Francesca Chaouqui foi presa pela polícia do Vaticano na manhã de hoje por, juntamente com o padre Lucio Angel Vallejo Balda, vazar informações importantes de um dicastério de assuntos econômicos para jornalistas.
As informações vazadas por Chaouqui e Vallejo Balda resultaram em dois livros que serão lançados em breve na Itália, contanto dos bastidores da política interna do Vaticano, sobretudo, é claro, relacionado aos assuntos financeiros da Cúria.
Em 2013, pouco depois da sua eleição, Francisco nomeou a leiga Francesca Chaouqui como membro da comissão que deveria ajudar a reformar as finanças do Vaticano, aumentando a transparência e otimizando os gastados da máquina curial.
Segundo informa o site Vatican Insider, foi Mons. Vallejo Balda, então número dois na comissão reformadora, que apresentou o nome de Chaouqui para membro. Francisco, é claro, aprovou a indicação de imediato. Críticas sobre a atuação de Francesca Chaouqui surgiram, ligações nada santas da mesma com figuras importantes da política italiana, mas nada disso foi suficiente para Francisco reconsiderar.
A jovem jornalista e relações públicas de carreira encontrou na confusa e desorientada Cúria pós-conclave um ambiente favorável a sua atuação. Elegeu o então cardeal secretário de Estado e homem forte de Bento XVI, Tarcisio Bertone, como alvo das suas tuitadas nada cordiais. Na época, Bertone era visto como causa primeira de todos os males da humanidade, tendo ele próprio sido responsabilizado por muitos prelados e pela mídia pelos vazamentos do escândalo Vatileaks, que influenciaram enormemente na renúncia de Bento XVI. Depois do Papa alemão, foi o seu secretário de estado a figura mais atingida.
A relação do Papa com Vallejo Balda e Chaouqui começou a azedar alguns meses depois. Com a criação de um novo dicastério para as finanças do Vaticano, comandado pelo australiano George Pell, Mons. Vallejo Balda intuiu que seria ele próprio nomeado como secretário da mesma, mas Francisco optou pelo maltês Alfred Xuereb, que havia sido secretário particular de Bento XVI. Francesca Chaouqui também foi deixada de fora da nova congregação.
Como lembra o Vatican Insider, e reportamos aqui, os dois foram responsáveis pela recepção buffet dada a membros VIPs durante a cerimônia de canonização de João Paulo II e João XXIII, no terraço da prefeitura para assuntos econômicos.
Desde o escândalo do Vatileaks, vazar documentos internos do Vaticano se tornou crime na cidade-Estado. Mons. Vallejo Balda encontra-se preso e Chaouqui em liberdade por "colaborar" com as investigações.