domingo, 27 de fevereiro de 2011

O Fim de uma Era (terrível)

Hoje foi um dia importantíssimo para os católicos de Los Angeles e de todo os EUA.
Assumiu como novo arcebispo o sr. José Gomez, até o momento bispo coadjutor. Dom Gomez representa o extremo oposto do então arcebispo de LA, cardeal Roger Mahony.
Ligado ao Opus Dei, entusiasta da hermenêutica da continuidade e "tão conservador quanto João Paulo II e Bento XVI" (palavras dele numa entrevista), Dom Gomez receberá uma das dioceses mais progressistas do mundo, famosa por suas práticas litúrgicas irreverentes, pelo feminismo ativo e por grandes escândalos envolvendo abuso de menores.  Dom Gomez receberá uma diocese praticamente falida, com uma estrutura abalada e com sua confiança diminuída. Isso é motivo de preocupação, mas uma grande oportunidade para romper de uma vez por todas com o modelo "Mahony" de governo. Rezemos pelo novo arcebispo e futuro cardeal.

Ordinariato Cresce na Terra da Rainha


Estas últimas semanas vários clérigos da Igreja [anglicana] da Inglaterra apresentaram formalmente aos seus bispos as cartas de renúncia a todo ministério dentro da comunhão anglicana. Padres (ou reverendos) que serviram por anos suas comunidades informaram hoje que deixarão o anglicanismo e se tornarão parte do clero do Ordinariato católico da Inglaterra e Gales.

Enquanto alguns anglicanos pensaram que o Ordinariato seria uma coisinha de três ex-bispos e meia dúzia de clérigos, as informações que chegam da Inglaterra dizem coisas muito diferentes. Grupos para a aplicação do Aglicanorum Coetibus são formados por todo o país, novos grupos surgem por semana, já são 26. Todos eles, liderados por um pastor anglicano ou mesmo por um leigo, estão se preparando para a jornada de conversão que se iniciará na quaresma e culminará com o recebimento em massa durante a Páscoa. Estudo do catecismo e da história da Igreja na Inglaterra está sendo essencial para o fortalecimento da fé desses novos católicos, pois a verdade liberta, não é mesmo?

Mesmo com toda a incerteza para o clero e para os fiéis, sobretudo a ausência de locais de culto para esses novos católicos, torna o Ordinariato um verdadeiro ato de fé. Eles estão confiantes na Providência que os guiará nesta empreitada e estão conscientes que são verdadeiros pioneiros, abrindo o caminho para os futuros convertidos.

A falta de clareza sobre o que realmente acontecerá assusta, mas não perturba. O Ordinariato verá um boom de crescimento quando completar seu primeiro ano e estiver mais estruturado.
É fato que muitos fiéis e clérigos do anglicanismo perceberam que permanecer na Igreja da Inglaterra é impossível. Não apenas pela iminente ordenação de mulheres ao episcopado, mas pela divergência entre o que se prega por lá e o Evangelho de Cristo. Perceberam também que uma Igreja que realmente se afirma católica (os anglicanos se afirmam católicos, mas não romanos) não pode virar as costas para o mais autêntico fundamento do catolicismo, o Papa. Muitos clérigos anglicanos estão deixando isso bem claro, que as modernidades do anglicanismo não foram a razão principal do abandono. A percepção de um quadro mais completo, a visão de uma Igreja mais apostólica em sua essência foi a razão da busca pelo Ordinariato.

Aproxima-se o dia mais importante para a Igreja Católica na Inglaterra desde a sua restauração após a Reforma. O Ordinariato é começo de um processo de cura da Reforma de Henrique VIII.

Rezemos pelos convertidos e principalmente pelo Ordinário, Mons. Keith Newton. Normalmente a mídia ataca a Igreja Católica com força durante a Quaresma, mas os ataques serão especialmente direcionados aos ordinariantes (ou ordinariatinos, não sei...) justamente por sua conversão. Já dá até pra ver a BBC fazendo algum documentário fuleiro sobre isso...
Rezemos!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Eles caíram...

Como reportado anteriormente aqui, através das postagens de outros bons blogs (especialmente o Oblatvs), os patriarcas orientais dos Maronitas e dos Católicos Ucranianos bizantinos deixaram seus postos e o Papa Bento XVI aceitou suas respectivas resignações.

Tanto Sfeir (maronita) quanto Husar (bizantinos) deveriam continuar até a morte como líderes espirituais das suas comunidades. Eles não são (eram) simples bispos que, quando do seu 75º aniversário, devem apresentar a renúncia ao Papa. Mas mesmo assim renunciaram.

Especula-se que a renúncia do cardeal ucraniano seja para melhorar as relações com a inflexível Igreja Ortodoxa Russa. Em Roma há um movimento constante, até mesmo da parte da casa papal, para que um encontro entre Bento XVI e Kirill (Cirilo) I da Rússia seja possível. Como afirmava o finado patriarca russo, Alexis II, o encontro só seria possível depois de Roma resolver, de uma vez por todas, o "problema" dos uniatas na Ucrânia.

A celeuma com os russos piorou depois que o cardeal Husar decidiu mudar a sua sede episcopal para a capital da Ucrânia. O gesto foi visto pelos ortodoxos como uma ameaça, como uma afirmação de que os católicos da Ucrânia são a Igreja da Ucrânia. Até aquele momento os católicos bizantinos liderados por Husar estavam concentrados na porção ocidental do país.

A Ucrânia é o berço da evangelização russa. Parte do antigo império russo, Kiev foi a mais importante Sé dos Czares, mesmo antes de Moscou. É uma questão de honra para os russo remover qualquer presença oficial católica de Kiev e parece que a demissão do cardeal Husar quer mostrar aos ortodoxos que os católicos bizantinos podem deixar de ser um problema.

Já o patriarca maronita é um caso bem diferente. Roma estaria insatisfeita com sua liderança, ou a falta dela, em meio a uma crise sem precedente no Oriente Médio. O Patriarca dos Maronitas estaria, segundo as notícias, sem uma grande voz para ajudar os cristãos daquela terra a ficarem nos seus respectivos países, diminuindo o fluxo para outros continentes, especialmente Europa e América do Sul.
Os dois caíram e agora seus respectivos sínodos encontram-se em sede vacante, prontos para um mini-conclave.

Vaticano: Papa aceita pedido de renúncia do Patriarca libanês

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sempre no gueto

Como noticiado pelo Kreuz.net (via Fratres in Unum), o jornaleco do Vaticano (sim, isso mesmo, jornalece e sem aspas, porque foi isso que se tornou o periódico da Santa Sé) Osservatore Romano publicou um ataque direto à Comissão Pontifícia Ecclesia Dei e também às comunidades que estão sob a tutela da mesma comissão.

"O referido artigo aborda questões canônicas. Nesse contexto, Di Cicco chega a falar de uma suposta “situação estranha de algumas novas ordens religiosas” que dependem da “instituição peculiar” chamada ‘Ecclesia Dei’. 

Di Cicco, redator chefe do Osservatore e autor do artigo, não deixa de ter razão. Embora a análise de Di Cicco seja uma forma de ataque direto, ela nos leva a questionar o lugar ocupado pela Ecclesia Dei e suas comunidades.

Uma das preocupações do "Orbe Tradicional" nos últimos dias é a tal da Instrução sobre o Motu Proprio Summorum Pontificum. Os defensores do Motu alegam, através de informações internacionais até agora não confirmadas, que a instrução seria uma manobra terrorista contra o documento papal e que faria o ponteiro do relógio litúrgico romano estacionar novamente em 1989, época onde a mentalidade do "indulto" reinava. Temem ainda que a forma extraordinária da liturgia romana se torne uma opção reservada à espiritualidade dos ditos tradicionalistas, como um carisma particular. Desse modo, segundo as especulações internacionais, o documento esvaziaria o Motu Proprio e tornaria a missa extraordinária não como uma forma legítima a que todos os católicos devem ter acesso, mas como uma concessão (indulto) para satisfazer os tradicionalistas.

Por que os católicos tradicionalistas querem evitar esse gueto espiritual se eles já se encontram nele? Mesmo com o Motu Proprio a missa tradicional nunca deixou de ser marginalizada. 

Tudo o que se refere à forma extraordinária encontra uma organização extraordinária, há sempre um parênteses - seja na lei ou no modus operandi das dioceses - nesse caso. Explico.

1. Sendo a forma extraordinária parte do rito romano, por que ela é competência da Ecclesia Dei e não da Congregação para o Culto Divino? Exceção...

2. Se as comunidades religiosas que aderem ao rito antigo são de direito pontifício ou reconhecidas  por Roma de alguma outra forma, por que elas estão sob a tutela da Ecclesia Dei e não da Congregação para os Religiosos (como reconhece Di Cicco)?

3. Se a Ecclesia Dei é uma comissão (um nível menor de poder dentro da Cúria), por que ela lida com temas que são reservados aos dicastérios com poder de Congregação?

4. Qual é a finalidade exata da Ecclesia Dei dentro da Cúria? Conversar com a FSSPX? As conversas, como disse Mons. Fellay, estão chegando ao fim e depois o que acontecerá com a Comissão?

5. Se todos os católicos podem ter acesso à forma extraordinária, por que elas são colocadas sempre nas cidades periféricas das dioceses (normalmente) e marginalizadas com horários péssimos?

São incoerências que só revelam que quando se trata de liturgia tradicional há sim um enorme gueto, há muito criado, onde os fiéis e sacerdotes estão. O que essa instrução fará, se for como dizem, é tornar esse gueto visível. É como um elefante na sala, a instrução apenas dirá: olhem, ali tem um elefante!

Não concordo que devemos rezar para que a instrução preserve o Motu Proprio. Ela deve realmente modificá-lo. Ela deve remover o elefante da sala, abrir os portões do gueto. Se ela preservar o que aqui está, então de nada servirá.

A instrução deveria dizer que a forma extraordinária é um DIREITO de todo católico e que deve ser ensinada nos seminários. Deveria instruir os bispos que o melhor local para uma celebração dessa forma é a catedral, o coração da diocese e não a cidadezinha com a capelinha rural onde o vento faz a curva. Deveria deixar claro que para assistir à missa na forma extraordinária são necessários os mesmos pré-requisitos para a forma ordinária. Deveria orientar os bispos sobre o cuidado espiritual dos fiéis ligados ao rito antigo. Etc.

Summorum Pontificum tem dois méritos. (1) a missa tridentina nunca foi abolida e (2) qualquer padre pode reza-la sem autorizações episcopais. Mas não resolveu boa parte dos problemas e não eliminou a mentalidade do motu Ecclesia Dei. Onde, no Brasil, se conseguiu a missa diretamente com o Padre, sem a ingerência do bispo (para o bem ou para o mal)? Poucos lugares. Isso prova que a mentalidade do "pedir para o bispos" ainda é reinante.

Rezemos para uma boa instrução, realmente útil e que comece a dissolver um pouco essas contradições existentes no mundo tradicional.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Síndrome Maciel - Chile

A Congregação para Doutrina da Fé apurou e concluiu que Pe. Fernando Karadima (foto) é culpado de vários abusos sexuais de jovens do sexo masculino. Pe. Karadima abusava dos jovens quando ouvia as confissões.

A Congregação proibiu o padre de exercer qualquer ministério público, de ouvir confissões de qualquer pessoa ou oferecer assistência espiritual. O padre, segundo a mesma congregação, deverá se recolher a uma vida de penitência e reparação pelos seus crimes.
"Fernando Karadima Fariña, nasceu em 1930, é um importante padre católico chileno, fundador de um grupo religioso, dos quais vários membros ocupam altos cargos na hierarquia eclesiástica do Chile, inclusive, no episcopado" (cf. IHU).

Parece que a crise dos fundadores não conhece um fim. Vários sacerdotes que, num passado não tão distante, iniciaram diversos tipos de movimentos religiosos tinham grandes esqueletos no armário.

O caso mais importante foi do Pe. Maciel, fundador dos Legionários de Cristo. Com a queda de Maciel, um dos sacerdotes mais influentes do mundo (especialmente na Cúria Joãopaulina), os outros seguiram como numa filá de dominós. Antes da desgraça do Pe. Maciel, os fundadores pareciam intocáveis. Roma, contudo, percebeu que os fundadores dos últimos 50 anos estão bem longe dos ideais de santidade dos grandes padres fundadores como Inácio de Loyola, João Bosco, Antonio Maria Claret e tantos outros.

Isso acontece, na minha modesta opinião, quando alguns sacerdotes são canonizados em vida. Todos esses fundadores depravados e também alguns superiores gozaram dos mais alto prestígio terreno possível. A conta é cobrada agora.

Fica uma lição para todos os membros dessas novas comunidades, para que aprendam a não endeusar seus fundadores e, se eles realmente são modelos de virtude e santidade, deixem que a Igreja lhes dê o justo lugar nos altares.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ordenação sacerdotal no Ordinariato

O clero do Ordinariato de Nossa Senhora de Walsingham aumenta. Ontem foi a ordenação sacerdotal de mais um ex-bispo anglicano, David Silk.
A cerimônia ocorreu sem o mega-impacto visto pela ordenação dos outros três ex-bispos porque o reverendo Silk era bispo aposentado da comunhão anglicana. O clero do ordinariato está seguindo um caminho interessante: primeiro os bispos convertidos são ordenados em tempo recorde para, quando Pentecostes chegar, o clero anglicano convertido possa (re)encontrá-los no seio da Igreja Católica.
Interessante é ver que a cerimônia, conduzida com extrema simplicidade e beleza, nos mostra um ordinário paramentado com as vestes pontificais. Os créditos das fotos são do Ordinariato Pessoal, mais fotos clique aqui.

Na sacristia são ajustados os últimos detalhes. Reparem que Mons. Newton usa a batina sem qualquer desconforto (uma lição para seus colegas).

Mons. Keith Newton, ordinário, apresenta o candidato ao bispo ordenante.

 



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Foto do dia 2 - Nem os bispos aguentam o CELAM

A foto acima é da reunião de alguns membros diretores do CELAM (sigla em "desesperanto" para Conselho que Substitui o Vaticano na América Latina).
Reparem no que o senhor bispo está fazendo enquanto algum tema importantíssimo é explicado na reunião! Ele está orkutando... ai,ai,ai!
Damos um desconto pra ele, porque nós, no lugar dele, faríamos o mesmo!

Crédito: CNBB

Foto do dia - Criatura e Criadores

A cúpula da CNBB se reuniu com a presidentA do Brasil, Dona Dilma, no último dia 17/02

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Foto do Dia - Ministra Petista e CNBB

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes, foi recebida na manhã desta quarta-feira, 16, pelo presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha. A audiência foi na sede da CNBB e contou também com a presença do secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, e alguns assessores da Conferência dos Bispos e da ministra.


Alguém arriscaria o tema do encontro?

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Religiosos modernos

Ah, esses franciscanos! Não são uma gracinha, como diria a Hebe?
Estão bem sintonizados com o novo prefeito para os religiosos, certamente! E tem até um bispo presente, vestindo uma "coisa" que parece mais uma toalha de mesa que uma veste clerical (espero que aquilo não seja uma casula...).
Vejamos pelo lado bom, os frades e as freiras estavam usando seus hábitos! Lado bom?? Isso só prova que tecido não faz milagre, que o hábito não impede o monge de pular feito um idiota.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Editorial da FSSPX Brasil. Fazer o que, então?

Desmentindo a polêmica de uma possível contradição entre os padres da FSSPX

editorial de fsspx.com.br

Há pouco tempo surgiu uma polêmica, retransmitida pelo blog Fratres in Unum, pretendendo com leviandade que haveria na FSSPX padres que poderiam estar em contradição. Em suma diz respeito ao fato de que depois do combate da Fraternidade pela libertação da Missa Tradicional, houve reação na mesma FSSPX contra o fato dos fieis da Tradição assistirem às Missas celebradas pelas comunidades ligadas à Ecclesia Dei. Será que isso constituir-se-ia numa contradição interna da Fraternidade?

Lutar pela libertação da Missa tradicional não significa recomendar qualquer modo ou qualquer quadro em que ela seja celebrada. Não permitir que os fiéis da tradição assistam a Missas da Administração de Dom Rifan ou da Fraternidade São Pedro etc., condiz com a preocupação de defender a Missa na sua verdade autêntica que é a Tradição como regra de fé . Alegrar-se de que os modernistas de boa vontade conheçam a Missa Tradicional liberalizada não significa recomendar o fato de assistir a Missa em qualquer Fraternidade ou Administração que, doravante, apenas defende a Tradição como opinião, como uma opção, ou carisma particular.

É louvável a libertação da Missa Tridentina e é verdade que sua difusão ofuscaria com o tempo a mentira da Missa Moderna, da mesma forma que diante da Verdade qualquer mentira desfalece. No entanto há sempre falsos profetas que desviam a boa vontade das pessoas interessadas na Santa Missa Tradicional. O golpe modernista atual condiz em oferecer uma tradição reduzida a uma opção, uma livre escolha coexistindo pacificamente com o erro do modernismo. É exatamente isso o que queria o cardeal Castrillón Hoyos e o que faz a Ecclesia Dei e os bispos das dioceses em que hoje se podem assistir a Missas Tridentinas. Dessa maneira, o modernismo ficou ileso (como exemplo já não se protesta mais contra a nova missa e os erros do Vaticano II), coexistindo com essa falsa tradição.

Ora, a Tradição não é uma opção, assim como a Escritura Santa também não o é. Tudo na Igreja Católica deve estar em conformidade com a Tradição, como diz o § 2 do Motu Proprio Summorum Pontificum. A Tradição deve ser uma regra inegociável. Aqui entra o problema daqueles que negociaram a própria Tradição: falamos daquelas comunidades ligadas à Ecclesia Dei, que assumiram ao menos uma coexistência pacífica com o modernismo (não protestando contra ele) passando do justificar os erros até a aceitação dos mesmos.

Essa gradação pode ser expressa na seguinte ordem:

1 – não protestar
2 – justificar
3 – aceitar

*************

Ok. É bom que a FSSPX (Brasil) se manifeste sobre o assunto delicado.
Mas fiquei muito mais confuso. Então, pelo que está escrito acima, o Motu Proprio Summorum Pontificum não trouxe a missa tradicional de volta para os católicos diocesanos, mas a colocou numa espécie de bolha.
Você pode ficar feliz por ela estar ali (na sua paróquia, por exemplo), mas não pode chegar perto dela.
O que é isso? E essa situação coloca todos nós que queremos a missa e que, quando a temos, é celebrada pelo padre da nossa paróquia ou de outra qualquer numa situação de mentirosos ou esquizofrenicos.
Só podemos ter a missa tridentina dentro da fraternidade de S. Pio X, fora dela não há Tradição.
Não podemos ignorar que o que diz o editorial acima é essencialmente a verdade. A tradição está reduzida a uma simples opção. Mas antes nem opção nós tínhamos!
Ou será que a FSSPX pensou realmente que com a liberação da missa tradicional todos os padres diocesanos passassem, por mágica, a uma ortodoxia tridentina. E as afirmações acima nos fazem crer que não há na igreja católica padres comprometidos com a tradição. Que mentira!
Ele são minoria. São a esmagadora minoria, mas existem.
Por que a FSSPX pedia a liberdade para a missa se, na prática, ela acha que a missa só é boa dentro das paredes dos seus priorados e capelas? Não faz o menor sentido.
O Motu Proprio é um começo, as conversações com a FSSPX também fazem parte desse começo. Agora temos a notícia que um novo Motu Proprio viria dar mais poder ao Cardeal Canizares e a sua congregação para coibir abusos e reformar a reforma litúrgica. É um processo, e um processo que não é rápido.
Embora os católicos tradicionais fora da fraternidade não tenham esse pedigree todo, eles também tentam fazer o melhor que podem, tentam viver a sua vida de forma coerente com a fé de sempre. E com um "plus" a mais, eles não têm toda a estrutura da FSSPX. Eles experimentam a perseguição nas suas paróquias e vivem muitas frustrações, mas não param de lutar.
Na prática, os heróis somos nós!

Vaticano fazendo a limpa nos orientais?

A Igreja Católica latina está numa crise terrível.
Bom, a afirmação acima não é inédita, mas é bradada aos quatro ventos por diversas fontes. Mas parece que a Igreja Católica Oriental também não anda muito melhor.
Embora a vida espiritual de um católico oriental seja infinitamente melhor que a de um católico latino ordinário, o Vaticano parece estar bem preocupado com os cristãos do oriente, especialmente os do médio oriente.
Hoje no Oblatvs (hummm, o Pe. Clécio trouxe duas notícias densas para nós hoje...) lemos que o "patriarca" dos ucranianos está com sua aposentadoria praticamente assinada pelo Papa. Diferente de um bispo comum, o cardeal arcebispo maior é um prelado com função vitalícia, pelo menos na teoria. Ele é como um patriarca católico, só não tem o título ainda porque os ortodoxos russos são muito sensíveis nesse ponto.
Alegando motivos de saúde (o que não deixa de ser potencialmente verdadeiro) o cardeal iria resignar e o Sínodo escolheria um novo nome que, depois de aprovado pelo Vaticano, seria entronizado como arcebispo maior e elevado ao cardinalato em breve.
O Pe. Clécio também menciona um outro líder oriental, o cardeal patriarca dos maronitas, Nasrallah Sfeir, também pronto para deixar suas funções.
Em novembro do ano passado circulou na internet a notícia sobre um encontro discreto entre o patriarca maronita e os cardeais Bertone (Secretaria de Estado e Vice-papado) e Sandri (Igrejas Orientais). O tema do encontro? Nada mais, nada menos que o pedido "claro e cristalino" para que o cardeal renunciasse ao patriarcado e um pedido vindo do próprio Papa.
Parece que, com essas novas informações trazidas pelo OBLATVS, que o pedido foi acolhido.
 A insatisfação do Papa com seu cardeal maronita seria sobre a atuação medíocre do patriarcado maronita no oriente médio e a incompetência pessoal do patriarca em liderar os cristãos no Líbano.
O Papa quer líderes mais enfáticos. Quer patriarcas que consigam exercer, de fato, a sua função patriarcal.

Leia mais sobre o pedido de demissão do cardeal Sfeir aqui

O Ovo litúrgico

Publicado no blog Oblatvs (e no Fratres), sobre a publicação, em algumas semanas, de um novo Motu Proprio do Papa Bento XVI sobre um tema litúrgico. Nesse novo documento, segundo Tornielli, espera-se um redesenho das atribuições da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, tornando o dicastério puramente litúrgico, sem precisar lidar com processos canônicos.
O texto do Motu, também, daria uma espécie de pontapé inicial e oficial a um movimento de resgate litúrgico que, por enquanto, vem sendo feito apenas com exemplos do Papa. A restauração da sacralidade e, quem sabe, uma censura mais direta aos abusos litúrgicos são esperadas.
Não podemos contar com o ovo dentro da galinha ainda e o Vaticano é uma "galinha" que normalmente demora muito para colocar seus ovos. Summorum Pontificum levou 20 anos para sair, só para ter uma idéia.
Mas se o documento realmente não decepcionar as especulações, então ele será um passo decisivo e natural no processo de reforma da reforma. Essa reforma da reforma, com sua hermenêutica de continuidade é um plano abstrato que, até agora, só existe através de exemplo e de vagas declarações. Nada de substancial e oficial foi publicado nesse sentido e principalmente nada de legal foi publicado nesse sentido.
A maioria das pessoas olha o exemplo do Santo Padre em suas liturgias e não compreende ou, o que é pior, apenas acredita que aquela é a forma como as coisas são feitas em Roma e que, devido ao caráter coletivo da liturgia moderna, se pode fazer diferente (ou mesmo o oposto) em qualquer outro lugar, adaptando-se o culto ao gosto do freguês.
Vamos esperar para ver. O Vaticano tem esse costume de antecipar seus documentos através dos famosos vaticanistas, como Tornielli ou Rodari. É uma forma de medir a reação e ter uma idéia dos problemas que virão, providenciando uma resposta adequada antes que as perguntas apareçam.
Vamos aguardar.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nós também queremos um Ordinariato!

O que estamos vendo na Inglaterra e em algumas partes do mundo anglofono é uma revolução positiva na forma como a Igreja Católica lida com as conversões em massa nesses tempos ecumênicos. A constituição de ordinariatos, uma espécie de diocese específica para alguns grupos e territorialmente amórfica, é um fato singular e de vital importância.
Nos tempos passados a Igreja sempre recebeu as conversões em massa na forma de uma estrutura "Sui Juris", ou seja, a incorporação de uma ou várias dioceses cismáticas na Igreja Universal. É claro que as comunidades sui juris detinham uma válida sucessão apostólica e uma hierarquia de fato e, justamente por isso, limitam-se hoje aos católicos orientais.
A incorporação desses católicos (orientais) ao longo da história se deu não sem grandes traumas no processo de transição, mas permitia que esses grupos, essas verdadeiras comunidades apostólicas, vivessem e mantivessem a sua tradição litúrgica e espiritual.
Contudo os anglicanos não conservaram, com absoluta certeza, a sua sucessão apostólica. A imposição das mãos dentro do anglicanismo é nula e inválida. Claro que não podemos desconsiderar a presença de vetero-católicos nos tempos pós-Leão XIII, mas a necessidade de termos absoluta certeza nesta grave matéria só confirma a bula do Papa Leão XIII.
Mesmo não retendo uma sucessão apostólica válida, o Papa decidiu que os anglicanos convertidos poderiam manter a sua estrutura litúrgica e espiritual. Esse foi o grande gesto de generosidade do Papa. Os anglicanos foram parte da Igreja Latina, portanto mesmo que tivessem conservado a sucessão apostólica e fé ortodoxa, o Papa não tinha qualquer obrigação de criar uma comunidade latina dentro da comunidade latina.
É fato que eles desenvolveram um patrimônio independente. A piedade anglicana (sim, ela existe) remanescente do Movimento de Oxford e dos tempos da clandestinidade católica nas ilhas britânicas moldaram singularmente alguns membros da comunhão anglicana de tradição anglo-católica. Não se pode ignorar isso.
Depois da sua purificação, boa parte desse patrimônio será incorporado ao catolicismo. É como lapidar um diamante incrustado na rocha.
O Ordinariato foi a solução encontrada pelo Papa e pela Cúria para fazer sobreviver a intenção de conversão dos anglicanos dentro da Igreja Católica. Não sejamos tolos, os bispos dessas regiões não estão nem um pouco satisfeitos com essa idéia de conversão, muito menos com a autonomia desses convertidos com o Ordinariato. Contudo, sem o Ordinariato e a sua autonomia, muitas dessas conversões seriam impossíveis.
A grande questão que proponho é: será que os católicos romanos tradicionais (aqueles que vivem a autêntica espiritualidade do Rito de S. Pio V) não precisariam de um Ordinariato?
Vejam o caso do Brasil, por exemplo. Temos bispos que, mesmo três anos depois da publicação do Motu Proprio, continuam demonizando os católicos tradicionais em suas dioceses. E em alguns lugares a perseguição é aberta e descarada.
Será que não precisamos de um Ordinariato Tradicional para manter essa parcela tão pequena e massacrada do povo católico viva dentro da Igreja?
A segregação positiva, no caso da criação de uma estrutura específica, pode ser a única solução. Me refiro a "segregação positiva" para diferencia-la da segregação negativa na qual vivemos em nossas paróquias e dioceses.
O Ordinário Católico Tradicional, se viesse a existir, seria igual ao seu par "anglicano" e reuniria os grupos tradicionais espalhados pelo Brasil e lhes daria assistência espiritual adequada e, como um bônus, seria também membro da CNBB.
Até o Papa previa a dificuldade de convivência entre os tradicionais e os diocesanos, tanto que no próprio texto do Motu Proprio há uma provisão para uma estrutura quase-autônoma dentro da diocese - a paróquia pessoal. Quantas nós temos no Brasil? Zero. Não contamos as paróquias da Administração Apostólica, que são um caso a parte.
Eu não vejo uma outra forma de se oferecer ajuda (socorro) espiritual aos católicos tradicionais brasileiros (não só brasileiros...) que não a criação de um "ordinariato tradicional".
Três anos após a publicação do Motu Proprio e a luta, no Brasil, se encerrou. Muitos grupos desistiram ou esmoreceram, se conformaram. O ânimo das tropas segue em baixa.
Nem podemos comparar com os anos de 2007-2009, onde havia uma verdadeira efervescência, uma animação em colocar em prática o que o Papa tão corajosamente havia promulgado. O que sobrou disso? Alguns resultados positivos, é verdade, mas no conjunto da obra o cenário é desolador.
Esperar por essa "estrutura" é, talvez, esperar demais. Mesmo o ordinariato anglicano quase não existiu pois a força dos bispos ingleses foi quase invencível. Imagine uma estrutura para os leprosos tradicionalistas! Seria um gesto de uma coragem e de uma independência papal absolutas.
A única estrutura para os tradicionalistas que os bispos, no seu conjunto, estariam dispostos a aceitar é a "porta de saída". E alguns católicos realmente se afastaram da Igreja de uma forma ou de outra.
O que fazer? Confesso que quando fico sabendo de uma notícia aqui e ali, de uma parte X do Brasil, fico desolado. Sei que é preciso continuar a luta, mas um placar de 30 x 0 é bem desestimulante.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Pérolas Paroquiais

Apenas repassando de forma ampla e impessoal um e-mail que recebi.

***
Estes avisos paroquiais foram fixados nas portas de igrejas.
Todos eles são reais, escritos com boa-vontade e má redação.
  
AVISO AOS PAROQUIANOS
Para todos os que têm filhos e não sabem, temos na paróquia uma área especial para crianças.


O torneio de basquete das paróquias vai continuar com o jogo da próxima quarta-feira. Venham nos aplaudir, vamos tentar derrotar o Cristo Rei!
Quinta-feira que vem, às cinco da tarde, haverá uma reunião do grupo de mães. Todas as senhoras que desejem formar parte das mães, devem dirigir-se ao escritório do pároco.


Na sexta-feira às sete, os meninos do Oratório farão uma representação da obra Hamlet, de Shakespeare, no salão da igreja. Toda a comunidade está convidada para tomar parte nesta tragédia.


Prezadas senhoras, não esqueçam a próxima venda para beneficência. É uma boa ocasião para se livrar das coisas inúteis que há na sua casa. Tragam seus maridos!


Assunto da catequese de hoje: Jesus caminha sobre as águas.
Assunto da catequese de amanhã: Em busca de Jesus.


O coro dos maiores de sessenta anos vai ser suspenso durante o verão, com o agradecimento de toda a paróquia.


O mês de novembro finalizará com uma missa cantada por todos os defuntos da paróquia
.

O preço do curso sobre Oração e Jejum não inclui as refeições.

Por favor, coloquem suas esmolas no envelope, junto com os defuntos que desejem que sejam lembrados.

Mais um "Maciel"


SODALÍCIO DE VIDA CRISTÃ DESCOBRE VIDA DUPLA DO FALECIDO VIGÁRIO GERAL
Confirma más condutas de German Doig, falecido em 2001

LIMA, quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) - O Sodalício de Vida Cristã, nova realidade eclesial com crescimento elevado, emitiu um comunicado para relatar a descoberta da vida dupla de quem foi seu vigário geral, German Doig, que morreu em 13 de fevereiro de 2001.

O anúncio, que comunica "acontecimentos dolorosos", segundo afirma a instituição formada por sacerdotes e leigos consagrados, tem lugar "à luz da justiça e da caridade", após a conclusão da assembleia geral, reunida em Lima para eleger seus novos superiores.

"Em junho de 2008, recebemos um depoimento sobre as más condutas sexuais de German Doig, em desacordo com sua condição de cristão e de leigo consagrado do Sodalício", explica um comunicado divulgado ontem por esta sociedade de vida apostólica aprovadas pela Santa Sé em 1997.

"Após o choque inicial, a dor e o desconcerto - porque essa vida dupla era desconhecida para nós -, uma comissão de autoridades da nossa comunidade iniciou um processo de investigação durante o qual recebeu dois testemunhos adicionais entre junho de 2008 e dezembro de 2010. Em nenhum caso se tratou de abuso de crianças", afirma o Sodalício de Vida Cristã.

"As pessoas que prestaram depoimento pediram anonimato. Portanto, este processo tem sido realizado em estrita e adequada confidencialidade", acrescenta o comunicado.

A nota revela que "o conhecimento dos fatos levaram-nos principalmente a assistir as pessoas afetadas, para curar as feridas que possam ter, tanto espirituais como psicológicas".

"Dada a consistência e a credibilidade dos testemunhos, comunicamos estes fatos às autoridades eclesiásticas, aos membros do Sodalício e da família espiritual", continua o comunicado.

"Decidimos deter os atos preliminares que realizávamos para iniciar o processo de reconhecimento público de quem pensávamos que tinha uma vida exemplar, bem como retirar o seu retrato de diferentes lugares. Não nos fechamos à possibilidade de tomar outras medidas", continua a nota.

"Queremos deixar claro que esses comportamentos, contrários à nossa vocação cristã e aos nossos compromissos emitidos livremente diante de Deus, não só não podem ter lugar na nossa comunidade, mas devem ser denunciados e rejeitados com energia, clareza e transparência. Graves atos como estes envolvem um processo de expulsão do Sodalício", afirmou.

"Como comunidade, também declaramos que não podemos considerar German Doig como uma pessoa exemplar - explica o Sodalício. Hoje o encomendamos ao coração misericordioso de Deus e à intercessão de Maria, sabendo que Ela, a Virgem Santíssima, a quem confiamos a nossa comunidade desde sua criação, nunca deixa de interceder por todos os seus filhos."

"Diante desta situação dolorosa, pedimos humildemente que se unam a nós para oferecer orações por todos os afetados e suas famílias, bem como para aqueles que fazem parte desta comunidade, para que possam estar sempre à altura dos ideais de fé, esperança e caridade", conclui a nota.

O Sodalício de Vida Cristã está trabalhando apostolicamente em nove países: Peru, Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Costa Rica, Equador, Estados Unidos e Itália.

Do seu carisma surgiu Família Sodálite, conjunto de milhares de pessoas, instituições e obras que aderem à sua espiritualidade.

Mais informações em http://www.noticiasdelsodalicio.com.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Foto do Dia - Menino Dribla a Segurança do Papa





Um pequeno brasileiro atrapalhou o protocolo das cerimônias papais ao correr subitamente na direção de Bento XVI em sua tribuna durante uma audiência semanal desta quarta-feira, na Cidade do Vaticano. A criança de 6 anos, segundo testemunhas, se apresentou diante do pontífice quando eram anunciadas as delegações de peregrinos de língua portuguesa que assistiam à cerimônia na sala Paulo VI.

Bento XVI sorriu para o menino, vestido com um casaco de listras amarelas e negras, e trocou algumas palavras com ele antes de dar-lhe a bênção. A cena provocou risos e aplausos dos peregrinos, que viram quando o monsenhor Georg Gaenswein, secretário do papa, percebeu a movimentação e, com um gesto discreto para as forças de segurança, permitiu que ele fosse até Bento XVI. Cerca de 3.000 pessoas participavam da audiência, segundo o Vaticano.

Fonte: Terra.com.br

Arcebispo de Tóquio "Implora" a Kiko Argüello

Numa carta publicada hoje, o senhor arcebispo de Tóquio, Dom Peter Takeo Okada, "implora" ao fundador do  caminho Neocatecumenal que considere os problemas do movimento no Japão, especialmente na província de Osaka e, com muito mais enfase, na diocese de Takamatsu, onde o caminho já foi suspenso.

Dom Okada explicitou que na história da Igreja japonesa, excelentes missionários abriram o caminho sem problemas ou conflitos internos e que, numa comunidade que beira os 0.3% da população, é muito triste ver tamanha divisão.

O conflito, segundo Dom Okada, parece partir de um desentendimento entre o que o Caminho faz ordinariamente no ocidente e as particularidades de uma igreja num país oriental e de missão. Dom Okada ressalta ainda que as decisões da sede do Caminho em Roma parecem gozar de uma autoridade maior que a dos bispos diocesanos japoneses.

Embora não tenha problemas "graves" em sua diocese, Dom Okada não deixa de expressar sua solidariedade ao bispo de Takamatsu e de alertar, como bom líder nacional, a todos os católicos japoneses.

Os bispos japoneses esperam a visita de um delegado do Papa para tentar resolver essa questão.

Mais detalhes em: UCANews

Dom João e o Orgulho de Ser Brasileiro (e Liberal)

Algumas pessoas pensam que rótulos são necessariamente ruins. Enganam-se. Na sociedade de hoje, os rótulos são necessários, às vezes imprescindíveis. Eles indicam bem mais do que produto A ou produto B, eles formam a nossa própria noção de identidade, de forma acessória.

Os rótulos são ruins apenas quando eles nos enganam, por exemplo, quando somos rotulados como integrantes de uma determinada linha e, na verdade, não somos.

Dom João Braz de Aviz mal chegou à Roma e já está aprontando das suas. Ele é um bispo liberal, este é o seu rótulo e a sua vida pregressa e atual justificam o emprego dessa palavra.

Noticiam na impressa italiana uma pequena e curta entrevista do prelado ao Osservatore Romano. Nela, Dom Aviz declara em alto e bom som que a "opção preferencial pelos pobres o Evangelho é uma opção que irá depender, em primeiro lugar, a nossa própria salvação. A sua descoberta e sua construção pela teologia da libertação significou um olhar sincero e responsável da igreja para o grande fenômeno da exclusão social." Ele cita também um documento, o famoso documento, apresentado pelo Cardeal Gantin aos bispos do Brasil quando o Papa João Paulo II tentava, de todas as formas possíveis, exorcizar o espírito de Marx, já canonizado pelos bispos do Brasil.

A TL é um assunto acabado. A sua condenação, se não objetivamente explícita, foi mais do que direta. Bispos, padres e teológos da TL foram perdendo seus cargos, censurados e silenciados. É claro que a TL não desapareceu. Sua influência ainda continua, tanto que Bento XVI lembrou os bispos do Brasil, para nossa eterna vergonha, mais de uma vez sobre o assunto.

Os padres da TL estão velhos, cansados e desesperados; infelizmente eles ainda comandam alguns seminários, algumas cadeiras de teologia das universidades "católicas" do Brasil. Há padres jovens ligados à TL, embora seja uma TL "do século XXI", para usar a diferença que Hugo Chavez faz do seu socialismo e do socialismo falido original.

As palavras do novo prefeito causam ânimo aos dinossauros da TL. E nos deixam sem saber como pedir desculpas ao mundo católico por essa "exportação" brasileira. Vergonha, essa é a única palavra que podemos usar se nos perguntassem sobre a ida de Dom Braz ao Vaticano.

As poucas declarações do novo prefeito já deixa clara a sua posição:

Neutralizar a vista às freiras norte-americanas que, na sua maioria, são feministas apaixonadas e, por isso, naturalmente inclinadas à TL.
Fortalecer os Focolares.
Uma leitura bem CNBB do Evangelho
Ressuscitar a TL

Se Dom João levar ao mundo a experiência que temos no Brasil em relação aos religiosos (vide CRB), esperamos para 10 anos o apodrecimento literal das diversas comunidades. É como mandar um lobo olhar as ovelhas ou um membro da Família Imperial Sarney cuidar da democracia.
É rezar para que o secretário da Congregação seja muito, mas muito, ortodoxo e ratzingeriano e que ele obscureça o prefeito, como Piacenza fazia com Hummes.
A nomeação de Dom João entrará para o Anuário Pontifício nas páginas "Ops, fizemos besteira".

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Cardeal Burke vai Dominar a Cúria

O Santo Padre apontou o Cardeal Raymond Leo Burke para (mais) um dicastério romano, dessa vez na poderosa Secretaria de Estado. Agora, o antigo arcebispo de St Louis e atual Prefeito da Signatura Apostólica é também membro dos seguintes dicastérios:

Congregação para os Bispos
para o Culto Divino
para a Causa dos Santos
Comissão para os Textos Legislativos
Relação com os Estados (Secretaria de Estado)

O aumento no trabalho significa necessariamente a confiança que seu chefe, o Papa, deposita no cardeal norte-americano. Parabéns Sua Eminência!
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