Paulo VI celebrando a primeira missa em vernáculo |
E eis que para marcar o aniversário desse momento histórico, Papa Francisco, o novo Paulo VI, decidiu visitar a mesma paróquia e celebrar a missa que, agora, já não causa tanta estranheza aos romanos.
Francisco esteve em Ognissanti acompanhado de... Walter Kasper! Icônico, não é mesmo? Acontece que coincidentemente a igreja de Ognissanti é a igreja titular do cardeal alemão que vem, a exemplo de Lutero, iniciando uma revolução dentro da igreja que poderá - Deus não permita! - culminar em mais um cisma de proporções globais.
Ao concluir a missa o Papa argentino proferiu as seguintes palavras:
Em tempos há dificuldades... mas onde está o Senhor as coisas vão bem. Concordam? (Sim!). Muito obrigado por me acolherem aqui, pela sua oração junto a mim durante a missa. Vamos agradecer ao Senhor pelo que Ele tem feito na sua Igreja nestes 50 anos de reforma litúrgica. Foi realmente um gesto corajoso para a Igreja se aproximar do povo de Deus para que eles pudessem entender o que estavam fazendo. Isso é importante para nós, seguir a missa dessa forma. Não é possível voltar atrás. Devemos sempre ir adiante. Sempre adiante (aplausos)! E aqueles que querem voltar atrás estão enganados. Sigamos adiante neste caminho (aplausos). Obrigado"
Uma mensagem bem clara. Quando o Papa fala de improviso ele fala o que realmente quer dizer, expressa realmente o seu magistério. Até que ponto esse magistério é autenticamente católico há um enorme espaço para debates, mas qualquer esclarecimento da parte dos teólogos do Vaticano sobre o que o Papa realmente quis dizer quando fala de forma espontânea é nada mais do que uma tentativa de torná-lo "católico".
Recentemente Francisco afirmou que os padres e bispos que falam em "reforma da reforma", um termo cunhado durante o pontificado de Bento XVI para expressar de forma resumida a teologia litúrgica do papa alemão dentro de um espectro de continuidade com o passado da Igreja, estão enganados, mesmo quando falam de boa vontade. Afirmou que a ordenação de alguns seminaristas de tendência mais tradicional coloca "uma mortalha sobre a Igreja". Afirmou ainda que muitos desses seminaristas são "desequilibrados" e que isso se expressa nas liturgias que celebram.
Não é de hoje que Francisco vem atacando os padres e bispos, e indiretamente os leigos, que se aproximam da liturgia tradicional. E são sempre ataques "de improviso", pegos e registrados por terceiros ou vazados depois de alguma reunião com o Papa. Quem não se lembra, por exemplo, da reunião de Francisco com os religiosos do Caribe onde o mesmo classificou os católicos tradicionais de neopelagianos?
Embora não ataque diretamente a missa em latim, Francisco é sim um forte anti-ratzinger. Suas ações, suas nomeações, promoções e, principalmente, demissões o dizem de forma clara.
Muitos afirmam que por ser de origem jesuíta o Papa Francisco não se interessa por liturgia. Tentam usar esse argumento - que eu mesmo não compreendo - para justificar as missas do Papa. Não é verdade! Francisco desde o primeiro ato como Papa, ao aparecer sem os paramentos pontifícios na sacada de São Pedro, já demonstrou que é um papa profundamente (anti)litúrgico. Ao contrário de Bento XVI, que esperou meses até começar a expressar o seu estilo litúrgico, Francisco o fez já na sua primeira missa ainda na capela onde fora eleito.
O que Francisco e outros bispos como ele não conseguem compreender é que esse "seguir adiante" que ele pede não encontra mais eco na juventude católica. O seguir adiante que realmente está acontecendo é o mergulhar cada vez mais profundamente na tradição da Igreja, na suas antigas orações e nos gestos mais significativos da sua liturgia. O seguir adiante não é um retroceder, mas um "compreender" verdadeiramente a dimensão espiritual e sacramental da liturgia.
O seguir adiante do Papa Francisco é raso, superficial. O nosso - os neopelagianos - é profundo e continuador. Há sim uma enorme diferença.
Então sigamos adiante! Com Summorum Pontificum e a reforma da reforma! Todos aqueles que desejam retroceder 50 anos atrás estão enganados!