quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dividindo da FSSPX para conquistá-la?

O Superior do Distrito da Itália, Pe. Pierpaolo Petrucci, afirmou com base no comunicado da Sala de Imprensa Vaticana que a Santa Sé está tentando dividir a Fraternidade para conquistá-la.

O comunicado em questão informa apenas que as discussões continuam, que tudo segue como nós já sabemos, mas que a situação de cada um dos três bispos será tratada individualmente.

Para o Pe. Petrucci "essa forma de agir manifesta a intenção de dividir nossa Sociedade Sacerdotal no seu alto escalão (nei suoi massimi rappresentanti).

Primeiro é preciso deixar claro que Pe. Petrucci tem, hierarquicamente, mais autoridade dentro do organograma da FSSPX que os próprios bispos em questão, já que ele é superior de um distrito, enquanto os bispos não ocupam qualquer função de liderança.

Segundo, foram justamente os três bispos que, seguindo um caminho diverso do trilhado pelo Superior Geral e pelos Superiores Distritais, dividiram a fraternidade! A Santa Sé só está respondendo de acordo com o contexto criado pelas cartas dos bispos. A Fraternidade não está uníssona há muito tempo, infelizmente. Alegar que é o Vaticano quem está dividindo da Fraternidade é, no mínimo, irreal.

Os bispos não possuem (dentro da Fraternidade) uma jurisdição inerente ao sacramento recebido em 1989. O fato de um dos quatro bispos ser o Superior Geral é puramente acidental. Lembremos, por exemplo, que até a eleição de Mons. Fellay a Fraternidade foi comandada por um padre (Pe. Franz Schmidberger), que neste caso específico era superior aos bispos.

Alguns distritos e superiores distritais demonstraram a sua sensibilidade aos fatos atuais, convidando os fiéis a não lerem os comentários em fóruns e sites da internet, que se mostraram verdadeiros celeireiros de fofocas.

Enquanto isso, no mundo real, o bispo Richard Williamson já iniciou sua peregrinação pelos distritos mais inclinados ao cisma interno. Esteve recentemente na Coréia do Sul onde, como demonstra o vídeo abaixo, fala frequentemente em separação, divisão e ataques. Fala de forma velada, cheia de sujeitos indeterminados, mas para bom entendedor meia palavra basta.

Dom Williamson não quer acordo, não quer contato com Roma. O anglicanismo anti-romano ainda não lhe deixou o espírito.

Se não estou enganado o bispo inglês foi silenciado pelo Superior Geral. O que está fazendo na Coréia? E o que está fazendo justamente nesse momento critíco, onde todos os membros ordenados da FSSPX deveriam estar comprometidos com a unidade interna da fraternidade? Quem não junta... espalha!



terça-feira, 15 de maio de 2012

Concordo com Dom Lourenço Fleichman, OSB

Pela primeira vez sou obrigado a concordar com Dom Lourenço Fleichman, OSB. Pelo menos no texto abaixo. Não posso - e não seria honesto da minha parte - deixar as minhas outras reservas de lado, quando o assunto é é Dom Lourenço.

Destaco algumas passagens.

[update 19/05/12: Como o próprio monge destacou em seu site, este texto é uma postagem antiga, não apresentando sua reflexão da situação específica do momento presente. Entretanto, sua recomendação não perde a atualidade. A recomendação da oração e da confiança em Deus deve ser uma constante em qualquer caso, com crise ou sem ela. Este texto antigo pede justamente confiança na obra da FSSPX. É o que os Superiores Distritais estão pedindo em todo o mundo aos seus leigos e sacerdotes.
Num passado não muito distante um certo padre foi acusado de repudiar o que outrora havia escrito. Será que veremos a história se repetir, mas num outro contexto? As recomendações e confianças de ontem não valem também para hoje?
Afinal é a Sua vontade que pedimos para ser feita, não a nossa. Alguns a aceitam, outros não.]

***


Como tenho ficado cada dia mais enojado com esses blogues e blogueiros, jornalismo de superfície e arrogância das profundezas, não tenho tido muito ânimo para escrever. Porém, a falsa polêmica levantada pela imprudência de alguns e pela imbecilidade de outros, relativa à ida de Dom Bernard Fellay e seus assistentes à Congregação para a Doutrina da Fé, me obriga a falar. Além do mais, muitos fiéis das nossas Capelas tiveram contato com textos assombrosos e atitudes curiosas e criaram em suas almas certas apreensões que me parecem ilusórias e descabidas. “Será que a Fraternidade S. Pio X vai fazer um acordo com Roma?”, perguntam-se.

Enquanto alguns alimentam seus sites com essas falsas polêmicas que rendem certo nome entre os internautas, na medida em que as estatísticas de seus blogues et facebooks vão crescendo, outros vão se assustando e perdem mesmo a visão sobrenatural sobre os acontecimentos. E me espanto eu, com tanto desperdício de tempo e com tantas armas dadas ao demônio.

No meu modo de ver, teria sido melhor que nossos companheiros de combate não tivessem jogado no ventilador essas questões, em geral levantadas por padres saídos da Fraternidade e que passam seu tempo imaginando como vão criticá-la no dia seguinte. Só atrapalhou. Explico porque através de uma metáfora:

Tenho a impressão de sermos um grande batalhão de exército em marcha por caminhos perigosos, escapando de abismos, atravessando rios caudalosos, vencendo inimigos ocultos na mata, tudo em boa ordem, com a força do bem a alcançar e com a união dos espíritos em torno do seu general. Quando, de repente, um oficial vê passar um animal raivoso, um perigoso animal, é verdade, porém assustado e impotente diante da massa de soldados valorosos marchando com força e determinação. O general vê a fera mas mede sua força e segue em passo forte. Porém, o infeliz oficial assustado grita: ALTO! Pronto. Instala-se a desordem, cada um grita do seu lado, capitães desobedecem a seus superiores, soldados rasos dão ordens disparatadas e muitos que lutavam até então com coragem correm assustados em debandada. Era tudo o que queria o inimigo faminto. Agora sim, ele rosna, mostra os dentes, e talvez corra atrás dos mais fracos para os devorar.

A culpa é do general? Não. A culpa é do imprudente oficial que não confiou em seu chefe e gritou ordem que não lhe cabia gritar.

Aí está o verdadeiro risco que corremos. Não é o risco da Fraternidade fazer um acordo prático com Roma, mas sim esse despreparo impressionante dos soldados da Tradição, movidos por esse estranho liberalismo que respiramos todos os dias, e que os leva a querer dar ordens e conselhos lá onde não foram chamados, em atitudes de grave imprudência quando não, para alguns, de malícia movida pelo orgulho de se acharem mais capazes do que os nossos superiores. E vejam que esse liberalismo se esconde por detrás de uma exigência maior, de uma aparência de força e de coragem no combate. Mas a realidade dessa atitude está na desobediência e no orgulho de se achar livre de criticar qualquer um a qualquer hora. Não é esse o espírito da Igreja, logo não pode ser esse o espírito da Tradição.

Para alguns, o texto publicado pela Imprensa do Vaticano e a entrevista de Dom Fellay ao site Dici.org já revelaria uma traição, ou um risco muito grande de que um acordo já esteja assinado. Agitam-se em vão as almas e esquecem-se de que o que está em jogo é a vida da Igreja, é a salvação das almas. Dão provas de desconhecer tudo sobre a Tradição, essa gente convertida antes de ontem e que se levantam hoje como grandes defensores da fé. Alguns há que ontem ainda, estavam por aí nas missas novas, batendo palmas e dando pulinhos. Converteram-se de alguns anos para cá, usaram a Fraternidade S. Pio X para darem ares de Tradição, e hoje já estão do outro lado, meio sede-vacantistas, julgando a todos, cheios de orgulho e cegueira do coração.

Como essa gente faz mal para a Igreja. 

Portanto, para todos os fiéis das Capelas Nossa Senhora da Conceição, de Niterói, São Miguel Arcanjo, do Rio de Janeiro e Nossa Senhora da Assunção, de Fortaleza, além dos nossos leitores que nos acompanham a tantos anos sempre no mesmo pensamento e na mesma fidelidade, venho dizer que Nosso Senhor Jesus Cristo nos preparou para esse momento. Parem de ler essa gente falsa e concentrem-se no essencial.

a) A Cruzada do Rosário está sendo rezada por essa intenção. Logo, sejam mais fiéis ao Terço. Saibam que nossa oração hoje deve ser algo de muito forte e intenso, não no sentido de rezar mais do que já rezamos, mas no sentido de deixar nas mãos de Deus o cuidado da sua obra mais cara. Quando rezarem, apliquem essa intenção de modo muito claro e pontual: Rezo por isso, em tal intenção. E ocupem seu tempo de verdade, deixando de lado outras coisas vãs, para se concentrarem em verdadeira oração e penitência.

b) Procurem entender o pensamento verdadeiro da Fraternidade. Já há muito tempo que Dom Fellay tem nos falado de modo muito forte sobre os erros do Vaticano, o apego das atuais autoridades ao Concílio que eles forjaram para impor à Igreja o progressismo liberal. E a prova de que esse é o seu pensamento é a publicação, na véspera do encontro em Roma, do forte artigo do Pe. De Cacqueray, Superior do Distrito da França, denunciando o novo escândalo de Assis. Me parece muito clara a intenção de marcar a independência do seu pensamento e das justas críticas a tais escândalos, no momento mesmo em que ele receberia um texto certamente ambiguo sobre “os criterios de interpretação” do Concílio.

c) quanto ao Comunicado de Imprensa e à entrevista de Dom Fellay, nada mais significam do que a necessidade dessa conclusão aos colóquios doutrinais ser estudada em toda tranquilidade, longe das agitações dos orgulhosos, longe sobretudo dos blogs e sites de uma internet cheia de malícia e falsas liberdades. 

Por tudo isso, fica aqui marcada a posição da Permanência e das nossas Capelas, aquela que sempre foi a nossa, de apoio às sábias decisões dos superiores da nossa tão querida e grandiosa Fraternidade São Pio X. Mais uma vez me vejo forçado a lembrar: nunca, em nenhum momento, que seja sob o governo de Mons. Lefebvre, do Pe. Schimdberger ou do próprio Dom Fellay, nunca a Fraternidade variou sua posição, sua firmeza, sua liberdade diante dos erros do Vaticano. Porque então agir com ese a priori injusto que imputa à esta santa instituição uma traição que ela nunca fez?

E quanto aos vermes da internet, mais uma vez recomendo: não entrem em seus sites e blogs, não respondam às fofocas de que vivem, não dêem a eles outra atenção senão a que eles merecem: desprezo e esquecimento.

E peçamos à Virgem Maria, a São José, a São Miguel Arcanjo e a São Pio X, que do alto do céu nos sustentem no Bom Combate.

Dom Lourenço Fleichman, OSB

***

Não posso deixar de reforçar que os fiéis da FSSPX estão em oração, numa cruzada de rosários convocadas pelo superior. Peço então, como pede o monge, que os fiéis da FSSPX confiem mais nas orações que nos corações "cheios de orgulho e cegueira" de alguns.

O orgulho nos fecha radicalmente e não por acaso é um dos pecados mais queridos pelo " inimigo faminto".








segunda-feira, 14 de maio de 2012

Desobediência a todo custo!

Abaixo transcrevo um artigo do Pe. Cardozo, FSSPX, onde o mesmo defende abertamente a rebeldia dos padres em relação ao seu superior geral.  O texto publicado num blog "amigo" da FSSPX foi removido do mesmo depois de alguns minutos.
Abaixo a carta, com meus comentários e destaques.


***


N. Friburgo, 13/05/2012. 95º aniversário da 1ª aparição de Nossa Senhora de Fátima

Carta aberta aos meus confrades sacerdotes, fiéis e amigos.

Após ler a carta dos três Bispos da Fraternidade à Casa Geral, e a resposta desta por parte de Mons. Fellay e seus seguidores (que tem mais ou menos os mesmos erros que os manifestados, em outra época, por Dom Gérard, P. Rifan, P. Muñoz), nada mais me resta que manifestar:

1° Nossa total adesão à Fraternidade São Pio X e a seu Fundador e, portanto, meu apoio absoluto aos três Bispos [que não possuem qualquer posição de liderança na Fraternidade, mas que dizem o que ele, Pe. Cardozo, quer ouvir] que permanecem fieis à obra de Mons. Lefebvre, em quem coloco minha obediência.[ou seja, é insubordinado ao legítimo superior]

2º Meu desconhecimento da autoridade de Mons. Fellay [Superior Geral], dada sua pertinácia e afastamento dos princípios do Fundador [deduzo que os princípios do Fundador não foram a salvação das almas, o bem da Igreja, mas uma permanência constante num permanente estado de necessidade, alheio a toda forma de sujeição ao romano pontífice], e de todos os que compartilham sua posição de entrega a Roma, independente do cargo que ocupam, e, portanto, minha repulsa à postura deste [!] Monsenhor, baseada em seus pareceres e políticas totalmente apartadas do sim-sim, não-não do Evangelho e dos fundamentos dados por Mons. Lefebvre [o desobediente cobra uma postura evangélica de Dom Fellay! Francamente. Chega a ser triste e irônico, mas podemos dizer que da mesma forma como há um espírito do Vaticano II que só conduz ao erro, há agora um Mons. Lefebvre etéreo, revolucionário e que nos pede incondicional insubordinação]. (*)

3º Nossa rejeição absoluta, também, a qualquer acordo com a Roma modernista a que esse bispo, Mons. Fellay, está descaradamente nos arrastando em uma operação suicida, ignorando os conselhos:

a: do Fundador; [que a seu tempo procurou e assinou um acordo, nunca quis estar em estado de necessidade e só deixou a estrutura canônica porque foi obrigado, pela então excomunhão, a sair]
b: de seus três irmãos no Episcopado; [que não possuem, nem podem clamar para si qualquer jurisdição sobre a Fraternidade, como Mons Lefevbre deixou claro durante a consagração em 1981, sendo apenas auxíliares do Superior Geral - Mons Fellay - e dos demais superiores de distrito da FSSPX. Ou seja, os irmãos no episcopado têm tanta autoridade dentro da FSSPX quanto qualquer padre recém ordenado! Apelar ao episcopado dos três é ir verdadeiramente contra o projeto que Mons Lefebvre tinha em 1981 para eles! Agora me diga, quem está contra Mons Lefebvre? Além disso, Pe Cardozo consegue ser muito conciliarista e democrático quando quer]
c: de diversos sacerdotes que, ao longo dos últimos anos, lhe refutaram, com as devidas razões, os passos dados em direção à comunhão com uma igreja que ela própria se define “pós-conciliar” e não católica, que é inimiga de Nosso Senhor e do seu reino universal(¹), e acabaram expulsos ou renunciando, para não acabar na lamentavel situação a que hoje chegamos. [A quem Pe. Cardozo se refere? Aos padres expulsos da Fraternidade. Pe. Florian Abrahamowicz, por exemplo, ou seriam padres do porte de Pe. Clarence Kelly e outros tantos abertamente sedevacantistas? A estes nos cabe olhar? Estes são modelo de fidelidade evangélica?]

4º Por isto, faço meu chamamento aos três Bispos fiéis e que têm a autoridade legada a eles pelo Fundador [Santo DEUS!!! Apenas o Superior Geral pode clamar para si qualquer autoridade herdada de Mons Lefebvre.], para que assumam o comando da Fraternidade para evitar seu desmantelamento e dispersão. [Quer a revolta, por isso é um padre revolucionário e incapaz de aceitar qualquer autoridade que não a sua própria. Vejam, leitores, a que ponto chega!]

5º Convoco [! Agora ele próprio tem a autoridade de um verdadeiro Superior Geral, herdeiro de Mons Lefebvre!] aos membros e aos fiéis que ainda guardam um mínimo de lealdade, fidelidade e obediência ao Fundador, para apoiarem, de forma clara e eficaz, os nossos três Bispos leais, retirando todo apoio aos obsequiosos seguidores de quem permitiu, com seu consentimento, colaboração e silêncio, o atual estado de coisas, levando a Fraternidade a esta divisão irremediável.

[Quem está dividindo a Fraternidade? Quem está convocando à revolta? Quem está dando autoridade a quem não tem? A resposta é simples - Pe Cardozo! E o pior é que, como ovelhas em fila ao precipício, muitos o ouvirão e lhe darão razão. Aplaudirão Pe. Cardozo como herói.]

Devido ao nosso caráter de confirmados, isto é, de soldados de Cristo Rei, pelo juramento anti-modernista que fizemos antes da nossa ordenação, para não acabarmos no perjúrio e na apostasia, insto todos a assumirem claramente a postura da Tradição, a apoiar com todos os nossos esforços a defesa da Fraternidade, barco seguro no qual tantos objetivos alcançamos e pelo qual sobrevivemos à apostasia destes tempos, enquanto esperamos uma real e completa conversão do Papa, e de Roma à Roma Eterna [esqueceu-se de dizer que quando essa suposta conversão vier, ainda sim eles não irão aceitar].

Confiantes na consagração de nossa família religiosa feita outrora ao Imaculado Coração de Maria, combatamos com Ela e por Ela, até o fim. Amém.


P. E.J.J.Cardozo


(*) Em declarações desta sexta-feira à agência Catholic News Service, da Casa generalícia em Menzingen (Suíça), o superior da Fraternidade São Pio X (SSPX), Bernard Fellay admitiu as discrepâncias na congregação quanto a um possível acordo com a Santa Sé: “Não posso excluir que possa haver uma ruptura”, afirmou ele.
Mons. Fellay explicou à CNS que, em sua opinião, “o movimento do Santo Padre - porque realmente veio dele - é genuíno”: “Não parece haver alguma armadilha (...) SIC! (...) Por isso, teremos que examiná-lo cuidadosamente e, se é possível, ir adiante”.
Em referência ao impulso de Bento XVI, Fellay é muito claro: “Pessoalmente, gostaria de ter esperado um pouco mais para ver as coisas mais claramente, mas é bastante claro que o Santo Padre quer que aconteça agora”.

Mas não estamos sozinhos a defender a fé. O próprio Papa o faz,... (SIC!)...
(¹) Mons. Lefebvre em carta datada de 18/08/1988, por causa do acordo feito por D. Gerard, escreveu a Dom Thomas, prior do Mosteiro de Santa Cruz: “...manter sua liberdade e rejeitar todos os laços com esta Roma modernista”.

***

Temo que entre os senhores existam alguns que não o compreendam bem, e que inclusive não o compreendam em absoluto. Lamento-o porque – digo francamente – acredito que seja uma tendência ao cisma. Aqueles que acreditam que já não se deve ter mais nenhum contato nem com Roma, nem com os bispos, nem com tudo o que se faz na Igreja, têm uma tendência cismática. Pois bem, eu não quero ir em direção ao cisma. 
(...)

Não se deve, pelo fato de existir enfermos ao nosso redor, na Igreja, pela autoridade estar enferma, dizer que esta autoridade já não exista. Apesar de estar enferma, precisamente por isso, temos que tentar mostrar o remédio, e tentar fazer algum bem. Esta foi a atitude daqueles que, na Igreja, ao longo da história, resistiram a Roma, ao Papa, aos bispos, às heresias que se sucederam na Igreja, que se difundiram na Igreja, através da Igreja.
Fazer isso é muito fácil, é demasiado simples, porque então já não há mais combate. Diria que já não há mais espírito pastoral, não há mais espírito sacerdotal. Se fraqueja, se vai embora, se abandona o combate, se vai, e deixa os demais para que lutem sós. Isso é pura e simples covardia. É abandonar o combate, abandonar o desejo de procurar o bem dos demais; porque ainda quando os outros estejam enfermos, apesar de que sejam superiores, alguém tem o dever de adverti-los – é o que diz Santo Tomás – de forma respeitosa e firme sobre os erros daqueles que são culpáveis. Se alguém diz “Eu já não reconheço os superiores. Acabou. Não há mais superiores, não tenho mais superiores. Não tenho ninguém. Vou embora, fico sozinho e faço o que quero, etc.”. Mas, por que estão aqui, os senhores, seminaristas que têm essa atitude? É melhor que vão embora, que não fiquem aqui, não vale a pena. Se os senhores querem ou preferem não ter superiores e viver sem superiores, assim sem mais, como na natureza…

(Cf Mons Lefebvre - Por que vou a Roma?)


Como já disse anteriormente, a obra do mons Lefebvre nunca pretendeu estar num estado de necessidade, mas buscou desde o princípio estar "regularizada" e plenamente dentro da Roma visível. A excomunhão, o estado de necessidade infindável, etc. surgiram como um acidente neste percurso.
Agora Mons Fellay quer solucionar esse problema, trazendo a FSSPX para um campo de batalha direto. Não foi para isso que a FSSPX se preparou por mais de duas décadas, para lutar pela Igreja na Igreja?
Contudo, os covardes de plantão não desejam o embate. Temem, tremem, traem.Talvez a formação que receberam de Mons Lefebvre e dos outros professores seja tão frágil e tão corruptível que a simples ameça de uma proximidade com Roma já lhes causa calafrios.
Haverá cisma dentro da FSSPX e será doloroso. O único caminho dos cismáticos será o sedevacantismo. Vejam os frutos dos padres sedevacantistas: quase não possuem vocações, estando em situação tão lamentável quanto os seminários progressistas. Multiplicam-se os bispos sedevacantistas como multiplicam-se os bispos, arcebispos e primazes patriarcas anglicanos ou vétero-católicos que surgem em cada esquina. Será esse o futuro de Pe. Cardozo deseja?

domingo, 13 de maio de 2012

Saim deste corpo! - O Exorcismo dos Descontentes

Ao que tudo indica este mês veremos o movimento que culminará, num futuro próximo, com a regularização canônica da Fraternidade de São Pio X. Este movimento está sendo liderado pelo bispo Bernard Fellay e pela Congregação para a Doutrina da Fé (+ Ecclesia Dei).

Nos últimos dias também vimos a vergonhosa e vil tentativa de algumas criaturas ainda não identificadas que desejam, sem sombra de dúvida, atrapalhar e impedir tal regularização. Essas sombras de batina agem nos dois lados, tanto dentro da estrutura canônica da Igreja quanto nos contingentes da Fraternidade. O vazamento ainda anônimo das cartas do Vaticano ao IBP e da comunicação interna da FSSPX só prova o tipo dos "sacerdotes honrados" caminham nos escritórios de Pe. Laguérie e Mons Fellay. Claro que não estou generalizando, mas há uma massa podre ativa (sic).

Agora vemos também o choro e o ranger de dentes dos sedevacantistas, dos privacionistas e daqueles outros que nunca desejaram submissão ao Pontífice, qualquer que seja ele, por simples orgulho. Estes precisarão, na eventualidade de um acordo, deixar as sombras do anonimato e cismar de fato. O único escudo que lhes restava - a irregularidade canônica - lhes será retirado. Estarão expostos estes que, longe de lutar pela Igreja e pelo triunfo da fé, querem seguir o próprio orgulho embatinado de Tradição.

Ameaçam com a história precedente. Dizem que a voz de Fellay é igual a de Dom Gerard (Barroux) ou Pe. Rifan, por exemplo, nos momentos dos seus respectivos "acordos" com Roma modernista. Vejam, vejam! A história ensina como é perversa a Roma herética e apóstata, eles gritam.

O que não enxergam é que a FSSPX vai simplesmente voltar a fazer o que sempre fez. A FSSPX voltará a ser aquela mesma obra iniciada por Dom Lefbvre em 1970. Por acaso Dom Lefbvre fundou a FSSPX alheio aos procedimentos eclesiais? Claro que não! Pediu autorização aos bispos locais e procedeu conforme o direito. Seria então Dom Lefebvre um legalista, um subserviente da Roma Apóstata? Ou Roma caiu em apostasia somente após a excomunhão de Lefebvre? Então deduziríamos, no caso de uma resposta positiva a este último questionamento, que Mons Lefebvre deixou de ser um simples bispo, passando a ser a encarnação da própria Tradição.

Não se enganem! Quem fundou a FSSPX foi Dom Lefebvre, mas quem a regularizou foi o bispo diocesano François Charrière, de Losana-Genebra-Friburgo. Tenhamos isso em mente quando avançamos neste texto.

Precisamos ainda ter em mente qual era o contexto da época em que Dom Lefebvre fundara a FSSPX e o contexto atual e, dessa forma, compreenderemos que um acordo agora não é uma armadilha, exceto, é claro, para os sedevacantistas que serão forçados, por expectoração, a sair.

Na década de 1970

Anos críticos para a FSSPX. Dom Marcel funda essa "nova comunidade", digamos assim, e começa a perseguição. Contudo, Dom Lefebvre ainda está em situação regular. Mesmo após a sua suspensão a divinis, Dom Lefebvre nunca pensou a priori em "deixar a Igreja" ou isolar-se num movimento paralelo ou irregular; nunca desejou outra situação canônica para a FSSPX que não aquela que ele próprio havia buscado ao fundá-la. Veja, caro leitor, que se o objetivo de Mons Lefebvre fosse a permanência da FSSPX numa situação irregular, ele a teria fundado dessa maneira desde o começo. A irregularidade da FSSPX é um acidente e não faz - e jamais poderia fazer - parte da sua substância.

Mas qual era o contexto desta década? Bem, é fácil ter uma ideia. Foi imediatamente após o Vaticano II, os liberais estavam no comando das maiores dioceses do mundo e de altos postos da Cúria Romana. Ideias inovadoras e mesmo heréticas eram "a última moda". Os grandes leões da ortodoxia perdiam espaço e poder, graças às decisões desastradas de Paulo VI.

Na Cúria Romana estavam:

  • Franjo Šeper (1968-1981) - Doutrina da Fé
  • James Knox (1974-1981) - Culto Divino
  • Sebastiano Baggio (1973-1984) - Bispos
  • John Wright (1969-1979)  - Clero


Nas dioceses estavam:

  • Roger Marie Élie Etchegaray - Marseille (França)
  • Gabriel Auguste François Marty - Paris
  • Leo Jozef Suenens - Bruxelas
  • Franz König - Viena
  • George Basil Hume, OSB - Westminster
  • Giacomo Lercaro - Bolonha
  • Paulo Evaristo Arns - São Paulo
  • Helder Câmara - Olinda e Recife
  • Aloísio Lorscheider - Fortaleza
etc...


Franjo Šeper era favorável ao vernáculo na liturgia e foi um partidário da reforma bugniniana; James Knox realizou uma missa com nativos australianos, já na década de 1970; Etchegaray detestava, segundo Mons Fellay, a Fraternidade; o cardeal Marty comandou a triste luta pela posse da Igreja de St Nicholas du Chardonet, a principal e mais simbólica Igreja da FSSPX no coração da França; os cardeais Suenens e König eram progressistas de alto calibre; o beneditino Basil Hume nunca demonstrou qualquer inclinação ou simpatia com a missa tridentina perseguindo-a o quanto pôde; Lercaro nutria simpatias pelo comunismo.
Os brasileiros não precisam de apresentação. Eram autênticos expoentes de tudo aquilo que hoje chamamos de "Hermenêutica da Ruptura" e que com força condenamos.

Leonardo Boff era lido e aclamado. Outros teólogos do tipo também avançavam numa onda destruidora, em nome do Concílio. Professores universitários hereges e ateus, maçons comungando com a anuência dos bispos, marxismo, feminismo e outros ismos dentro dos seminários e conventos. Em suma, foi uma verdadeira prova de fogo que mostrou a mão divina dentro da Igreja, impedindo-a de morrer devido a gangrena de muitos membros.

A Missa Tridentina estava oficiosamente proibida e os santuários eram invadidos por demolições. A comunhão na mão avança, os genuflexórios são removidos, as péssimas traduções entram em vigor.

Até 1975...

Até 1975 a FSSPX fazia parte oficial e canonicamente da Igreja. Em 1975 foi revogada a condição de Pia União.
O que é interessante notar é que Mons Lefebvre e a FSSPX faziam parte dessa "Roma Modernista". Estavam dentro da estrutura da Igreja Conciliar, eram "romanos", para usar os termos que colocam a nós.E a Roma modernista de antes era muito pior, reconheçamos, que a Roma modernista de hoje.
Mons Lefebvre defendia a ortodoxia católica desde dentro, a mesma postura vista no superior do IBP, por exemplo, mas que é estranhamente condenada pelos membros da FSSX de hoje.

Depois de 1975...

Depois do ano de 1975 a relação Vaticano-Econe começa a azedar. Culmina com a excomunhão de 1989, quando consagrou os 4 bispos.
Foi precisamente ai que temos aquilo que podemos considerar como o primeiro e mais grave erro de Mons Lefebvre e que plantou a semente do sedevacantismo dentro da FSSPX (essa teoria surge na FSSPX). Não falo das consagrações em si, mas da sua "bula". Para justificar a consagração ilegítima, Mons Lefebvre explica, no momento da leitura da bula papal (que não existia, é claro...), que ele o faz [as consagrações] por fidelidade à Roma eterna e não à Roma Modernista. É ai que Mons Lefebvre corta a Igreja nesta Terra em duas.

É claro que Mons Lefebvre nunca quis fundar uma outra Igreja, mas foram essas palavras que, como fogo em palha, deram ignição ao sedevacantismo que, ironicamente, ameaça destruir a Fraternidade desde dentro.
Esse conceito de "Roma Eterna" só encontra sustentação dentro do sedevacantismo. Acredito que ele quis dizer que permanecia fiel ao que a Igreja sempre ensinou, mas hoje, mais de 20 anos, suas palavras claras tornam-se obscurecidas e evanescentes, e despidas do contexto servem para justificar a doença que corrói a Fraternidade.

Ele nunca quis sair

Os detratores do acordo com Roma ameaçam. Afirmam que Mons Lefebvre retirou a sua assinatura do acordo com o então-cardeal Ratzinger por não confiar nas autoridades hereges e que Dom Fellay, ao confiar, irá cometer um erro terrível.

É preciso notar que Mons Lefebvre nunca quis sair. Foi justamente essa vontade de ficar - dentro da Igreja modernista, apóstata, herege e descontrolada, etc - que o inclinou a um acordo. Acordo este que assinou, embora tenha rechaçado posteriormente.

Numa Cúria mais agressiva à Tradição, com condições piores que o acordo oferecido ao Mons Fellay [pelo pouco que sabemos deste último], até então sem qualquer precedente, Mons Lefebvre assina. Se retirou a assinatura, é um problema posterior, mas demonstrou que estava disposto a ficar e num ambiente eclesial muito mais insalubre.

Bento XVI e os três presentes

Mons. Lefebvre pedira espaço para apenas continuar a fazer a experiência da Tradição, algo bem simples e muito limitado. Mons Fellay foi mais ganancioso e mudou a Igreja. Você, caro leitor, tem ideía do que o superior geral da FSSPX conseguiu?
Com Bento XVI a relação e o contexto mudaram drasticamente. Este Papa modernista, herege, subjetivista concedeu três presentes à FSSPX, mas que são também três dons para toda a Igreja.
(1) Summorum Pontificum
(2) Levantamento das Excomunhões
(3) Discussões Doutrinais e questionamentos sobre o Vaticano II

Em termos de Igreja, seria o equivalente a tirar a lua da sua órbita!
O contexto mudou radicalmente desde 1989 e por isso a carta dos bispos e o choro raivoso dos sedevacantistas "amigos" não tem razão de ser.

A Cúria romana está muito mais inclinada à Tradição hoje que em 1989. Os cardeais e arcebispos do mundo estão mais inclinados à missa tradicional, pois de 2007 até hoje mais de 260 deles já participaram dessa forma, algo impensável no tempo de Mons Lefebvre! Seminários diocesanos estão ensinando a forma extraordinária, há religiosos que estão voltado a celebrar exclusivamente esta forma.

O IBP pode criticar o Vaticano II, algo que Mons. Lefebvre sempre quis liberdade para fazer. A Administração Apostólica tem um bispo próprio, mostrando que Roma pode sim continuar a prover à FSSPX do necessário episcopado. Os padres da tradição podem comandar paróquias pessoais, etc.

A FSSPX com bala na agulha

1/5 dos padres franceses estão ligados exclusivamente à forma extraordinária. Desses, mais da metade é da FSSPX. Em 20 anos serão 1/2.

Antes Mons. Lefebvre era persona non grata e seu seminário era hostilizado. Hoje a FSSPX é o futuro e a esperança de salvação da França em muitos aspectos. Com mais de 500 padres a FSSPX torna-se uma força missionária num mundo de vocações decrescentes. Sem contar que as famílias tradicionais têm mais filhos por casal (em média 4).

Eles nos engolirão

Os bispos da FSSPX rogam ao Mons Fellay que não assine, pois declarará a morte da obra de Dom Lefebvre. Como Dom Fellay deixou claro a questão não é nem nunca foi a Fraternidade, mas a Igreja.
A FSSPX não existe para servir à FSSPX, mas para servir à Igreja.
E se os bispos da FSSPX não conseguem confiar na formação que deram aos seus padres, achando-os tão fáceis de corromper, que péssima obra fizeram com a herança de Dom Lefebvre!


O copo sempre meio vazio

Mas Roma é modernista, os encontros de Assis vão continuar, o ecumenismo, a nova missa. Nada irá mudar com a FSSPX dentro, por isso não podemos assinar um acordo prático, dizem eles.

Sim. Muita coisa irá continuar por muito tempo ainda, mas é preciso admitir que muita coisa mudou. Ver o copo sempre meio vazio é cair em desespero. Ou será que houve um tempo em que a Igreja esteve completamente livre de problemas doutrinais?

Aqui cabe uma comparação. A Fraternidade deve retornar à Roma quando esta deixar de ser modernista, herege, subjetivista, etc. Essa é a opinião dos três bispos e de uma boa parte da fraternidade e de algumas comunidades parasitas amigas. Meu pergunto, então para que precisaremos da Fraternidade quando não houver mais crise?  É como um médico que nega remédio ao paciente e diz que só ira administrar o medicamento quando o paciente estiver saudável. E se o paciente morrer, bem, não é culpa do médico; o importante é que o médico sobreviveu, ainda que não tenha mais paciente algum.

Os três bispos querem enterrar o talento num buraco, querem esconder a lanterna embaixo da cama. São como o sacerdote e o levita que passam longe do pobre judeu saqueado, que ia de Jerusalém a Jericó. Olham, veem sua situação temerária e continuam seu caminho. Essa é a obra de Dom Lefebvre?

Numa entrevista (ao canal canadense Salt n Light) Mons Fellay fala que o trabalho da Fraternidade é ser justamente o bom samaritano!

Esperança x covardia

O que estamos assistindo é um festival de desespero da parte daqueles que se acostumaram e preferem a situação irregular. Eles gritarão como demônios num exorcismo, se contorcendo e bravejando contra o superior geral. Eles não querem deixar o corpo, mas não podem habitá-lo mais.

O bispo Williamson já deu provas mais que suficientes que não obedece ninguém a não ser a si próprio. Proibido por escrito pelo Superior Geral de manter qualquer tipo de correspondência, ameaçado de expulsão inclusive, Mons Williamson continua produzindo seus comentários Eleison e enviando-os aos sedevacantistas, privacionistas, detratores papais, etc. como alimento para suas inclinações perversas.

Aqueles contrários ao acordo - sem ainda conhecerem os termos do mesmo - preferem a segurança da marginalidade. Não percebem o perigo em que estão expondo as suas almas, perigo este muito maior do que os monges de Dom Gerard, os padres de Campos ou os "desertores" do IBP estão expostos. O perigo do cisma, da mentalidade sectária e do orgulho ser transformado em seu ethos.

Muitos sedevacantistas são covardes, alguns são apenas tolos. Não admitem que são sedevacantistas, mas concordam com essa esdruxula teoria, ridicularizam o Papa, afirmam que os padres fiéis dentro da Igreja são embusteiros e traidores, etc. Perderam completamente o foco da Tradição. Entre Tradição e Traição há apenas um pequeno 'd' que faz toda a diferença.


Um dica de Tolkien

Acho o vídeo abaixo muito característico da situação que vivemos. Ilustra a última batalha em frente à principal cidade do mundo dos homens (Gondor), cercada de inimigos e a beira da destruição.
Para socorrer Gondor, caminham os cavaleiros de Rohan, mas estes só foram convencidos após muita argumentação. "Por que deveremos socorrer aqueles que nunca vieram ao nosso socorro?" perguntou Théoden, rei de Rohan. Os soldados de Rohan caminham como um reforço necessário aos cambaleantes soldados de Gondor, mas caminham com medo em seu coração, pois estão em guerra!
A obra de Tolkien tem um profundo apelo cristão. De fato ela ilustra aquela honra, aquela coragem de santidade presente na alma de cada um de nós.
Acostumar-se ao medo é a mais autêntica covardia. Superá-lo, isto sim é um verdadeiro sinal de coragem!
Fico me perguntando se a FSSPX terá a coragem necessária e a honra suficiente para socorrer "a cidade em chamas".



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