terça-feira, 22 de março de 2011

Cisma entre Anglo-católicos - ameaça ao Ordinariato


A Comunhão Anglicana Tradicional, liderada pelo seu arcebispo primaz John Hepworth, foi a primeira e única comunidade de fiéis anglicanos a solicitar, de forma coletiva, o ingresso na Igreja Católica. Seus bispos - o Sínodo - assinaram em outubro de 2007 o catecismo da Igreja Católica (uma forma simbólica de adesão a fé atual da Igreja Católica) e redigiram uma carta onde solicitavam a comunhão com Roma. Eles foram a causa da Anglicanorum Coetibus.

Então, foi realmente estranha a forma como a aplicação da Constituição Apostólica se deu. O primeiro Ordinariato deveria, por uma questão de lógica, surgir a partir dos membros da TAC, mas ele foi criado na Inglaterra e para agrupar anglicanos que ainda pertenciam a comunhão da Cantuária e que não haviam pedido qualquer comunhão com Roma. O que aconteceu com a TAC?

O bispo Fulton J. Sheen já nos advertia sobre o trabalho do demônio. Onde há alegria na Igreja, lá está o adversário pronto para incitar os corações ao pecado e transformar a união em desunião, a concórdia em discórdia, a comunhão em cisma.

Os ramos norte-americano da TAC (EUA e Canadá) estão enfrentando uma verdadeira guerra interna sobre o Anglicanoru Coetibus. Dos quatro bispos dos EUA, três afirmaram que não irão aderir ao Ordinariato. No Canadá o problema são leigos que estão empenhados em dissuadir seus pares sobre a proposta com uma verdadeira campanha agressiva.

O primaz da TAC até criou uma diocese especial nos EUA pronta para receber os futuros católicos, mas suas ações estão sendo rotuladas de ingerência e opressão. E os efeitos da disputa estão se estendendo a outros países, como a África do Sul.

Nenhum clérigo da TAC foi ordenado, nem mesmo um (ex)bispo. Os projetos dos Ordinariatos Australiano e Canadense estão paralisados, uma vez que nessas duas localidades os únicos interessados são os membros da TAC.

Um ordinariato nos EUA com membros da igreja episcoal (ramo anglicano da comunhão da Cantuária) não teria um número suficiente de fiéis. O interesse dos episcopalinos tradicionalistas é mínimo ou praticamente nulo já que eles não são, na sua maioria, anglo-católico, mas protestantes conservadores. Isso justifica o enorme sucesso da ACNA - Igreja Anglicana na América do Norte, em inglês - que reúne anglicanos que se separaram da igreja episcopal; ela é um organismo com praticamente a mesma idade do Anglicanorum Coetibus, mas com vários milhares de fiéis, já que congregou esses anglicanos conservadores.

Muitos anglicanos progressistas ou mesmo de índole mais conservadora estão empenhados em divulgar e polemizar essas questões. O objetivo? Minar a oferta do Papa Bento XVI e atrair essa pequena porção de anglicanos para suas novas estruturas. Eles dão um tiro para o alto e as ovelhas, assustadas, correm para todos os lados.

Uma coisa que realmente é questionável aqui é o empenho do cardeal arcebispo de Washington, David Wuerl, como delegado papal para a criação do Ordinariato dos EUA. Sua atuação é tão nula e tão ineficaz que pode estar ajudando os anglo-católicos americanos a desistirem da idéia. O empenho do arcebispo de Westminster, Dom Nichols, foi crucial para o sucesso do Ordinariato inglês. Ele concedeu várias entrevistas antes, durante e depois do estabelecimento da estrutura, abriu as portas das igrejas aos anglo-católicos e, principalmente, comandou com mão de ferro os bispos da ilha da rainha para que, diferentemente dos bispos das décadas passadas, fossem generosos e abertos aos anglicanos que desejavam se converter.

Demos rezar pelos anglo-católicos para que não se deixem enganar com as "novas estruturas". O anglicanismo viu, por séculos, centenas delas e o resultado foi sempre o mesmo, mais cismas.

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