quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dividindo da FSSPX para conquistá-la?

O Superior do Distrito da Itália, Pe. Pierpaolo Petrucci, afirmou com base no comunicado da Sala de Imprensa Vaticana que a Santa Sé está tentando dividir a Fraternidade para conquistá-la.

O comunicado em questão informa apenas que as discussões continuam, que tudo segue como nós já sabemos, mas que a situação de cada um dos três bispos será tratada individualmente.

Para o Pe. Petrucci "essa forma de agir manifesta a intenção de dividir nossa Sociedade Sacerdotal no seu alto escalão (nei suoi massimi rappresentanti).

Primeiro é preciso deixar claro que Pe. Petrucci tem, hierarquicamente, mais autoridade dentro do organograma da FSSPX que os próprios bispos em questão, já que ele é superior de um distrito, enquanto os bispos não ocupam qualquer função de liderança.

Segundo, foram justamente os três bispos que, seguindo um caminho diverso do trilhado pelo Superior Geral e pelos Superiores Distritais, dividiram a fraternidade! A Santa Sé só está respondendo de acordo com o contexto criado pelas cartas dos bispos. A Fraternidade não está uníssona há muito tempo, infelizmente. Alegar que é o Vaticano quem está dividindo da Fraternidade é, no mínimo, irreal.

Os bispos não possuem (dentro da Fraternidade) uma jurisdição inerente ao sacramento recebido em 1989. O fato de um dos quatro bispos ser o Superior Geral é puramente acidental. Lembremos, por exemplo, que até a eleição de Mons. Fellay a Fraternidade foi comandada por um padre (Pe. Franz Schmidberger), que neste caso específico era superior aos bispos.

Alguns distritos e superiores distritais demonstraram a sua sensibilidade aos fatos atuais, convidando os fiéis a não lerem os comentários em fóruns e sites da internet, que se mostraram verdadeiros celeireiros de fofocas.

Enquanto isso, no mundo real, o bispo Richard Williamson já iniciou sua peregrinação pelos distritos mais inclinados ao cisma interno. Esteve recentemente na Coréia do Sul onde, como demonstra o vídeo abaixo, fala frequentemente em separação, divisão e ataques. Fala de forma velada, cheia de sujeitos indeterminados, mas para bom entendedor meia palavra basta.

Dom Williamson não quer acordo, não quer contato com Roma. O anglicanismo anti-romano ainda não lhe deixou o espírito.

Se não estou enganado o bispo inglês foi silenciado pelo Superior Geral. O que está fazendo na Coréia? E o que está fazendo justamente nesse momento critíco, onde todos os membros ordenados da FSSPX deveriam estar comprometidos com a unidade interna da fraternidade? Quem não junta... espalha!



terça-feira, 15 de maio de 2012

Concordo com Dom Lourenço Fleichman, OSB

Pela primeira vez sou obrigado a concordar com Dom Lourenço Fleichman, OSB. Pelo menos no texto abaixo. Não posso - e não seria honesto da minha parte - deixar as minhas outras reservas de lado, quando o assunto é é Dom Lourenço.

Destaco algumas passagens.

[update 19/05/12: Como o próprio monge destacou em seu site, este texto é uma postagem antiga, não apresentando sua reflexão da situação específica do momento presente. Entretanto, sua recomendação não perde a atualidade. A recomendação da oração e da confiança em Deus deve ser uma constante em qualquer caso, com crise ou sem ela. Este texto antigo pede justamente confiança na obra da FSSPX. É o que os Superiores Distritais estão pedindo em todo o mundo aos seus leigos e sacerdotes.
Num passado não muito distante um certo padre foi acusado de repudiar o que outrora havia escrito. Será que veremos a história se repetir, mas num outro contexto? As recomendações e confianças de ontem não valem também para hoje?
Afinal é a Sua vontade que pedimos para ser feita, não a nossa. Alguns a aceitam, outros não.]

***


Como tenho ficado cada dia mais enojado com esses blogues e blogueiros, jornalismo de superfície e arrogância das profundezas, não tenho tido muito ânimo para escrever. Porém, a falsa polêmica levantada pela imprudência de alguns e pela imbecilidade de outros, relativa à ida de Dom Bernard Fellay e seus assistentes à Congregação para a Doutrina da Fé, me obriga a falar. Além do mais, muitos fiéis das nossas Capelas tiveram contato com textos assombrosos e atitudes curiosas e criaram em suas almas certas apreensões que me parecem ilusórias e descabidas. “Será que a Fraternidade S. Pio X vai fazer um acordo com Roma?”, perguntam-se.

Enquanto alguns alimentam seus sites com essas falsas polêmicas que rendem certo nome entre os internautas, na medida em que as estatísticas de seus blogues et facebooks vão crescendo, outros vão se assustando e perdem mesmo a visão sobrenatural sobre os acontecimentos. E me espanto eu, com tanto desperdício de tempo e com tantas armas dadas ao demônio.

No meu modo de ver, teria sido melhor que nossos companheiros de combate não tivessem jogado no ventilador essas questões, em geral levantadas por padres saídos da Fraternidade e que passam seu tempo imaginando como vão criticá-la no dia seguinte. Só atrapalhou. Explico porque através de uma metáfora:

Tenho a impressão de sermos um grande batalhão de exército em marcha por caminhos perigosos, escapando de abismos, atravessando rios caudalosos, vencendo inimigos ocultos na mata, tudo em boa ordem, com a força do bem a alcançar e com a união dos espíritos em torno do seu general. Quando, de repente, um oficial vê passar um animal raivoso, um perigoso animal, é verdade, porém assustado e impotente diante da massa de soldados valorosos marchando com força e determinação. O general vê a fera mas mede sua força e segue em passo forte. Porém, o infeliz oficial assustado grita: ALTO! Pronto. Instala-se a desordem, cada um grita do seu lado, capitães desobedecem a seus superiores, soldados rasos dão ordens disparatadas e muitos que lutavam até então com coragem correm assustados em debandada. Era tudo o que queria o inimigo faminto. Agora sim, ele rosna, mostra os dentes, e talvez corra atrás dos mais fracos para os devorar.

A culpa é do general? Não. A culpa é do imprudente oficial que não confiou em seu chefe e gritou ordem que não lhe cabia gritar.

Aí está o verdadeiro risco que corremos. Não é o risco da Fraternidade fazer um acordo prático com Roma, mas sim esse despreparo impressionante dos soldados da Tradição, movidos por esse estranho liberalismo que respiramos todos os dias, e que os leva a querer dar ordens e conselhos lá onde não foram chamados, em atitudes de grave imprudência quando não, para alguns, de malícia movida pelo orgulho de se acharem mais capazes do que os nossos superiores. E vejam que esse liberalismo se esconde por detrás de uma exigência maior, de uma aparência de força e de coragem no combate. Mas a realidade dessa atitude está na desobediência e no orgulho de se achar livre de criticar qualquer um a qualquer hora. Não é esse o espírito da Igreja, logo não pode ser esse o espírito da Tradição.

Para alguns, o texto publicado pela Imprensa do Vaticano e a entrevista de Dom Fellay ao site Dici.org já revelaria uma traição, ou um risco muito grande de que um acordo já esteja assinado. Agitam-se em vão as almas e esquecem-se de que o que está em jogo é a vida da Igreja, é a salvação das almas. Dão provas de desconhecer tudo sobre a Tradição, essa gente convertida antes de ontem e que se levantam hoje como grandes defensores da fé. Alguns há que ontem ainda, estavam por aí nas missas novas, batendo palmas e dando pulinhos. Converteram-se de alguns anos para cá, usaram a Fraternidade S. Pio X para darem ares de Tradição, e hoje já estão do outro lado, meio sede-vacantistas, julgando a todos, cheios de orgulho e cegueira do coração.

Como essa gente faz mal para a Igreja. 

Portanto, para todos os fiéis das Capelas Nossa Senhora da Conceição, de Niterói, São Miguel Arcanjo, do Rio de Janeiro e Nossa Senhora da Assunção, de Fortaleza, além dos nossos leitores que nos acompanham a tantos anos sempre no mesmo pensamento e na mesma fidelidade, venho dizer que Nosso Senhor Jesus Cristo nos preparou para esse momento. Parem de ler essa gente falsa e concentrem-se no essencial.

a) A Cruzada do Rosário está sendo rezada por essa intenção. Logo, sejam mais fiéis ao Terço. Saibam que nossa oração hoje deve ser algo de muito forte e intenso, não no sentido de rezar mais do que já rezamos, mas no sentido de deixar nas mãos de Deus o cuidado da sua obra mais cara. Quando rezarem, apliquem essa intenção de modo muito claro e pontual: Rezo por isso, em tal intenção. E ocupem seu tempo de verdade, deixando de lado outras coisas vãs, para se concentrarem em verdadeira oração e penitência.

b) Procurem entender o pensamento verdadeiro da Fraternidade. Já há muito tempo que Dom Fellay tem nos falado de modo muito forte sobre os erros do Vaticano, o apego das atuais autoridades ao Concílio que eles forjaram para impor à Igreja o progressismo liberal. E a prova de que esse é o seu pensamento é a publicação, na véspera do encontro em Roma, do forte artigo do Pe. De Cacqueray, Superior do Distrito da França, denunciando o novo escândalo de Assis. Me parece muito clara a intenção de marcar a independência do seu pensamento e das justas críticas a tais escândalos, no momento mesmo em que ele receberia um texto certamente ambiguo sobre “os criterios de interpretação” do Concílio.

c) quanto ao Comunicado de Imprensa e à entrevista de Dom Fellay, nada mais significam do que a necessidade dessa conclusão aos colóquios doutrinais ser estudada em toda tranquilidade, longe das agitações dos orgulhosos, longe sobretudo dos blogs e sites de uma internet cheia de malícia e falsas liberdades. 

Por tudo isso, fica aqui marcada a posição da Permanência e das nossas Capelas, aquela que sempre foi a nossa, de apoio às sábias decisões dos superiores da nossa tão querida e grandiosa Fraternidade São Pio X. Mais uma vez me vejo forçado a lembrar: nunca, em nenhum momento, que seja sob o governo de Mons. Lefebvre, do Pe. Schimdberger ou do próprio Dom Fellay, nunca a Fraternidade variou sua posição, sua firmeza, sua liberdade diante dos erros do Vaticano. Porque então agir com ese a priori injusto que imputa à esta santa instituição uma traição que ela nunca fez?

E quanto aos vermes da internet, mais uma vez recomendo: não entrem em seus sites e blogs, não respondam às fofocas de que vivem, não dêem a eles outra atenção senão a que eles merecem: desprezo e esquecimento.

E peçamos à Virgem Maria, a São José, a São Miguel Arcanjo e a São Pio X, que do alto do céu nos sustentem no Bom Combate.

Dom Lourenço Fleichman, OSB

***

Não posso deixar de reforçar que os fiéis da FSSPX estão em oração, numa cruzada de rosários convocadas pelo superior. Peço então, como pede o monge, que os fiéis da FSSPX confiem mais nas orações que nos corações "cheios de orgulho e cegueira" de alguns.

O orgulho nos fecha radicalmente e não por acaso é um dos pecados mais queridos pelo " inimigo faminto".








segunda-feira, 14 de maio de 2012

Desobediência a todo custo!

Abaixo transcrevo um artigo do Pe. Cardozo, FSSPX, onde o mesmo defende abertamente a rebeldia dos padres em relação ao seu superior geral.  O texto publicado num blog "amigo" da FSSPX foi removido do mesmo depois de alguns minutos.
Abaixo a carta, com meus comentários e destaques.


***


N. Friburgo, 13/05/2012. 95º aniversário da 1ª aparição de Nossa Senhora de Fátima

Carta aberta aos meus confrades sacerdotes, fiéis e amigos.

Após ler a carta dos três Bispos da Fraternidade à Casa Geral, e a resposta desta por parte de Mons. Fellay e seus seguidores (que tem mais ou menos os mesmos erros que os manifestados, em outra época, por Dom Gérard, P. Rifan, P. Muñoz), nada mais me resta que manifestar:

1° Nossa total adesão à Fraternidade São Pio X e a seu Fundador e, portanto, meu apoio absoluto aos três Bispos [que não possuem qualquer posição de liderança na Fraternidade, mas que dizem o que ele, Pe. Cardozo, quer ouvir] que permanecem fieis à obra de Mons. Lefebvre, em quem coloco minha obediência.[ou seja, é insubordinado ao legítimo superior]

2º Meu desconhecimento da autoridade de Mons. Fellay [Superior Geral], dada sua pertinácia e afastamento dos princípios do Fundador [deduzo que os princípios do Fundador não foram a salvação das almas, o bem da Igreja, mas uma permanência constante num permanente estado de necessidade, alheio a toda forma de sujeição ao romano pontífice], e de todos os que compartilham sua posição de entrega a Roma, independente do cargo que ocupam, e, portanto, minha repulsa à postura deste [!] Monsenhor, baseada em seus pareceres e políticas totalmente apartadas do sim-sim, não-não do Evangelho e dos fundamentos dados por Mons. Lefebvre [o desobediente cobra uma postura evangélica de Dom Fellay! Francamente. Chega a ser triste e irônico, mas podemos dizer que da mesma forma como há um espírito do Vaticano II que só conduz ao erro, há agora um Mons. Lefebvre etéreo, revolucionário e que nos pede incondicional insubordinação]. (*)

3º Nossa rejeição absoluta, também, a qualquer acordo com a Roma modernista a que esse bispo, Mons. Fellay, está descaradamente nos arrastando em uma operação suicida, ignorando os conselhos:

a: do Fundador; [que a seu tempo procurou e assinou um acordo, nunca quis estar em estado de necessidade e só deixou a estrutura canônica porque foi obrigado, pela então excomunhão, a sair]
b: de seus três irmãos no Episcopado; [que não possuem, nem podem clamar para si qualquer jurisdição sobre a Fraternidade, como Mons Lefevbre deixou claro durante a consagração em 1981, sendo apenas auxíliares do Superior Geral - Mons Fellay - e dos demais superiores de distrito da FSSPX. Ou seja, os irmãos no episcopado têm tanta autoridade dentro da FSSPX quanto qualquer padre recém ordenado! Apelar ao episcopado dos três é ir verdadeiramente contra o projeto que Mons Lefebvre tinha em 1981 para eles! Agora me diga, quem está contra Mons Lefebvre? Além disso, Pe Cardozo consegue ser muito conciliarista e democrático quando quer]
c: de diversos sacerdotes que, ao longo dos últimos anos, lhe refutaram, com as devidas razões, os passos dados em direção à comunhão com uma igreja que ela própria se define “pós-conciliar” e não católica, que é inimiga de Nosso Senhor e do seu reino universal(¹), e acabaram expulsos ou renunciando, para não acabar na lamentavel situação a que hoje chegamos. [A quem Pe. Cardozo se refere? Aos padres expulsos da Fraternidade. Pe. Florian Abrahamowicz, por exemplo, ou seriam padres do porte de Pe. Clarence Kelly e outros tantos abertamente sedevacantistas? A estes nos cabe olhar? Estes são modelo de fidelidade evangélica?]

4º Por isto, faço meu chamamento aos três Bispos fiéis e que têm a autoridade legada a eles pelo Fundador [Santo DEUS!!! Apenas o Superior Geral pode clamar para si qualquer autoridade herdada de Mons Lefebvre.], para que assumam o comando da Fraternidade para evitar seu desmantelamento e dispersão. [Quer a revolta, por isso é um padre revolucionário e incapaz de aceitar qualquer autoridade que não a sua própria. Vejam, leitores, a que ponto chega!]

5º Convoco [! Agora ele próprio tem a autoridade de um verdadeiro Superior Geral, herdeiro de Mons Lefebvre!] aos membros e aos fiéis que ainda guardam um mínimo de lealdade, fidelidade e obediência ao Fundador, para apoiarem, de forma clara e eficaz, os nossos três Bispos leais, retirando todo apoio aos obsequiosos seguidores de quem permitiu, com seu consentimento, colaboração e silêncio, o atual estado de coisas, levando a Fraternidade a esta divisão irremediável.

[Quem está dividindo a Fraternidade? Quem está convocando à revolta? Quem está dando autoridade a quem não tem? A resposta é simples - Pe Cardozo! E o pior é que, como ovelhas em fila ao precipício, muitos o ouvirão e lhe darão razão. Aplaudirão Pe. Cardozo como herói.]

Devido ao nosso caráter de confirmados, isto é, de soldados de Cristo Rei, pelo juramento anti-modernista que fizemos antes da nossa ordenação, para não acabarmos no perjúrio e na apostasia, insto todos a assumirem claramente a postura da Tradição, a apoiar com todos os nossos esforços a defesa da Fraternidade, barco seguro no qual tantos objetivos alcançamos e pelo qual sobrevivemos à apostasia destes tempos, enquanto esperamos uma real e completa conversão do Papa, e de Roma à Roma Eterna [esqueceu-se de dizer que quando essa suposta conversão vier, ainda sim eles não irão aceitar].

Confiantes na consagração de nossa família religiosa feita outrora ao Imaculado Coração de Maria, combatamos com Ela e por Ela, até o fim. Amém.


P. E.J.J.Cardozo


(*) Em declarações desta sexta-feira à agência Catholic News Service, da Casa generalícia em Menzingen (Suíça), o superior da Fraternidade São Pio X (SSPX), Bernard Fellay admitiu as discrepâncias na congregação quanto a um possível acordo com a Santa Sé: “Não posso excluir que possa haver uma ruptura”, afirmou ele.
Mons. Fellay explicou à CNS que, em sua opinião, “o movimento do Santo Padre - porque realmente veio dele - é genuíno”: “Não parece haver alguma armadilha (...) SIC! (...) Por isso, teremos que examiná-lo cuidadosamente e, se é possível, ir adiante”.
Em referência ao impulso de Bento XVI, Fellay é muito claro: “Pessoalmente, gostaria de ter esperado um pouco mais para ver as coisas mais claramente, mas é bastante claro que o Santo Padre quer que aconteça agora”.

Mas não estamos sozinhos a defender a fé. O próprio Papa o faz,... (SIC!)...
(¹) Mons. Lefebvre em carta datada de 18/08/1988, por causa do acordo feito por D. Gerard, escreveu a Dom Thomas, prior do Mosteiro de Santa Cruz: “...manter sua liberdade e rejeitar todos os laços com esta Roma modernista”.

***

Temo que entre os senhores existam alguns que não o compreendam bem, e que inclusive não o compreendam em absoluto. Lamento-o porque – digo francamente – acredito que seja uma tendência ao cisma. Aqueles que acreditam que já não se deve ter mais nenhum contato nem com Roma, nem com os bispos, nem com tudo o que se faz na Igreja, têm uma tendência cismática. Pois bem, eu não quero ir em direção ao cisma. 
(...)

Não se deve, pelo fato de existir enfermos ao nosso redor, na Igreja, pela autoridade estar enferma, dizer que esta autoridade já não exista. Apesar de estar enferma, precisamente por isso, temos que tentar mostrar o remédio, e tentar fazer algum bem. Esta foi a atitude daqueles que, na Igreja, ao longo da história, resistiram a Roma, ao Papa, aos bispos, às heresias que se sucederam na Igreja, que se difundiram na Igreja, através da Igreja.
Fazer isso é muito fácil, é demasiado simples, porque então já não há mais combate. Diria que já não há mais espírito pastoral, não há mais espírito sacerdotal. Se fraqueja, se vai embora, se abandona o combate, se vai, e deixa os demais para que lutem sós. Isso é pura e simples covardia. É abandonar o combate, abandonar o desejo de procurar o bem dos demais; porque ainda quando os outros estejam enfermos, apesar de que sejam superiores, alguém tem o dever de adverti-los – é o que diz Santo Tomás – de forma respeitosa e firme sobre os erros daqueles que são culpáveis. Se alguém diz “Eu já não reconheço os superiores. Acabou. Não há mais superiores, não tenho mais superiores. Não tenho ninguém. Vou embora, fico sozinho e faço o que quero, etc.”. Mas, por que estão aqui, os senhores, seminaristas que têm essa atitude? É melhor que vão embora, que não fiquem aqui, não vale a pena. Se os senhores querem ou preferem não ter superiores e viver sem superiores, assim sem mais, como na natureza…

(Cf Mons Lefebvre - Por que vou a Roma?)


Como já disse anteriormente, a obra do mons Lefebvre nunca pretendeu estar num estado de necessidade, mas buscou desde o princípio estar "regularizada" e plenamente dentro da Roma visível. A excomunhão, o estado de necessidade infindável, etc. surgiram como um acidente neste percurso.
Agora Mons Fellay quer solucionar esse problema, trazendo a FSSPX para um campo de batalha direto. Não foi para isso que a FSSPX se preparou por mais de duas décadas, para lutar pela Igreja na Igreja?
Contudo, os covardes de plantão não desejam o embate. Temem, tremem, traem.Talvez a formação que receberam de Mons Lefebvre e dos outros professores seja tão frágil e tão corruptível que a simples ameça de uma proximidade com Roma já lhes causa calafrios.
Haverá cisma dentro da FSSPX e será doloroso. O único caminho dos cismáticos será o sedevacantismo. Vejam os frutos dos padres sedevacantistas: quase não possuem vocações, estando em situação tão lamentável quanto os seminários progressistas. Multiplicam-se os bispos sedevacantistas como multiplicam-se os bispos, arcebispos e primazes patriarcas anglicanos ou vétero-católicos que surgem em cada esquina. Será esse o futuro de Pe. Cardozo deseja?

domingo, 13 de maio de 2012

Saim deste corpo! - O Exorcismo dos Descontentes

Ao que tudo indica este mês veremos o movimento que culminará, num futuro próximo, com a regularização canônica da Fraternidade de São Pio X. Este movimento está sendo liderado pelo bispo Bernard Fellay e pela Congregação para a Doutrina da Fé (+ Ecclesia Dei).

Nos últimos dias também vimos a vergonhosa e vil tentativa de algumas criaturas ainda não identificadas que desejam, sem sombra de dúvida, atrapalhar e impedir tal regularização. Essas sombras de batina agem nos dois lados, tanto dentro da estrutura canônica da Igreja quanto nos contingentes da Fraternidade. O vazamento ainda anônimo das cartas do Vaticano ao IBP e da comunicação interna da FSSPX só prova o tipo dos "sacerdotes honrados" caminham nos escritórios de Pe. Laguérie e Mons Fellay. Claro que não estou generalizando, mas há uma massa podre ativa (sic).

Agora vemos também o choro e o ranger de dentes dos sedevacantistas, dos privacionistas e daqueles outros que nunca desejaram submissão ao Pontífice, qualquer que seja ele, por simples orgulho. Estes precisarão, na eventualidade de um acordo, deixar as sombras do anonimato e cismar de fato. O único escudo que lhes restava - a irregularidade canônica - lhes será retirado. Estarão expostos estes que, longe de lutar pela Igreja e pelo triunfo da fé, querem seguir o próprio orgulho embatinado de Tradição.

Ameaçam com a história precedente. Dizem que a voz de Fellay é igual a de Dom Gerard (Barroux) ou Pe. Rifan, por exemplo, nos momentos dos seus respectivos "acordos" com Roma modernista. Vejam, vejam! A história ensina como é perversa a Roma herética e apóstata, eles gritam.

O que não enxergam é que a FSSPX vai simplesmente voltar a fazer o que sempre fez. A FSSPX voltará a ser aquela mesma obra iniciada por Dom Lefbvre em 1970. Por acaso Dom Lefbvre fundou a FSSPX alheio aos procedimentos eclesiais? Claro que não! Pediu autorização aos bispos locais e procedeu conforme o direito. Seria então Dom Lefebvre um legalista, um subserviente da Roma Apóstata? Ou Roma caiu em apostasia somente após a excomunhão de Lefebvre? Então deduziríamos, no caso de uma resposta positiva a este último questionamento, que Mons Lefebvre deixou de ser um simples bispo, passando a ser a encarnação da própria Tradição.

Não se enganem! Quem fundou a FSSPX foi Dom Lefebvre, mas quem a regularizou foi o bispo diocesano François Charrière, de Losana-Genebra-Friburgo. Tenhamos isso em mente quando avançamos neste texto.

Precisamos ainda ter em mente qual era o contexto da época em que Dom Lefebvre fundara a FSSPX e o contexto atual e, dessa forma, compreenderemos que um acordo agora não é uma armadilha, exceto, é claro, para os sedevacantistas que serão forçados, por expectoração, a sair.

Na década de 1970

Anos críticos para a FSSPX. Dom Marcel funda essa "nova comunidade", digamos assim, e começa a perseguição. Contudo, Dom Lefebvre ainda está em situação regular. Mesmo após a sua suspensão a divinis, Dom Lefebvre nunca pensou a priori em "deixar a Igreja" ou isolar-se num movimento paralelo ou irregular; nunca desejou outra situação canônica para a FSSPX que não aquela que ele próprio havia buscado ao fundá-la. Veja, caro leitor, que se o objetivo de Mons Lefebvre fosse a permanência da FSSPX numa situação irregular, ele a teria fundado dessa maneira desde o começo. A irregularidade da FSSPX é um acidente e não faz - e jamais poderia fazer - parte da sua substância.

Mas qual era o contexto desta década? Bem, é fácil ter uma ideia. Foi imediatamente após o Vaticano II, os liberais estavam no comando das maiores dioceses do mundo e de altos postos da Cúria Romana. Ideias inovadoras e mesmo heréticas eram "a última moda". Os grandes leões da ortodoxia perdiam espaço e poder, graças às decisões desastradas de Paulo VI.

Na Cúria Romana estavam:

  • Franjo Šeper (1968-1981) - Doutrina da Fé
  • James Knox (1974-1981) - Culto Divino
  • Sebastiano Baggio (1973-1984) - Bispos
  • John Wright (1969-1979)  - Clero


Nas dioceses estavam:

  • Roger Marie Élie Etchegaray - Marseille (França)
  • Gabriel Auguste François Marty - Paris
  • Leo Jozef Suenens - Bruxelas
  • Franz König - Viena
  • George Basil Hume, OSB - Westminster
  • Giacomo Lercaro - Bolonha
  • Paulo Evaristo Arns - São Paulo
  • Helder Câmara - Olinda e Recife
  • Aloísio Lorscheider - Fortaleza
etc...


Franjo Šeper era favorável ao vernáculo na liturgia e foi um partidário da reforma bugniniana; James Knox realizou uma missa com nativos australianos, já na década de 1970; Etchegaray detestava, segundo Mons Fellay, a Fraternidade; o cardeal Marty comandou a triste luta pela posse da Igreja de St Nicholas du Chardonet, a principal e mais simbólica Igreja da FSSPX no coração da França; os cardeais Suenens e König eram progressistas de alto calibre; o beneditino Basil Hume nunca demonstrou qualquer inclinação ou simpatia com a missa tridentina perseguindo-a o quanto pôde; Lercaro nutria simpatias pelo comunismo.
Os brasileiros não precisam de apresentação. Eram autênticos expoentes de tudo aquilo que hoje chamamos de "Hermenêutica da Ruptura" e que com força condenamos.

Leonardo Boff era lido e aclamado. Outros teólogos do tipo também avançavam numa onda destruidora, em nome do Concílio. Professores universitários hereges e ateus, maçons comungando com a anuência dos bispos, marxismo, feminismo e outros ismos dentro dos seminários e conventos. Em suma, foi uma verdadeira prova de fogo que mostrou a mão divina dentro da Igreja, impedindo-a de morrer devido a gangrena de muitos membros.

A Missa Tridentina estava oficiosamente proibida e os santuários eram invadidos por demolições. A comunhão na mão avança, os genuflexórios são removidos, as péssimas traduções entram em vigor.

Até 1975...

Até 1975 a FSSPX fazia parte oficial e canonicamente da Igreja. Em 1975 foi revogada a condição de Pia União.
O que é interessante notar é que Mons Lefebvre e a FSSPX faziam parte dessa "Roma Modernista". Estavam dentro da estrutura da Igreja Conciliar, eram "romanos", para usar os termos que colocam a nós.E a Roma modernista de antes era muito pior, reconheçamos, que a Roma modernista de hoje.
Mons Lefebvre defendia a ortodoxia católica desde dentro, a mesma postura vista no superior do IBP, por exemplo, mas que é estranhamente condenada pelos membros da FSSX de hoje.

Depois de 1975...

Depois do ano de 1975 a relação Vaticano-Econe começa a azedar. Culmina com a excomunhão de 1989, quando consagrou os 4 bispos.
Foi precisamente ai que temos aquilo que podemos considerar como o primeiro e mais grave erro de Mons Lefebvre e que plantou a semente do sedevacantismo dentro da FSSPX (essa teoria surge na FSSPX). Não falo das consagrações em si, mas da sua "bula". Para justificar a consagração ilegítima, Mons Lefebvre explica, no momento da leitura da bula papal (que não existia, é claro...), que ele o faz [as consagrações] por fidelidade à Roma eterna e não à Roma Modernista. É ai que Mons Lefebvre corta a Igreja nesta Terra em duas.

É claro que Mons Lefebvre nunca quis fundar uma outra Igreja, mas foram essas palavras que, como fogo em palha, deram ignição ao sedevacantismo que, ironicamente, ameaça destruir a Fraternidade desde dentro.
Esse conceito de "Roma Eterna" só encontra sustentação dentro do sedevacantismo. Acredito que ele quis dizer que permanecia fiel ao que a Igreja sempre ensinou, mas hoje, mais de 20 anos, suas palavras claras tornam-se obscurecidas e evanescentes, e despidas do contexto servem para justificar a doença que corrói a Fraternidade.

Ele nunca quis sair

Os detratores do acordo com Roma ameaçam. Afirmam que Mons Lefebvre retirou a sua assinatura do acordo com o então-cardeal Ratzinger por não confiar nas autoridades hereges e que Dom Fellay, ao confiar, irá cometer um erro terrível.

É preciso notar que Mons Lefebvre nunca quis sair. Foi justamente essa vontade de ficar - dentro da Igreja modernista, apóstata, herege e descontrolada, etc - que o inclinou a um acordo. Acordo este que assinou, embora tenha rechaçado posteriormente.

Numa Cúria mais agressiva à Tradição, com condições piores que o acordo oferecido ao Mons Fellay [pelo pouco que sabemos deste último], até então sem qualquer precedente, Mons Lefebvre assina. Se retirou a assinatura, é um problema posterior, mas demonstrou que estava disposto a ficar e num ambiente eclesial muito mais insalubre.

Bento XVI e os três presentes

Mons. Lefebvre pedira espaço para apenas continuar a fazer a experiência da Tradição, algo bem simples e muito limitado. Mons Fellay foi mais ganancioso e mudou a Igreja. Você, caro leitor, tem ideía do que o superior geral da FSSPX conseguiu?
Com Bento XVI a relação e o contexto mudaram drasticamente. Este Papa modernista, herege, subjetivista concedeu três presentes à FSSPX, mas que são também três dons para toda a Igreja.
(1) Summorum Pontificum
(2) Levantamento das Excomunhões
(3) Discussões Doutrinais e questionamentos sobre o Vaticano II

Em termos de Igreja, seria o equivalente a tirar a lua da sua órbita!
O contexto mudou radicalmente desde 1989 e por isso a carta dos bispos e o choro raivoso dos sedevacantistas "amigos" não tem razão de ser.

A Cúria romana está muito mais inclinada à Tradição hoje que em 1989. Os cardeais e arcebispos do mundo estão mais inclinados à missa tradicional, pois de 2007 até hoje mais de 260 deles já participaram dessa forma, algo impensável no tempo de Mons Lefebvre! Seminários diocesanos estão ensinando a forma extraordinária, há religiosos que estão voltado a celebrar exclusivamente esta forma.

O IBP pode criticar o Vaticano II, algo que Mons. Lefebvre sempre quis liberdade para fazer. A Administração Apostólica tem um bispo próprio, mostrando que Roma pode sim continuar a prover à FSSPX do necessário episcopado. Os padres da tradição podem comandar paróquias pessoais, etc.

A FSSPX com bala na agulha

1/5 dos padres franceses estão ligados exclusivamente à forma extraordinária. Desses, mais da metade é da FSSPX. Em 20 anos serão 1/2.

Antes Mons. Lefebvre era persona non grata e seu seminário era hostilizado. Hoje a FSSPX é o futuro e a esperança de salvação da França em muitos aspectos. Com mais de 500 padres a FSSPX torna-se uma força missionária num mundo de vocações decrescentes. Sem contar que as famílias tradicionais têm mais filhos por casal (em média 4).

Eles nos engolirão

Os bispos da FSSPX rogam ao Mons Fellay que não assine, pois declarará a morte da obra de Dom Lefebvre. Como Dom Fellay deixou claro a questão não é nem nunca foi a Fraternidade, mas a Igreja.
A FSSPX não existe para servir à FSSPX, mas para servir à Igreja.
E se os bispos da FSSPX não conseguem confiar na formação que deram aos seus padres, achando-os tão fáceis de corromper, que péssima obra fizeram com a herança de Dom Lefebvre!


O copo sempre meio vazio

Mas Roma é modernista, os encontros de Assis vão continuar, o ecumenismo, a nova missa. Nada irá mudar com a FSSPX dentro, por isso não podemos assinar um acordo prático, dizem eles.

Sim. Muita coisa irá continuar por muito tempo ainda, mas é preciso admitir que muita coisa mudou. Ver o copo sempre meio vazio é cair em desespero. Ou será que houve um tempo em que a Igreja esteve completamente livre de problemas doutrinais?

Aqui cabe uma comparação. A Fraternidade deve retornar à Roma quando esta deixar de ser modernista, herege, subjetivista, etc. Essa é a opinião dos três bispos e de uma boa parte da fraternidade e de algumas comunidades parasitas amigas. Meu pergunto, então para que precisaremos da Fraternidade quando não houver mais crise?  É como um médico que nega remédio ao paciente e diz que só ira administrar o medicamento quando o paciente estiver saudável. E se o paciente morrer, bem, não é culpa do médico; o importante é que o médico sobreviveu, ainda que não tenha mais paciente algum.

Os três bispos querem enterrar o talento num buraco, querem esconder a lanterna embaixo da cama. São como o sacerdote e o levita que passam longe do pobre judeu saqueado, que ia de Jerusalém a Jericó. Olham, veem sua situação temerária e continuam seu caminho. Essa é a obra de Dom Lefebvre?

Numa entrevista (ao canal canadense Salt n Light) Mons Fellay fala que o trabalho da Fraternidade é ser justamente o bom samaritano!

Esperança x covardia

O que estamos assistindo é um festival de desespero da parte daqueles que se acostumaram e preferem a situação irregular. Eles gritarão como demônios num exorcismo, se contorcendo e bravejando contra o superior geral. Eles não querem deixar o corpo, mas não podem habitá-lo mais.

O bispo Williamson já deu provas mais que suficientes que não obedece ninguém a não ser a si próprio. Proibido por escrito pelo Superior Geral de manter qualquer tipo de correspondência, ameaçado de expulsão inclusive, Mons Williamson continua produzindo seus comentários Eleison e enviando-os aos sedevacantistas, privacionistas, detratores papais, etc. como alimento para suas inclinações perversas.

Aqueles contrários ao acordo - sem ainda conhecerem os termos do mesmo - preferem a segurança da marginalidade. Não percebem o perigo em que estão expondo as suas almas, perigo este muito maior do que os monges de Dom Gerard, os padres de Campos ou os "desertores" do IBP estão expostos. O perigo do cisma, da mentalidade sectária e do orgulho ser transformado em seu ethos.

Muitos sedevacantistas são covardes, alguns são apenas tolos. Não admitem que são sedevacantistas, mas concordam com essa esdruxula teoria, ridicularizam o Papa, afirmam que os padres fiéis dentro da Igreja são embusteiros e traidores, etc. Perderam completamente o foco da Tradição. Entre Tradição e Traição há apenas um pequeno 'd' que faz toda a diferença.


Um dica de Tolkien

Acho o vídeo abaixo muito característico da situação que vivemos. Ilustra a última batalha em frente à principal cidade do mundo dos homens (Gondor), cercada de inimigos e a beira da destruição.
Para socorrer Gondor, caminham os cavaleiros de Rohan, mas estes só foram convencidos após muita argumentação. "Por que deveremos socorrer aqueles que nunca vieram ao nosso socorro?" perguntou Théoden, rei de Rohan. Os soldados de Rohan caminham como um reforço necessário aos cambaleantes soldados de Gondor, mas caminham com medo em seu coração, pois estão em guerra!
A obra de Tolkien tem um profundo apelo cristão. De fato ela ilustra aquela honra, aquela coragem de santidade presente na alma de cada um de nós.
Acostumar-se ao medo é a mais autêntica covardia. Superá-lo, isto sim é um verdadeiro sinal de coragem!
Fico me perguntando se a FSSPX terá a coragem necessária e a honra suficiente para socorrer "a cidade em chamas".



terça-feira, 24 de abril de 2012

Como se reúnem os bispos

Apresentamos algumas imagens das Assembleias das diversas conferências de bispos.

Canadá


EUA



Inglaterra e Gales


França


Itália


BRASIL









segunda-feira, 23 de abril de 2012

Cardeal dom Odilo destaca frutos do Concílio Vaticano II


Fonte: CNBB [comentários nossos]
O cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, que é presidente da comissão para a celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II, participou da sexta entrevista coletiva de imprensa da 50ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nesta segunda-feira, 23.

Dom Odilo afirmou que as comemorações do jubileu de 50 anos do início dos trabalhos do Concílio Vaticano II tem o objetivo de auxiliar na reflexão do verdadeiro significado deste momento para a Igreja e para a sociedade. “Esta é uma oportunidade para que o Concílio Ecumênico Vaticano II possa ser devidamente avaliado e refletido”, afirmou.  [e realmente esperamos isso. Avaliado honestamente, sem lentes cor-de-rosa turvando a visão e refletido de forma racional]

Para o cardeal, o Concílio Ecumênico Vaticano II foi um marco para toda a Igreja  [sem dúvida!] , momento em que se possibilitou um melhor diálogo entre todas as Igrejas  [todas agora estão falando a mesma língua ou o abismo entre elas, sobretudo entre as protestantes e nós, aumentou significativamente nos últimos 50 anos?]  e também uma maior consciência da vida missionário, com uma Igreja em estado permanente de missão. [aqui cabe mencionar que a missão, no sentido católico do termo, está morta. Há sim missão humanitária em regiões de vida difícil, mas a pregação do reino dos céus pelos missionários, sobretudo sacerdotes, é praticamente inexistente]

Dom Odilo também falou sobre o projeto de solidariedade entre as dioceses. De acordo com o cardeal, muitas dioceses brasileiras não tem condições de custear a formação dos seus seminaristas e necessitam de auxilio.

“Precisamos contar com a solidariedade para com as Igrejas mais pobres e fazer com que o povo católico se sinta corresponsável com a evangelização e a formações dos nossos sacerdotes”, acrescentou.

Dom Odilo afirmou que a Igreja se depara com uma situação nova em que há uma redução dos recursos financeiros vindos da Europa.

“Precisamos conscientizar e fazer com que os católicos se sintam também participantes da Igreja e uma das maneiras possíveis se faz na contribuição generosa do dizimo”, afirmou.  [?]

Atendendo aos jornalistas, dom Odilo falou sobre a laicidade do Estado. O cardeal defendeu o respeito a liberdade religiosa e de que o Estado não interfira nessa laicidade.

“Essa é uma preocupação que merece ser refletida. Também não podemos colocar de lado a religiosidade do nosso povo. O Estado deve levar isso em consideração e respeitar”, declarou.

Foto do Dia - Exército Russo

Na Rússia algumas capelas e igrejas foram profanadas, especialmente os santos ícones da Igreja Ortodoxa Russa foram objeto de profanação.
Bem, no Brasil e em diversas partes do mundo estamos "nos acostumando" com essas profanações. Não poucas igrejas são vandalizadas, tendo suas imagens quebradas, sacrários violados e bens roubados.
Contudo, no Brasil a reação parece ser a típica reação morna, tosca e carente de todo amor pela Igreja. Uma notinha de repúdio da diocese em questão, uma nota no jornal e pronto, a vida pode seguir seu curso. A cada dia nos conformamos mais com atitudes de intolerância, prejuízo e afronta.
Não por acaso a CNBB recebeu estarrecida as estatísticas sobre o catolicismo no Brasil, que dão conta do estrago - este sim, vigoroso, constante e intenso - na fé de milhares.
Mas na Rússia a coisa parece ser um pouco diferente. Após o último domingo, liturgia de São Tomé no calendário eslavo, o Patriarca Cirilo (Kirill) reuniu-se para uma vigília em desagravo, improvisada de última hora. E com ele estava um verdadeiro exército vermelho, mas não aquele soviético... um exército de bispos e padres!




A Vigília contra as profanações mobilizou Moscou. E nós, parte ou não dos 7 milhões de católicos brasileiros, o que fazemos diante das nossas profanações?

Algumas manifestações, embora dignas de todo o louvor e incentivo, me deixam preocupado. Cito como exemplo as manifestações pró-vida, sobretudo. Vinte pessoas se reúnem, rezam e protestam, entoam palavras de ordem pela defesa da vida do nascer ao declínio natural. Não estou, obviamente, criticando estas pessoas! Não! Devem sim continuar a fazer o que estão fazendo, batalhando pela vida, defendendo a doutrina da Igreja que é, acima de tudo, uma defesa irrecusável da vida.

O que me deixa estarrecido é que são tão poucos. Poucos é até um eufemismo quando comparamos com o tamanho do Brasil. São poucos até mesmo dentro do universo dito tradicionalista que, longe de ser exemplo de defesa intransigente da doutrina, tornou-se apenas reduto para malucos cibernéticos, que não desejam levantar um dedo na prática, pela defesa da Igreja, da fé e da vida (há boas exceções, é claro). São teóricos, católicos de embates e duelos virtuais, avessos ao trabalho braçal, às vigílias de oração, etc.

Esse imobilismo parece ser um carisma dos brasileiros, dos fiéis ordinários ou extraordinários. Não é por acaso que um dos menores apostolados da FSSPX em toda a América (ou mesmo no mundo) é o brasileiro quando, pelo número de católicos, deveria ser o apostolado mais populoso.

Não temos um exército como o Russo, não temos soldados em número suficiente. Verrà il Guerrone

sábado, 31 de março de 2012

Católico™℠®©

A Conferência Episcopal Alemã anunciou que vai lutar com vigor contra o portal da internet "kreuz.net". O Escritório Alemão para a Proteção Constitucional classificou o site como anti-constitucional. Como porta-voz da Conferência Episcopal, Matthias Kopp, diz em entrevista à Rádio Catedral de Colônia:
"Este site não tem nada a ver com a Igreja Católica. Aqui, o conceito de católico é abusado, as pessoas sofrem abusos, os bispos são insultados. Este site latentemente anti-semita não tem o direito de existir na minha opinião! Se agora o Instituto de Proteção Constitucional está preocupado com ele e alguns outros meios legais estão sendo procurados, este é um bom sinal. O objetivo deve ser que este site seja removido o quanto antes da rede. "
Fonte: Catholic Church Conservation

Parece que a palavra "Católico(a)" foi patenteada pelas Conferências Episcopais; elas se tornaram zelosas tutoras daquilo que pode ser católico e aquilo que não pode ser. Infelizmente o conceito "católico" para essas conferências parece ser o pior possível.

Nos EUA o apresentador da internet Michael Voris também vem enfrentando processos judiciais por usar a palavra "católico" (Real Catholic TV).

Todos aqueles que ousam denunciar a apostasia do clero, dos fiéis, que de alguma forma se mostram simpáticos com a missa tradicional, não passam pelo crivo estabelecido pelos escritórios das conferências e não recebem o selo Católico, nem mesmo o direito de usar essa palavra.

Estaria a Igreja transformando o seu ethos num slogan, numa marca que pode ser atribuída única e exclusivamente às suas franquias devidamente licenciadas? Ao que tudo indica, sim!

Em pouco tempo, se o barco continuar navegando como está, qualquer autor deverá pedir permissão para escrever um livro "católico", usar o catecismo "católico" ou mesmo informar ao IBGE que é católico!

É claro que se você concorda com a contracepção, com o aborto, com a cultura gay, com o amolecimento da fé, com a imbecilização da catequese, então sim, você poderá berrar aos quatro ventos que é "Católico". Deboche? Não mesmo! É exatamente isso que a Conferência Episcopal Alemão está fazendo ao processar e incentivar a perseguição ao site Kreuz.net!

Nós do Brasil sofremos com as "Católicas" pelo Direito de Decidir, uma conhecida ONG patrocinada pelos magnatas da cultura da morte e que gozam impunes do prefixo de "Católicas". As CDD existem também nos EUA de Michael Voris e não estão proibidas de usar o "Católicas". Que é isso?

É por isso, por exemplos, que muitas organizações verdadeiramente católicas não usam o "católico" em seus nomes oficiais. Exemplos são a Una Voce Internacional, movimentos pró-vida católicos, etc. Não é apenas uma questão canônica - prevista pelo CDC - mas de precaução. 

Se você for católico de verdade, por favor não use esse termo, pois o mesmo já se encontra registrado.

Se cuida Fratres in Unum... Se a moda pega, tenho certeza que muitos bispos adorariam ver o blog desativado! Mas para isso eles precisarão registrar o Latim!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Em Vermelho Cardeal - Posse do Patriarca de Veneza

No último 25 de março a cidade de Veneza recebeu seu novo patriarca, Dom Francesco Moraglia. O novo ordinário de uma das dioceses mais importantes do mundo chegou pelo Gran Canal numa gondola, como é costume.



Como se pode ver na imagem acima e nas demais imagens que ilustram este post, Dom Moraglia está vestindo o mais puro vermelho, reservado aos eminentíssimos senhores cardeais. E por quê? Porque é costume (ora!) que o cardeal Patriarca de Veneza, uma cidade de importância histórica na região italiana, seja privilegiado com os trajes dos príncipes da Igreja. É tradição da Igreja que o patriarca seja elevado ao cardinalato no primeiro consistório após a sua eleição; isso deve acontecer em 2013.





O Patriarca Moraglia é um autêntico defensor da reforma da reforma, celebrando sempre o rito moderno com a hermenêutica da continuidade que caracteriza o pontificado de Bento XVI. Não é, então, por acaso que tenha sido nomeado para uma das mais importantes Sés italianas; Moraglia é um bispo a ser observado e, com sua nova diocese, a reforma da reforma de Bento XVI ganhará ainda mais visibilidade.

Moraglia é, inclusive, um bispo que apoia o Motu Proprio Summorum Pontificum. Então podemos deduzir que os fiéis da FSSP em Veneza terão um bispo muito solicito.





As mais recentes nomeações do Santo Padre estão ainda mais agressivas no conceito da reforma da reforma, da tolerância com a missa tradicional e da inflexibilidade doutrinal. Moraglia para Veneza, Lepine para Montreal e Lori para Baltimore.

Rezemos pelo novo patriarca de Veneza!

terça-feira, 27 de março de 2012

A Burrice do Ecologismo: Cadernos x Notebooks



Circula na internet - e agora atingiu o Facebook - uma espécie de campanha sem dono e sem metas que advoga pelo uso de notebooks pelos alunos, substituindo assim os cadernos. A ideia é poupar as árvores e melhorar a vida no planeta. Viva o sustentável!

Contudo o sustentável parece carecer de raciocínio rápido. Pensem comigo. As árvores são recursos naturais renováveis, ou seja, são plantadas. Já tem algum tempo (creio que mais de 50 anos!) que não se corta árvore "selvagem" para fazer papel, sendo que hoje temos o que é conhecido por fazendas de celulose, que são grandes plantações de árvores (eucaliptos) para a produção de papel. Essa plantação consome apenas mais recursos naturais renováveis, como à água, os minerais do solo, adubo, etc.


Uma das desvantagens é que a plantação demanda espaço, mas uma vez conseguido esse espaço ele praticamente permanece estável.

Mas de onde vêm os notebooks. Bom, na cabeça dos ecologistas os notebooks são enviados de um planeta distante e os recebemos literalmente dos céus ou de alguma fada chamada HP, Sony, Apple ou Positivo.

Não! Eles não são gerados espontaneamente, tampouco surge do vácuo. Os notebooks são produtos tecnológicos e, como todo produto tecnológico, são poluidores em potencial.


Em suas composições, esses aparelhos possuem metais pesados que podem causar diversas complicações para o meio ambiente e para a saúde do ser humano, se descartados de forma inconsequente.
O mercúrio, metal que deteriora o sistema nervoso, causa perturbações motoras e sensitivas, tremores e demência, está presente em televisores de tubo, monitores e no computador. O chumbo, que compõe celulares, monitores, televisores e computadores, causa alterações genéticas, ataca o sistema nervoso, a medula óssea e os rins, além de causar câncer. O cádmio, presente nos mesmos aparelhos que o chumbo, causa câncer de pulmão e de próstata, anemia e osteoporose. O berílio é material componente de celulares e computadores e causa câncer de pulmão. “Tudo que tem bateria, placa eletrônica e fio possui algum material contaminante”, afirma a especialista em gestão ambiental do Cedir (Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática), pertencente ao CCE (Centro de Computação Eletrônica) da Universidade de São Paulo (USP), Neuci Bicov, lembrando que esse tipo de material é acumulativo – quanto mais contato se tem com ele, pior para a saúde.
De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2010, a geração de lixo eletrônico cresce a uma taxa de aproximadamente 40 milhões de toneladas por ano em todo o mundo. E a maior parte desses resíduos tem condições de ser utilizada novamente ou de ser reciclada, mas o destino acaba sendo o pior possível: os aterros sanitários e lixões. “Os materiais eletrônicos, como placas de computador e monitores CRT, não soltam os contaminantes quando estão em um ambiente fechado. Mas em aterros a temperatura é mais alta e o contato com a chuva, que costuma ser bem ácida nas metrópoles, faz com que os metais pesados sejam liberados diretamente no solo”, explica a especialista do Cedir. Esse processo também pode contaminar as águas de lençóis freáticos, dependendo da região do aterro ou lixão.
Em um computador, 68% do produto é feito com ferro, enquanto 31% da composição de um notebook é plástico. No geral, 98% de um PC é reciclável. “Mas na prática esse número se reduz para cerca de 80%. A mistura de componentes plásticos e metálicos com os metais pesados torna difícil a separação” diz Neuci. Fonte eCycle

Não é preciso ser um cientista com doutorado na Alemanha para perceber que o simples caderno é bem menos perigoso para a saúde que o querido notebook.

O mundo tecnológico segue um padrão de obsolência programada, isto é, novas tecnologias surgem constante e cronometradamente para que você, pobre consumidor, seja obrigado a comprar um novo produto e descartar o antigo. Quem não se lembra das desejadas TVs de Plasma que, em menos de dois anos, foram sistematicamente substituídas pelas de LCD que, por sua vez, já estão atrás das modernosas e ultrafinas TVs de LED? Vem ai o LED 3D...

Adotar o Notebook seria um atentado contra a natureza. Imaginem os custos para o Sr. Erário! Compra de aparelhos, treinamento de professores (ou vocês acham que o notebook dará aula sozinho?), atualização de software, manutenção, etc. E no final de tudo isso, em dois ou no máximo três anos, troca-se tudo para que os alunos fiquem atualizados. E para onde iriam os notebooks descartados? Teria o governo condições de reciclar todo esse sucatão tecnológico e, simultaneamente, colocar novos equipamentos nas mãos das nossas crianças? Isso é difícil de imaginar num país de primeiro mundo; no Brasil isso é um delírio!

A indústria de celulose polui bem menos que a indústria do silício. O papel é facilmente reciclado. Isso sem contar o apelo cognitivo que as linhas do caderno exercem no estudante.

Olhem a imagem que encabeça este post! Vejam se é real e possível uma professora com essa dedicação, numa classe visivelmente lotada! Todos os alunos, adolescentes, esperando calma e pacientemente pela atenção individual da mestra em seus notebooks. Isso é irreal!

Longe de proteger o meio ambiente, campanhas como estas, desprovidas de todo sentido e apego pela realidade, favorecem única e exclusivamente os magnatas de Silicon Valley que para o meio ambiente estão se lixando!

sábado, 24 de março de 2012

As múmias do Concílio em prantos

Padres da geração Vaticano II ainda adotam modelo do Concílio, apesar de retrocessos

Com a aproximação das bodas de ouro da abertura do Concílio Vaticano II no dia 11 de outubro de 1962, homens ordenados nos anos do Concílio predominantemente adotam "o espírito do Vaticano II" como uma fonte para suas vidas e ministério mesmo enquanto outros católicos depreciam esse "espírito".

A reportagem é de Dan Morris-Young, publicada no sítio National Catholic Reporter, 12-03-2012. A tradução é deMoisés Sbardelotto. [comentários em roxo Blogonicvs]

Ao mesmo tempo, muitos desses "padres do Vaticano II" – como os pesquisadores os chamam – expressam preocupação de que as janelas icônicas da Igreja escancaradas pelo Concílio estão sendo fechadas e trancadas. Eles levantam inquietações sobre a liderança da Igreja, a apatia ecumênica, um colapso da colegialidade, o papel das mulheres, a reforma litúrgica e muito mais.

"Às vezes, eu penso que o Concílio Vaticano II é o segredo mais bem guardado da Igreja", disse o padre David Pettingill (foto), sacerdote aposentado da Arquidiocese de San Francisco, que ainda está ativo no trabalho de retiros e de cursos de ensino sobre o Concílio para ministros leigos.

"O que vejo é um esforço concertado para se afastar do Vaticano II juntamente com uma linha partidária, e essa linha partidária é que o Concílio simplesmente esteve em continuidade com o ensino da Igreja e que este simplesmente evoluiu", disse Pettingill, ex-pároco, professor de seminário e administrador de colégio de Ensino Médio que foi ordenado em 1962.

"No entanto, quando você assume essa abordagem, e ela pode até ser válida", acrescentou, "você também tem que fazer outra pergunta, se você quiser ser historicamente preciso: o que esse Concílio fez para a Igreja?"

"A menos que você queira dizer que foi uma perda de tempo, há algumas coisas que aconteceram lá que nunca haviam acontecido nos outros 20 concílios ecumênicos, e os documentos produzidos estão em uma forma literária diferente e são o consenso do maior número de bispos reunidos em assembleia de todo o mundo, e eles estavam dando um novo olhar para a Igreja porque João XXIII disse: 'Nós faremos um aggiornamento. Nós vamos atualizar a Igreja'".

"Então, eu acho essa linha partidária", disse Pettingill, "uma admissão real do fato de que estamos nos afastando" da renovação em curso. "Acho isso muito triste".

Muitos entrevistados apontaram para a tensão entre interpretar o Concílio como a inauguração de uma Igreja aberta e colegial contra vê-lo como "o fim de um processo, não o começo", nas palavras do padre jesuíta Thomas Reese (foto).

Ordenado em 1974, Reese entrou para os jesuítas no ano em que o Concílio foi aberto. "Estávamos trancados no seminário e dificilmente sabíamos o que estava acontecendo", brincou. "Nós não tínhamos acesso a jornais, TV ou revistas – ou ao The New Yorker, que, é claro, estava publicando os artigos de F. X. Murphy".

O padre redentorista Francis X. Murphy usava o pseudônimoXavier Rynne para publicar reportagens sobre os bastidores dos trabalhos do Concílio.

"De alguma forma, eu fiquei sabendo do Concílio, e dois de nós fomos ao encontro do superior e pedimos permissão para ter cópias dos documentos do Vaticano II. Ele teve uma reunião com seus consultores para decidir se podíamos ou não ter as cópias. A decisão foi de que nós dois poderíamos tê-las porque havíamos pedido, mas elas não seriam disponibilizadas em geral aos outros seminaristas.

"Dentro de um mês, eles eram leitura obrigatória", brincou Reese novamente.

"Mesmo que tenha havido lutas e argumentações e brigas" durante o Concílio, disse Reese, "havia uma sensação de que a história estava do lado dos progressistas e de que estávamos indo para a frente, de que era algo praticamente imparável e que as coisas começariam a ficar melhores na Igreja ano após ano". [e nós sabemos que os resultados ficaram realmente "melhores" para a Igreja, sobretudo para os jesuítas que, desde esse período, são exatamente a metade do que eram, em números. Quase não possuem vocações, vendem seus seminários para bancos, lojas, hotéis, etc]

Reese disse: "Isso praticamente parou com o papado de João Paulo II", que via "os documentos do Vaticano II como algo que era importante, não o espírito".

Atualmente membro sênior do Woodstock Theological Center da Georgetown University, em WashingtonReese foi uma fonte de preocupação para o Vaticano durante seus sete anos como editor-chefe da revista semanal dos jesuítas America. Ele renunciou do cargo em 2005 depois de uma crítica curial à sua abertura a explorar temas sensíveis da Igreja, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e pesquisas com células-tronco à Comunhão por parte de políticos católicos que apoiavam o aborto legal. [só isso? Que maldade do Vaticano!...]

Antes de se tornar papa, o cardeal Joseph Ratzinger, como chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, e o Papa João Paulo II "deram a sua interpretação aos documentos (...) e geralmente ela era a interpretação conservadora e minoritária do Concílio", disse Reese.

"Hoje, o medo não é só que os freios foram acionados, mas também que a marcha à ré foi engatada [Amém!]. Vemos mudanças nas áreas da colegialidade, da liturgia e do ecumenismo, onde não podemos nem mais chamar as comunidades protestantes de Igrejas".

Hermenêuticas

Enquanto isso, os críticos do "espírito do Vaticano II" acusam que ele é usado como um carta curinga para abandonar a ortodoxia doutrinal.

Ratzinger, agora como Papa Bento XVI, apresenta o argumento de uma "hermenêutica da continuidade", que enfatiza a interpretação dos próprios documentos conciliares.

Especialistas católicos como Russell Shaw são explícitos: "Acho que o 'espírito do Vaticano II' é bastante bem-humorado e hipócrita. Os líderes da Igreja depois de Constantinopla adicionaram uma quarta pessoa à Trindade no 'espírito de Constantinopla'? Os concílios certamente têm tons e espíritos, mas estes se baseiam nos ensinamentos e decretos do próprio concílio, não nas ideias e práticas que o concílio especificamente se recusou a aprovar. Em outras palavras, penso que o argumento de que, como o Vaticano II fez mudanças na Igreja, então é lógico que o Concílio nos chama a fazer mudanças ainda mais radicais e inovadores é falso".

Tais postulações levam pessoas como o padre J. Severyn Westbrook (foto) a balançar a cabeça: "Se a Igreja é essencialista, sabemos tudo, e não há mais nada a ser conhecido, e todas as questões estão resolvidas. As pessoas precisam aprender o que é a verdade estabelecida. Está tudo acabado. Nós apenas precisamos realizá-la. E eu acho que essa é praticamente a visão reinante hoje".

Ordenado em 1962 na Diocese de SpokaneWashington,Westbrook continuou: "Em uma Igreja existencialista, você ouve e presta atenção em como o espírito está se movendo entre as pessoas, especialmente nas comunidades de fé. Você aprende com isso. A Igreja precisa ser um organismo vivo, que respira, que sente, que reza. Devemos ser um organismo ou devemos ser uma organização?".

Westbrook admite: "Às vezes, eu me sinto muito desanimado. É como se as pessoas responsáveis – a quem eu geralmente chamo de autoridades do templo – estão ganhando. Eles estão ganhando por atrito. E eles formaram cuidadosamente o que está por vir no futuro" [Exatamente! Essas "autoridades do templo" têm vocações, enquanto que os liberais são tão jovens quanto esses que vemos nas fotos. Estão tristes porque não têm mais tempo, não têm mais sementes, não têm mais nada. Este vazio é fruto daquilo que plantaram].

Ele lembrou de uma apresentação em 1982 sobre a necessidade de padres casados, que ele foi convidado a fazer para os bispos do noroeste do Pacífico. "Fiquei surpreso de que nenhum deles criou problemas", disse. "Alguns ficaram até entusiasmados. Houve um consenso virtual".

No entanto, "há muito tempo, tenho ficado perplexo pelo fato de que o assunto nunca abriu caminho na agenda da Conferência dos Bispos. Certamente, isso levanta a questão de até que ponto os bispos podem exercer a colegialidade ou mesmo se encarregar da sua própria agenda" [os bispos não deveriam ter "uma agenda" própria, mas seguir fielmente a agenda de Cristo].

Um diálogo aberto e sincero "não é mais como era", denunciou Westbrook, pároco aposentado [aposentado... sentiram o frescor da juventude?], estudioso e capelão universitário. "As posições foram determinadas, e eles estão autorizados a votar 'sim'. Está fechado. Devemos ser um monólito ou devemos ser como seres humanos que pensam e sentem?[imutáveis ou mundanos?] E isso significa que podemos discordar e talvez possamos chegar a um consenso. Mas precisamos ouvir uns aos outros" [os progressistas tiveram muito tempo para falar, anos até. Agora que o microfone está em outras mãos, se lamentam, rasgam as vestes e acusam, clamam aos céus! Que diálogo aberto e sincero é este?].

"Eu não perdi a esperança e confio no Espírito Santo", acrescentou, "mas o jogo está sendo manipulado" [não, não! O Jogo acabou! Agora é a hora de arrumar a bagunça e o Espírito Santo fará justamente isso].
Líderes servos
WestbrookReese Pettingill são o que os sociólogos que estudam as tendências eclesiais definem como "padres do Vaticano II". Um grande estudo sobre os padres e seus ministérios, com lançamento previsto para abril, define o termo como homens nascidos entre 1943 e 1960.

Encomendada pela National Federation of Priests' Councils e realizada pelo Centro de Pesquisa Aplicada no Apostolado (CARA), com sede em Georgetown, a pesquisa afirma que os padres formados nas imediações do Vaticano II tendem a ver o sacerdócio, o ministério e a Igreja de forma diferente em muitos aspectos do que homens mais velhos e mais jovens. [então, podemos deduzir, o problema está neles e não na Igreja. São uma geração torturada e corrompida, desvirtuada do seu fim sacerdotal]

Dentre outras coisas, esses padres do Vaticano II se veem mais como "líderes servos" [que detestam servir, mas adoram liderar!] dentro da comunidade do que como "homens postos à parte" como se viam os "padres pré-Vaticano II" e, mais recentemente, os "padres pós-Vaticano II" e os "padres do milênio" [os padres de sempre, pelo jeito. Mais uma vez essa geração estudada se configura como uma falha, uma exceção].

Os padres do Vaticano II são mais propensos a apoiar o princípio de se consultar com líderes leigos e suas congregações.

Intitulado Same Call, Different Men: The Evolution of the Priesthood since Vatican II [Um mesmo chamado, homens diferentes: A Evolução do sacerdócio desde o Vaticano II], o novo estudo também relata que homens ordenados mais recentemente tendem a enfatizar a ortodoxia da Igreja e se consideram mais felizes no ministério do que os padres doVaticano II [jura!? Por que será???]. Eles também sentem o apoio episcopal e papal mais fortemente do que os homens do Vaticano II.

Em um apaixonado artigo de dezembro de 2010 intitulado "Reflexões sobre um aniversário de Bodas de Ouro Sacerdotais", um renomado padre australiano, Eric Hodgens, declarou: "Nós assumimos o Vaticano II no coração. Mudamos de padres chamados e consagrados por Deus para presbíteros chamados e ordenados pela Igreja – o Povo de Deus" [e deu no que deu. Servem o povo pelo povo, quando na verdade deveriam servir a Deus].

"Nós somos os padres da Gaudium et Spes", escreveu Hodgens, aludindo à constituição pastoral do Concílio sobre a Igreja no mundo moderno, que fornece um quadro teológico chamando a Igreja a se envolver mundialmente em questões que vão da justiça social e da tecnologia à economia e ao ecumenismo.

Padre da Arquidiocese de Melbourne, Hodgens criticou o que ele vê como preocupantes tendências pós-Vaticano II [mas não são eles próprios que querem avanços? Avancemos então, deixando a interminável década de 60 lá no século passado!] no ecumenismo, na timidez e condescendência episcopais, na falta de discernimento científico das lideranças eclesiais, em conhecimentos teológicos e bíblicos restritos, na regressão litúrgica mal concebida, na falta de colegialidade, transparência e discussão aberta, e em costumes sexuais, que "estão sendo promovidas para a prateleira superior" das atenções da Igreja.

"As decisões discordantes têm vindo [como sempre vieram] do papa para baixo", escreveu Hodgens. "O celibato sacerdotal, apesar de ser altamente controverso, foi reafirmado por Paulo VI em 1967, sem discussão. Em 1968, a Humanae Vitae foi uma decepção chocante. A maioria de nós nunca a aceitou [ora, talvez seja por isso que vocês não tenham vocações, já que apoiam a contracepção!]. Paulo VI começou a nomear bispos opostos ao ethos do Concílio. (...) Toda a tendência foi desmoralizadora".

No entanto, Hodgens também enfatizou o que o estudo do CARA constatou e que as entrevistas do NCR confirmaram: os padres do Vaticano II estão geralmente muito satisfeitos com suas vidas e ministérios, mesmo que não no mesmo nível dos grupos mais velhos e mais jovens.

Hodgens chama o fenômeno de "ser feliz em seu próprio quadrado".

Ordenado em 1969, o padre Gary Lombardi (foto) está feliz em seu "quadrado", na Paróquia São Vicente de Paulo, em PetalumaCalifórnia, mas ele claramente poderia estar mais feliz com o futuro da Igreja.

"De muitas formas, as coisas reverteram ao modelo autoritário, hierárquico e institucional. As coisas vêm muito mais de cima para baixo", explicou. "Tudo parece vir de Roma. Os bispos são nomeados sem muitas consultas com os bispos da região. Há uma espécie de ênfase na ortodoxia e na fidelidade, e no magistério e na lealdade ao Santo Padre, que é a mesma de antes do Concílio" [onde esse mundo vai parar!? Ênfase na ortodoxia? Eu não posso acreditar nisso...].

Houve um retorno à "rigidez" e uma ênfase sobre "pessoas que se enquadram à Igreja, ao invés de a Igreja ministrar às pessoas", disse Lombardi, que chefiou o escritório de educação do clero da Diocese de Santa Rosa por 16 anos. "Às vezes, vejo pessoas boas sofrendo por causa dessa rigidez".

Lombardi lembra ter se debatido nos últimos anos de sua formação no seminário com o fato de "se eu iria servir a Igreja ou se eu iria servir o povo".

"Então, isso me surpreendeu", disse. "A Igreja é o povo de Deus. O Vaticano II fez isso".

Embora dizendo que a Igreja "certamente precisa de uma autoridade de governo", Lombardi destacou que o Vaticano IIenfatizou uma Igreja "em contato com as vidas das pessoas" e aberta à "colegialidade e à consulta nas questões da vida e do ensino da Igreja".

"Essa era uma dinâmica fundamental e operativa no Concílio", disse. Isso levou a "uma espécie de maior conforto", em que os pastores como ele podiam "olhar diretamente para as vidas das pessoas" e "ajudar o ensino da Igreja a fazer sentido para elas".

A geração Gaudium et Spes realmente vê mudanças na perspectiva pastoral. Lombardi afirma sinteticamente: "Parece haver um crescente clericalismo por parte do clero mais jovem".

E também com o encorajamento oficial da Igreja, apontou Pettingill. "Parece-me que, em certos documentos, o padre está gradualmente sendo exaltado acima das pessoas a quem ele vai servir – coisas como: só os ordenados são autorizados a limpar os utensílios sagrados, a ênfase no sacerdócio ao ponto de um homem quase ser posto em um pedestal. E isso é perigoso tanto para o sacerdote quanto para o povo, porque somos todos humanos, e é essa humanidade que nos torna capazes de lidar uns com os outros" [mas os padres, pela virtude da sua ordenação, são humanos diferentes, são humanos-outros-Cristos, mortos para o mundo para justamente salvar o mundo através de Jesus Cristo. Isso parece, para a nossa eterna tristeza, algo espantoso aos ouvidos dos "padres do Vaticano II". Que triste!].

Padres versus leigos?

Outros, incluindo o padre Norbert Dlabal (foto), concordam. "A nova geração de padres realmente parece querer manter uma distinção entre o sacerdócio e o laicato", disse Dlabal, pároco da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Goodland,Kansas

O novo estudo do CARA ecoa a sua opinião. Os sacerdotes ordenados mais recentemente "sentem fortemente que (...) há uma clara distinção entre eles e os leigos", escrevem os autores [e há! Por que é tão difícil aceitar isso? Talvez porque a teologia desses senhores seja, de fato, marxista. Não pode haver "classes" na comunidade, por isso termos como Igreja e sacerdócio, que por anos foram tão claros para todos, são substituídos por "povo de Deus" e presbítero].

Segundo a pesquisa de 2009-2010, mais de dois terços dos padres do milênio – ordenados depois da metade do papado de João Paulo II de 1978 a 2005 – concordam "fortemente" com a afirmação: "A ordenação confere ao sacerdote um novo status ou um caráter permanente que lhe torna essencialmente diferentes dos leigos dentro da Igreja", em comparação com os 48% dos padres pré e pós-Vaticano II e dos 36% dos padres do Vaticano II.

Embora Dlabal, ex-diretor vocacional da Diocese de SalinaKansas, e missionário no Peru por cinco anos, diga que tenta "fazer luz de tudo isso", ele questionou os católicos "impressionados pelas aparências" que concedem "nobreza" a "qualquer clérigo comprometido com se vestir de preto" [ah sim... o ódio primário à batina.].

"Autenticidade? O que é isso?", perguntou Dlabal, que foi ordenado em 1972. "Maturidade, generosidade, sabedoria, bondade, abnegação, paciência, responsabilidade pessoal, longanimidade, amizade, respeito e amor? O que são essas coisas? Apenas vista uma batina com um colarinho romano e você é um servo fiel, leal, dócil, confiável. Vista uma camisa de outra cor e você é suspeito. Deixe a batina velha no armário e vista uma camisa colorida e você é um traidor".

Ele também observou que "os padres mais jovens realmente não sentem a necessidade de colaborar tão proximamente. Há uma espécie de ideia geral de que eles são os líderes da paróquia e todos os outros podem dançar a sua música" [não, dança não!].

Evitar o modelo de sacerdócio "líder servo" do Vaticano II em favor de um mais autoritário vai contra tanto o espírito do Vaticano II quanto o Catecismo da Igreja Católica, denuncia o Mons. Ralph Kuehner em reflexões recentes sobre os seus 60 anos de sacerdócio.

O catecismo, disse, "dirige os padres ministeriais para servir o sacerdócio dos leigos: enquanto o sacerdócio comum dos fiéis é exercido no desdobramento da graça batismal (...) o sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio comum".

Kuehner, um renomado ativista da justiça social da Arquidiocese de Washington, disse temer que "muitos aspectos da nossa Igreja reflitam um monarca ao invés de um servo". Ele contou a história de sua sobrinha de três anos de idade que, quando perguntada sobre uma missa celebrada por um bispo, ela disse ter visto "um rei com um bastão amarelo" [porque a Sabedoria abriu a boca aos mudos, e tornou eloquente a língua das crianças (Sabedoria 12, 5)].
Novas questões

O sacerdote apresentou uma "visão pessoal pelo futuro da Igreja", defendendo o encorajamento do serviço da Igreja por "padres que deixaram o ministério para se casar" e a expansão da ordenação presbiteral para homens casados e mulheres.

Outros padres do Vaticano II também apoiam esse chamado para discutir abertamente o papel das mulheres na Igreja, assim como outras questões, dos católicos gays e lésbicas à ciência da fertilidade.

"Simplesmente dizer que nós não discutimos essas coisas" não funciona, disse Westbrook.[mas nós discutimos essas coisas, lá no século passado, com a Humanae Vitae e a Ordinatio Sacerdotalis e chegamos a uma conclusão, apoiada na Fé e na Tradição. Os senhores é que perderam o trem da história!]

Reese disse: "A Igreja simplesmente não conseguiu descobrir como lidar com um laicato instruído [sim... somos "muito" instruídos, especialmente os progressistas. Cada católico é um Doutor da Igreja em potencial]. Ela ainda pensa que tudo o que ela tem a fazer é que os bispos e o Vaticano ajam como pais de filhos adolescentes. Eles pensam que, se eles apenas gritarem um pouco mais alto, as crianças vão se comportar. Eles dizem coisas equivalentes a 'não na minha casa' ou 'você não vai, e deu'. Qualquer pessoa com filhos adolescentes sabe o quanto essa estratégia é bem sucedida".

Ele disse: "O que a Igreja precisa desenvolver é um novo estilo de ensinar o Evangelho que seja compreensível para as pessoas do século XXI. Você não pode simplesmente repetir fórmulas do século XIII".

Pettingill se esforça por isso em suas aulas para católicos leigos que se preparam para o ministério paroquial [What? O que será isso!?]. "Eu vou fazer tudo o que posso para tornar conhecidas as riquezas do Vaticano II. Supõe-se que a teologia deve ser criativa", disse ele ao NCR. "Por exemplo, no Novo Testamento, cada um dos autores dos Evangelhos reconta e readapta a sua mensagem, cada um com ênfases diferentes, para ir ao encontro das necessidades dos seus ouvintes".

Geralmente, comentou, a "teologia agora parece ser uma exegese dos documentos papais. Gostaria de saber onde está a criatividade. Se não a tivermos, não crescemos".

Westbrook disse ver uma deserção institucional do diálogo. "Eu tive padres que realmente me disseram que a colegialidade deve ser suprimida", afirmou.

"Há pessoas como eu que ainda estão tentando viver no espírito da Gaudium et Spes", disse, "e há pessoas que estão tentando pôr um fim nisso. Do seu ponto de vista, a Igreja estava em uma grande forma e, por razões desconhecidas, até mesmo lunáticas, João XXIII virou tudo de cabeça para baixo. Um certo grupo sente que o velho deve ser restaurado. Sem dúvida. Sem hesitação. A autoridade vai cuidar de tudo" [Não de tudo, pois muito está sendo confiado aos leigos. Sobretudo na reforma da reforma, nunca antes na história da Igreja os leigos tiveram tanto poder! E o usam para ficar ao lado do Papa e isso assusta os empoeirados da Gaudium et Spes].

Um exemplo de uso inadequado da autoridade que veio à tona como um incômodo frequente para os padres do Vaticano II é o desenvolvimento e a implementação da nova tradução inglesa do Missal Romano.

Dlabal vê a tradução como um "exemplo de transformar uma questão em uma não questão por algum outro propósito" – e esse propósito é "deixar que a Igreja saiba quem está no comando" e vaporizar a tradução que vem se desenvolvendo desde o Concílio Vaticano II.

Pettingill, que dava aulas de inglês no Ensino Médio como jovem sacerdote, assinalou: "Ninguém perguntou ao povo de Deus se ele gostaria de ter uma nova tradução inglesa [sejamos honestos e nos perguntemos em primeiro lugar quem pediu por uma tradução em inglês. A tradução da missa em latim foi imposta literalmente do dia pra noite, com aplausos dos padres como Pettingill. Os leigos não tiveram escolha. E agora reclamam de um processo de tradução que levou mais de 10 anos!]. Em segundo lugar, ou talvez isso seja mais uma suspeita, os bispos locais não foram consultados, no sentido de serem questionados se eles sentiam que isso era apropriado nesse momento particular. Em terceiro lugar, se você tem qualquer relação com o ensino do inglês, você percebe que a tradução não é o inglesa. É um inglês latinizado, que é pesado, desajeitado e muito difícil de proclamar" [Mas até alguns parágrafos acima o povo não era "mais instruído"? Se é instruído é capaz de lidar com um inglês latinizado. Esses padres do Vaticano II querem é manter o povo cativo, amarrado em sua ideologia. Isso é o honesto a ser afirmado].

Desprezo pelo diálogo e menosprezo pela consulta repetidamente atraem a ira dos homens formados e ordenados dentro da curta sombra do Concílio Vaticano II. Durante o Concílio, dizem, a fórmula operacional para buscar a verdade era que o papa trabalhasse em conjunto com o colégio dos bispos.

Eles concordariam com um jovem teólogo consultor do Concílio que escreveu em 1963: "A formulação das leis litúrgicas para as suas próprias regiões é agora, dentro de certos limites, a responsabilidade das várias conferências episcopais. E isso não por delegação da Santa Sé, mas sim em virtude da sua própria autoridade independente".

De acordo com o biógrafo John L. Allen Jr., esse teólogo, o padre Joseph Ratzinger e futuro Papa Bento XVI, também escreveria durante os dias do Concílio: "Para muitas pessoas, hoje, a Igreja se tornou o principal obstáculo para a crença. Eles só conseguem ver nela a luta humana por poder, o espetáculo mesquinho daqueles que, com a sua pretensão de administrar o cristianismo oficial, parecem estar mais no caminho do verdadeiro espírito do cristianismo".

E esse verdadeiro espírito do cristianismo, dirão os padres do Vaticano II, era – e é – brilhantemente iluminado pelo "espírito do Vaticano II".

***
Nessa matéria podemos ver o nível da geração do Vaticano II - uma geração que se recusa a aceitar as mudanças, que se recusar a ver que o tempo passou e as doutrinas determinadas pelo relógio tornaram-se anacrônicas. 
A doutrina da Igreja não é ditada pelo badalar dos antigos carrilhões, mas pelo Evangelho de 2 mil anos que é sempre atual. Amar esse Evangelho e entregar a sua vida a ele é incompreensível para muitos, mas para os verdadeiros católicos é a única via de salvação.
Essa Igreja ditatorial, intolerante e reacionária que eles descrevem acima é na verdade uma Igreja do amor exigente do Evangelho. É a Igreja que quer a cruz, que não teme o martírio, que se dá por completo ao próximo pelo amor de Deus, é aquela esposa amável que vive em união com seu esposo. E isso eles não entendem.
Por que a Igreja que seguimos é tão horrível para eles? Porque é a Igreja que prega a conversão! Não há neles, como se lê, o desejo de conversão.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...