quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Vaticano de Francisco recebe grupo pró-gay.

Vaticano recebe grupo católico gay em audiência, discretamente

(Folha - Com Agências de notícias)

Um grupo de defesa dos direitos de católicos gays, vindo dos Estados Unidos, foi recebido pela primeira vez na audiência semanal do papa Francisco nesta quarta-feira, o que seus membros consideram um sinal de mudança na Igreja Católica.

O grupo, porém, foi anunciado como "um grupo de leigos acompanhados por uma irmã". Não foi mencionado por Francisco, mas foi a primeira vez em que eles puderam participar da cerimônia. Até a menção ao grupo como leigos foi saltada pelo mestre de cerimonial que leu a lista de convidados.

A visita ocorre meses depois de o Vaticano voltar atrás num documento preliminar que defendia a maior aceitação de gays pela igreja e da excomunhão de um ex-padre de Bauru (SP) que defendia o mesmo.

A irmã é Jeannine Gramick, co-fundadora do Ministério Novos Rumos, que prega para católicos homossexuais e promove os direitos dos gays na igreja. Ela e o diretor executivo do grupo, Francis DeBernardo, lideraram uma caravana de 50 católicos homossexuais para a audiência na Praça de S. Pedro. Segundo eles, o grupo foi solenemente ignorado em visitas anteriores, nos papados de João Paulo 2º e Bento 16.

Desta vez, um bispo dos EUA e o monsenhor Georg Gaenswein, que cuida dos convites para a audiência, apoiaram o pedido e eles foram recebidos na primeira fila, ao lado de dignitários e grupos católicos.

Quando Francisco passou, eles cantaram "Todos São Bem-Vindos", um hino que simboliza seu desejo por uma igreja mais inclusiva.

Uma lista dos convidados, publicada pelo Vaticano, informava que havia "um grupo de leigos acompanhados por uma irmã", mas não mencionava se tratar de um grupo de defesa dos direitos dos gays.

"O que isto indica é que existem movimentos em nossa igreja para receber pessoas que estão fora", disse Gramick.

Meses antes de sua eleição, Francisco fez sua já famosa declaração sobre como ele não poderia julgar gays que tenham boa vontade e estejam em busca de Deus.

Até agora, porém, ele não deu sinais de que a igreja vá mudar sua doutrina contrária aos atos homossexuais.

Em outubro, bispos do mundo inteiro se reuniram em Roma para debater questões relacionadas à família e divulgaram um relatório provisório pedindo maior aceitação dos gays pela igreja.

O trecho foi suavizado na versão final do relatório, depois de reclamações de bispos conservadores. A última reunião sobre questões de família está marcada para outubro deste ano.

DeBernardo disse que casais de gays, lésbicas e de outras famílias não-tradicionais deveriam ser convidados para o encontro, conhecido como sínodo, para falar aos bispos sobre sua fé e sua sexualidade.

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E alguns irão dizer: "Não é nada! Todos podem participar das audiências do Papa..." Não é bem assim. Como o próprio texto deixa claro, "o grupo foi solenemente ignorado em visitas anteriores, nos papados de João Paulo 2º e Bento 16".

Não se trata aqui de um grupo que busca trabalhar pastoralmente com homossexuais, conduzindo-os pelo caminho proposto pela Igreja, mas de um grupo engajado em promover os direitos dos gays na igreja, o que quer que isso signifique.

Há de fato uma abertura neste pontificado a grupos como esses. Recentemente Francisco teve uma audiência privada com Diego Neria Lejárraga, um transexual que está "noivo" e com casamento marcado.
Lejárraga escreveu previamente ao Papa reportando a situação em que se encontrava, e sobre o suposto bullying paroquial que vinha recebendo. Francisco, é claro, mais que depressa, tratou de convocá-lo para uma audiência pessoal, segundo o próprio Lejárraga.

O que vemos nessa dicotomia entre discurso e ação é o que será posto em prático depois do Sínodo de outubro. O Francisco dos discursos oficiais, o Francisco doutrinal, é diferente do Francisco das intervenções improvisadas, dos gestos. Um contradiz o outro em todos os sentidos. Temos, de fato, dois Papas.

Um comentário:

Eduardo disse...

...monsenhor Georg Gaenswein... ???

2017 será um ano interessante. 100 anos de Fátima e 300 de Aparecida.
Não acredito que o reinado do Papa Francisco ultrapassará 2017.

Segundo Dom Bourlot, o sonho de Dom Bosco dos navios tratava de três papas -- o primeiro que cai e se levanta e o terceiro que cai mas morre. O que vem depois dessa fase coloca a nau entre Nossa Senhor e a Eucaristia. Tomara que seja Dom Burke.

Abraços

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