terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Maradiaga mostra suas garras contra Müller.

O Vice-Papa, SS Cardeal Maradiaga

Desde a eleição de Francisco a tônica na Igreja mudou. Duvido que alguém negue isso. O que causa discussão é saber exatamente o que o Papa argentino trouxe de novo e o que ele mantém.

Existe um espírito "pastoral" que se apoderou da Igreja nos últimos meses. Toda e qualquer ação deve ser eminentemente pastoral, o que quer que isso signifique. Ninguém até hoje soube me dizer o que significa "agir pastoralmente", "pensar pastoralmente", etc. Pastoral é um termo amórfico e tudo aquilo que não tem uma forma clara e definida, dentro da Igreja, torna-se perigoso.

A esquerda eclesial - ela existe! - está usando o contexto da eleição de Francisco, sua origem e seus hábitos, para justificar uma nova empreitada contra o que eles chamam de 'dogmatismo', que seria por natureza oposto ao 'pastoral'.

Também duvido que alguém consiga negar que a esquerda eclesial, ou seja, a trupe que comandava a Igreja em 1968, não venha ditando as regras novamente e, muitas vezes, com anuência do Papa Francisco. Bergoglio tem - e não podemos negar - uma inclinação para a esquerda, como tinha Paulo VI. É um modernista? Aqui cabe uma análise profunda que não é objetivo deste texto ou deste blog, pois excede as capacidades deste blogueiro.

A esquerda vem se preparando para sua primeira grande batalha em anos - o Sínodo dos Bispos para a Família. É nele que veremos bispo contra bispo, cardeal contra cardeal. E espero sinceramente que vejamos isso, porque se houver apenas consenso, bispo com bispo e cardeal com cardeal, então a Igreja de fato deixou de existir. Digo isso porque pelo que vemos, o consenso seria pelo abandono da doutrina tradicional em relação ao matrimônio indissolúvel com a adoção de uma "atitude pastoral" de cuidado com os divorciados que, na prática, permitiria que estes pudessem comungar e receber os demais sacramentos sem qualquer reserva. É importante, portanto, ver no sínodo bispos e cardeais capazes de defender a doutrina católica frente a um levante esquerdista majoritário que deseja um relaxamento da mesma.

E o tema dos divorciados, que será a pauta do Sínodo, vem alimentando a imprensa. O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Müller, vem sendo atacado com frequência por sua defesa "dogmática" do matrimônio em detrimento de uma atitude mais misericordiosa e pastoral. Vários bispos alemães, incluindo o cardeal Marx que integra o conselho particular do Papa Francisco, já o atacaram publicamente por sua postura, desqualificando o prefeito em si, mas não ousando contestar-lhe os argumentos teológicos.

Agora outro cardeal vem com ferocidade sobre Müller. É ninguém menos que o arcebispo hondurenho Oscar Rodriguez Maradiaga, presidente do mesmo conselho particular nomeado pelo Papa Francisco para reformar a Cúria. Maradiaga já ganhou a alcunha de "vice-papa" e se comporta como tal.

Maradiaga, gozando da proteção de Francisco, ataca Müller dentro do seu próprio país, declarando seu descontentamento com o Prefeito da Doutrina da Fé a dois jornais alemães. Ao jornal Frankfurter Rundschau, como reporta do Fr. Z, Maradiaga disse que "[para Müller] só existe o certo e o errado, só isso.  Mas eu digo: "O mundo, meu irmão, o mundo não é assim. Você deve ser um pouco flexível para ouvir outras vozes, para que você não diga apenas 'aqui está a parede'".

Segundo Maradiaga, Müller não tem uma compreensão completa do mundo real porque para ele só existe o certo e o errado, o preto e o branco. Essa deficiência de Müller, segundo Maradiaga, se deve a sua origem como teólogo alemão e professor. O que podemos concluir que Müller não é "pastoral", mas dogmático e a moda agora dentro da Igreja é ser pastoral.



Fr. Z lembra que até pouco tempo atrás outro bispo alemão e professor de teologia esteve no Vaticano. Bento XVI tem um passado quase idêntico ao de Müller, como teólogo e professor universitário antes de ser chamado ao episcopado e ao trabalho na Cúria. Será que Maradiaga ousaria repetir semelhante declaração se o Papa fosse Ratzinger?

Me espanta o grande "conhecimento de mundo" que o cardeal Maradiaga tem. Honduras tem 7 milhões de habitantes, sendo um país com uma área total menor que a do estado do Ceará e com uma economia insignificante. O cargo mais elevado que o cardeal ocupou até a chegada de Francisco foi o de presidente da Cáritas. Já que os argumentos nessa discussão são exclusivamente ad hominem, Maradiaga já começa em flagrante desvantagem.

Me espanta também como o Papa Francisco vem escolhendo mal os seus colaboradores. Uma escolha pior do que a outra e isso não se deve a posição ideológica dos escolhidos, mas às suas capacidades e experiências precedentes. Se é para escolher um progressista, pelo menos escolha um com um bom currículo.

Um comentário:

Anônimo disse...

a igreja persiste até hoje pela obediência, os jesuítas sempre primaram pela obediência, hoje sangram quase até a morte, pois se esqueceram de obedecer.
"quem pode manda quem tem juizo obedece"
Maradiaga está certo!!!!

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