de "vingador" dos feridos pelo Pontificado de Bento XVI. A recente remoção do prefeito para o clero seria um desagravo ao cardeal Hummes, amigo pessoal do Papa, que foi substituído por Piacenza como chefe dos padres do mundo.
Poderíamos supor que a nomeação do Arcebispo Piero Marini, removido por Bento XVI em 2007, como prefeito para o Culto Divino, outro boato recorrente, seguiria essa mesma linha de pensamento. Francisco já substituiu os consultores da Oficina de Celebrações Litúrgicas por nomes ligados ao Arcebispo Marini.
O estilo de Francisco é claro e não temos motivos para pensar que Mons. Marini sobreviveria muito tempo na Cúria de Bergogliana. Acredito que Mons. Marini deixaria o posto sem questionar, como fez Piacenza. É bom lembrar que, já em 2005, circulava o rumor que Bento XVI queria nomear Piero Marini como bispo de Assis, uma diocese pequena, porém mais prestigiosa que Ventimiglia-San Remo. Tal nomeação estaria até assinada por Ratzinger. O então mestre de cerimônias se recusou a deixar o Vaticano.
Bento XVI não teve a força necessária - devemos admitir! - para exorcizar os seguidores de Sodano da Cúria. Foram eles que tornaram o papado de Bento insustentável, sabotando-o em quase todos os níveis. Francisco, por outro lado, parece ter força de sobra para reinstalar nos mais altos postos o pessoal sodanista.
Por enquanto tal nomeação não passa de mais um boato de sacristia. Entretanto, penso que a presença de Mons. Marini é mais um vestígio da "antiga administração" que o Papa Francisco quer eliminar o quanto antes.
Circula na blogosfera - e penso que não é de todo incorreto ou pura maledicência - que Francisco tornou-se uma espécie de "vingador" dos feridos pelo Pontificado de Bento XVI. A recente remoção do prefeito para o clero seria um desagravo ao cardeal Hummes, amigo pessoal do Papa, que foi substituído por Piacenza como chefe dos padres do mundo.
Poderíamos supor que a nomeação do Arcebispo Piero Marini, removido por Bento XVI em 2007, como prefeito para o Culto Divino, outro boato recorrente, seguiria essa mesma linha de pensamento. Francisco já substituiu os consultores da Oficina de Celebrações Litúrgicas por nomes ligados ao Arcebispo Marini.
O estilo de Francisco é claro e não temos motivos para pensar que Mons. Marini sobreviveria muito tempo na Cúria de Bergogliana. Acredito que Mons. Marini deixaria o posto sem questionar, como fez Piacenza. É bom lembrar que, já em 2005, circulava o rumor que Bento XVI queria nomear Piero Marini como bispo de Assis, uma diocese pequena, porém mais prestigiosa que Ventimiglia-San Remo. Tal nomeação estaria até assinada por Ratzinger. O então mestre de cerimônias se recusou a deixar o Vaticano.
Bento XVI não teve a força necessária - devemos admitir! - para exorcizar os seguidores de Sodano da Cúria. Foram eles que tornaram o papado de Bento insustentável, sabotando-o em quase todos os níveis. Francisco, por outro lado, parece ter força de sobra para reinstalar nos mais altos postos o pessoal sodanista.
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Francisco bloqueia investigação de Liturgia Neocatecumenal iniciada por Bento XVI
(InfoVaticana) Segundo informa o vaticanista Sandro Magister, o Papa teria bloqueado o processo iniciado por Bento XVI na Congregação para a Doutrina da Fé para estudar profundamente a liturgia do Caminho Neocatecumenal.
Em 11 de abril de 2012 soubemos que com uma carta assinada pelo cardeal William Levada, Bento XVI havia ordenado a congregação para a doutrina da fé que examinasse se as missas neocatecumenais estavam em conformidade a doutrina e práxis litúrgica da Igreja Católica. Um "problema" que o Papa julgava de "grande urgência" para toda a Igreja.
Bento estava muito preocupado com as modalidades específicas com que as comunidades do Caminho Neocatecumenal comemoram suas missas no sábado à noite em quartos separados.
Segundo conta Sandro Magister em seu artigo no "Chiesa de L'Espresso", o Papa Francisco tomou a decisão de maneira reservada e teria bloqueado o exame empreendido pela congregação sobre as missas do Caminho Neocatecumenal.
No último dia 5 de setembro, Kiko Argüello, fundador do "caminho", foi recebido pelo Papa Francisco.
***
Parece que os elogios de Kiko ao pobrismo de Francisco, poucos dias após sua eleição, fizeram bem ao Caminho. E olha que Francisco (diz que) não gosta de aduladores! Recordemos as palavras de Kiko:
Ninguém pensava como possível Papa este cardeal de Buenos Aires, Bergoglio, que vai revolucionar a Igreja. Ontem saudou a Igreja Ortodoxa ea primeira coisa que ele fez foi remover o trono, removeu o trono e se colocou em uma cadeira em pé de igualdade com os ortodoxos e judeus, já não se senta em qualquer trono, tem proibiu toda a pompa que vinha antes, toda cheia de ornamentos. (...) Leva uma mitra simplesinha, lisa, a mesma que levava como bispo de Buenos Aires. E leva os sapatos negros e não deseja colocar os sapatinhos vermelhos ou coisas do tipo.
E conta a história que quando lhe queriam colocar uma capa vermelha, para sair na varanda depois do conclave, disse que não. E ao liturgista (Monsenhor Guido Marini), que estava chocado porque estava muito frio, brincou: Vista-a você! Ou seja, revolucionando tudo!
Como notou Magister, é na liturgia que Bento XVI e Francisco se distanciam cada vez mais. Foi no campo litúrgico que houve o primeiro embate entre os dois pontificados, com a restrição da missa tradicional dentro da comunidade dos Franciscanos da Imaculada. E na entrevista a publicação jesuíta, Francisco afirmou que a liberdade para celebrar a missa tradicional, reconhecida pelo Papa Bento XVI e tida como um dos pilares da sua reforma da reforma, é uma "semplice concessione alle nostalgie di 'alcune persone che hanno questa sensibilità'" [simples concessão a nostalgia 'de algumas pessoas com essa sensibilidade']. A substituição dos consultores litúrgicos nomeados por Bento XVI, todos de uma só vez, também deixou os católicos "nostálgicos" alarmados.
Agora é a vez da liturgia 'kika' ser aprovada. Bento XVI bloqueou todas as formas de aprovação dos ritos neocatecumenais, mas Francisco não está caminhando na mesma direção.
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quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Cardeal Burke na Mira dos Apóstolos do Pobrismo Franciscano
Estava demorando. Mas os progressistas - em festa desde março deste ano - já estão organizando o ataque. O pobrismo do Papa Francisco, que é muito parecido com aquela mentalidade pobrística do "Venda o Vaticano para acabar com a fome no mundo", está realmente transformando a Igreja. Infelizmente eu não vejo muito futuro para o Cardeal Burke nesta "administração" franciscana. Será nomeado arcipreste de alguma basílica, bibliotecário pontifício, terá um cargo honorário ou, na melhor das hipóteses, despachado de volta aos EUA como arcebispo.
(the Denver Post | Tradução Blogonicus) Na tentativa de viver de acordo com a mensagem de Jesus sobre a solidariedade com os pobres, o Papa Francisco pediu por uma igreja voltada para a justiça social.
Este papa quer que os oficiais da igreja vivam mais modestamente.
Como ele disse aos bispos recém nomeados em Roma em 19 de setembro, de acordo com The Tablet, Nós, pastores, não devem ser homens com uma "mentalidade de príncipe".
Mas tente dizer isso ao Cardeal Raymond Burke, o juiz do tribunal supremo do Vaticano.
Os frutos do alto funcionalismo vêm naturalmente ao Cardeal Raymond Burke, um norte-americano , como visto em fotografias que o mostram num luxuoso desfile com um cortejo em seda, usando luvas vermelhas finas, jóias e chapéus vermelhos, o que sugere nobreza.
Muitas dessas fotos aparecem no site do grupo ultra- ortodoxo que Burke tem defendido, o Instituto Cristo Rei Soberano Sacerdote , que promove a missa em latim e um retorno a uma vida religiosa tradicional pré-Vaticano II.
Em uma entrevista polêmica postada em um site católico mais obscuro, Burke chama o casamento gay de obra de Satanás e a administração Obama de "totalitário" por seu apoio ao casamento gay e ao Affordable Care Act, que abrange contraceptivos.
O Cardeal Burke, que fez suas observações várias semanas antes da paralisação do governo, aparece muitas vezes vestido com o traje suntuoso de um príncipe da Igreja, como são chamados os cardeais.
Francis parecia ter práticas ornamentais em mente quando disse em uma entrevista ao La Repubblica publicou esta semana : " Chefes da Igreja têm sido muitas vezes narcisistas, lisonjeado e emocionados por seus cortesões".
Tais observações, além do comentário muito citado de Francisco sobre um padre gay, "quem sou eu para julgar?" numa conferência de imprensa de Julho, causou ondas de choque aos católicos tradicionalistas que vêem os rituais de esplendor eclesiástico como sinais de uma Igreja em sintonia com seu passado.
(...)
As opiniões explosivas de Burke lhe deram prestígio com os conservadores católicos. Ele era uma grande força junto ao cardeal Bernard Law - que renunciou ao cargo de arcebispo de Boston no escândalo de abuso de 2002 - em empurrar a investigação do Vaticano sobre a Leadership Conference of Women Religious, o principal grupo de freiras superiores americanas. Ele insiste que políticos pró-aborto não recebam comunhão.
uma Persona de privilégio eclesiástico, cultivada em toda a pompa das cerimônias tradicionalistas, como em uma procissão com freiras na Suíça, Burke forma um contraste com o estilo rococó auto-contido do Papa Francisco. Quando era Cardeal Jorge Mario Bergoglio, ele tomava um ônibus para o trabalho e fez visitas freqüentes aos bairros pobres de Buenos Aires.
(...)
"Eu ouvi muitos cardeais serem chamados de ' homens cappa magna', que significa longas capas", afirmou a irmã Christine Schenk, diretora executiva da FutureChurch, uma organização reformista sediada em Cleveland. "O cardeal Franc Rodé, que ordenou a investigação das freiras, agora aposentado. O cardeal Mauro Piacenza [que nunca usou uma, NdT] da Congregação para o Clero é outro. O Papa Francisco o removeu para ser prefeito da Penitenciária Apostólica. Ele é um conhecido opositor do celibato opcional. O cardeal Burke também, é claro".
"O Papa Bento XVI amava o modelo antigo da corte, a elegância tradicional que deu a vários desses homens a permissão para se vestirem como eles têm se vestido", disse Schenk. "Em fotografias de um cardeal, seguido por uma cauda de 6 metros, você vê seis pessoas segurando o pano e alguns carregando abanadores feitos de penas de avestruz. Estes cardeais acham que isto é uma forma de dar honra ao cargo. Mas para as pessoas comuns isso parece bobo ou uma imagem luxuosa que é auto-referencial, narcisista e completamente alienada a Jesus de Nazaré, que não tinha onde reclinar a cabeça. É um grande desvio para muitos católicos-do-Vaticano II".
(...).
Cardeal Burke usando a nefasta Cappa Magna |
(the Denver Post | Tradução Blogonicus) Na tentativa de viver de acordo com a mensagem de Jesus sobre a solidariedade com os pobres, o Papa Francisco pediu por uma igreja voltada para a justiça social.
Este papa quer que os oficiais da igreja vivam mais modestamente.
Como ele disse aos bispos recém nomeados em Roma em 19 de setembro, de acordo com The Tablet, Nós, pastores, não devem ser homens com uma "mentalidade de príncipe".
Mas tente dizer isso ao Cardeal Raymond Burke, o juiz do tribunal supremo do Vaticano.
Os frutos do alto funcionalismo vêm naturalmente ao Cardeal Raymond Burke, um norte-americano , como visto em fotografias que o mostram num luxuoso desfile com um cortejo em seda, usando luvas vermelhas finas, jóias e chapéus vermelhos, o que sugere nobreza.
Muitas dessas fotos aparecem no site do grupo ultra- ortodoxo que Burke tem defendido, o Instituto Cristo Rei Soberano Sacerdote , que promove a missa em latim e um retorno a uma vida religiosa tradicional pré-Vaticano II.
Em uma entrevista polêmica postada em um site católico mais obscuro, Burke chama o casamento gay de obra de Satanás e a administração Obama de "totalitário" por seu apoio ao casamento gay e ao Affordable Care Act, que abrange contraceptivos.
O Cardeal Burke, que fez suas observações várias semanas antes da paralisação do governo, aparece muitas vezes vestido com o traje suntuoso de um príncipe da Igreja, como são chamados os cardeais.
Francis parecia ter práticas ornamentais em mente quando disse em uma entrevista ao La Repubblica publicou esta semana : " Chefes da Igreja têm sido muitas vezes narcisistas, lisonjeado e emocionados por seus cortesões".
Tais observações, além do comentário muito citado de Francisco sobre um padre gay, "quem sou eu para julgar?" numa conferência de imprensa de Julho, causou ondas de choque aos católicos tradicionalistas que vêem os rituais de esplendor eclesiástico como sinais de uma Igreja em sintonia com seu passado.
(...)
As opiniões explosivas de Burke lhe deram prestígio com os conservadores católicos. Ele era uma grande força junto ao cardeal Bernard Law - que renunciou ao cargo de arcebispo de Boston no escândalo de abuso de 2002 - em empurrar a investigação do Vaticano sobre a Leadership Conference of Women Religious, o principal grupo de freiras superiores americanas. Ele insiste que políticos pró-aborto não recebam comunhão.
uma Persona de privilégio eclesiástico, cultivada em toda a pompa das cerimônias tradicionalistas, como em uma procissão com freiras na Suíça, Burke forma um contraste com o estilo rococó auto-contido do Papa Francisco. Quando era Cardeal Jorge Mario Bergoglio, ele tomava um ônibus para o trabalho e fez visitas freqüentes aos bairros pobres de Buenos Aires.
(...)
"Eu ouvi muitos cardeais serem chamados de ' homens cappa magna', que significa longas capas", afirmou a irmã Christine Schenk, diretora executiva da FutureChurch, uma organização reformista sediada em Cleveland. "O cardeal Franc Rodé, que ordenou a investigação das freiras, agora aposentado. O cardeal Mauro Piacenza [que nunca usou uma, NdT] da Congregação para o Clero é outro. O Papa Francisco o removeu para ser prefeito da Penitenciária Apostólica. Ele é um conhecido opositor do celibato opcional. O cardeal Burke também, é claro".
"O Papa Bento XVI amava o modelo antigo da corte, a elegância tradicional que deu a vários desses homens a permissão para se vestirem como eles têm se vestido", disse Schenk. "Em fotografias de um cardeal, seguido por uma cauda de 6 metros, você vê seis pessoas segurando o pano e alguns carregando abanadores feitos de penas de avestruz. Estes cardeais acham que isto é uma forma de dar honra ao cargo. Mas para as pessoas comuns isso parece bobo ou uma imagem luxuosa que é auto-referencial, narcisista e completamente alienada a Jesus de Nazaré, que não tinha onde reclinar a cabeça. É um grande desvio para muitos católicos-do-Vaticano II".
(...).
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quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Padre é demitido por esquecer o Cânon
(InfoVaticana) O cardeal Eijk demitiu um sacerdote de Marrssen que pulou várias partes importantes da liturgia durante uma missa em abril. Na quinta-feira santa, o frei Harry Huisintveld (foto) celebrou a missa em Abcoude, mas de acordo com a Arquidiocese ele pulou várias pares da [liturgia da] Eucaristia. Não apenas o Kyrie, o Glória, as três leituras bíblicas, mas também se esqueceu do Cânon.
De acordo com a Arquidiocese de Utrecht isso é grave, já que a omissão impediu a transformação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo. Portanto, a missa não foi válida.
O Cardeal Eijk só tomou conhecimento do incidente alguns meses depois do ocorrido e decidiu não só demitir o sacerdote, mas também impor-lhe uma sanção impedindo de celebrar a eucaristia na paróquioa da São Juan de Doper.
O conselho da paróquia de São Juan de Doper em Stichtse Vecht, onde trabalha o Pe. Huisintveld, acredita que a pena foi muito severa. O Conselho escreveu uma carta onde explica que nunca foi a intenção do sacerdote violar o Direito Canônico.
***
Do comunicado oficial da Arquidiocese:
"[Substituir ou pular a Oração Eucarística '] é mais grave, uma vez que esta invalida a celebração da Eucaristia. Isso significa que os fiéis vieram para a celebração, para receber o Corpo de Cristo, em vão. A Eucaristia (que refere-se à última ceia de Jesus Cristo) é o sacramento mais importante, em que os fiéis celebram a sua unidade com Deus e entre si. Ainda mais doloroso, neste contexto, é o fato de que, na Quinta-feira Santa a Igreja Católica celebra a instituição do sacramento da Eucaristia e da instituição do sacerdócio. O Cardeal Eijk considera que os fiéis devem ser capazes de confiar em Missas válidas que estão sendo oferecidos nas igrejas da arquidiocese. Não é sem razão a instrução do Vaticano, Redemptionis Sacramentum, afirma que a omissão completa da oração eucarística deve "objetivamente ser considerado entre os assuntos graves [...], que coloca em risco a validade e dignidade da Santíssima Eucaristia.
A noção de Eucaristia como um sacramento onde "os fiéis celebram a sua unidade com Deus e entre si" é um pouco limitada e carece de complementação. Mas estamos falando dos Países Baixos! Então podemos dizer que essa noção de Eucaristia - que chega perto do significado completo, mas não totalmente - é uma afirmação ultraortodoxa!
Os veículos de informação locais já trataram de demonizar o arcebispo. Rezo para que o arcebispo não tenha se decepcionado com isso, buscado rever sua posição para agradar a imprensa. Já temos um bispo bem famoso que gosta de amaciar a doutrina em nome da popularidade pessoal!
Criado Cardeal por Bento XVI, no seu consistório de fevereiro de 2012, Dom Willem Jacobus Eijk é considerado um "ratzingeriano", sendo extremamente conservador quando comparado com os seus pares bispos. Foi membro da Congregação para o Clero e por muitos anos colaborou com a Comissão Teológica Internacional, sob a presidência de Ratzinger.
O termo "ratzingeriano", que até fevereiro deste ano era sinônimo de bispo fiel ao Papa, tornou-se sinal evidente de "persona non grata". A temporada de caça aos "ratzingerianos" já começou e espero honestamente que Dom Eijk não seja a próxima vítima.
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
O Novo Papamóvel de Francisco
Uma Igreja Paz e Amor, sem obsessão pelo aborto e casamento gay, sem condenar o mundo, que não busca converter, onde cada um tem uma noção particular de bem e de mal, onde todas as estruturas estão erradas ou leprosas, onde todos devem ir pras ruas sem saber o que fazer exatamente quando chegar lá porque converter ateus não pode, uma Igreja onde nem Deus é católico... enfim uma Igreja bacaninha precisa de um veículo a sua altura! Reparem que é uma Kombi 1960, porque carro novo também não pode, não é legal, o pessoal da mídia não gosta.
Paz e amor!
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Reinaldo Azevedo - Francisco, o Gorbachev da Igreja
Papa Francisco precisa tomar cuidado para não ser o Gorbachev da Igreja e para não competir com a imaginação de Dan Brown
(Reinaldo Azevedo / VEJA) O nome é Jorge Mario Bergoglio, conhecido como papa Francisco desde 13 de março de 2013, mas podem começar a chamá-lo de Mikhail Gorbachev… É uma ironia? Claro que é. Alguns entenderam de primeira. Outros terão de refletir um pouco. Um liderava uma construção humana, de vocação maligna. O outro comanda o que os crentes consideram uma construção divina, de vocação benigna. O meu gracejo, por óbvio, não nasce da diferença, mas do risco da semelhança.
Repararam, leitores? Há muito tempo um papa não chamava tanto a atenção da imprensa mundial e não recebia tantos elogios, muito especialmente daqueles, vejam que curioso!, que odeiam a Igreja Católica — e, de maneira mais genérica, o cristianismo. “Se até o papa está dizendo que a Igreja é essa porcaria, então deve ser mesmo verdade; eu sempre soube!”
Ai daquele que alimentar a vaidade de despertar a simpatia de quem o detesta!
Não gosto, e já deixei isso claro aqui, dos primeiros passos de Francisco. Fazer o quê? Chega a hora em que é preciso discordar até do papa. Então que seja. Considerei, e não mudei de ideia, um tanto atrapalhada a sua entrevista à revista jesuíta La Civiltà Cattolica. Ainda que não tenha dito a barbaridade que lhe atribuíram sobre o aborto (escrevi um post sobre a mentira), a fala não foi clara o bastante. Do pastor máximo da Igreja Católica, espera-se, como queria Paulo, que flauta soe como flauta, e cítara, como cítara.
Ao jornal “La Repubblica”, chamou a Igreja de “introspectiva e vaticanocêntrica”, além de classificar a Cúria romana de “lepra do papado”. Nesta quarta, em audiência da Praça São Pedro, lembrou o óbvio, mas num contexto, a esta altura, já contaminado pela tentação do falastrão: “Somos uma igreja de pecadores, e nós, pecadores, somos chamados para nos renovar, santificar por Deus”. E criticou: “Existiu na história a tentação daqueles que afirmavam que a Igreja é apenas dos puros, daqueles que são totalmente crentes, e os outros são afastados. [A Igreja] não é a casa de poucos, mas de todos”.
Por certo é a “casa de todos”, mas de todos que estejam dispostos a aceitar os fundamentos que fazem da Igreja a Igreja. Afinal, o que é realmente de todo mundo é a República, não é isso? É o estado democrático. E, ainda assim, que cabe notar: é de todos até mesmo para punir aqueles que violam as suas regras.
Alguns amigos católicos estão um tanto descontentes com a minha pressa em censurar a fala do papa. Acham que eu deveria esperar um pouco mais para ver para onde caminham as coisas. Talvez eu pudesse fazê-lo se fosse apenas católico. Como sou também jornalista, não posso deixar de analisar essa questão com os olhos e, vá lá, algum método com que vejo todo o resto.
A ironia que fiz com Gorbachev faz sentido. Eu sempre o admirei muito porque tinha a certeza, desde o primeiro momento — e quem me conhece desde aqueles tempos sabe disto — que ele aceleraria o fim da URSS. Gorbachev atuava, vamos dizer assim, no mesmo sentido em que caminhavam os meus anseios naquele particular: o desmoronamento do império soviético. Mas eu me divertia me colocando, às vezes, na pele de um comuna pró-Moscou e concluía: é uma besta ao quadrado! “Mas ele não fez um bem imenso à humanidade, pondo fim àquele horror?” Claro que sim! Ocorre que ele tinha sido escolhido para manter o império. Vivo torcendo para que apareça um “reformador” chinês, entendem? Deng Xiaoping foi esperto e maligno. Pôs fim ao comunismo chinês sem pôr fim à tirania…
Ocorre que a Igreja Católica não é um império do mal, não é? E, desta feita, não vejo graça nos primeiros passos de um candidato a Gorbachev de mitra. Não acho que Francisco vá acabar com a Igreja. Ela é um pouco mais antiga e enraizada na cultura do que era o comunismo. Mas eu o vejo, por enquanto, produzindo falas bombásticas em excesso, a maioria voltada para o público externo, muito em particular para os que veem na instituição não mais do que um amontoado de obsolescências, com o que, obviamente, não concordo.
Daqui a pouco vai haver gente achando que, nos corredores do Vaticano e na Cúria (a tal “lepra”), circulam alguns daqueles celerados da imaginação de Dan Brown, o autor do delirante “O Código Da Vinci”. Seria melhor que primeiro conhecêssemos o papa por suas ações. As palavras bem que poderiam vir depois. Os jesuítas têm, é verdade, uma certa tradição falastrona, de confronto com a hierarquia, que já gerou maravilhas como Padre Vieira, por exemplo. Mas Bergoglio não é Vieira.
Eis um tipo de consideração, meus caros, que não terá como ser confrontada com os fatos amanhã, depois de amanhã, daqui a dois ou três meses, como acontece com frequência na política. É matéria de muitos anos. As primeiras afirmações de Francisco estão gerando mais calor do que luz. E, como não poderia deixar de ser, têm despertado a simpatia dos que o veem não como um reformador que vai fortalecer a Igreja Católica, mas como um crítico que, finalmente, pode desestruturá-la.
Boa parte dos não católicos que hoje aprovam Francisco o aplaude como eu aplaudia… Gorbachev: “Dessa vez aquele troço desaba!”. E, felizmente, desabou.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Müller - Conferências Episcopais não estão entre o Papa e os Bispos
Transcrevemos abaixo um trecho da entrevista concedida por Dom Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para Doutrina da Fé, à agência alemã KNA.
KNA - Se entendi corretamente o que disse o Papa Francisco, ele deseja que as conferências nacionais dos bispos tenham mais responsabilidade - também em assuntos controversos - e as autoridades romanas devem funcionar de uma forma mais subsidiária, como prestadores de serviço. Isso afetará a CDF?
Müller - A CDF é responsável por todo o mundo no interesse do Magistério papal. Os bispos conduzem as Igrejas locais. O papado e o episcopado são legitimados pela lei divina. Isso é algo que as conferências episcopais não são. São grupos de trabalho, mas não têm competência para ensinar por conta própria acima do mandato de um bispo individual. Assim, eles não são uma terceira autoridade entre o Papa e os bispos. Eu não acho, portanto, que nós vamos ver uma espécie de reforma federalista semelhante à da República Federal [da Alemanha], onde as competências essenciais são retransmitidas do Estado central para os estados individuais. Não é assim que a Igreja é constituída. De acordo com o ensinamento do Concílio Vaticano II, a Igreja consiste em e das Igrejas locais.
Vale lembrar o que disse o Papa Francisco na sua primeira entrevista "bombástica":
(...). É impressionante ver as denúncias de falta de ortodoxia que chegam a Roma. Creio que os casos devem ser estudados pelas Conferências Episcopais locais, às quais pode chegar uma válida ajuda de Roma. De fato, os casos tratam-se melhor no local. Os dicastérios romanos são mediadores, nem intermediários nem gestores".Aqui vemos uma diferença nas posições. Para Francisco, à Cúria cabe apenas uma função auxiliar e coadjuvante; já Müller enxerga a necessidade da atuação da CDF e a incompetência de origem da Conferência Episcopal.
A função de zelar pela ortodoxia é, primeiramente, do bispo local. Há casos onde o problema ultrapassa a jurisdição de uma diocese, afetando um continente inteiro. Um exemplo desse problema é a própria Teologia da Libertação. Como a CNBB lidaria com ela se tivesse competência para tal? De fato, pela forma como muitos bispos brasileiros se comportam, em total subserviência à CNBB, mesmo quando discordam dela, há na conferência uma autoridade prática.
Francisco me obriga a concordar com Müller - vejam só!
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terça-feira, 1 de outubro de 2013
Em Quatro Dias um Plano para Mudar a Igreja
Primeiro, vejam o vídeo abaixo datado de 18 de março. Caso o vídeo não rode vá ao True Outspeak de 18 de março. O trecho em questão se inicia em 1:27:26.
Destaco algumas palavras do Olavo de Carvalho
Destaco algumas palavras do Olavo de Carvalho
Você acha que o Papa sabe o que ele vai fazer? Nem ele sabe p....! Quer dizer que já está tudo claro na cabeça dele... (...) O pessoal acredita que já vem tudo pronto. Por que eles acreditam que já vem tudo pronto? Porque a política da esquerda já vem pronta das centrais internacionais, por isso eles ficam achando que todo mundo é assim e que o Papa é assim também p....! Eu garanto que o Papa está perdendo noites de sono pensando 'que m.... eu vou fazer aqui agora, me entregaram esse abacaxi na minha mão, que Deus me ajude' (...) Quando o cara já sobe lá sabendo o que vai fazer... não vem coisa boa, como foi João XXIII, ele já veio com as ideias todas prontas, ideias de jerico...
Agora, transcrevo um trecho deste vídeo com a entrevista do Cardeal Oscar Rodrigues Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa e líder do grupo de 8 cardeais nomeados pelo Papa Francisco para "aconselhá-lo" no governo da Igreja. O trecho em questão se inicia aos 15:30.
Pe. Rosica - Muitas pessoas estão dizendo que esta reforma da Cúria que está na cabeça do Papa será uma revolução instântanea, eu não acho isso. O que me impressiona é o que foi revelado na entrevista que ele deu à revista jesuíta. De fato, eu posso estar enganado, mas penso que ele está dando o tom para o discernimento, para a colegialidade, para reflexão e para a ação. Não é desta forma que agimos muitas vezes na Igreja. Ele [Francisco] te nomeou como cabeça do que eles chamam de G8 - é um termo muito feio - Você é a cabeça de um grupo muito importante. Ao invés de falar sobre o que você irá fazer, isso é entre você e os cardeais e o Papa, com qual espírito você está entrando nesse processo?
Cardeal Maradiaga - (...) Você sabe, ele me contou isso no primeiro dia em que nos encontramos, em 17 de março, o primeiro domingo. Eu estava com uma fratura na minha perna antes do conclave. Eu não sabia que era uma fratura, então eu continuei, com dor e com dificuldades para andar, mas também foi providencial porque se eu fosse diagnosticado antes, eu estaria no hospital, operado e não participaria do conclave. Mas ok, naquele dia ele me convidou para almoçar...
Pe. Rosica - Naquele domingo, depois do primeiro Angelus?
Cardeal Maradiaga - Sim, depois do primeiro Angelus. E foi neste dia que ele me contou sobre essa comissão e foi neste dia em que ele me propôs como líder dessa comissão...
Pe. Rosica - Depois de só três dias, quatro dias da eleição?
Cardeal Maradiaga - Quatro dias depois da eleição. Então eu sabia que ele tinha tudo em mente e nesses quatro dias... porque ele também me deu o nome do futuro secretário de Estado [Pietro Parolin, NdT].
Como se vê, pelas palavras do próprio cardeal, o Papa Francisco já tinha tudo esquematizado em apenas 4 dias! É para ficar assustado ou não é?
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