O documento inicial deste ano, publicado com as rubricas do próprio Prefeito, João Braz de Aviz, e do seu fiel colaborador, José Rodrigues Carballo, apresenta de forma nada acidental a figura de Francisco de Assis já nos primeiros parágrafos. E quem poderia imaginar que, às vésperas do começo desse ano da Vida Consagrada, seriam justamente os franciscanos o símbolo mais gritante do modelo falido que a dupla Aviz-Carballo quer apresentar para toda a Igreja.
Recentemente o mundo católico foi surpreendido, ou talvez nem tanto já que os veículos de informação não se dignaram a reportar pelo mundo tal notícia, pela falência da cúria dos Frades Menores que se deu por operações "financeiras opacas, por conta da reestruturação de um hotel em Roma, com vistas ao Vaticano". "O escândalo, que saiu em Panorama (18 de dezembro), teria explodido em outubro. Os investimentos, escreve o vaticanista do semanário, Ignazio Ingrao, remetem ao período em que era superior dos frades menores José Rodriguez Carballo, hoje secretário da Congregação para os religiosos. Está sob acusação o ex-ecônomo geral, o Fr. Giancarlo Lati, que foi demitido juntamente com alguns conselheiros.".
O arcebispo Carballo, como fez bem em nos lembrar o blog Fratres in Unum, foi a primeira nomeação de Francisco para a Cúria Romana como secretário da Congregação para os Religiosos. O mundo progressista amou de imediato a nomeação de Carballo, tecendo elogios mil a sua pessoa e ao Papa. Carballo é "natural de Espanha, foi ministro da Província Franciscana de Santiago de Compostela, presidente da União dos Frades Menores da Europa e mestre dos jovens em formação".
Se analisarmos superficialmente o currículo de Carballo, vemos que o digníssimo 119.° sucessor de São Francisco de Assis é um completo desastre. Além da falência e das operações financeiras escandalosas, o arcebispo assistiu passivamente ao desmoronamento dos franciscanos na sua própria terra natal.
Franciscanos espanhóis reunidos em Madri. Reparem na "juventude" dos irmãos. |
No último dia 29/dez os remanescentes das províncias franciscanas de Bética, Castilla, Cataluña, Cartagena, Granada, Valencia e a Custodia de San Francisco Solano, muitas delas centenárias, se reuniram em Madri para formalizar o processo de fusão que levará o país a ter uma única província. Segundo o comunicado, a nova província contará com aproximadamente 400 religiosos, a maioria bem acima dos 60 anos.
É escandaloso que Carballo seja secretário da Congregação que, de alguma forma, deveria tentar incentivar o crescimento e progresso das comunidades religiosas. Seu passado o desqualifica para a função! Pode ser escandaloso, mas é antes de tudo sintomático.
Carballo e Braz de Aviz, além de Francisco (o Papa, não o Santo), possuem uma visão muito diferente da vida religiosa. Seu magistério sobre a vida consagrada "significa renovar a vida segundo o Evangelho, não no sentido de radicalidade entendida como modelo de perfeição e, muitas vezes, de separação". Na prática isso quer dizer aderir, de alguma forma, à mundanidade e apresenta o regular como secular. O resultado prático desse magistério é a derrocada que vemos e noticiamos: milhares de conventos e mosteiros vazios, já que o religioso atual não deve se separar seja lá do que for, muito menos do mundo; religiosos e religiosas vivendo uma vida escandalosa e diametralmente oposta ao carisma dos fundadores, já que devemos entender a vida evangélica não "no sentido de radicalidade entendida como modelo de perfeição". É claro que tal crise não se originou com Francisco ou Carballo, sendo ambos religiosos (o primeiro, jesuíta, e o segundo franciscano), antes os dois a personificam perfeitamente.
De posse desse "magistério" apresentado pela trinca Bergoglio-Carballo-Aviz, entendemos com muita tranquilidade, por exemplo, o ódio visceral que os três sentem pelos Franciscanos da Imaculada. A congregação dos filhos da Imaculada é um anti-magistério, se posiciona como antítese a tudo aquilo que os três pregam e entendem como modelo de vida religiosa. Por isso deve ser esmagada de forma impiedosa.
2015 pode ser o ano da vida consagrada falida em todos os sentidos - financeiro, estrutural, vocacional e espiritual. Um ano que deveria colocar os secretários e membros da Congregação debruçados sobre o projeto de vida religiosa que deu errado, reavaliar e conduzir os religiosos por um novo caminho. Isso acontecerá? Claro que não! Bergoglio-Carballo-Aviz não possuem a capacidade crítica para enxergar o erro! Pelo contrário, insistem e persistem.
O documento para o ano da Vida Consagrada tem por título "Alegrai-vos". O mais justo, entretanto, seria "Arrependei-vos".