terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

3ª edição do Missal Romano está em fase de análise

Ter, 28 de Fevereiro de 2012 13:34
por: cnbb


De 27 a 28, a Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel), realiza a primeira reunião do ano para estudar, analisar e aprovar as emendas para o Missal Romano Tempo Comum. A Comissão tem o objetivo de traduzir para o português os textos originais de Roma, escritos em latim. Os membros Cetel fazem emendas na tradução, e na reunião discutem aquelas que farão parte do documento, que irá para aprovação na 50ª Assembleia Geral dos Bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O trabalho de tradução está sendo realizado a partir da 3ª edição do Missal, expedida por Roma. As Congregações Romanas solicitam de cada Conferência Episcopal, a revisão e tradução do texto original. “Nós procuramos fazer uma tradução que seja fiel e, ao mesmo tempo, que use uma linguagem mais acessível para o povo do Missal Romano”, disse o presidente da Cetel, dom Armando Bucciol.

Para cumprir a atividade, são realizadas três reuniões anuais para a discussão e aprofundamento dos textos litúrgicos. Os textos prontos, e devidamente aprovados na Assembleia Geral, são enviados a Roma para aprovação final. Se aprovado, só a partir de então, é reconhecida a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, por meio do vigor da 3ª edição do Missal Romano.

O trabalho de tradução é amplo e complexo, os textos além de traduzidos, são ajustados de forma com que tenham mais sintonia com as características e a linguagem de cada povo. “Cada Conferência Episcopal deve proporcionar à liturgia, mais sintonia com a cultura e a linguagem. Dessa maneira esperamos levar ao povo católico cristão, a possibilidade de orar e rezar, compreendendo, o melhor possível, o sentido das palavras que são pronunciadas”, explicou dom Bucciol.

O presidente da Comissão explica ainda que diante da dimensão e do detalhamento da tarefa, a tradução é feita “com muita tranquilidade”. Não há uma data para a conclusão dos trabalhos da Cetel, e nem de quando sairá a próxima edição do Missal. “A CNBB deve aprovar, para só então ser enviado a Roma para a Congregação. Por isso, não podemos estipular um prazo, mas com certeza, levará vários anos”, concluiu dom Armando. Atualmente, está em vigor a 2ª edição do Missal Romano.

A Cetel é composta por quatro outros membros, além do presidente da Comissão e bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), dom Armando Bucciol. São eles: o arcebispo de Belém (PA), dom Alberto Taveira Corrêa; o arcebispo de Porto Alegre (RS), dom Dadeus Grings; o arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha e o bispo da diocese de Uruguaiana (RS), dom Aloísio Alberto Dilli, suplente do bispo de Chapecó (SC), dom Manuel João Francisco.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Mais sobre o novo bispo de Lourdes

IHU - Na diocese-vitrine da Igreja da França, o novo bispo é um amante da tradição e é discípulo do teólogo von Balthasar. Foi escolhido pessoalmente pelo papa, juntamente com o cardeal Ouellet.

A reportagem é de Sandro Magister, publicada em seu sítio, Chiesa, 17-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Depois da nomeação "pessoal" do bispo Francesco Moraglia como patriarca de Veneza, o Papa Bento XVI desferiu um golpe semelhante na Igreja da França.

Ele o fez no sábado 11 de fevereiro, em memória da Santa Virgem de Lourdes, quando nomeou o novo bispo da diocese em que surge o célebre santuário mariano, precisamente a de Tarbes Lourdes. Para esse cargo, o Papa Joseph Ratzinger chamou Dom Nicolas Brouwet (foto), que completará 50 anos no próximo dia 31 de agosto, e que, desde abril de 2008, era bispo auxiliar de Nanterre, diocese onde nasceu e foi ordenado sacerdote em 1992.

A nomeação chegou mais cedo do que o previsto, já que o antecessor de BrouwetDom Jacques Perrier, no cargo desde 1997, ultrapassou a idade de aposentadoria de 75 anos no dia 4 de dezembro e, portanto, teve apenas alguns meses deprorogatio .

Além disso, a escolha de Brouwet, assim como a de Moraglia, não passou pela aprovação dos cardeais e bispos da congregação responsável em uma das suas reuniões de todas as quintas-feiras. Ambos irão tomar posse de suas respectivas dioceses no próximo dia 25 de março, festa da Anunciação.

É fácil pensar que o prefeito da Congregação para os Bispos, o cardeal Marc Ouellet, apreciou o fato de Brouwet ser membro do Johannesgemeinschaft, o Instituto de São João, fundado pelo teólogo Hans Urs von Balthasar. Ouellet, de fato, também tem grande estima e foi amigo do teólogo suíço, sobre cujo pensamento discutiu a sua tese de doutorado em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana.

Depois dos estudos superiores na universidade estatal deNanterre, onde obteve um diploma em história, Brouwet entrou no Pontifício Seminário Francês de Roma. Frequentou os cursos de filosofia e de teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, concluindo-os o com o bacharelado em teologia. Depois, se inscreveu no Instituto João Paulo II para o Matrimônio e a Família, obtendo a sua licenciatura. Durante 1986 e 1988, passou dois anos de serviço civil em Jerusalém, para o ensino da língua francesa. Depois da ordenação sacerdotal, ocupou vários cargos pastorais na diocese de Nanterre, como pároco, capelão da escola e da universidade, delegado diocesano para a formação dos seminaristas e também professor de moral e diretor espiritual do pré-seminário.

A sua nomeação em 2008 a auxiliar de Nanterre foi lida como um balanceamento com relação ao bispo ordinário, Dom Gerard Daucourt, 71 anos, membro do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, grande defensor do diálogo ecumênico, em particular com os ortodoxos, mas muito frio no trato com o mundo tradicionalista católico, particularmente forte na França e, especialmente, em sua diocese.

Dom Brouwet, ao contrário, desde jovem, foi reconhecida uma sensibilidade litúrgica particularmente fiel à tradição. No último dia 25 de dezembro, ele celebrou a missa de Natal na forma extraordinária do rito romano, segundo o Motu ProprioSummorum Pontificum. E também participou nas peregrinações tradicionalistas de Paris Chartres no dia de Pentecostes. A sua postura sobre questões morais também está na linha da tradição.

Isso não significa que Brouwet seja simplesmente um tradicionalista. Bastaria ver as suas fotos oficiais de clergyman para entender isso. Ele pertence, sim, àquela geração de jovens sacerdotes que, como o Papa Ratzinger, consideram o mundo tradicionalista – muito vivo na França, mesmo na sua componente não lefebvriana – mais como um recurso do que como um problema, ao contrário da velha guarda progressista do episcopado, cada vez menos influente, mas também da geração "lustigeriana", que agora encarna a sua liderança, através de figuras como o cardeal de ParisAndré Vingt-Trois, ou o arcebispo de RennesPierre d'Ornellas.

Lourdes não é uma diocese cardinalícia, mas, com o seu célebre santuário mariano, é como que o coração espiritual daFrança. É ali, de fato, que se reúne habitualmente a assembleia plenária dos bispos franceses. Sem contar, depois, a dimensão internacional da diocese. Para ali vão fiéis, seminaristas, sacerdotes, religiosos, bispos e cardeais de todo o mundo. Alguns problemas de caráter administrativo que ocorreram recentemente na diocese foram monitorados com atenção particular pela Santa Sé.

Por todas essas razões, é ainda mais significativo que Bento XVI tenha confiado a diocese de Lourdes a um jovem bispo de características bem definidas como Brouwet.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

"Até quando..." diz Cardeal Brás de Aviz.

Cardeal brasileiro critica Igreja Católica eurocêntrica 

João Braz de Aviz, o único latino-americano entre os 22 recém-criados cardeais católicos [sic], no sábado, criticou a Igreja por ser muito eurocêntrica.

"A Europa deve voltar a mostrar uma atitude mais fraternal com os outros continentes e parar de olhar por cima dos outros", Braz de Aviz disse em uma entrevista a nova agência de notícias do Vaticano, a I.Media.

"Quanto tempo mais vamos ser liderados pela Europa e os Estados Unidos?" exigiu Brazde Aviz, elevado a cardeal pelo Papa Bento XVI em uma cerimônia solene na Basílica de São Pedro no sábado.

"Você não pode mais pensar que a América Latina, Ásia e África não mudaram, que eles ainda são colônias ou o Terceiro Mundo", disse ele.

O mais universal do Colégio dos Cardeais ", o melhor será representar a Igreja. Nós já fizemos muito nesta direção, mas temos de continuar", acrescentou Braz de Aviz, 64.

A região latino-americana tem a maior concentração mundial de católicos.

Alguns críticos apontam para a preponderância dos europeus, especialmente italianos, nahierarquia da Igreja, nomeadamente o Colégio dos Cardeais, como evidência de viésocidental do papa.

Os críticos dizem que as nomeações mostram uma forte tendência para a Europa, como fora dos 125 cardeais com idade inferior a 80 - "cardeais eleitores" elegíveis para eleger [sic!] o papa em um conclave secreto - 67 são da Europa.

Meros 22 são da América do Sul, 15 da América do Norte, 11 da África e 10 da Ásia e doPacífico.

Além disso, a indução de sete italianos no quarto consistório de Bento XVI leva para 30 o número de cardeais italianos eleitores - quase um quarto do total, de longe superamqualquer outro país.

Os novos cardeais incluem nove outros europeus, bem como dois americanos, um canadense, um brasileiro, um indiano e um chinês de Hong Kong.

Fonte: Clerical Whispers

Um ano e ainda nada!

Ordinário e membros do Ordinariato
Um ano e ainda não possuem uma única Igreja para si.


O Ordinariato inglês já completou um ano no último mês de janeiro - mês, inclusive, que viu o nascimento do outro Ordinariato, nos EUA.

Parece, entretanto, que a vida do "Primaz" dos Ordinariatos não está sendo nada fácil, padecendo da má vontade dos bispos da Inglaterra e Gales. O Ordinariato de Nossa Senhora de Walsingham completou um ano e ainda não possui uma única Igreja própria; seus padres precisam contar com a disponibilidade dos seus pares diocesanos para que, num horário alternativo, lhes seja permitido o uso das paróquias. Isso vem dificultando e muito o trabalho.

Os bispos da Inglaterra nunca engoliram a história da Anglicanorum Coetibus. Primeiro, porque não lhes foi comunicada com antecedência, para que a conferência de bispos, que mais se comporta como um sínodo infalível, pudesse dar o seu placet ao assunto. Segundo, porque quer queira, quer não, a Anglicanorum Coetibus é uma pedra no caminho ecumênico com os anglicanos. Terceiro porque, tal como Summorum Pontificum, a Anglicanorum Coetibus tira um pouco do poder do bispo local - e os bispos ingleses amam seus poderes medievais, controlando as dioceses como feudos. Depois os empoeirados somos nós...

Mons. Keith Newton é de todo uma anomalia na Inglaterra Ecumênica. Rejeitado pelos anglicanos, indesejado pelos bispos católicos, um padre mitrado como bispo, mas sem cátedra. Até quando suportará existir nesse paralelo, esmagado nessa dimensão alternativa que não favorece seu trabalho?

Do outro lado do Atlântico a coisa corre bem diferente. O Ordinário da Cátedra de Pedro, Mons Steenson, já veio com uma cadeira, com clero, paróquias, prédios e até mesmo uma Cúria! Se não conta com o apoio de todos os bispos dos EUA, conta pelo menos com o suporte de dois cardeais de peso - Wuerl e DiNardo - e do bispo Vann, antigo responsável pelos padres anglicanos convertidos. Até mesmo o bispo anglicano de Washington gosta dele!

A sabotagem na Inglaterra tem nome e sobrenome, chama-se sobrevivência suja. Muitos bispos diocesanos estão torcendo para que o Ordinariato inglês afunde e, dessa forma, possam absorver os 60 sacerdotes nos seus prebitérios deficientes. De fato, três ou quatro dioceses seriam muito beneficiadas pela derrocada do Ordinariato britânico.

Existe ainda a torcida contra da Church of England que, mesmo sem querer mudar as suas políticas progressistas e heretizantes, não dá o braço a torcer e continua iludindo os anglo-católicos que ainda permanecem na igreja do governo com promessas que são sempre adiadas.

Muitos anglicanos ingleses estariam dispostos a mudar para o catolicismo, mas deixar uma perseguição para entrar noutra não parece ser uma ideia inteligente.

Penso que a Santa Sé precisará intervir. Várias Igrejas são vendidas por ano na Inglaterra por conta da sempre constante reorganização das paróquias. Acabam como hotéis, museus, bares, lojas, mesquitas, etc. Mas a Conferência de Bispos nem ao menos pensa em doa-los ao Ordinariato
.
Sem contar que uma parcela muito alta do laicato do Ordinariato inglês é formada, como vocês podem ver nas fotos, por gente com muitas primaveras. Se o Ordinariato não for capaz de atrair jovens, então já está morto.

Campanha contra Dom Livieres Continua. Vaticano intervém

Entendeu a diferença?


Como vocês puderam ler aqui, parece que o Cardeal Bergoglio de Buenos Aires andava um pouco descontente com um pequeno seminário diocesano no distante Paraguai. Ciudad del Este está num outro país, numa outra Conferência Episcopal e numa distância exata de 1.284km das mãos do cardeal argentino, mas sua reputação de ortodoxia levou o grande olho de Bergoglio, que tudo vê, a focar-se com muita precisão.

Numa pesada campanha de difamação do trabalho de Mons Rogelio Livieres, o seminário São José de Ciudad del Este era visto como um reduto de tudo aquilo que não prestava na Igreja, um lugar pérfido para os seminaristas. "Nunca entrarei no Seminário Maior São José, tantas barbaridades comentam sobre este lugar, o que pode sair de bom daí!", afirma o jovem seminarista Juan numa reportagem que está estampada na página da diocese.

Tudo indica, segundo a reportagem que publicamos aqui, extraída do blog espanhol La cigüeña de la torre , que foi a constante debandada de seminaristas da argentina para o Paraguai, escandalizados com o que encontravam em seus seminários progressistas, que iniciou um movimento de difamação e calúnia patrocinado por Bergoglio. Chegou-se ao ponto de oferecerem denúncia contra Mons. Livieris no Vaticano. Grande parte do trabalho do "grande olho argentino" era feito pelos seus monsenhores no Vaticano, que se encarregavam de interceptar informações sigilosas e semear mentiras contra Mons Livieres.

Agora, entretanto, as farsas começam a cair. Chegou a diocese de Ciudad del Este um relatório da Congregação para a Educação Católica aprovando os métodos, a espiritualidade, enfim, tudo no seminário São José!

Após a análise de mais de 200 páginas de um relatório enviado por Mons Livieres, contendo currículo, cronograma, histórico, professores e perfil de cada candidato de forma detalhada, a Congregação não só aprovou como elogiou o seminário.

E agora Bergoglio?

Os números seminário impressionam. Desde a sua criação, por Mons Livieris em 2006, já foram ordenados mais de 30 novos padres e conta com mais de 165 seminaristas. Certamente isso ajudou a transformar em pó qualquer fofoca das marionetes de Bergoglio na Cúria romana. Todos com batina, vivendo uma intensa espiritualidade tradicional.

O mesmo não pode ser dito do seminário portenho. Seminaristas com estilo de vida burguês, a maioria sem clergyman (batina então, nem pensar). Somam apenas 52, para a maior arquidiocese da Argentina!

O olho de Bergoglio, que tudo vê, é um olho gordo de inveja e inconformação com o fracasso do modelo progressista de (de)formação de sacerdotes. Restou ao cardeal apenas o recurso dos covardes - manobras ensaboadas, fofocas e muita calúnia!

São José, livrai-nos dos maus pastores!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Cresce o nome de Piacenza?

O lobby anti-Bertone e o possível novo secretário de Estado
O homem que está pronto para assumir o posto do cardeal Tarcisio Bertone como secretário de Estado tem sua escrivaninha na Praça Pio XII, nº. 3, praticamente em frente à Praça de São Pedro. Ele não move um dedo, não faz complôs. Está ali e se apresenta como um fidelíssimo do Papa Ratzinger, doutrinalmente seguro à prova de bombas e além disso... eficiente. Chama-se Mauro Piacenza (foto), prefeito da Congregação para o Clero.

A reportagem é de Marco Politi, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 16-02-2012. A tradução é deMoisés Sbardelotto.

Uma grande órgão do porte da Santa Igreja Romana, que reúne mais de um bilhão de fiéis, é uma estrutura que, como todas, segue o seu instinto de sobrevivência. Nas crises, se manifesta sempre um núcleo duro de "servidores da instituição", que se põem o problema da alternativa. De quem colocar no timão, se, no painel de comando, forem verificadas disfunções. Diante da evidente crise da gestão Bertone, muitos olham para o cardeal Piacenza.

Se Bento XVI – com alguns pensamentos voltados para os venenos na Cúria – também afirma, na audiência geral, que "Jesus pede ao Pai que perdoe aqueles que o estão crucificando e nos convida ao difícil gesto de rezar até por aqueles que nos fazem mal, nos prejudicaram, sabendo perdoar sempre", no Vaticano, muitos se perguntam por quanto tempo ainda será possível seguir em frente assim.

Bertone completará 78 anos neste ano, a idade em que o seu antecessor, Angelo Sodano, deixou a liderança da Secretaria de Estado. Se um pontífice é permitido a envelhecer e avançar na casa dos 80 anos (Ratzinger completa 85 em poucas semanas), um secretário de Estado tem o dever de não ser muito idoso e de manter a sua energia juvenil. Piacenza tem a idade certa para os gostos curiais: 67 anos.

Nascido em Gênova, ele faz parte daquele time da Ligúria, que nos últimos anos, abriu cada vez mais espaço na cúpula da Santa Sé e da Igreja italiana: do vice-ministro das Relações Exteriores vaticano, Mons. Ettore Balestrero, ao recém-nomeado patriarca de Veneza, Dom Francesco Moraglia. Piacenza, com João Paulo II, foi presidente daPontifícia Comissão para os Bens Culturais e da Comissão de Arqueologia Sacra.

Mas o percurso de carreira que o aproxima de Bento XVI foi o realizado na influente Congregação para o Clero. Nomeado subsecretário do "ministério dos padres" em março de 2000, ele deu um salto à frente em maio de 2007. Por quê?

Acontece que, nem sete meses antes, Bento XVI nomeou prefeito da Congregação para o Clero o cardeal brasileiroCláudio Hummes. O purpurado veio da arquidiocese de São Paulo, com uma grande e forte experiência pastoral. O mundo católico espera dele uma abordagem nova no combate à profunda crise do clero. E Hummes partiu cheio de entusiasmo. Antes de embarcar no aeroporto em São Paulo, declara à imprensa que o celibato não é um dogma. Ele nem sequer tem tempo de aterrissar em Roma e já tem que desmentir oficialmente (com um comunicado humilhante) qualquer intenção de inovação. Piacenza, nomeado seu braço direito, praticamente desenvolverá o papel de comissário.

Hummes emudece. Depois de apenas quatro anos, o cardeal brasileiro abandona a Congregação para o Clero, com um Bento XVI excessivamente solícito para acolher a sua renúncia por ter atingido os 75 anos de idade.

No dia 7 outubro de 2010, o Papa Ratzinger nomeia Piacenza para a presidência da Congregação e, no dia 20 de outubro, impõe-lhe o barrete cardinalício. Uma carreira relâmpago. Agrada a Bento XVI a extrema ortodoxia doutrinária de Piacenza, unida à capacidade de organização, assim como agrada ao papa a sua posição de acusação contra o mundo moderno, a sua defesa do modelo sacerdotal assim como é, sem sombra de tentações reformistas. Em uma publicação recente, o cardeal Piacenza reapresentou o padre como "testemunha do Absoluto" e falou de ataques contra o celibato eclesiástico como provenientes de "contextos e mentalidade completamente alheios à fé (...) muitas vezes coordenados nos tempos e nos modos por comandos nem mesmo muito ocultos, que visam ao progressivo enfraquecimento"de um dos elementos mais eficazes do testemunho da Igreja. Essa é a tese mais de moda na Cúria ratzingeriana, a ideia de uma conspiração contra a Igreja.

Entre 2009 e 2010, quando Bento XVI convocou o Ano Sacerdotal, Piacenza fez com que não fosse organizado um único momento de reflexão vaticano sobre os efeitos práticos da crise das vocações e sobre como enfrentar estruturalmente o problema das paróquias sem liderança.

Nestas horas, a estrela de Piacenza está crescendo, assim como Bento XVI, pela primeira vez, está em um sério conflito com o cardeal Bertone. O Papa Ratzinger não lhe perdoa por ter freado a política de absoluta transparência internacional do IOR [o chamado "Banco do Vaticano"] buscada por Gotti Tedeschi e pelo cardeal Nicora. E não lhe perdoa por ter exposto a Santa Sé – com a caçada a Viganò – à suspeita de tolerar negócios de corrupção nos contratos das obras vaticanas. É muito para um pontífice alemão, embora lento para decidir.

***
O nome de Bertone vem sendo usado - com justiça ou não - para atacar a Igreja e prejudicar o papado de Bento XVI. Os progressistas, que frequentemente acusam os tradicionalistas ou conservadores de viverem num mundo de "teorias da conspiração", forjam a sua própria com o único intuito de propor candidatos ao trono de Pedro.
Nas últimas semanas falou-se de absolutamente tudo, de corrupção à renúncia de Bento XVI. Tudo foi falado com a mais absoluta confiança dos progressistas úteis que, de algum lugar, parecem tocados por um dom sobrenatural de clarividência.
Qualquer "crise" na administração Vaticana se torna "A" crise do Papa, uma crise causada por sua visão excessivamente conservadora e que não é capaz de responder ao homem ou ao mundo de hoje. E a ladainha continua, com teólogos de renome de Mattew Fox, Küng e cia.
Se Bertone é ou não culpado de uma gestão desastrada, deixemos para que o Papa o decida. 

domingo, 12 de fevereiro de 2012

7º Ano do Martírio de Dorothy Stang? Não senhor!






Neste domingo, dia 12 de fevereiro, celebra-se a memória de Dorothy Stang, pelos 7 anos de seu martírio. Sua luta por justiça ainda ecoa na floresta e entre os amazônidas. A presença de irmã Dorothy multiplicou-se. Sua morte irrompeu com a força da ressurreição. Sua ação, humilde e desconhecida, pequena e quase isolada, expandiu-se por todos os cantos do Brasil, conquistando corações e mentes e ganhou as dimensões do mundo.

A reportagem é do sítio da Comissão Pastoral da Terra, 10-02-2011.

O assassinato de Ir. Dorothy Stang, no dia 12 de fevereiro de 2005, na área onde se desenvolvia um projeto de desenvolvimento sustentável PDS que aliava a produção familiar com a defesa do meio ambiente, como a missionária propugnava e defendia, provocou uma gigante onda de indignação nacional e internacional. Qual uma verdadeira tsunami, esta tragédia invadiu o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Tomou conta das redações dos jornais e dos estúdios das TV’s e das rádios. E seus abalos se sentiram em todo o mundo. A pequena e desconhecida Anapu passou a ocupar um lugar de destaque na geografia mundial.

A reação do governo foi rápida. Ministros de Estado se deslocaram até Anapu (PA). Autoridades de todos os níveis se manifestaram condenando a agressão. O exército brasileiro deslocou contingentes para a região. Promessas de punição implacável dos culpados se repetiram. Medidas para regularizar a posse das terras foram anunciadas e áreas de proteção ambiental criadas.

Não demorou muito tempo e os dois pistoleiros executores do crime foram detidos. Depois foi preso o intermediário que os contratou e por fim dois fazendeiros, apontados como mandantes do crime. As investigações da polícia federal apontaram para uma ação envolvendo um consórcio de fazendeiros e madeireiros interessados na eliminação desta missionária. Os executores do assassinato, Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista e o intermediário Amayr Feijoli da Cunha, o Tato, foram julgados e condenados num processo muito rápido para a morosidade da justiça paraense. Um dos mandantes, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi condenado a 30 anos de prisão, em 2007, porém, menos de um ano depois, em segundo julgamento, foi absolvido. Julgado novamente em abril de 2010, foi condenado, após 15 horas de julgamento, a 30 anos de prisão em regime fechado. Em outubro de 2011 ganhou o direito de cumprir o restante de sua pena em regime semiaberto.

O outro acusado de ser mandante, Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, esteve preso durante um ano, mas foi solto, pouco depois, por habeas corpus emitido pelo Supremo Tribunal Federal.  Julgado novamente em 2010, Regivaldo também foi condenado a 30 anos de prisão. O Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), ao rejeitar a apelação, decretou sua prisão cautelar. Um pedido de habeas corpus foi feito para que o réu pudesse permanecer em liberdade até o julgamento do último recurso contra a condenação. Este foi negado na última segunda feira, 06 de fevereiro, pelo relator do caso, desembargador convocado Adilson Vieira Macabu, que considerou não haver elementos que justificassem sua libertação.

As outras medidas governamentais não surtiram o efeito proclamado. Pior do que isso, em 2008 e 2009, o governo federal publicou as medidas provisórias 422 e 458 que acabam regularizando a grilagem de terras na Amazônia em áreas de até 1500 hectares. Com o discurso de propor um ordenamento jurídico para a ocupação da Amazônia, pavimenta-se, na realidade, o caminho para a ampliação do agronegógio, com suas monoculturas predatórias e voltadas para a exportação. Além disso, o projeto de reformulação do Código Florestal e a aberração com nome de Belo Monte, abrirão grandes feridas na Amazônia de Dorothy, de Chico Mendes e de tantos outros e outras, cujo sangue semeia e fertiliza as terras amazônicas. Em 2011, essa mesma realidade vitimou, também, José Cláudio e Maria do Espírito Santo, assassinados por defender a floresta e a convivência harmônica dos povos com ela.


Passados sete anos, o que impressiona é que a presença de Dorothy, antes confinada a Anapu, multiplicou-se. A irradiação do seu sorriso contagia pessoas no mundo todo [? A única instituição que ainda se lembra da "missionária" é a CPT...]. Sua morte irrompeu com a força da ressurreição [Ooohhh!]. Sua ação, humilde e desconhecida, pequena e quase isolada, expandiu-se por todos os cantos do Brasil, conquistando corações e mentes e ganhou as dimensões do mundo.

Dom Erwin Kräutler, o bispo do Xingu, em cuja diocese Dorothy exercia seu trabalho pastoral, disse na missa do quarto aniversário de sua morte: “O sangue derramado engendrou uma luta que nunca mais parou. Sepultamos os mártires, mas o grito por uma sociedade justa e pela defesa do meio-ambiente tornou-se um brado ensurdecedor.”

Em vários lugares do Brasil, como em Belém e em Fortaleza [matematicamente, "dois" lugares podem ser considerados "vários", mas dificilmente são considerados "o mundo todo". Então acho que a memória de Dorothy Stang não é assim tão universal como querem seus postuladores de santidade e martírio], serão realizadas celebrações para lembrar os sete anos sem irmã Dorothy.

***

Ok, pode parecer insensibilidade da minha parte. Mas estamos falando de um tema que possui uma definição precisa - o martírio. Lembremos que: Um mártir é uma pessoa que morre por sua fé religiosa, pelo simples fato de professar uma determinada religião ou por agir coerentemente com a religião que possui.

Onde exatamente a "Ir" Dorothy se encaixa nisso? Pelo que se lê no texto a norte-americana foi "assassinada por defender a floresta" e não a fé católica. Um mártir é alguém que morre por uma perseguição religiosa e não porque ama abraçar árvores.

Tenha bem claro que não estou fazendo uma apologia da devastação ambiental, tampouco estou desconsiderando a morte da Dorothy, que de fato foi assassinada e cuja memória merece justiça. O que me oponho veementemente é o uso descarado e distorcido da palavra "mártir" associada com uma senhora que foi assassinada por defender árvores e não a fé de Jesus Cristo!

Para os membros da CPT, como bons progressistas revolucionários que são, é preciso, para prosseguir com a desconstrução do catolicismo brasileiro, dar novos significados para palavras católicas. Assim o martírio se torna o simples assassinato de um defensor da causa revolucionária, não mais a morte violenta de alguém que persistiu até o último momento na sua fé por Jesus Cristo.

Ir Dorothy era o ícone do progressismo moderno e revolucionário: Religiosa sem hábito, com anel de tucum no dedo, missionária que não convertia ninguém, ativista social distante da doutrina social da Igreja, etc. Ir Dorothy era o arquétipo de "freira" norte-americana que o Vaticano estava tentando consertar na sua investigação conduzida pela Congregação para os Religiosos, mas que foi interrompida por um.... brasileiro recém chegado à Cúria!

Agora, por coerência, preciso dar exemplos de freiras - no sentido pleno da palavra - que realmente são mártires:


Irmã Leonella, religiosa italiana e enfermeira num hospital infantil na Somália. Assassinada com tiros a queima-roupa por muçulmanos numa onda de violência contra o Papa Bento XVI.


Irmã Denise Kahambu, assassinada no Congo por muçulmanos. Os assassinos entraram no monastério trapista alguns dias depois de terem assassinado um padre missionário.

Irmã Jeanne Yemgane assassinada no Gana por muçulmanos

Irmã Cecilia Moshi Hanna foi violentamente esfaqueada e teve sua cabeça decapitada por muçulmanos no Iraque. A irmã se preparava para dormir quando os assassinos invadiram o pequeno monastério com a intenção de matar todas as três religiosas do Sagrado Coração de Jesus; como apenas Irmã Cecília estava lá, concentraram o perverso ataque na religiosa de 71 anos cujo ministério era dedicado aos doentes.


Perceberam a diferença entre uma autêntica religiosa e mártir e uma senhora que abraça árvores que foi assassinada por motivos alheios à fé?
A morte de Dorothy foi estúpida, em todos os sentidos que esta palavra comporta. A morte das irmãs Leonella, Kahambu, Yemgane e Hanna foi um testemunho de fé e perseverança no amor de Deus!
A única coisa que podemos fazer, depois de 7 anos do assassinato político de Dorothy, é rezar



Senhor, Deus de misericórdia e Pai amoroso
Que inflamastes nos corações das vossas filhas, 
as Irmãs Leonella, Kahambu, Yemgane e Hanna
um verdadeiro amor pelos pequeninos e desamparados
e despertastes nelas a coragem da missão em terras
repletas de perigos.
Enviai para a sofrida terra da Amazônia
missionárias com o mesmo coração;
Para que elas sejam semente de um novo mundo
totalmente voltado para o Vosso misericordioso coração!
Conservai também a Vossa filha, Dorothy Stang, na Vossa paz!

Tudo isso nós, indignos filhos de Maria, Vos pedimos
por Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Amém


sábado, 11 de fevereiro de 2012

Bispo Tradicional Comandará Lourdes (França)



O Santo Padre nomeou Mons. Nicolas Brouwet, amigo da liturgia tradicional, como novo bispo de Tarbes e Lourdes. A nomeação se deu hoje, precisamente na festa das aparições de Nossa Senhora em Lourdes.
Certamente é uma nomeação carregada de significado e mais um passo na restauração do catolicismo na desolada França!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Consagração de Altar no Ocidente e no Oriente - Fotos

Católicos
Rito Latino

Igreja Católica Apostólica Romana Sírio-malabar
Bizantinos Ucranianos Católicos

Não-Católicos

Ortodoxos Gregos

Ortodoxos Russos
Coptas Orientais
Armênios Orientais



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Nova Evangelização

Como fazer? Pergunte aos religiosos franceses!



Flashmob "Brother & Sister Act, missionnaires de... por corref


Mas que exemplo maravilhoso de evangelização. Vejam como religiosos de hábito e sem hábito - porque não é o hábito que faz o monge, é claro! - unem as almas em direção a... a... faltam-me palavras para descrever!

Magnífico, simplesmente magnífico! Lágrimas saltam aos meus olhos quando vejo coisas assim. Como as nossas paróquias estão cheias de vida, animadas pelo espírito e comunicando a graça a todos.

E, com certeza vocês repararam, é um vídeo vocacional! Eu recomendo fortemente que as nossas comunidades atuem com dinamismo profético dentro da pastoral vocacional e que possam comunicar o espírito aos jovens que se decidem pela vida religiosa ou sacerdotal.

Com certeza são ações como essas que estão enchendo os seminários e casas de formação francesas. Vocês podem ver como a França tem muitas vocações, várias vocações!

Continuem assim sempre!

Ass Danilo*


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*o autor dessa mensagem ficou tão chocado com a palhaçada acima que seu cérebro foi permanentemente danificado, sem bom gosto comprometido e seu senso de ridículo abalado.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Renovação Litúrgica finalmente chega ao Brasil

Mas não era bem isso que esperávamos

Com certeza muitos [dos poucos] católicos brasileiros que compreendem o atual contexto eclesial e acompanham com interesse os rumos litúrgicos da Igreja se perguntam, com razão, como a reforma litúrgica empreendida por Bento XVI - a chamada reforma da reforma - ainda não desembarcou por essas terras.

Esses mesmos católicos sabem que, salvo exceções pontuais que podem ser contadas nos dedos das mãos, muitos bispos não agem com o zelo devido a vida litúrgica das suas dioceses, mas realmente demonstram pouca ou nenhuma atenção com a liturgia.

Embora não seja algo que agrade a todos, Bento XVI adotou uma estratégia de revisão lenta e comedida dos resultados do Concílio Vaticano II. Buscando aplicar a sua "hermenêutica da continuidade", o Papa Ratzinger - que foi perito de influência no Concílio - está olhando com menos paixão para os frutos do Concílio, embora nele não veja mal substancial.

Algumas pedras precisam ser removidas do caminho conciliar para que, segundo a lógica do Papa, o Concílio possa demonstrar a que veio de fato. Para Bento XVI o Concílio ainda não está encerrado, pois falta uma chave de leitura adequada para compreendê-lo na sua complexidade. O que se viu até o momento, segundo Ratzinger, é a aplicação de um espírito liberal, distorcido do verdadeiro Espírito do Concílio Vaticano II.

Embora seja um projeto tímido, sem decretos ou instruções escritas, liderado pelo exemplo do Papa, a reforma da reforma vem atingindo um número considerável de sacerdotes e fiéis. Nisso até mesmo os opositores do Papa reinante precisam concordar: a liturgia católica está um pouco melhor, mesmo estando longe da perfeição e da clareza do rito antigo.

Contudo no Brasil isso não parece ter efeito; a reforma da reforma não caminha por aqui, salvo, como já dito, alguns exemplos pontuais.

E porque não acontece? Simples! Porque no Brasil ainda há uma paixão tão descabida pela hermenêutica da ruptura, nas altas esferas da Igreja no Brasil, que toda a ação do Papa Bento XVI e dos seus colaboradores mais próximos (por menor e mais oficiosa que seja) é imediatamente anulada. A Igreja no Brasil possui a sua própria agenda litúrgica (e teológica) e não dá sinais de "uma generosa abertura de coração" em direção ao pontífice.

E o ano de 2012 oferece uma boa oportunidade para, depois de 6 anos e alguns meses do pontificado de Bento XVI, relançar a hermenêutica da ruptura na vida litúrgica do país. Eis um texto, da CNBB, que nos mostra com clareza as bases da contra-contra-revolução.

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Começa o Seminário Nacional de Liturgia em comemoração aos 50 anos do Sacrosanctum Concilium [CNBB, destaques meus]


Teve inicio na tarde de ontem, 31 de janeiro, no auditório “Rainha dos Apóstolos”, no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), o Seminário Nacional de Liturgia, em comemoração aos 50 anos de promulgação da Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium.

Estiveram presentes cerca de 180 pessoas, entre bispos, presbíteros, leigos e leigas do Brasil e da América Latina. O Seminário tem como temática a Releitura da Sacrosantum Concilium, no Contexto do Concílio Vaticano II e nos Documentos Latino-Americanos. O Seminário de Liturgia acontece de 31 de janeiro a 04 de fevereiro.

Promovido pela Associação dos Liturgistas do Brasil (ASLI) e pela Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com a Rede de Animação Litúrgica (Rede Celebra), Centro de Liturgia, Revista de Liturgia, o evento tem por objetivo retomar as intuições e a teologia litúrgica na Sacrosanctum Concilium e demais constituições e decretos do Vaticano II e documentos pós-conciliares, no contexto da renovação da liturgia da América Latina e Caribe, à luz de Medellin, Puebla, Santo Domingo e Aparecida, em busca do rosto e do lugar da liturgia na vida e na missão da Igreja como serviço para a vida plena em Cristo e ao acontecimento do Reino de Deus.

O Seminário Nacional conta a assessoria principal do professor de Teologia Sacramental na Pontifícia Faculdade Teológica da Universidade de São Anselmo em Roma, e professor de teologia no Instituto de Liturgia Pastoral de Pádua, Andrea Grillo.

O assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, da CNBB, padre Hernaldo Pinto Farias, lembra que este é o 1º evento, da agenda de eventos da CNBB, que homenageará os 50 anos do Concílio Vaticano II. “O Sacrosanctum Concilium foi o primeiro documento aprovado no Concílio Vaticano II, daí sua importância”, explicou o assessor da CNBB.

Segundo dia




O segundo dia do Seminário Nacional de Liturgia teve inicio com a celebração eucarística presidida pelo secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Ulrich Steiner.

Em seguida, dando abertura aos trabalhos no auditório, o secretário geral enfatizou a importância da Liturgia na prática pastoral e sua relação com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015 (DGAE).

O dia prossegue com a primeira reflexão do assessor do evento, Andrea Grillo, que reflete sobre o tema: “Liturgia, momento histórico da salvação na Sacrosanctum Concilium e nos Documentos Latino-Americanos. Em seguida, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, dom Armando Bucciol, amplia a reflexão do tema do dia.

À tarde, os participantes interagem com a temática através da participação em minisseminários.

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Primeiro é importante notar como a Sacrosanctum Conscilium deve ser lida: no contexto dos documentos latino-americanos. A tônica da discussão gira em torno da materialização do condenado espírito do Vaticano II, que se deu justamente nas conferências do CELAM de Puebla e Medellin. 

Puebla e Medellin foram tentativas - muito bem sucedidas - de se implantar no Brasil, ou melhor, de consolidar no país a "práxis" marxista da teologia da libertação. Podemos dizer, sem erro, que essas duas assembleias do CELAM foram o verdadeiro Concílio da Teologia da Libertação e, por isso mesmo, sua autoridade e seu alcance são inquestionáveis, mesmo entre os bons bispos. Você já ouviu um bispo brasileiro criticar o CELAM de Puebla ou Medellin?

Quem é o professor Andrea Grillo? Resumimos em algumas citações do docente do Santo Anselmo1:

"O documento Universae Ecclesiae estende o âmbito operativo do Motu Proprio Summorum Pontificum , ou seja, a extensão pessoal e territorial de uma pretensão de paralelismo ritual que instaura uma covigência entre o rito ordinário e o rito extraordinário, o que – já à primeira vista – se revela incoerente, ineficaz e gravemente perigoso para a comunhão eclesial".

"Se, ao contrário, colocamos ao lado da tradição renovada
[pelo Concílio] uma tradição velha, permitimos que uma nostalgia de curto respiro ameace a própria tradição, interrompa suas principais vias de comunicação e de transformação. A tradição muda ao longo do tempo, mas torna-se tradicionalismo quando não aceita essa mudança estrutural e se fixa rigidamente, com pretensões de perenidade. Desse modo, morre a tradição: em nome de ataques pessoais e de sensibilidades nostálgicas".

" Considerar vigente o Missal de 1962 é uma ficção jurídica que não se sustenta nem diante de Paulo VI, nem diante de João XXIII. E é uma ficção jurídica ainda mais grave por ter sido conjecturada pela primeira vez por parte dos círculos tradicionalistas, no início da Reforma Litúrgica, para fazer resistência à própria Reforma. Surpreende que o Papa Bento XVI tenha assumido uma teoria tão inconsistente no plano jurídico e com consequências tão incontroláveis no plano litúrgico, eclesial e espiritual.   "

"O Concílio promove uma Reforma para que todos possam sentir o ritual como linguagem “própria”. Por isso, é muito difícil defender que o recente documento Universae Ecclesia não é contra a Reforma Litúrgica, visto que ele encoraja uma participação que inevitavelmente é a de “espectadores mudos”".



Como se vê, Andrea Grillo representa a escola da ruptura litúrgica. Com uma mistura seletiva e mirabolante de história, direito e suas próprias concepções, ele consegue não apenas apresentar uma opinião desfavorável ao que o Papa Bento XVI vem fazendo, mas consegue acusá-lo de tudo aquilo que ele próprio - Bento XVI - quer e vem evitando.

O título do artigo de Grillo - Por uma Ecclesia verdadeiramente Universa - é interessante. Para Grilo, como para qualquer bom progressista, a Igreja deve acolher a todos, exceto os tradicionalistas e conservadores que sustentam uma Tradição com "T" maiúsculo. Deve respeitar todas as opiniões, desde que não sejam opiniões contrárias à agenda modernista. Deve mudar sempre, a não ser que a mudança signifique um retorno a sua natureza "tridentina", dogmática, etc. Enfim, a Igreja deve assumir um caráter verdadeiramente totalitário, totalitariamente alienada da Verdade.

É essa mentalidade - de Grillo - que irá guiar a reflexão da CNBB na "retomada das intuições" da Sacrosanctum Conscilium. Enfim, veremos sim um novo movimento litúrgico nascendo no Brasil a partir dessas reflexões. Mas será mais do mesmo, mais da mesma lenga-lenga da ruptura! Para Grillo, para o CELAM e para algumas pobres almas da CNBB [que infelizmente comanda uma maioria muda e impotente de bispos conformados], ainda que a tradição deva mudar, o dogma do Espírito do Concílio permanece intacto.



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