(Subrayado 20/02/14 | Tradução blogonicus)
Surpreendente mudança de discurso do novo arcebispo de Montevidéu
Alinhado com o papa e o discurso progressista, Monsenhor Sturla proporciona forte contraste com as opiniões do seu antecessor Nicholas Cotugno sobre a maconha e homossexualidade.
Um reconhecimento expresso da homossexualidade como uma orientação sexual, uma tolerância maior ao uso de preservativos nas relações sexuais e a crença de que "moralização" da Igreja Católica, por vezes, "cobre o Evangelho" são alguns dos slogans que colocou sobre a mesa Daniel Sturla ao assumir como novo arcebispo de Montevidéu.
Daniel Fernando Sturla Berhouet, SDB, é um sacerdote salesiano que acaba de suceder a Mons. Nicolás Cotugno, que em setembro de 2013 se retirou ao cumprir 75 anos.
Ordenado sacerdote em 1987, o novo encarregado da diocese de Montevidéu assumiu o cargo com claros indícios de mudança na estratégia e no discurso, claramente em sintonia com as coordenadas do novo Papa Francisco I.
A história de vida do novo líder da grei católica da capital indica que vem de uma família com interesse na política. Seu irmão foi um legislador destacado do herrerismo (Partido Nacional). Se trata de Héctor Martín Sturla, que faleceu em 1991 aos 37 anos.
As primeiras declarações de Mons. Sturla mostram uma mudança radical a respeito das posições públicas adotada por Cotugno nos assuntos como o aborto, o matrimônio igualitário e a regularização da maconha, todas iniciativas votadas durante a "década progressista" do [partido] Frente Amplio no poder.
Nesse sentido, Sturla mostrou palavras de elogio ao presidente José Mujica: "O exemplo de austeridade" do presidente "é estupendo", disse numa entrevista que publicou hoje o periódico Busqueda.
"Eu tenho amigos homossexuais. Tive conversas com crianças sobre o tema, lhes assegurei que Deus as ama profundamente. Deus te ama por aquilo que você é não porque você se orienta de um lado ou de outro do ponto de vista sexual", afirmou.
Ainda que tenha esclarecido que, de acordo com o dogma católico, ter relações sexuais fora do matrimônio seja pecado. Inclusive o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo aproxima essas pessoas dos postulados religiosos.
Seu antecessor, por sua vez, se referia à homossexualidade como "uma enfermidade", de acordo com o tom dos pronunciamentos anteriores do Vaticano.
A chegada de Francisco ao Vaticano marcou um antes e um depois ao emitir uma frase que resultou numa mensagem para católicos e não-católicos: "quem sou eu para julgar um homossexual", assinalou e de algum modo arrumou o campo para todos os sacerdotes sob seu comando.
Sturla admitiu que se um casal homossexual se apresenta com seu filho na Igreja matriz este será batizado seguindo o rito católico.
"Ninguém pode negar (a uma criança) o batismo porque tem dois pais ou duas mães", comentou.
O arcebispo disse que este princípio está acima da posição contrária dos católicos sobre a adoção de filhos por homossexuais.
Exemplo de Sociedade Evoluída |
Mons. Sturla reconheceu que tanto esse assunto como o da regularização da maconha não atingiu unanimidade na Igreja uruguaia. O bispo de Minas, Jaime Fuentes, próximo ao Opus Dei, se manifestou contrário ao pacote de leis de corte moral e comportamental que aprovou o governo de Mujica. Sobre o aborto, outro assunto ao qual os católicos impuseram grande resistência, o arcebispo deu um giro notável nas diretivas da cúpula Nesse sentido, declarou ao diário El País: "A aprovação do aborto está aí, agora precisamos curar as feridas da sociedade"
O bispo Fuentes afirmou a agência católica Zenit que as mudanças que essas leis trarão - que afetam a órbita dos valores - "empurrarão o Uruguai ao abismo".
Sturla afirmou que tem dúvidas sobre a eficácia da regularização da maconha para combater o narcotráfico, um dos argumentos principais do governo para aprovar a lei.
"Está claro que o fracasso do que se faz atualmente é muito grande e algo precisa ser feito a esse respeito", acrescentou.