segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Francisco: "Eu vou MUDAR a Igreja"

O Papa Francisco parece ter inaugurado uma nova era - a era dos papas-falantes. E isso vem gerando uma profunda dor de cabeça e confusão nos fiéis. A primeira entrevista que gerou problemas foi concedida por Francisco à Rede Globo e, como uma continuação, no voo de retorno a Roma depois da Jornada da Juventude. Confundiu muitos católicos, mas os conservadores avisaram em alto e bom tom - O Papa foi mal interpretado! Eis o que Francisco realmente disse! etc.
A segunda entrevista, muito mais longa e complexa, foi dada a um padre jesuíta e traduzida em tempo recorde em mais de 20 idiomas diferentes. Foi uma entrevista que causou perplexidade até mesmo entre os neocons. Um malabarismo para tentar justificar as palavras do Papa não foi visto, porque era impossível. Pairou um silêncio... nada de desmentidos ou clarificações, apenas um confuso silêncio.
Agora, segundo informa Rocco Palmo, é a vez de mais uma entrevista que tem tudo para ser um novo desastre.




(WHISPERS IN THE LOGGIA | Tradução Blogonicus) Seis meses e meio sob a nova  Regra de Francisco, entre outras coisas que surgiram é que, quando o Papa fica animado, ele gosta de "carregar o canhão."

Um exemplo disso veio em 5 de julho, quando o Papa Bergoglio lançou sua primeira encíclica (a obra "em quatro mãos", com o seu antecessor), anunciou as canonizações de João XXIII e João Paulo II e fez sua primeira aparição pública com a B16. E agora, no dia em que ele formalmente definiu para o próximo 27 de abril como a primeira canonização de dois Papas de uma só vez - às vésperas da reunião mais importante do que agora é oficialmente conhecido como o "Conselho dos Cardeais" - veremos em breve o caos de ... outra entrevista.

A segunda conversa em versão impressa do Papa a sair em menos de 11 dias; a tarde esta noite um aviso no site do maior jornal da Itália, La Repubblica, anunciou a iminente publicação de uma entrevista com Francisco conduzida pelo co-fundador do jornal, o ateu Eugenio Scalfari. Claro, a carta de verão de Scalfari para Francisco foi respondida pelo pontífice num extenso artigo de opinião para o jornal no início deste mês.

Embora nenhum texto do sit-down tenha aparecido ainda, o título do artigo do La Repubblica diz: "Então eu vou mudar a Igreja", com um "subtítulo  'abrir-se para a modernidade é um dever." Os planos do Papa para a reforma da Cúria ".


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Como informa o blogueiro, não há nada concreto ainda. Temos só uma receita para o desastre: Um papa que não consegue parar de falar, um jornal e um ateu. Precisa de mais o quê?
Amanhã veremos do que se trata. Tem outra postagem sobre os planos franciscanos de mudança programada para amanhã, não deixe de ler!

G8 - Igreja Sinodal Permanente



Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 30-09-2013, Gaudium Press) - Com um Quirógrafo, o Papa Francisco instituiu nesta segunda-feira,o "Conselho de cardeais", um grupo composto por oito purpurados que terão a missão de coadjuvar o Papa no governo da Igreja e no projeto de reforma da Cúria Romana. Os nomes dos participantes foram já anunciados em 13 de abril passado.

A primeira reunião do Conselho de Cardeais será nesta terça-feira, 1º de outubro, com a presença do Santo Padre. As sessões de trabalho desse primeiro encontro do Conselho terão prosseguimento até a próxima quinta-feira, dia 3.

Estas informações foram fornecidas pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, em entrevista coletiva realizada nesta manhã.

Padre Lombardi leu o Quirógrafo onde Santo Padre define o papel e as funções dos 8 cardeais. O grupo será chamado de Conselho e é fruto das sugestões apresentadas nas Congregações Gerais antes do último Conclave que escolheu o Papa Francisco.

O documento Papal estabelece formalmente que o Conselho de cardeais ajudará o Papa "no governo da Igreja" e "no estudo de um projeto de revisão da Constituição apostólica Pastor Bonus sobre a Cúria Romana".

"Um modo com o qual talvez se possa definir esse Conselho é 'um ulterior instrumento que enriquece o governo da Igreja com uma nova modalidade de consulta': portanto, um enriquecimento dos instrumentos já disponíveis ao Santo Padre para o governo da Igreja mediante a consulta, a ajuda que se pode ter consultando", disse o Padre Lonbardi.

Segundo o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o Conselho pode ser alterado em seu número de componentes, quer ser uma ulterior expressão da comunhão episcopal e do auxílio ao munus petrinum, ao governo do Sucessor de Pedro.

"As palavras-chave para pensar nesse método de governo que o Papa está configurando, disse o porta-voz vaticano, creio que sejam o caráter sinodal, a idéia do caminhar juntos: uma Igreja que caminha junto em seus diversos componentes e o Papa se coloca em caminho com essa Igreja; e o discernimento, que é a busca da vontade de Deus mediante uma consulta freqüente e paciente."

Os trabalhos se realizarão na Biblioteca privada do apartamento papal. Os cardeais estarão hospedados na Casa Santa Marta e estarão reunidos pela manhã e pela tarde. O Papa só não estará presente nestes encontros na quarta-feira.

O Padre Lombardi falou da participação do Papa nas sessões:
"O Papa prevê fazer uma introdução muito breve e ouvir. Substancialmente, a presença do Papa é uma presença de escuta desses conselheiros que terão muito a trazer com as suas considerações, dado que o material é muito abundante."

"O Papa não está de modo algum condicionado. Para dizer que é um governo colegial precisaria dizer que o Papa 'deve' consultá-lo, 'deve' reuni-lo sobre determinados temas, 'deve'... Não se trata disso: trata-se de um Conselho ao qual pode ser pedido que dê o seu parecer", afirmou o porta voz do Vaticano.

Trata-se do primeiro encontro do Papa com os cardeais: não se deve esperar decisões relevantes. Também, não serão publicados documentos de trabalho nem está previsto nenhum comunicado final, explicou o sacerdote jesuíta,ao encerrar a entrevista. (JSG)

Com informações Radio Vaticano

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Os destaques acima são meus.
Percebo duas forças contrárias no texto quando este procura definir a natureza ou a finalidade do G8, como ficou conhecido o "Conselho". Há um embate entre a sua natureza sinodal e consultiva.

Precisamos ter em mente que um "Sínodo" nunca foi, na Igreja, um órgão consultivo. Expresso a sua natureza como a define a "Enciclopédia Católica" - Sínodo é um termo geral para reuniões eclesiásticas sob a autoridade hierárquica para a discussão e decisão de assuntos relacionados à fé, moral ou disciplina.

A essência do Sínodo é a sua decisão final. A instituição do "Sínodo dos Bispos", vinda após o Concílio Vaticano II, manteve alguma caraterística da definição clássica do termo "Sínodo". Na plenária dos vários Sínodos convocados pelos últimos Papas se discute o tema proposto e um documento - uma Exortação Apostólica Pós-Sinodal - é criado com a firma do Papa.

A natureza sinodal, portanto, conflita com uma natureza meramente consultiva.

O cardeal Oscar Maradiaga, gestor desse conselho, esteve recentemente no Canadá e afirmou que "O Sínodo dos Bispos será transformado". Esta não é uma declaração "consultiva" ou uma opinião, é uma afirmação. Portanto podemos concluir que já há, mesmo antes da reunião formal do G8, uma ideia clara do caminho a ser trilhado.

Pessoalmente - embora tenha absoluta certeza que minha opinião nada conta - acredito que o fortalecimento do Sínodo dos Bispos, transformando-o num órgão permanente conduzirá a Igreja a um estado de descontrole. Se o governo da Igreja dependerá da participação intensiva dos bispos através do Sínodo ou das intervenções do G8, veremos um papado em vias de extinção.

Com um colégio episcopal conservador e ortodoxo a ideia já me parece ruim. Com o atual colégio episcopal, onde os bons bispos são algumas dezenas num universo com mais de dois mil prelados, a ideia é desastrosa. Esqueçamos por um momento as ilusões românticas sobre o assunto que estão sendo pintadas pela imprensa, pelo Pe. Lombardi e Cia Ltda. Esqueçamos tudo isso.

Um Sínodo forte pede automaticamente um Papa fraco. É o que penso.

sábado, 28 de setembro de 2013

Polícia Vaticana Contra a Fofoca

O Papa pediu ao Corpo de Gendarmaria para estar alerta contra o perigo da fofoca




(ACI/EWTN) Durante a homilia da missa especial realizada na Gruta de Lourdes nos Jardins do Vaticano para o Corpo da Gendarmeria, o Papa Francisco  encorajou-os a falar bem uns dos outros, mas não ceder à tentação do joio e da fofoca.

"Peço não apenas defender as portas, as janelas do Vaticano", disse o Santo Padre, mas também defender "como seu santo padroeiro, São Miguel as portas dos corações daqueles que trabalham no Vaticano".

"Há uma tentação, que eu diria que é para todos, mesmo para mim, para todos os envolvidos​​, uma tentação que o diabo gosta: que é contra a unidade, quando os perigos escondidos trabalham diretamente contra a unidade daqueles que vivem e trabalham no Vaticano".

O Santo Padre disse que "o diabo deseja criar uma guerra interna, uma espécie de guerra espiritual e civil, não é mesmo? É uma guerra que não se faz com  as armas que conhecemos, é uma guerra que é feita com a língua".

"Nós pedimos a São Miguel para nos ajudar nesta guerra: nunca falar mal uns dos outros, nunca abrir os nossos ouvidos à fofocas. E se você ouvir alguém fofocando, detenha-lo! Aqui você não pode. Saia pela porta de Santa Ana, vá lá fora e fale lá! Aqui você não pode! É isso, hein? A boa semente sim, falar bem uns dos outros sim, mas o joio não".

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Piero Marini será o novo Prefeito do Culto Divino?



Segundo informa o Pe. Ray Blake, no seu sempre excelente blog, fazendo eco ao publicado por Liam Connolly (ver abaixo), o arcebispo Piero Marini seria nomeado, em questão de horas, como novo Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos.



Arcebispo Marini foi o responsável por boa parte das liturgias do pontificado de João Paulo II e por alguns anos de Bento XVI, sendo particularmente culpado pela péssima impressão que as missas pontifícias causavam aos olhos e ao coração dos católicos fiéis.

A saída de Piero Marini, que nunca é demais lembrar foi discípulo de Annibale Bugnini, da sua função de liturgista foi comemorada por muitos dentro e fora do Vaticano. Piero representava o pior gosto e senso litúrgico da pós-reforma e seu banimento significava apenas o óbvio - não há lugar para tais idiotices na liturgia da Igreja!

Entretanto, como afirmei mais cedo hoje:

Um novo estilo se instalou, para desespero daqueles preocupados com a coerência de uma reforma da reforma. Não é possível afirmar, com honestidade, que Francisco continua no caminho da reforma da reforma iniciado por Bento XVI, ainda que de forma diferente.

O cardeal Cañizares, atual prefeito, mesmo com sua predileção pelo movimento dos "neocatecumenais", não é nem de perto um mau negócio quando comparado com Piero Marini. O retorno de Piero Marini, se confirmado, é um desagravo aos modernistas e uma humilhação (mais uma!) aos tradicionalistas ou mesmo conservadores. É, como disse o Pe. Blake, o "horror dos horrores".

Se confirmado, será o ponto de "cisma" entre Francisco e Bento XVI. Lembrando que Francisco teve um encontro reservado com Piero Marini em abril, poucos dias após sua eleição, onde já se especulava a nomeação.

A elevação de Piero Marini a um posto que considero de importância igual ao da Doutrina da Fé é lamentável. Ela deixará claro, como já disse, a direção de Francisco e ferirá de morte o coração de muitos bons católicos.

"Quem viver, verá".

DEMITIDOS - Liturgistas de Bento XVI

Como informam os blogs Rorate Caeli e Secretum Meum Mihi, os consultores da Oficina de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice foram todos - T.O.D.O.S - removidos dos seus postos.

Como acontece com todos os cargos consultivos na Cúria, há um prazo de cinco anos, que pode ser renovado por mais cinco, para que o sacerdote ou bispo membro de um dicastério exerça seu trabalho. Entretanto, Francisco preferiu nomear novos membros.

A liturgia foi o destaque do pontificado de Bento XVI e penso que o tema tem o mesmo peso para Francisco, mas numa direção inversa. O papa atual já deu mostras de como quer que a vida litúrgica do Sumo Pontífice seja conduzida - simplicidade e pobrismo.
Dos 5 nomes indicados por Francisco, 2 são ligados ao Santo Anselmo, que foi o grande centro disseminador da reforma litúrgica selvagem.

Um dos nomeados, o carmelita Giuseppe Midili, no centro, durante conferência na Espanha.


Mas o que isso significa?

Significa que as mudanças na liturgia do Papa serão rápidas. Um novo estilo se instalou, para desespero daqueles preocupados com a coerência de uma reforma da reforma. Não é possível afirmar, com honestidade, que Francisco continua no caminho da reforma da reforma iniciado por Bento XVI, ainda que de forma diferente.

Entretanto, Francisco começa da base. Remove-se os consultores, que são a "equipe teórica" das celebrações. Depois, penso eu, virá uma remodelação dos cerimoniários. Por último a demissão de Mons. Guido Marini.

Os consultores de Bento XVI representavam o "suprassumo" do seu pensamento litúrgico e davam ao departamento a condução teológica que Ratzinger sintetizou tão bem em "Introdução ao Espírito da Liturgia".

Eu repito que somente alguém desonesto ou mentalmente afetado pode afirmar uma continuidade litúrgica entre Bento XVI e Francisco. Não há! Vivemos nestes dias uma transição, mas Francisco deixa muito claro qual o caminho a ser percorrido. E o Papa atual não está preocupado com hermenêuticas quaisquer que sejam.

Diferentemente dos nomes anteriores, que já eram conhecidos em diversas partes do mundo pela sua postura crítica em relação à reforma litúrgica e seus excessos, os nomes apontados por Francisco emergem do completo anonimato.

Podemos esperar de tudo um pouco. Um movimento reacionário e restauracionista está tomando conta do Vaticano. A Igreja, com Francisco, está na contramão, caminha de marcha ré e com os olhos fechados para a realidade. Oremos!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Depois de Boff, agora Cardenal elogia Francisco


(Religion Digital) Ernesto Cardenal – poeta, sacerdote, teólogo e político nicaraguense – se referiu ao Papa Francisco como um “papa revolucionário” e acredita que está levando a Igreja a um novo curso, durante a sua breve estadia por Buenos Aires, onde será homenageado pelo Ministério de Educação da Nação, e a caminho da feita do livro de Mendoza.

Cardenal sendo publicamente advertido
por João Paulo II
Com um caminhar lento – bengala, cabelo e barba branquíssimos sob a boina negra, sandálias caribenhas – o poeta da Teologia da Libertação, de 88 anos, e inimigo da pompa vaticana, ministro do governo revolucionário sandinista, motor da experiência marxista marxistas em Solentiname [NdT arquipélago ao sul do lago Nicarágua, onde Cardenal se instalou em 1966 como pároco e desenvolveu uma pequena comunidade “alternativa” para artistas em 1970, que persiste até hoje.]  fala de Francisco como o Papa revolucionário.

“De maneira nenhuma esperávamos um papa do nosso continente, nem um papa revolucionário neste momento, porque foi eleito entre os cardeais que foram escolhidos pelos dois últimos papas (João Paulo II e Bento XVI), conservadores e reacionários. Então de onde sairia um revolucionário? E saiu”, refletiu no hotel portenho em que está hospedado.

Francisco “realmente está mudando o curso, está fazendo coisas que deveriam ser feitas há muito tempo e ninguém fazia, como não querer usar o papamóvel e pedir que o levem num carro mais simples do Vaticano”, expressa Cardenal assimilando cada palavra, dando tempo para que se deixem escutar.

“O que é algo muito lógico que se fizesse, se é um discípulo de Cristo que diz que os últimos serão os primeiros, as coisas seriam o inverso do que são e é isso que ele está fazendo, um Papa imprevisível, como agem os santos”, afirma este poeta capaz de conciliar ciência, fé, revolução e marxismo com poesia, escultura e pintura entre outras tantas vocações.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Senhora Cardeal



(Giacomo Galeazzi | Tradução Blogonicus) A proposta de criação de cardeais mulheres - relançado pelo jornal espanhol El País como uma possibilidade que estaria sendo pensada pelo Papa Francesco - não é nova: foi levantada pela primeira vez em um sínodo, o de 1987, mas não foi incorporada nos documentos finais.

No entanto, esta hipótese - numa linha inteiramente teórica - não estaria em contraste com o "não" às mulheres sacerdotes que o Papa João Paulo II declarou definitivamente (aprovação de um documento de 1995, assinado pelo então prefeito da Congregação da Fé, Joseph Ratzinger) e ao qual Bergoglio já disse que pretende seguir:  a porta está fechada, ele disse aos jornalistas na viagem de volta do Rio de Janeiro.

Na verdade - embora nos últimos séculos não tenham sido criados - os leigos também têm acesso ao cardinalato, recebendo a ordenação diaconal logo após a "o recebimento do barrete". E havia mulheres diáconos na igreja primitiva, apesar de seu serviço, de acordo com historiadores do cristianismo mais sérios, não era litúrgico, mas simplesmente de caridade aos pobres.

Em 1997, dez anos após o Sínodo onde se abordou a questão, o cardeal Carlo Maria Martini, arcebispo de Milão, queria reviver a ideia de re-estabelecer as diaconisas apontando que o "não" de João Paulo II estava relacionado apenas ao sacerdócio. De acordo com o mesmo princípio, na verdade, seria possível mulheres cardeais, mesmo se a hipótese parece um tanto remota.

Sua Eminência Reverendíssima Dona Francesca Chaouqui?
Os cardeais são na verdade os eleitores do Papa como "donos" de diaconias, sacerdotes da diocese de Roma ou com o título de uma das pequenas dioceses suburbicárias e a inclusão de mulheres modificaria seriamente essa tradição. Mas o Papa é o legislador supremo da Igreja Universal e absolutamente livre para decidir sobre todos os assuntos canônicos.

Sem ir tão longe, João XXIII e Paulo VI já inovaram parcialmente a prática de competência exclusiva (mas apenas teórica) do clero romano (que é do rito latino) na eleição de seu bispo, inserindo no Colégio dos Cardeais alguns patriarcas e arcebispos maiores dos ritos orientais que, certamente, não podem ser considerados como "clero romano".

João Paulo II e o Papa Ratzinger na verdade confirmaram esta novidade ampliando o número de cardeais do rito oriental. Outras considerações incluem o fato de que a Comunhão Anglicana, que difere da doutrina católica em apenas alguns pontos, já tem pastoras e está debatendo com grande paixão (até o risco de um cisma) sobre as mulheres bispos. De acordo com o arcebispo emérito de Bruxelas, cardeal Godfried Dannels, considerado um grande eleitor de Bergoglio, para obter a ordenação de mulheres, no entanto, "é preciso converter primeiros os bispos e padres."

O argumento clássico contra a ordenação de mulheres é que Jesus, ao instituir a Eucaristia, não previu a sua presença na Última Ceia, quando disse: "fazei isto em memória de mim." Na mesma linha, no entanto, a favor de cardeais mulheres talvez pudesse ser argumentado que, na época de Pentecostes, quando o Espírito Santo que é prometido por Jesus desceu sobre a Igreja nascente, a Virgem Maria estava com os Apóstolos e na Igreja lhe é concedida - como recordou recentemente pelo Papa Francesco - a maior honra, o seu nome precede o de qualquer santo.

***

O pontificado informal de Francisco, desapegado de qualquer fixação por normas, parece conduzir os progressistas ao êxtase. Como bêbados que retornam trançando as pernas para casa, os progressistas de plantão escorregam nas especulações.

A misteriosa nomeação da "bella" Francesca Chaouqui como integrante do grupo que ajudará o Papa a reformar a Cúria criou um ambiente propício para o aparecimento de teorias absurdas, além de fungos e bactérias na cabeça dos jornalistas.

O texto acima, sobretudo no seu último parágrafo, parece confundir intencionalmente o sacramento da ordem com o título de honra do cardinalato. Repito, é intencional, pois o autor, um célebre vaticanista, certamente sabe diferenciar muito bem uma coisa da outra.

Como a ordenação feminina é uma carta fora do baralho, é preciso trabalhar pela "conversão" do clero, ou seja, é preciso apresentar novidades que possam ser assimiladas lentamente, criando um "costume" confortável dentro da Igreja. Essa é a estratégia adotada, por exemplo, com os diáconos permanentes - buscou-se, num esforço de arqueologismo eclesial, uma prática que não estava originalmente dentro da Igreja latina ou que foi abandonada por um motivo qualquer, inserindo-a no contexto moderno para, na verdade, minar uma tradição ou disciplina verdadeira que é o celibato. Outro costume criado, usando desse mesmo arqueologismo impreciso, foi a nefasta comunhão na mão, tida pelos astutos teólogos progressistas como uma "prática apostólica" ou da igreja primitiva.

Outro detalhe que chama a atenção é a referência do jornalista aos nomes dos dois cardeais "advogados" da ordenação feminina: Martini e Daneels. O primeiro, não obstante sua inteligência, atuou como um aglutinador de ideias estapafúrdias, o segundo é o grande protetor de padres sodomitas e pedófilos que mergulhou a igreja na Bélgica na maior crise da sua história. E Daneels ainda foi "um grande eleitor de Bergoglio"! Li em algum lugar - que não me recordo - que Lehmann, da Alemanha, também foi outro grande eleitor de Bergoglio. Está bem o Papa Francisco!

Papa Francisco EXCOMUNGA Padre Pró-Gay

O agora Ex-padre e Ex-católico Reynolds exibindo sua excomunhão

(The Age) O padre dissidente Greg Reynolds foi simultaneamente afastado do ministério e excomungado pelo seu apoio à ordenação de mulheres e aos homossexuais [que não vivem em castidade e apoiam o gayzismo, NdT] - a primeira pessoa excomungada em Melbourne, acredita.

A ordem vem direto do Vaticano, não a pedido do arcebispo de Melbourne, Dom Denis Hart, e, aparentemente, segue uma denúncia secreta ao melhor estilo da Inquisição, segundo o Padre Reynolds.

O documento de excomunhão - escrito em latim e não explicitando o motivo - data de 31 de Maio, o que significa que está sob a autoridade do Papa Francisco, que ganhou as manchetes na quinta-feira conclamando por uma Igreja menos obcecada por regras.

Padre Reynolds, que renunciou ao cargo de pároco em 2011 e no ano passado fundou o grupo Inclusive Catholics, disse que esperava ser secularizados (afastada do ministério), mas não excomungado. Mas que isso não faria diferença para o seu ministério.




sábado, 21 de setembro de 2013

O Decesso de Piacenza e o Carreirismo de Baldisseri

Como antecipado por muitos blogs ao redor do mundo, o Papa Francisco realizou hoje o seu segundo movimento de importância na reforma da Cúria Romana.

Em meio às nomeações do dia, a que mais chamou a atenção, sem a menor dúvida, foi a remoção do Cardeal Mauro Piacenza da Congregação para o Clero para a Penitenciária Apostólica. A ligação do Cardeal com a Congregação é antiga, sendo que já em 1990 ele prestava serviços à Congregação. Em 1997 é nomeado oficial da Congregação, em 2000 é feito subsecretário. De 2003 a 2007 passa como presidente pelas Comissões dos Bens Culturais e Arqueologia Sacra, retornando ao Clero em 2007, na qualidade de secretário. Assume definitivamente como prefeito em 2010.

De origem genovesa, o cardeal foi ordenado sacerdote por ninguém menos que o grande Cardeal Siri, o que explica a forte ortodoxia de Piacenza, seu senso litúrgico fiel e a sua discrição.

O Cardeal é muito querido pelos "padres blogueiros" de língua inglesa, pela proximidade e frequência com que escreve mensagens, simples e profundas, aos membros do clero do mundo. Desconheço se o sentimento é compartilhado pelos padres lusófonos.

Piacenza, embora de notável ortodoxia, nunca foi visto como um cardeal tradicionalista, nem fazia muita questão de se envolver neste imbróglio. Mas sempre foi muito estimado pela esfera conservadora e tradicional.

O que o Papa fez, hoje, foi um decesso, ou seja, um rebaixamento. Piacenza será o novo penitenciário, uma função essencialmente burocrática, sem qualquer visibilidade. Piacenza teve a sua influência neutralizada por completo.

Esperava-se para o cardeal uma arquidiocese importante na Itália. Não veio. O que veio em seu lugar foi uma mensagem clara e objetiva do Papa. No pontificado de Francisco parece haver uma aversão a esquemas fechados, à impossibilidade do diálogo. Piacenza representava um pouco desse universo ortodoxo, ou seja, dessa "certeza" que nos obriga a aceitar... afinal é disso que se trata a ortodoxia.

Em seu lugar Francisco colocou um diplomata. Sim! Depois de criticar o carreirismo dos bispos, Francisco escolhe para uma função importante um membro do corpo mais carreirista que existe na Igreja - os núncios! O arcebispo Beniamino Stella será o novo prefeito. Vindo da presidência da Academia Eclesiástica após ser núncio no Congo, Cuba e Colômbia, o novo prefeito não tem a menor experiência com a Congregação.

Outro fato estranho é a sua idade avançada, 72 anos. Stella poderá ser um prefeito de transição enquanto Francisco reforma a Cúria, o que justificaria a sua idade e a total falta de experiência com a Congregação. Talvez Francisco queira um prefeito sem expressão ou mais flexível e, por isso, Piacenza se tornou um nome totalmente inadequado.

Sem dúvida a Cúria e a Igreja Universal perdem um grande pastor de almas no decesso de Piacenza. Enquanto isso assistimos, perplexos ou talvez nem tanto, a um aparelhamento da Cúria por Núncios ou ex-Núncios.

Who let the Nuncios out? 

Enquanto suas palavras condenam o carreirismo na Igreja, censuram aqueles bispos que buscam "dioceses maiores e mais ricas", pedem por bispos com "odor de ovelha", as ações de Francisco parecem ir noutra direção.

Desde que assumiu a sua nova condição como bispo de Roma, Bergoglio vem promovendo apenas membros do aparato burocrático e das fileiras carreiristas. Mons. Battista Ricca, Pietro Parolin, Lorenzo Baldisseri e agora Beniamino Stella. A única nomeação que se justifica é a de Parolin, já que ocupará um cargo burocrático como Secretário de Estado.


A Dança do Arcebispo-Cardeal-Arcebispo Baldisseri

Para concluir um último comentário.
O ex-Núncio no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri, parece não querer esquentar a cadeira e vê seu cardinalato ora longe, ora iminente.

A tradição aponta que os núncios no Brasil são feitos cardeais em algum momento. Escaparam da púrpura Alfio Rapisarda e, por enquanto, Baldisseri.




As chances de cardinalato de Baldisseri foram praticamente anuladas em 2012, quando Bento XVI o removeu do Brasil para colocá-lo como secretário da Congregação para os Bispos, cargo qual não cabe o barrete vermelho. Foi depois do conclave, em março deste ano, que as chances de um cardeal Baldisseri reapareceram. Ao surgir no balcão de São Pedro junto com Francisco, na qualidade de secretário do Conclave, Dom Lorenzo portava o solidéu vermelho que pertencia à Bergoglio, num sinal que muitos interpretaram como o primeiro cardeal anunciado.


Sobre o caso do solidéu, o La Repubblica e o La Stampa narram a sanha do ex-núncio em ser cardeal:

"O jornal La Stampa prossegue: No dia seguinte à eleição, Baldisseri, ainda usando o solidéu vermelho com as vestes roxas de bispo, apareceu na missa concelebrada pelo novo papa na Capela Sistina pedindo para ser admitido entre os cardeais. Os Cerimoniários não tinham previsto a sua presença, mas Baldisseri, com o solidéu vermelho recebido no dia anterior, insistiu em participar. Eventualmente, depois de algum esclarecimento, ele foi autorizado a concelebrar com os outros cardeais.
No dia 19 de marco Baldisseri também estava entre os concelebrantes da Missa de Inauguração do novo bispo de Roma. Mas desta vez o secretário do conclave usava o solidéu de um simples bispo.
O jornal "La Repubblica", por sua vez, transcreveu a gravação de uma parte da entrevista em língua Portuguesa da Rádio Vaticano em que Baldisseri conta a história assim:
"No final do conclave, o Santo Padre recebeu dos cardeais na Capela Sistina uma profissão de obediência. Também, como secretário do conclave, eu fui chamado para realizar este ato de obediência e saudação ao Santo Padre. Quando cheguei na frente dele, eu me ajoelhei. Foi nesse momento que o Papa  colocou mão na minha cabeça e, em seguida, depositou sobre mim o seu barrete vermelho de cardeal. Era tão grande a emoção ... isso significa que o Secretário o Colégio dos Cardeais, que na verdade é também o secretário do conclave, é ou será um cardeal. O Papa me disse mais tarde: "Tu és um cardeal pela metade."
Certamente - disse Baldisseri - a criação de cardeais reais ainda não ocorreu "porque exige um consistório oficial convocado pelo Santo Padre, e, portanto, a sua publicação. Mas todos aqui sabem que o meu nome está na lista".
Dom Lorenzo na Missa pós-Conclave na Capela Sistina
Usando o solidéu vermelho, exigiu ser admitido entre os cardeais.
O "La Stampa" também escreveu que a iniciativa de colocar o solidéu sobre o secretário do conclave foi sugerida ao Papa Francisco por "um dos cerimoniários presentes no momento da cerimônia na Capela Sistina", que apresentou como um "costume antigo". Na verdade o costume não é antigo nem mesmo é um costume propriamente dito.

De todos os conclaves registrados nos séculos XIX, XX e XXI, só aquele que elegeu João XXIII em 1958 viu algo semelhante. Todos os demais secretários do conclave foram elevados ao cardinalato posteriormente e porque exerciam outras funções compatíveis com a púrpura cardinalícia. Muitos desses secretários de conclave foram feitos cardeais no segundo ou terceiro consistório após a eleição de um novo papa.

Baldisseri foi nomeado por Francisco como Secretário do Sínodo dos Bispos, um cargo importante, mas que foi guiado por 9 anos por um arcebispo não-cardeal. A Secretaria para o Sínodo dos bispos teve como secretários três cardeais:


  • Dom Władysław Rubin foi secretário de 1967 a 1979, feito cardeal em 1979 para, em menos de um ano, ser promovido a Prefeito da Congregação das Igrejas Orientais.
  • Dom Jozef Tomko, 1979 à 1985, se tornou cardeal depois de deixar a função, assumindo a Evangelização dos Povos
  • Dom Jan Pieter Schotte, 1985 a 2004, só foi feito cardeal em 1994.
  • Dom Nikola Eterović, 2004 a 2013, nunca foi feito cardeal.
  • Dom Lorenzo Baldisseri, 2013, espera-se que nunca seja feito cardeal.

Gozando de abençoados 72 anos, o arcebispo-cardeal-arcebispo pode estar vendo a púrpura lhe escapar pelos dedos. O que salta aos olhos, mesmo do outro lado do atlântico, é a vontade deste senhor, que foi um dos piores núncios "da história desse país", de se tornar cardeal.

Baldisseri não exala o odor da ovelha, como quer Francisco. É um bispo aeroporto, carreirista e ganancioso. Cria de Sodano, que foi quem o consagrou bispo. Isso explica a sua letargia em defender Bento XVI em solo brasileiro e a sua calculada incompetência em interferir na CNBB.

Esperamos que suas ambições não sejam satisfeitas por aquele que é tão crítico, pelo menos no discurso, do carreirismo eclesial. E esperamos ainda que a reforma da Cúria não nos conduza a uma Cúria fraca, impotente e repleta de parasitas.

Pobreza Franciscana na Sagração do Esmoleiro



Mons. Konrad Krajewski foi sagrado ou ordenado, como preferir, bispo no último dia 17 de setembro. O Papa Francisco, que não distribui comunhão "por medo de ser fotografado com alguém", não atuou como sagrante ou co-sagrante.

A foto acima mostra como o bispo de Roma se apresentou na liturgia de sagração/ordenação. Portando apenas uma estola "moderna" colocada sobre a batina. Alguns poderiam perguntar "o que tem isso de importante?".

Muito bem, em primeiro lugar tem muita importância. O sucessor de Pedro é o supremo legislador em matéria litúrgica, ponto. É dele que se espera o primeiro exemplo em matéria de liturgia e, portanto, do cumprimento da lei litúrgica.

Longe de ser uma "tara" pelo legalismo ou rubricismo, é importante destacar que a Igreja tem regras e que elas existem não só para encher as páginas dos códices, mas para serem cumpridas.

Se não somos rubricistas ou legalistas - e de fato não somos - não podemos também fazer da lei ou da disciplina da Igreja uma letra morta perdida em algum livro. Há uma ordem na Igreja que se expressa das mais diversas formas e que está a serviço da unidade e da missão da comunidade eclesial.

Quando começamos a afrouxar demais algumas dessas normas, em nome de um suposto espírito de simplicidade e humildade, nos tornamos, na verdade, orgulhosos. Tomamos nas mãos as rédeas da Igreja, dizendo que tudo aquilo que já existe e nos precede não é mais necessários; nos tornamos "outros Cristos" num sentido errado e deturpado do conceito, pois visamos apenas refundar a Igreja e re-regular as suas práticas de acordo com o "espírito da nossa vontade". Uma postura bem longe da humildade evangélica que pressupõe, acima de tudo, uma obediência.

Como escrevi acima, é do Papa que se espera o exemplo. Cabe ao legislador cumprir em primeiro lugar a lei, do contrário caímos no casuísmo litúrgico que gera, como já vemos, desunião e confusão.

A vestimenta prescrita para o Papa, quando não celebra ou concelebra, é a veste coral (batina, roquete , mozetta de seda vermelha, estola bordada e cruz peitoral pendida por cordão dourado). Em nome de uma suposta simplicidade, que vem empobrecendo, dispensou-se tudo isso.

Vejo no fato, embora julgue que tenha sido movido por boa intenção, uma espécie de assalto. Assalta-se o culto, rouba-se do próprio destinatário deste culto, do dono da casa. É por isso que não podemos empobrecer a liturgia - ela não nos pertence, ela não é direcionada a nós. Dela recebemos apenas a misericórdia. A liturgia é o culto a Deus, uno e trino, criador dos céus e da Terra. Quando mutilamos a liturgia, mesmo que só nos pequenos detalhes, mutilamos esse culto, essa latria devida a Deus.

Mons. Konrad Krajewski será o esmoleiro do Papa, aquele que levará um pouco do amor cristão aos desvalidos. Entretanto Deus não pode receber esmolas, pois não é pobre. Não podemos nos arrogar o direito de reduzir o culto que prestamos, tornando-o uma "esmola litúrgica".

Quem me lê sabe que o pouco que vimos deste pontificado me preocupa. Me preocupa porque estamos vendo um pontificado que tem coisas muito boas, mas que está mergulhado em confusão e desorientação.

A saída é rezar para que o Papa... creio que é melhor apenas rezarmos pelo Papa!

P/S: O arcebispo Piero Marini - aquele... - foi o co-sagrante do novo arcebispo. Pelo menos ele estava usando o paramento completo.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Francisco: Considero preocupante o risco de ideologização do Vetus Ordo

Da entrevista que o Papa Francisco concedeu ao padre jesuíta Antonio Spadaro e publicada em mais de 20 revistas da Companhia ao redor do mundo.

A parte que toca no rito antigo reproduzo abaixo, com tradução da Revista portuguesa "Brotéria", destaques meus:

«O que é que realizou o Concílio Vaticano II? Que é que foi?», pergunto-lhe à luz das suas afirmações precedentes, imaginando uma resposta longa e articulada. Tenho, pelo contrário, como que a impressão de que o Papa simplesmente considera o Concílio como um facto de tal modo indiscutível que para sublinhar a sua importância não vale a pena falar disso demasiado tempo.
«O Vaticano II foi uma releitura do Evangelho à luz da cultura contemporânea. Produziu um movimento de renovação que vem simplesmente do próprio Evangelho. Os frutos são enormes. Basta recordar a liturgia. O trabalho da reforma litúrgica foi um serviço ao povo como releitura do Evangelho a partir de uma situação histórica concreta. Sim, existem linhas de hermenêutica de continuidade e de descontinuidade. Todavia, uma coisa é clara: a dinâmica de leitura do Evangelho no hoje, que é própria do Concílio, é absolutamente irreversível. Depois existem questões particulares, como a liturgia segundo o Vetus Ordo . Penso que a escolha do Papa Bento XVI foi prudente, ligada à ajuda a algumas pessoas que têm esta sensibilidade particular. Considero, no entanto, preocupante o risco de ideologização do Vetus Ordo, a sua instrumentalização.

Em primeiro lugar creio que qualquer referência ao rito antigo será suprimida da tradução brasileira, publicada pelos jesuítas tupiniquins.

De qualquer forma é importante destacar que o Papa faz a referência ao rito precedente dentro de um contexto de Vaticano II.

Pergunto: o Vetus Ordo pode ser instrumentalizado? Respondo: é claro que sim!
Sabemos - e não são poucos os fatos que ilustram isso - que o Vetus Ordo serve, em alguns casos, como um instrumento de resistência ao Vaticano II ou mesmo de críticas absurdas à validade dos sacramentos e sucessão apostólica no pós-concílio.

Entretanto é pertinente fazermos uma outra pergunta. Seria o Novus Ordo, por sua vez, imune à ideologização e instrumentalização? Esse "serviço ao povo como releitura do Evangelho" que está condensado nos livros litúrgicos modernos são perfeitos, respondem ao desejo do homem de encontrar-se com Deus, ou ainda, favorecem esse mesmo desejo?

Para ilustrar, embora acredite que não seja necessário, coloco algumas fotos:







A grande preocupação da igreja moderna é com a terrível mentalidade tradicionalista, que visa "retroceder os ponteiros do relógio", alienando a brilhante caminha do pós-concílio que trouxe, além dos frutos enormes, uma grande primavera.

Deduzimos que outras intervenções, como a realizada contra os Franciscanos da Imaculada, acontecerão em breve e com anuência do Papa. Afinal de contas o que Francisco entende por ideologia ou instrumentalização?

Estamos diante de um Sucessor de Pedro legítimo, mas míope pelo otimismo pós-conciliar exatamente como fora Paulo VI e, até certo ponto, João Paulo II.

Corremos o risco de instrumentalizar o Vetus Ordo. Que bom que é apenas um risco, pois o Novus Ordo já foi instrumentalizado desde a sua concepção.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Rumo à Plena Comunhão?



(Catholic Culture  |  Tradução Blogonicus) O líder da Igreja Católica Caldeia escreveu ao seu equivalente na Igreja Assíria do Oriente propondo que eles conduzam as duas igrejas a uma comunhão plena.

O Patriarca Caldeu Louis Raphael I Sako enviou um cumprimento de aniversário ao Patriarca Assírio Mar Dinkha IV e sugeriu que as duas igrejas "comecem um diálogo pela unidade, que é desejo de Jesus". A comunhão plena com a Igreja Caldeia também traria a Igreja Assíria em comunhão com a Santa Sé, observou o patriarca católico.

"O começo deste diálogo é urgente, em face aos grandes desafios que ameaçam a nossa sobrevivência", escreveu o Patriarca Sako, fazendo referência ao futuro incerto da minoria cristã no Iraque. "Sem unidade, não há futuro para nós", ele disse.

A Igreja Assíria se separou de Roma no século V, demonstrando simpatia pelos ensinamentos nestorianos que haviam sido condenados pelo Concílio de Éfeso. Entretanto, os líderes da Igreja Assíria se distanciaram da doutrina nestoriana e em 1994 uma declaração cristológica foi assinada pelo Papa João Paulo II e o Patriarca Mar Dinkha IV, aparentemente resolvendo as diferenças doutrinais.

A Igreja Caldeia, que foi restaurada à unidade com a Santa Sé em 1552, compartilha as suas raízes históricas com a Igreja Assíria e os fiéis de cada comunidade compartilham os sacramentos [NdT, algo proibido pela Igreja Católica, diga-se]. Mas não há um acordo formal entre as duas igrejas.

"Se reconhecemos que professamos a mesma fé, neste ponto me pergunto quais são os obstáculos para que caminhemos juntos rumo a unidade plena entre nós", destacou o patriarca católico à agência de notícia Fides. O prelado católico afirmou que espera uma resposta do prelado assirio.


****

Resta-nos saber se tal investida ecumênica renderá os frutos que pretende. Em 2008, Mar Bawai Soro, um bispo Assírio, se converteu ao catolicismo através da Igreja Caldeia juntamente com 6 padres e 3000 fiéis leigos. O movimento de Soro foi discreto, certamente para não alarmar a comunidade "ecumênica dialogante ad aeternum".

Embora a comunidade assíria nativa, que vive no oriente médio, esteja muito próxima da católica, sobretudo pela perseguição islâmica que ambas sofrem, é na diáspora que se encontram os mais resistentes a qualquer forma de unidade. Na Austrália se encontra uma importante parcela dos Assírios separados que são, absolutamente, anti-romanos. Sentimento semelhante se vê nos EUA, onde reside Mons. Bawai Soro, que é chamado de Vossa "Des"Graça pelos cismáticos.

Abaixo coloco algumas fotos de Mons. Soro já celebrando como bispo católico oriental.








Robert Zollitsch Aposentado - Deo Gratias!



Segundo informa o site V.I.S, o Santo Padre aceitou a renúncia do arcebispo Robert Zollitsch da Sé de Friburgo.

Robert Zollitsch é também presidente da Conferência Episcopal da Alemanha e, por isso, esperava-se que sua aposentadoria fosse atrasada em alguns anos, pelo menos até março quando termina seu mandato. Zollitsch cumpriu os seus 75 anos em agosto e, como manda o direito canônico, apresentou sua carta de renúncia. O Santo Padre esperou apenas um mês para tomar sua decisão e paternalmente acolheu o pedido de aposentadoria.
Na Alemanha os bispos eméritos não podem ocupar cargos de direção o que significaria, se aplicada a regra, que Robert Zollitsch estaria também liberado do cargo de presidente da conferência episcopal. Entretanto o Papa Francisco lhe permitiu concluir seu mandato.
Robert Zollitsch defende a ordenação de mulheres, o fim do celibato, a união civil entre pessoas do mesmo sexo, etc.

Deixamos ao arcebispo "EMÉRITO" nossas felicitações pela tão esperada aposentadoria!

Cardeais Pró-Celibato


 Cardeais de Barcelona e Lima Defendem Celibato Sacerdotal



(ACI / Gaudium Press) O Cardeal Antonio Maria Rouco Varela, arcebispo de Madri e Presidente da Conferência Episcopal da Espanha, assinalou durante uma visita à Universidade de Salamanca que o celibato "se vive tal e como a Igreja o regulou desde os começos da história da Igreja" e que "[ele] está ligado de forma muito estreita com verdades profundas da fé".

O cardeal afirmou ainda que os últimos Papas e nos últimos Sínodos dos Bispos se fez clara uma opção pela não revisão do celibato aos padres do rito latino.

Já o arcebispo de Lima e Primaz do Peru, Cardeal Juan Luis Cipriani afirmou que "quando se fala do celibato sacerdotal, todos sabemos que não é um dogma. O Celibato é um tesouro para o sacerdócio e é o motivo que atrai a milhões de jovens à vocação sacerdotal. Se está querendo gerar uma confusão. Mas a Igreja tem claro que o celibato não é um dogma".

"Em um mundo em que o relativismo e o hedonismo imperam, compreendo que a castidade e celibato brilham e tratam de miná-lo com todo o tipo de ataques. A Igreja proclama a castidade para todos e o celibato como uma condição pelo Reino dos Céus, por um amor maior, somos apaixonados de nosso amor a Jesus, não somos solteirões. O fazemos por uma entrega maior que vale a pena", concluiu o cardeal peruano.

Tanto o cardeal Rouco quanto o cardeal Cipriani reafirmaram a posição católica da natureza não dogmática do celibato, entretanto não deixaram de defendê-lo. O cardeal Rouco fez questão de esclarecer que as recentes declarações sobre o celibato feitas pelo secretário de estado nomeado Pietro Parolin não contradizem a postura da Igreja.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

"Levarei vossas saudações aos dois Papas" diz Mons Gänswein

Mons. Georg Gänswein visita sua Arquidiocese

(Com informações de Cronache Maceratesi e Korazym, texto e tradução Blogonicus) A pequena e histórica cidade de Urbisaglia, na província de Macerata, recebeu a visita do seu ilustre arcebispo. Contando com pouco mais de 2.700 habitantes, a cidade é a sede titular do arcebispo prefeito da Casa Pontifícia, Dom Georg Gänswein.

Por anos o então padre Georg acompanhou o cardeal Joseph Ratzinger como seu secretário pessoal, assumindo a delicada função de ser o braço direito do Papa Bento XVI assim que foi eleito, em abril de 2005. Agora, já arcebispo, acumula a função de Prefeito na administração franciscana e secretário do papa emérito.

Com um simpático "boungiorno!", à moda do atual pontífice, o arcebispo cumprimentou os presentes.

"Vivo com o Papa emérito e trabalho com o Papa Francisco", afirmou sorridente durante a sua visita à cidade e ao povo local. O arcebispo recebeu do síndico local um baú com recordações da comuna com livros e cartões postais da cidade "para levar aos dois papas", afirmou o síndico.


O arcebispo visitou o museu histórico da cidade, onde fez perguntas e demonstrou interesse pela história da região. Visitou ainda uma casa de repouso para idosos, onde comoventemente deu a benção aos enfermos e cumprimentou os moradores pessoalmente.



"O homem pode perder muito. Chaves, dinheiro, documento de identidade. Podemos perder a saúde, pode-se perder a confiança e o homem pode se perder. O homem pode perder-se na correria da vida cotidiana ou numa decadência moral. Entretanto não é um homem completamente perdido, enquanto viver. Porque Deus o busca, o busca como o pastor e a mulher no Evangelho de hoje e espera por ele como o pai da parábola", afirmou o arcebispo durante a homilia da missa onde pode concelebrar com os padres locais.

"A Sagrada Liturgia começa com o abraço de Deus, o momento do perdão, somos imediatamente investidos de misericórdia e você poderia dizer que está tudo lá, no domingo, a festa do abraço de Deus, a festa da grande misericórdia.

Não há quase nenhuma pregação do papa Francisco onde não se fala da misericórdia de Deus, devemos abrir nossos corações para Deus e sua misericórdia".








































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