Não é de hoje que reclamo que boas nomeações parece acontecer apenas na Europa e nos EUA. Por aqui elas são raras, existem, é verdade, mas raramente. Digo que no Brasil temos uma razão de 10/2, em dez nomeações só duas são positivas.
No último dia 4 o Papa Bento XVI nomeou como bispo de Aberdeen, na Escócia, o senhor Abade de Pluscarden, Dom Hugh Gilbert, um convertido do anglicanismo.
O agora bispo-eleito Dom Gilbert é conhecido nas cinzentas ilhas britânicas como um prelado ortodoxo, amigo e generoso aplicador do Motu Proprio Summorum Pontificum. Dom Gilbert, segundo informam as publicações na internet, era amigo do Motu Proprio mesmo antes do Motu Proprio. Excelente.
Dom Gilbert, que será consagrado em 15 de agosto, também é conhecido por sua paternidade espiritual e pela preservação de uma autêntica vida monástica em seu monastério, contrastando com o secularismo de muitas casas religiosas na Europa.
O que chama a atenção, entretanto, é uma lenda urbana, ou melhor, lenda de sacristia, que apareceu em 2008/2009. Segundo o periodista Damian Thompson, o abade receberia a maior e mais importante diocese do Reino Unido- Westminster! O próprio Papa Bento XVI queria Dom Gilbert como sucessor do cardeal Cormac e, ainda segundo Thompson, o religioso rejeitou o cargo.
Dom Gilbert, quando perguntado por vários jornais na época, afirmou que não havia sido apontado pelo Papa como próximo arcebispo de Westminster e que, por isso , não recusara nada.
A suposta renúncia ao mais prestigioso assento da Grã-Bretanha foi motivada, segundo Thompson, pelo medo de Dom Gilbert que sua comunidade desmoronasse após sua saída, medo que não é nada injustificado infelizmente. Poucos dias antes dos rumores, um dos monges mais próximos de Dom Gilbert abandonou o hábito e casou-se com uma mulher (pelo menos era uma mulher!).
Sendo Dom Gilbert um ex-anglicano, a sua nomeação traria ao futuro Ordinariato, naquela época ainda uma remota possibilidade só especulada pelo Papa, uma força imensa.
A Escócia não faz parte da mesma Conferência Episcopal que a Inglaterra, por isso a nomeação de um "forasteiro" soaria grave e penosa aos ouvidos do então arcebispo, cardeal Cormac, e dos bispos locais.
Seria positivo que Dom Gilbert tivesse mesmo assumido a diocese inglesa, mas como nem tudo é perfeito, que inicie um bom trabalho na chuvosa Escócia! Rezemos por ele, pelos fiéis de Aberdeen e pelos monges de Pluscarden.