quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Bispo americano proíbe oração pelo casamento gay na Catedral



[Sun-Times] O líder da Igreja Católica de Springfield se manifestou nesta terça-feria para sabotar um protesto silencioso pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo, planejado para acontecer na catedral, afirmando que o plano [dos manifestantes] de rezar o rosário pela igualdade no casamento é "blasfemo".

Os partidários da Bill 10 [equivalente a um projeto de lei que tramita no senado estadual que prevê o "casamento" gay] planejam participar da missa na Catedral da Imaculada Conceição como parte de "uma clamorosa presença católica pela igualdade do matrimônio", como descrevem os organizadores, que irá comportar um dia inteiro de manifestações favoráveis à legislação.

O bispo Thomas Paprocki, cabeça da diocese de Springfield, afirmou que qualquer um usando uma faixa com as cores do arco-íris não poderá permanecer dentro da igreja.

"É blasfêmia mostrar desrespeito ou irreverência a Deus ou a algo sagrado", Paprocki disse em um comunicado divulgado na terça-feira pela manhã. "Desde que Jesus ensinou claramente que o casamento como criado por Deus é uma instituição sagrada entre um homem e uma mulher (ver Mateus 19:4-6 e Marcos 10:6-9), rezar pelo casamento do mesmo sexo deve ser visto como blasfemo e como tal, não será permitido na catedral.

Pessoas vestindo uma faixa do arco-íris, ou que de outra forma se identificam como filiados ao Movimento Rainbow Sash [faixa arco-íris] não serão admitidos na catedral e quem se levanta para rezar pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo na catedral será convidado a se retirar ", disse Paprocki.

"É claro que a nossa catedral e paróquias estão sempre abertas para todos os que desejam se arrepender de seus pecados e pedir perdão a Deus", disse ele.

***

Em primeiro lugar, devemos reconhecer a coragem do bispo. Combater o gayzismo com força não é uma atitude vista com frequência dentro da Igreja. Parabéns a Dom Paprocki!

Destaquei o último trecho da matéria porque ele é a síntese de toda a pastoral autenticamente católica - abraçar o pecador, não o pecado.
Mas quem é ele para julgar? O bispo, é claro! O pastor do rebanho que deve ensinar, acolher e corrigir!

Um dos problemas da Igreja, hoje, é querer, de alguma forma, acolher o pecado. Essa é uma tentação moderna muito forte, com raiz numa falsa noção de compaixão e caridade.

Pensemos, por exemplo, na questão dos divorciados em segunda união. O que se quer é encontrar uma solução pastoral para essas pessoas, mas não se fala, nessa sonhada "solução", do arrependimento, muito menos na mudança de vida. Os bispos [alguns, queira Deus que não sejam todos] querem encontrar um "jeitinho" para incorporar plenamente essas pessoas à Igreja, mas esquecem-se, ou fingem esquecer, que esses casais vivem em pecado grave e não será uma canetada do papa do fim do mundo ou uma decisão no próximo Sínodo que mudará essa realidade. Corremos o risco, isso sim, de um agravamento sem precedentes na já inédita crise da Igreja se algo desse tipo for adotado, uma verdadeira "solução final" para a Igreja.

Como consequência dessa vontade de acolher o pecador e o pecado, há ainda o perigo de uma separação entre doutrina e prática pastoral. A Igreja não pode pregar contra a sodomia e celebrar missas-gays, como acontece nos EUA e Inglaterra.

O bispo de Springfield agiu de forma corretíssima. Colocou a doutrina à serviço da prática pastoral, ignorando o bom-mocismo reinante. Espero que o bispo não se torne mais uma vítima da patrulha franciscana.

Maradiaga no lugar de Braz de Aviz?


(Marco Tosatti - La Stampa) Vozes insistentes profetizam uma mudança importante no vértice da Cúria Romana. O cardeal brasileiro João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os religiosos, poderia retornar ao Brasil, para a [arqui]diocese de Aparecida.

O seu lugar seria ocupado por um dos principais conselheiros e colaboradores do Papa Bergoglio, o cardeal hondurenho Oscar Andres Rodriguez Maradiaga. Maradiaga, salesiano,  já estava cotado para um cargo na Cúria romana, alguns anos atrás, quando era secretário de Estado o seu confrade Tarcísio Bertone. Mas o projeto não foi adiante. Maradiaga é o primeiro cardeal da história de Honduras; foi considerado papabile nos últimos dois conclaves, toca piano (como Bento XVI), possui um brevê e fala seis línguas. Nas suas veias, segundo um biógrafo, corre sangue Maia.

Outras movimentações semelhantes, em breve, são o Prefeito da Congregação para o Culto Divino, o cardeal Antonio Cañizares Llovera (apelidado de pequeno Ratzinger), que alguns afirmam que partirá para a Espanha (Madri). E sempre a Espanha, para a Catalunha, Barcelona, poderia partir o secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, o jesuíta espanhol Luis Francisco Ladaria Ferrer. Ladaria é de Barcelona, mas não é seguro que aos 70 anos desejaria o governo de uma diocese.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Foto do dia - Pregador do Retiro Quaresmal de Francisco na Reforma da Reforma da Reforma

O Papa Francisco, que vem impactando a Igreja com seu estilo litúrgico "simples", já divulgou quem será o pregador do tradicional retiro de quaresma da Cúria Romana.
Mas antes...
Para aqueles que não sabem, durante alguns dias da Quaresma o Papa se retira com os membros da Cúria Romana em oração. Para estes momentos o Papa aponta um sacerdote ou religioso para conduzir e pregar.
Bom... O retiro será diferente dos tradicionais, que se realizavam sempre nas dependências do Vaticano. Francisco inovou (sic!) e levará os prefeitos e presidentes dos departamentos curiais, além dos secretários e sub-secretários, para uma residência na zona de Castelgandolfo.
Segundo a Rádio Vaticano "a decisão de realizar o retiro fora do Vaticano tem como objetivo assegurar um lugar reservado e silencioso, longe do local de trabalho habitual, para que cada um se possa assim dedicar com maior recolhimento aos exercícios espirituais".
E não é só isso...
Para pregar durante os cinco dias de retiro, o Papa Francisco escolheu um sacerdote da diocese de Roma, Dom Angelo De Donatis. Abaixo uma foto do sacerdote romano celebrando a missa na Cripta do  SS.Crocefisso com paramentos "simples" e vasos de barro.


Aqui, na mesma cripta, o sacerdote pregador concelebrando.



Em Março, poucos dias depois da sua eleição, o Papa Francisco almoçou com Dom De Donatis. Acredito que neste mesmo dia o papa já comunicou ao sacerdote a escolha do seu nome como pregador, porque, como explicou o cardeal Maradiaga, nos primeiros dias de papado Francisco já tinha um plano de reforma completo e traçado.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Rumores sobre o destino de Mons Guido Marini

O blog espanhol "La cigüeña de la torre" nos reporta que Mons. Guido Marini, Cerimoniário do Papa, seria nomeado bispo de Ventimiglia-San Remo, uma diocese da província de Gênova. Mons. Marini é natural de Gênova e trabalhou com os cardeais Bertone e Bagnasco na arquidiocese.

Por enquanto tal nomeação não passa de mais um boato de sacristia. Entretanto, penso que a presença de Mons. Marini é mais um vestígio da "antiga administração" que o Papa Francisco quer eliminar o quanto antes.

Circula na blogosfera - e penso que não é de todo incorreto ou pura maledicência - que Francisco tornou-se uma espécie de "vingador" dos feridos pelo Pontificado de Bento XVI. A recente remoção do prefeito para o clero seria um desagravo ao cardeal Hummes, amigo pessoal do Papa, que foi substituído por Piacenza como chefe dos padres do mundo.
Poderíamos supor que a nomeação do Arcebispo Piero Marini, removido por Bento XVI em 2007, como prefeito para o Culto Divino, outro boato recorrente, seguiria essa mesma linha de pensamento. Francisco já substituiu os consultores da Oficina de Celebrações Litúrgicas por nomes ligados ao Arcebispo Marini.

O estilo de Francisco é claro e não temos motivos para pensar que Mons. Marini sobreviveria muito tempo na Cúria de Bergogliana. Acredito que Mons. Marini deixaria o posto sem questionar, como fez Piacenza. É bom lembrar que, já em 2005, circulava o rumor que Bento XVI queria nomear Piero Marini como bispo de Assis, uma diocese pequena, porém mais prestigiosa que Ventimiglia-San Remo. Tal nomeação estaria até assinada por Ratzinger. O então mestre de cerimônias se recusou a deixar o Vaticano.

Bento XVI não teve a força necessária - devemos admitir! - para exorcizar os seguidores de Sodano da Cúria. Foram eles que tornaram o papado de Bento insustentável, sabotando-o em quase todos os níveis. Francisco, por outro lado, parece ter força de sobra para reinstalar nos mais altos postos o pessoal sodanista.

Francisco bloqueia investigação de Liturgia Neocatecumenal iniciada por Bento XVI



(InfoVaticana) Segundo informa o vaticanista Sandro Magister, o Papa teria bloqueado o processo iniciado por Bento XVI na Congregação para a Doutrina da Fé para estudar profundamente a liturgia do Caminho Neocatecumenal.

Em 11 de abril de 2012 soubemos que com uma carta assinada pelo cardeal William Levada, Bento XVI havia ordenado a congregação para a doutrina da fé que examinasse se as missas neocatecumenais estavam em conformidade a doutrina e práxis litúrgica da Igreja Católica. Um "problema" que o Papa julgava de "grande urgência" para toda a Igreja.

Bento estava muito preocupado com as modalidades específicas com que as comunidades do Caminho Neocatecumenal comemoram suas missas no sábado à noite em quartos separados.
Segundo conta Sandro Magister em seu artigo no "Chiesa de L'Espresso", o Papa Francisco tomou a decisão de maneira reservada e teria bloqueado o exame empreendido pela congregação sobre as missas do Caminho Neocatecumenal.

No último dia 5 de setembro, Kiko Argüello, fundador do "caminho", foi recebido pelo Papa Francisco.


***
Parece que os elogios de Kiko ao pobrismo de Francisco, poucos dias após sua eleição, fizeram bem ao Caminho. E olha que Francisco (diz que) não gosta de aduladores! Recordemos as palavras de Kiko:

Ninguém pensava como possível Papa este cardeal de Buenos Aires, Bergoglio, que vai revolucionar a Igreja. Ontem saudou a Igreja Ortodoxa ea primeira coisa que ele fez foi remover o trono, removeu o trono e se colocou em uma cadeira em pé de igualdade com os ortodoxos e judeus, já não se senta em qualquer trono, tem proibiu toda a pompa que vinha antes, toda cheia de ornamentos. (...) Leva uma mitra simplesinha, lisa, a mesma que levava como bispo de Buenos Aires. E leva os sapatos negros e não deseja colocar os sapatinhos vermelhos ou coisas do tipo.
E conta a história que quando lhe queriam colocar uma capa vermelha, para sair na varanda depois do conclave, disse que não. E ao liturgista (Monsenhor Guido Marini), que estava chocado porque estava muito frio, brincou: Vista-a você! Ou seja, revolucionando tudo!

Como notou Magister, é na liturgia que Bento XVI e Francisco se distanciam cada vez mais. Foi no campo litúrgico que houve o primeiro embate entre os dois pontificados, com a restrição da missa tradicional dentro da comunidade dos Franciscanos da Imaculada. E na entrevista a publicação jesuíta, Francisco afirmou que a liberdade para celebrar a missa tradicional, reconhecida pelo Papa Bento XVI e tida como um dos pilares da sua reforma da reforma, é uma "semplice concessione alle nostalgie di 'alcune persone che hanno questa sensibilità'" [simples concessão a nostalgia 'de algumas pessoas com essa sensibilidade']. A substituição dos consultores litúrgicos nomeados por Bento XVI, todos de uma só vez, também deixou os católicos "nostálgicos" alarmados.

Agora é a vez da liturgia 'kika' ser aprovada. Bento XVI bloqueou todas as formas de aprovação dos ritos neocatecumenais, mas Francisco não está caminhando na mesma direção.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Cardeal Burke na Mira dos Apóstolos do Pobrismo Franciscano

Estava demorando. Mas os progressistas - em festa desde março deste ano - já estão organizando o ataque. O pobrismo do Papa Francisco, que é muito parecido com aquela mentalidade pobrística do "Venda o Vaticano para acabar com a fome no mundo", está realmente transformando a Igreja. Infelizmente eu não vejo muito futuro para o Cardeal Burke nesta "administração" franciscana. Será nomeado arcipreste de alguma basílica, bibliotecário pontifício, terá um cargo honorário ou, na melhor das hipóteses, despachado de volta aos EUA como arcebispo.


Cardeal Burke usando a nefasta Cappa Magna



(the Denver Post | Tradução Blogonicus) Na tentativa de viver de acordo com a mensagem de Jesus sobre a solidariedade com os pobres, o Papa Francisco pediu por uma igreja voltada para a justiça social.

Este papa quer que os oficiais da igreja vivam mais modestamente.

Como ele disse aos bispos recém nomeados em Roma em 19 de setembro, de acordo com The Tablet, Nós, pastores, não devem ser homens com uma "mentalidade de príncipe".

Mas tente dizer isso ao Cardeal Raymond Burke, o juiz do tribunal supremo do Vaticano.

Os frutos do alto funcionalismo vêm naturalmente ao Cardeal Raymond Burke, um norte-americano , como visto em fotografias que o mostram num luxuoso desfile com um cortejo em seda, usando luvas vermelhas finas, jóias e chapéus vermelhos, o que sugere nobreza.

Muitas dessas fotos aparecem no site do grupo ultra- ortodoxo que Burke tem defendido, o Instituto Cristo Rei Soberano Sacerdote , que promove a missa em latim e um retorno a uma vida religiosa tradicional pré-Vaticano II.

Em uma entrevista polêmica postada em um site católico mais obscuro, Burke chama o casamento gay de obra de Satanás e a administração Obama de "totalitário" por seu apoio ao casamento gay e ao Affordable Care Act, que abrange contraceptivos.

O Cardeal Burke, que fez suas observações várias semanas antes da paralisação do governo, aparece muitas vezes vestido com o traje suntuoso de um príncipe da Igreja, como são chamados os cardeais.

Francis parecia ter práticas ornamentais em mente quando disse em uma entrevista ao La Repubblica publicou esta semana : " Chefes da Igreja têm sido muitas vezes narcisistas, lisonjeado e emocionados por seus cortesões".

Tais observações, além do comentário muito citado de Francisco sobre um padre gay, "quem sou eu para julgar?" numa conferência de imprensa de Julho, causou ondas de choque aos católicos tradicionalistas que vêem os rituais de esplendor eclesiástico como sinais de uma Igreja em sintonia com seu passado.

(...)

As opiniões explosivas de Burke lhe deram prestígio com os conservadores católicos. Ele era uma grande força junto ao cardeal Bernard Law - que renunciou ao cargo de arcebispo de Boston no escândalo de abuso de 2002 - em empurrar a investigação do Vaticano sobre a Leadership Conference of Women Religious, o principal grupo de freiras superiores americanas. Ele insiste que políticos pró-aborto não recebam comunhão.

uma Persona de privilégio eclesiástico, cultivada em toda a pompa das cerimônias tradicionalistas, como em uma procissão com freiras na Suíça, Burke forma um contraste com o estilo rococó auto-contido do Papa Francisco. Quando era Cardeal Jorge Mario Bergoglio, ele tomava um ônibus para o trabalho e fez  visitas freqüentes aos bairros pobres de Buenos Aires.

(...)

"Eu ouvi muitos cardeais serem chamados de ' homens cappa magna', que significa longas capas", afirmou a irmã Christine Schenk, diretora executiva da FutureChurch, uma organização reformista sediada em Cleveland. "O cardeal Franc Rodé, que ordenou a investigação das freiras, agora aposentado. O cardeal Mauro Piacenza [que nunca usou uma, NdT] da Congregação para o Clero é outro. O Papa Francisco o removeu para ser prefeito da Penitenciária Apostólica. Ele é um conhecido opositor do celibato opcional. O cardeal Burke também, é claro".

"O Papa Bento XVI amava o modelo antigo da corte, a elegância tradicional que deu a vários desses homens a permissão para se vestirem como eles têm se vestido", disse Schenk. "Em fotografias de um cardeal, seguido por uma cauda de 6 metros, você vê seis pessoas segurando o pano e alguns carregando abanadores feitos de penas de avestruz. Estes cardeais acham que isto é uma forma de dar honra ao cargo. Mas para as pessoas comuns isso parece bobo ou uma imagem luxuosa que é auto-referencial, narcisista e completamente alienada a Jesus de Nazaré, que não tinha onde reclinar a cabeça. É um grande desvio para muitos católicos-do-Vaticano II".

(...).

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Padre é demitido por esquecer o Cânon




(InfoVaticana) O cardeal Eijk demitiu um sacerdote de Marrssen que pulou várias partes importantes da liturgia durante uma missa em abril. Na quinta-feira santa, o frei Harry Huisintveld (foto) celebrou a missa em Abcoude, mas de acordo com a Arquidiocese ele pulou várias pares da [liturgia da] Eucaristia. Não apenas o Kyrie, o Glória, as três leituras bíblicas, mas também se esqueceu do Cânon.

De acordo com a Arquidiocese de Utrecht isso é grave, já que a omissão impediu a transformação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo. Portanto, a missa não foi válida.

O Cardeal Eijk só tomou conhecimento do incidente alguns meses depois do ocorrido e decidiu não só demitir o sacerdote, mas também impor-lhe uma sanção impedindo de celebrar a eucaristia na paróquioa da São Juan de Doper.

O conselho da paróquia de São Juan de Doper em Stichtse Vecht, onde trabalha o Pe. Huisintveld, acredita que a pena foi muito severa. O Conselho escreveu uma carta onde explica que nunca foi a intenção do sacerdote violar o Direito Canônico.

***

Do comunicado oficial da Arquidiocese:

"[Substituir ou pular a Oração Eucarística '] é mais grave, uma vez que esta invalida a celebração da Eucaristia. Isso significa que os fiéis vieram para a celebração, para receber o Corpo de Cristo, em vão. A Eucaristia (que refere-se à última ceia de Jesus Cristo) é o sacramento mais importante, em que os fiéis celebram a sua unidade com Deus e entre si. Ainda mais doloroso, neste contexto, é o fato de que, na Quinta-feira Santa a Igreja Católica celebra a instituição do sacramento da Eucaristia e da instituição do sacerdócio. O Cardeal Eijk considera que os fiéis devem ser capazes de confiar em Missas válidas que estão sendo oferecidos nas igrejas da arquidiocese. Não é sem razão a instrução do Vaticano, Redemptionis Sacramentum, afirma que a omissão completa da oração eucarística deve "objetivamente ser considerado entre os assuntos graves [...], que coloca em risco a validade e dignidade da Santíssima Eucaristia.

A noção de Eucaristia como um sacramento onde "os fiéis celebram a sua unidade com Deus e entre si" é um pouco limitada e carece de complementação. Mas estamos falando dos Países Baixos! Então podemos dizer que essa noção de Eucaristia - que chega perto do significado completo, mas não totalmente - é uma afirmação ultraortodoxa!

Os veículos de informação locais já trataram de demonizar o arcebispo. Rezo para que o arcebispo não tenha se decepcionado com isso, buscado rever sua posição para agradar a imprensa. Já temos um bispo bem famoso que gosta de amaciar a doutrina em nome da popularidade pessoal!

Criado Cardeal por Bento XVI, no seu consistório de fevereiro de 2012, Dom Willem Jacobus Eijk é considerado um "ratzingeriano", sendo extremamente conservador quando comparado com os seus pares bispos. Foi membro da Congregação para o Clero e por muitos anos colaborou com a Comissão Teológica Internacional, sob a presidência de Ratzinger.

O termo "ratzingeriano", que até fevereiro deste ano era sinônimo de bispo fiel ao Papa, tornou-se sinal evidente de "persona non grata". A temporada de caça aos "ratzingerianos" já começou e espero honestamente que Dom Eijk não seja a próxima vítima.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O Novo Papamóvel de Francisco

Uma Igreja Paz e Amor, sem obsessão pelo aborto e casamento gay, sem condenar o mundo, que não busca converter, onde cada um tem uma noção particular de bem e de mal,  onde todas as estruturas estão erradas ou leprosas, onde todos devem ir pras ruas sem saber o que fazer exatamente quando chegar lá porque converter ateus não pode, uma Igreja onde nem Deus é católico... enfim uma Igreja bacaninha precisa de um veículo a sua altura! Reparem que é uma Kombi 1960, porque carro novo também não pode, não é legal, o pessoal da mídia não gosta.
Paz e amor!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Reinaldo Azevedo - Francisco, o Gorbachev da Igreja

Papa Francisco precisa tomar cuidado para não ser o Gorbachev da Igreja e para não competir com a imaginação de Dan Brown


(Reinaldo Azevedo / VEJA) O nome é Jorge Mario Bergoglio, conhecido como papa Francisco desde 13 de março de 2013, mas podem começar a chamá-lo de Mikhail Gorbachev… É uma ironia? Claro que é. Alguns entenderam de primeira. Outros terão de refletir um pouco. Um liderava uma construção humana, de vocação maligna. O outro comanda o que os crentes consideram uma construção divina, de vocação benigna. O meu gracejo, por óbvio, não nasce da diferença, mas do risco da semelhança.

Repararam, leitores? Há muito tempo um papa não chamava tanto a atenção da imprensa mundial e não recebia tantos elogios, muito especialmente daqueles, vejam que curioso!, que odeiam a Igreja Católica — e, de maneira mais genérica, o cristianismo. “Se até o papa está dizendo que a Igreja é essa porcaria, então deve ser mesmo verdade; eu sempre soube!”

Ai daquele que alimentar a vaidade de despertar a simpatia de quem o detesta!

Não gosto, e já deixei isso claro aqui, dos primeiros passos de Francisco. Fazer o quê? Chega a hora em que é preciso discordar até do papa. Então que seja. Considerei, e não mudei de ideia, um tanto atrapalhada a sua entrevista à revista jesuíta La Civiltà Cattolica. Ainda que não tenha dito a barbaridade que lhe atribuíram sobre o aborto (escrevi um post sobre a mentira), a fala não foi clara o bastante. Do pastor máximo da Igreja Católica, espera-se, como queria Paulo, que flauta soe como flauta, e cítara, como cítara.

Ao jornal “La Repubblica”, chamou a Igreja de “introspectiva e vaticanocêntrica”, além de classificar a Cúria romana de “lepra do papado”. Nesta quarta, em audiência da Praça São Pedro, lembrou o óbvio, mas num contexto, a esta altura, já contaminado pela tentação do falastrão: “Somos uma igreja de pecadores, e nós, pecadores, somos chamados para nos renovar, santificar por Deus”. E criticou: “Existiu na história a tentação daqueles que afirmavam que a Igreja é apenas dos puros, daqueles que são totalmente crentes, e os outros são afastados. [A Igreja] não é a casa de poucos, mas de todos”.

Por certo é a “casa de todos”, mas de todos que estejam dispostos a aceitar os fundamentos que fazem da Igreja a Igreja. Afinal, o que é realmente de todo mundo é a República, não é isso? É o estado democrático. E, ainda assim, que cabe notar: é de todos até mesmo para punir aqueles que violam as suas regras.

Alguns amigos católicos estão um tanto descontentes com a minha pressa em censurar a fala do papa. Acham que eu deveria esperar um pouco mais para ver para onde caminham as coisas. Talvez eu pudesse fazê-lo se fosse apenas católico. Como sou também jornalista, não posso deixar de analisar essa questão com os olhos e, vá lá, algum método com que vejo todo o resto.

A ironia que fiz com Gorbachev faz sentido. Eu sempre o admirei muito porque tinha a certeza, desde o primeiro momento — e quem me conhece desde aqueles tempos sabe disto — que ele aceleraria o fim da URSS. Gorbachev atuava, vamos dizer assim, no mesmo sentido em que caminhavam os meus anseios naquele particular: o desmoronamento do império soviético. Mas eu me divertia me colocando, às vezes, na pele de um comuna pró-Moscou e concluía: é uma besta ao quadrado! “Mas ele não fez um bem imenso à humanidade, pondo fim àquele horror?” Claro que sim! Ocorre que ele tinha sido escolhido para manter o império. Vivo torcendo para que apareça um “reformador” chinês, entendem? Deng Xiaoping foi esperto e maligno. Pôs fim ao comunismo chinês sem pôr fim à tirania…

Ocorre que a Igreja Católica não é um império do mal, não é? E, desta feita, não vejo graça nos primeiros passos de um candidato a Gorbachev de mitra. Não acho que Francisco vá acabar com a Igreja. Ela é um pouco mais antiga e enraizada na cultura do que era o comunismo. Mas eu o vejo, por enquanto, produzindo falas bombásticas em excesso, a maioria voltada para o público externo, muito em particular para os que veem na instituição não mais do que um amontoado de obsolescências, com o que, obviamente, não concordo.

Daqui a pouco vai haver gente achando que, nos corredores do Vaticano e na Cúria (a tal “lepra”), circulam alguns daqueles celerados da imaginação de Dan Brown, o autor do delirante “O Código Da Vinci”. Seria melhor que primeiro conhecêssemos o papa por suas ações. As palavras bem que poderiam vir depois. Os jesuítas têm, é verdade, uma certa tradição falastrona, de confronto com a hierarquia, que já gerou maravilhas como Padre Vieira, por exemplo. Mas Bergoglio não é Vieira.

Eis um tipo de consideração, meus caros, que não terá como ser confrontada com os fatos amanhã, depois de amanhã, daqui a dois ou três meses, como acontece com frequência na política. É matéria de muitos anos. As primeiras afirmações de Francisco estão gerando mais calor do que luz. E, como não poderia deixar de ser, têm despertado a simpatia dos que o veem não como um reformador que vai fortalecer a Igreja Católica, mas como um crítico que, finalmente, pode desestruturá-la.

Boa parte dos não católicos que hoje aprovam Francisco o aplaude como eu aplaudia… Gorbachev: “Dessa vez aquele troço desaba!”. E, felizmente, desabou.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Müller - Conferências Episcopais não estão entre o Papa e os Bispos



Transcrevemos abaixo um trecho da entrevista concedida por Dom Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para Doutrina da Fé, à agência alemã KNA.

KNA - Se entendi corretamente o que disse o Papa Francisco, ele deseja que as conferências nacionais dos bispos tenham mais responsabilidade - também em assuntos controversos - e as autoridades romanas devem funcionar de uma forma mais subsidiária, como prestadores de serviço. Isso afetará a CDF?
Müller - A CDF é responsável por todo o mundo no interesse do Magistério papal. Os bispos conduzem as Igrejas locais. O papado e o episcopado são legitimados pela lei divina. Isso é algo que as conferências episcopais não são. São grupos de trabalho, mas não têm competência para ensinar por conta própria acima do mandato de um bispo individual. Assim, eles não são uma terceira autoridade entre o Papa e os bispos. Eu não acho, portanto, que nós vamos ver uma espécie de reforma federalista semelhante à da República Federal [da Alemanha], onde as competências essenciais são retransmitidas do Estado central para os estados individuais. Não é assim que a Igreja é constituída. De acordo com o ensinamento do Concílio Vaticano II, a Igreja consiste em e das Igrejas locais.

Vale lembrar o que disse o Papa Francisco na sua primeira entrevista "bombástica":

(...). É impressionante ver as denúncias de falta de ortodoxia que chegam a Roma. Creio que os casos devem ser estudados pelas Conferências Episcopais locais, às quais pode chegar uma válida ajuda de Roma. De fato, os casos tratam-se melhor no local. Os dicastérios romanos são mediadores, nem intermediários nem gestores".
Aqui vemos uma diferença nas posições. Para Francisco, à Cúria cabe apenas uma função auxiliar e coadjuvante; já Müller enxerga a necessidade da atuação da CDF e a incompetência de origem da Conferência Episcopal.

A função de zelar pela ortodoxia é, primeiramente, do bispo local. Há casos onde o problema ultrapassa a jurisdição de uma diocese, afetando um continente inteiro. Um exemplo desse problema é a própria Teologia da Libertação. Como a CNBB lidaria com ela se tivesse competência para tal? De fato, pela forma como muitos bispos brasileiros se comportam, em total subserviência à CNBB, mesmo quando discordam dela, há na conferência uma autoridade prática.

Francisco me obriga a concordar com Müller - vejam só!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Em Quatro Dias um Plano para Mudar a Igreja

Primeiro, vejam o vídeo abaixo datado de 18 de março. Caso o vídeo não rode vá ao True Outspeak de 18 de março. O trecho em questão se inicia em 1:27:26.




Destaco algumas palavras do Olavo de Carvalho

Você acha que o Papa sabe o que ele vai fazer? Nem ele sabe p....! Quer dizer que já está tudo claro na cabeça dele... (...) O pessoal acredita que já vem tudo pronto. Por que eles acreditam que já vem tudo pronto? Porque a política da esquerda já vem pronta das centrais internacionais, por isso eles ficam achando que todo mundo é assim e que o Papa é assim também p....! Eu garanto que o Papa está perdendo noites de sono pensando 'que m.... eu vou fazer aqui agora, me entregaram esse abacaxi na minha mão, que Deus me ajude' (...) Quando o cara já sobe lá sabendo o que vai fazer... não vem coisa boa, como foi João XXIII, ele já veio com as ideias todas prontas, ideias de jerico...

Agora, transcrevo um trecho deste vídeo com a entrevista do Cardeal Oscar Rodrigues Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa e líder do grupo de 8 cardeais nomeados pelo Papa Francisco para "aconselhá-lo" no governo da Igreja. O trecho em questão se inicia aos 15:30.

Pe. Rosica - Muitas pessoas estão dizendo que esta reforma da Cúria que está na cabeça do Papa será uma revolução instântanea, eu não acho isso. O que me impressiona é o que foi revelado na entrevista que ele deu à revista jesuíta. De fato, eu posso estar enganado, mas penso que ele está dando o tom para o discernimento, para a colegialidade, para reflexão e para a ação. Não é desta forma que agimos muitas vezes na Igreja. Ele [Francisco] te nomeou como cabeça do que eles chamam de G8 - é um termo muito feio - Você é a cabeça de um grupo muito importante. Ao invés de falar sobre o que você irá fazer, isso é entre você e os cardeais e o Papa, com qual espírito você está entrando nesse processo?

Cardeal Maradiaga - (...) Você sabe, ele me contou isso no primeiro dia em que nos encontramos, em 17 de março, o primeiro domingo. Eu estava com uma fratura na minha perna antes do conclave. Eu não sabia que era uma fratura, então eu continuei, com dor e com dificuldades para andar, mas também foi providencial porque se eu fosse diagnosticado antes, eu estaria no hospital, operado e não participaria do conclave. Mas ok, naquele dia ele me convidou para almoçar...

Pe. Rosica - Naquele domingo, depois do primeiro Angelus?

Cardeal Maradiaga - Sim, depois do primeiro Angelus. E foi neste dia que ele me contou sobre essa comissão e foi neste dia em que ele me propôs como líder dessa comissão...

Pe. Rosica - Depois de só três dias, quatro dias da eleição?

Cardeal Maradiaga - Quatro dias depois da eleição. Então eu sabia que ele tinha tudo em mente e nesses quatro dias... porque ele também me deu o nome do futuro secretário de Estado [Pietro Parolin, NdT].


Como se vê, pelas palavras do próprio cardeal, o Papa Francisco já tinha tudo esquematizado em apenas 4 dias! É para ficar assustado ou não é?
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