domingo, 12 de junho de 2011

Americanos "querem" padres casados e diaconisas

Numa carta enviada aos bispos norte-americanos, vários leigos engajados  publicaram seu apelo desesperado pelo futuro da Igreja que se avizinha tão nebuloso. Nesta carta, como não poderia ser diferente, é pedido que o celibato se torne opcional, ou simplesmente deixe de existir, e que a Igreja comece a ordenar mulheres.

Segundo esses católicos "o terrível declínio na vitalidade que tem devastado a fé católica na Europa pode muito bem ocorrer nos EUA" e por isso o "povo de Deus, incluindo padres e bispos, já começou um diálogo corajoso sobre a restauração das nossas tradições primitivas, reconhecendo os padres casados e celibatários e as diaconisas".

Para esses católicos, essa restauração seria suficiente para impedir uma séria crise vocacional em seu país. Primeiro, é preciso deixar claro que a diocese norte-americana com o menor número de padres supera, de longe, qualquer diocese brasileira. A crise por aqui é mais severa.

Segundo, a experiência do clero casado e da ordenação feminina já foi aplicada em diversas denominações protestantes, históricas ou não, e se revelou um fracasso retumbante. O Anglicanismo, por exemplo, que já foi responsável por 20% do povo americano, após a aprovação da ordenação de mulheres viu seu rebanho encolher vertiginosamente ano a ano, somando, hoje, menos de 2% da população. Os luteranos experimentaram caminho semelhante, no mundo todo. Os Vetero-católicos também começaram a ordenar mulheres e, sem o apoio do governo nos países do norte europeu, já teriam desaparecido.

Bispo anglicano gay e divorciado concelebra com pastor
casado e reverenda. 3 estágios concluídos
A ordenação feminina é o segundo estágio, depois do fim do celibato, para a desintegração total da comunidade eclesial. O fim formal e o estabelecimento da crise se dá com a ordenação de homossexuais, como é o caso no anglicanismo e luteranismo que, nos últimos anos, enfrentam a pior e mais séria crise da sua história.

O que esses católicos querem é a eutanásia da Igreja. O clero casado ortodoxo, por exemplo, é bem menor que o celibatário e existe predominantemente em terras novas, fora do território canônico das diversas igrejas autocéfalas. Assim, é mais fácil encontrar um padre ortodoxo russo casado nos EUA ou na França, por exemplo, que na própria Rússia. Também é preciso dizer que a tradição eclesial ortodoxa, embora permita um clero casado, não o estimula, considerando-o uma exceção.

O clero casado traria, ainda, o problema do clero "divorciado". Sim, porque se um clérigo católico latino não está certo sobre sua vocação ao sacerdócio - por isso pleiteia o matrimônio - certamente não estará certo sobre a esposa escolhida ou pelo menos há essa possibilidade. O clero casado, latino, é oriundo do anglicanismo e visto como exceção; o próprio ordinário do Ordinariato Inglês, numa recente entrevista, afirmou que não acredita que o celibado deixe de ser a norma da Igreja Católica.

A carta desses católicos não considera o efeito danoso e negativo da solução adotada por eles para a Igreja. Contudo, a solução adotada por muitos bispos norte-americanos parece ter um resultado bem diferente e produtivo.

A formação de seminaristas totalmente enraizada na bimilenar tradição da Igreja, a oração contínua e a confiança no Espírito Santo se mostram mais efetivas no fortalecimento do clero do que as soluções kamikase dos católicos da carta.

O fim do celibato e a ordenação feminina não são o caminho que a Igreja deve trilhar se o seu objetivo é atingir a Jerusalém Celeste.

***

Queridos Bispos,


Ao longo dos últimos 40 anos, a Igreja Católica Romana nos Estados Unidos e no mundo tem experimentado um constante agravamento da falta de padres. Em primeiro lugar, o processo foi tão gradual que dificilmente era percebido. Mas, agora, a rapidez do declínio está tendo um impacto devastador na vida paroquial e sacramental.


De acordo com um estudo de 2008 do Centro para a Pesquisa Aplicada no Apostolado, metade dos 19.302 padres diocesanos ativos planeja se aposentar em 2019. Estamos ordenando cerca de 380 novos sacerdotes diocesanos a cada ano. Em apenas oito anos, teremos apenas 13.500 padres diocesanos ativos para servir as nossas 18.000 paróquias, presumindo que as ordenações permaneçam constantes, como têm estado há mais de uma década.


Muitas dioceses se envolvem na prática moralmente questionável de importar padres do mundo em desenvolvimento, apesar da escassez de padres ainda mais severa nesses países. Outras ainda estão aceitando padres casados de outras tradições religiosas, enquanto, simultaneamente, demitem padres católicos que se casam e não reconhecem as vocações de homens casados católicos. Alguns bispos estão modificando a idade de aposentadoria dos padres de 70 para 75 anos. Muitos estão adotando várias dessas estratégias simultaneamente, embora nenhum deles vá deter os íngremes declínios que se assomam à frente.


Nós, o povo de Deus, somos regularmente convidados a "rezar pelas vocações" e temos rezado diligentemente. Como a lei da Igreja nos diz que temos o dever de expressar nossas opiniões sobre o bem-estar da Igreja, compartilhamos com vocês o resultado da nossa oração. É simplesmente isto:


O ritmo lento e deliberado da Igreja Católica, uma vez considerado uma virtude, é um luxo que não podemos mais pagar. O atraso causado pela inação ameaça a nossa vida e a nossa missão católicas. Sem um sacerdócio viável e comunidades paroquiais fortes e saudáveis, o terrível declínio na vitalidade que tem devastado a fé católica na Europa pode muito bem ocorrer nos EUA.


Silêncio, obediência cega e confiança inquestionável por parte dos fiéis católicos não podem mais ser opções viáveis se a Igreja, com a Eucaristia como centro de sua vida, quer sobreviver. Agora é o momento para agir, assim como para rezar.


Portanto, apelamos a vocês, nossos bispos e irmãos em Cristo, a abraçar o seu papel como pastores e a nutrir as pessoas às quais vocês foram ordenados para servir. Pedimos-lhes que incentivem a discussão sobre a reforma genuína tão necessária para o futuro da Igreja.


O povo de Deus, incluindo padres e bispos, já começou um diálogo corajoso sobre a restauração das nossas tradições primitivas, reconhecendo os padres casados e celibatários e as diaconisas. Pedimos que vocês, como líderes das dioceses dos EUA, iniciem esse diálogo, assim como – oficialmente ou não – dentro de suas dioceses, da Conferência dos Bispos dos EUA e do próprio Vaticano.


Que Deus abençoe a nossa Igreja com pessoas de visão, sabedoria e coragem.
Fonte: IHU - Unisinos

2 comentários:

Márcia.F.Faria Quintiliano disse...

Porque não vão para outras seitas que la aceitam pastores casados e mulheres para pregar, já que são tão moderninhos e safadinhos, desculpa por eu dizer isto, mas é o que esta acontecendo infelizmente, que procurem então outras seitas e quem sabe serão felizes, pois é ridiculo tudo isso, pobre de nossa igreja católica apostólica que nuvem negra posa sobre ela, mas Deus é Pai e tenho certeza que isso logo vai se acabar, Logo a igreja fundada por nosso Senhor Jesus Cristo vai sai vitóriosa desta apostasia e profanações.
Fiquem com Deus.

Henrique disse...

O grande mentor dessa turma é o Hans Kung, que na sua arrogância se recusa a admitir que esse modelo de igreja que ele prega se revelou um verdadeiro desastre para as igrejas protestantes que o adotaram. E incrivelmente continua a pregar sua esclerosada ladainha de "modernização" da Igreja de Cristo.

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