sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Primaz da TAC foi vítima de abuso do clero


O Arcebispo John Hepworth pronto para perdoar



Um arcebispo australiano liderando uma facção anglicana que deseja se reunir com Roma revelou que ele deixou o sacerdócio católico após ser vítima de abusos sexuais sistemáticos por mais de uma década.

O Arcebispo John Hepworht, primaz da Comunhão Anglicana Tradicional, um grupo anglicano com 400 mil membros que busca reconcialiação com o Vaticano, quebrou décadas de silencio depois de conseguir um pedido de perdão da Igreja e uma oferta de $75.000 de compensação.

A revelação sobre a sua dor privada, conhecida até o momento apenas pela família, por alguns amigos próximos e por líderes da Igreja, acrescenta uma virada extraordinária na criação do ordinariato anglicano que abriu o caminho para a maior conversão em massa ao catolicismo desde a Reforma.

Apesar do que ele sofreu por um período de 12 anos nas mãos de dois sacerdotes e um colega de seminário, nos anos 60m, o arcebispo Hepworth afirmou que ele estava determinado a continuar sua missão de unir as Igrejas.

"Eu fugi com medo, mas eu nunca quis sair", afirmou sobre a sua decisão de deixar a Igreja em 1974, perseguido pelo abuso enquanto seminarista e jovem sacerdote. "A Igreja está cheia de pecadores... mas ela é o dom de Deus para a humanidade através de Jesus Cristo... Nunca perdi o senso da vocação de ser um sacerdote"

(...)
Apesar da experiência, o arcebispo Hepworth foi ordenado sacerdote e permaneceu na Igreja Católica até 1972, quando ele partiu para a Grã-Bretanha onde dirigiu caminhões para a indústria química. Ele se tornou um anglicano e depois um sacerdote no clero anglicano, ascendendo até se tornar o primaz da Comunhão Anglicana Tradicional.

Numa atitude extraordinária de perdão e expiação, sua primeira preocupação, definida numa carta ao arcebispo Wilson em novembro de 2008, era que sua relação com a Igreja Católica fosse curada antes da sua morte.

"Eu não procuro retribuição", ele escreveu, mas ele sentia "profundamente enganado por uma vida sacerdotal que eu havia exercendo como se fosse um subterfúgio, fora da comunhão com a Igreja Católica"

(...)
Num pedido de desculpas ao arcebispo Hepworth datado de 26 de agosto, o arcebispo de Melbourne Denis Hart escreveu: nós não podemos mudar o passado... Você pode nunca se livrar das memórias ou da dor... Em nome da Igreja Católica e meu, Eu peço perdão a você e aos seus próximos pelos erros e pela dor que você sofreu nas mãos do Pe. Ronald Pickering".

(...)
Por todo o seu sofrimento, o arcebispo Hepworth preserva um amor pela Igreja, com a qual ele está determinado a se reconciliar numa comunhão sacramental plena.


***

A história toda, disponível em inglês no site original, é muito comovente e serve de lição. Deus apenas permite o mal se puder extrair dele um bem maior. Os terríveis atos cometidos contra o então seminarista John Hepworth permitiram que milhares de anglicanos, separados do Corpo de Cristo, pudessem retornar à comunhão com a Igreja Católica.

6 comentários:

Rodrigo disse...

Caro Danilo.
O citado padre abusador Ronald Pickering, segundo pude apurar no site abaixo, apresentava-se hipocritamente como um conservador que apoiava aqueles que solicitavam a celebração de Missas Tridentinas:

http://brokenrites.alphalink.com.au/nletter/page118-pickering.html

Bruno Luís Santana disse...

Pedir perdão em nome da Igreja Católica? Mas a Igreja e o pobre Hepworth foram as vítimas... A Igreja não estimula tais práticas. Quem as faz ultraja a Instituição. Pena que o arcebispo Denis Hart não deixou claro que o erro do membro pecador desfigurou a própria Igreja, além de molestar o então rapaz Hepworth...

Anônimo disse...

E a instituição não é responsável in eligendo e in vigilando? Quem colocou o molestador no cargo? Quem deixou de fiscalizá-lo? Quem fazia vistas grossas aos fatos? A instituição...

Bruno Luís de Lima Santana disse...

Não necessariamente. Em essência a Igreja é Corpo Místico de Cristo, então é de origem divina e está imune a pecados e deficiências. Mas sendo a Igreja formada por membros humanos, estes podem pecar ou não, mas isso em nada altera a natureza da Igreja. A Igreja é uma Sociedade Perfeita, Santa por essência, por ter sido fundada por Cristo, os homens que aderem a essa Igreja são deficientes ou virtuosos, mas isso em nada melhora ou piora a natureza da Igreja.
Ela poderia ser formada por um conjunto de Franciscos de Assis, e nem por isso seria mais santa. Poderia ser formada por um conjunto de Hitlers, e nem por isso seria menos santa.
A Origem é divina, a Doutrina é Perfeita e imutável, a promessa dada por Cristo é certa e irrevogável. É o campo da Parábola, onde cresce o joio e o trigo; mas o campo não é melhor por causa do trigo, nem pior por causa do joio.

É como eu sempre digo: a Igreja permanece com os homens - ou apesar dos homens...

Se é mal governada temporalmente falando, é por falha humana. Mas essas faltas são respondidas pelos pecadores que as cometem, assim como os bons administradores recebem igualmente a recompensa...

Tula disse...

Confesso que esta matéria me causou uma profunda tristeza.
O comentário previdente do Bruno Luis de Lima Santana me ajudou encontrar o equilíbrio neste momento. Grata Bruno !

Bruno Luís Santana disse...

Por nada, Tula! Ainda bem que algo do que falei teve serventia. Felizmente a Igreja é de origem divina, porque se fosse humana já teria sido extinta há muito tempo!

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