segunda-feira, 30 de setembro de 2013

G8 - Igreja Sinodal Permanente



Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 30-09-2013, Gaudium Press) - Com um Quirógrafo, o Papa Francisco instituiu nesta segunda-feira,o "Conselho de cardeais", um grupo composto por oito purpurados que terão a missão de coadjuvar o Papa no governo da Igreja e no projeto de reforma da Cúria Romana. Os nomes dos participantes foram já anunciados em 13 de abril passado.

A primeira reunião do Conselho de Cardeais será nesta terça-feira, 1º de outubro, com a presença do Santo Padre. As sessões de trabalho desse primeiro encontro do Conselho terão prosseguimento até a próxima quinta-feira, dia 3.

Estas informações foram fornecidas pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, em entrevista coletiva realizada nesta manhã.

Padre Lombardi leu o Quirógrafo onde Santo Padre define o papel e as funções dos 8 cardeais. O grupo será chamado de Conselho e é fruto das sugestões apresentadas nas Congregações Gerais antes do último Conclave que escolheu o Papa Francisco.

O documento Papal estabelece formalmente que o Conselho de cardeais ajudará o Papa "no governo da Igreja" e "no estudo de um projeto de revisão da Constituição apostólica Pastor Bonus sobre a Cúria Romana".

"Um modo com o qual talvez se possa definir esse Conselho é 'um ulterior instrumento que enriquece o governo da Igreja com uma nova modalidade de consulta': portanto, um enriquecimento dos instrumentos já disponíveis ao Santo Padre para o governo da Igreja mediante a consulta, a ajuda que se pode ter consultando", disse o Padre Lonbardi.

Segundo o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o Conselho pode ser alterado em seu número de componentes, quer ser uma ulterior expressão da comunhão episcopal e do auxílio ao munus petrinum, ao governo do Sucessor de Pedro.

"As palavras-chave para pensar nesse método de governo que o Papa está configurando, disse o porta-voz vaticano, creio que sejam o caráter sinodal, a idéia do caminhar juntos: uma Igreja que caminha junto em seus diversos componentes e o Papa se coloca em caminho com essa Igreja; e o discernimento, que é a busca da vontade de Deus mediante uma consulta freqüente e paciente."

Os trabalhos se realizarão na Biblioteca privada do apartamento papal. Os cardeais estarão hospedados na Casa Santa Marta e estarão reunidos pela manhã e pela tarde. O Papa só não estará presente nestes encontros na quarta-feira.

O Padre Lombardi falou da participação do Papa nas sessões:
"O Papa prevê fazer uma introdução muito breve e ouvir. Substancialmente, a presença do Papa é uma presença de escuta desses conselheiros que terão muito a trazer com as suas considerações, dado que o material é muito abundante."

"O Papa não está de modo algum condicionado. Para dizer que é um governo colegial precisaria dizer que o Papa 'deve' consultá-lo, 'deve' reuni-lo sobre determinados temas, 'deve'... Não se trata disso: trata-se de um Conselho ao qual pode ser pedido que dê o seu parecer", afirmou o porta voz do Vaticano.

Trata-se do primeiro encontro do Papa com os cardeais: não se deve esperar decisões relevantes. Também, não serão publicados documentos de trabalho nem está previsto nenhum comunicado final, explicou o sacerdote jesuíta,ao encerrar a entrevista. (JSG)

Com informações Radio Vaticano

***

Os destaques acima são meus.
Percebo duas forças contrárias no texto quando este procura definir a natureza ou a finalidade do G8, como ficou conhecido o "Conselho". Há um embate entre a sua natureza sinodal e consultiva.

Precisamos ter em mente que um "Sínodo" nunca foi, na Igreja, um órgão consultivo. Expresso a sua natureza como a define a "Enciclopédia Católica" - Sínodo é um termo geral para reuniões eclesiásticas sob a autoridade hierárquica para a discussão e decisão de assuntos relacionados à fé, moral ou disciplina.

A essência do Sínodo é a sua decisão final. A instituição do "Sínodo dos Bispos", vinda após o Concílio Vaticano II, manteve alguma caraterística da definição clássica do termo "Sínodo". Na plenária dos vários Sínodos convocados pelos últimos Papas se discute o tema proposto e um documento - uma Exortação Apostólica Pós-Sinodal - é criado com a firma do Papa.

A natureza sinodal, portanto, conflita com uma natureza meramente consultiva.

O cardeal Oscar Maradiaga, gestor desse conselho, esteve recentemente no Canadá e afirmou que "O Sínodo dos Bispos será transformado". Esta não é uma declaração "consultiva" ou uma opinião, é uma afirmação. Portanto podemos concluir que já há, mesmo antes da reunião formal do G8, uma ideia clara do caminho a ser trilhado.

Pessoalmente - embora tenha absoluta certeza que minha opinião nada conta - acredito que o fortalecimento do Sínodo dos Bispos, transformando-o num órgão permanente conduzirá a Igreja a um estado de descontrole. Se o governo da Igreja dependerá da participação intensiva dos bispos através do Sínodo ou das intervenções do G8, veremos um papado em vias de extinção.

Com um colégio episcopal conservador e ortodoxo a ideia já me parece ruim. Com o atual colégio episcopal, onde os bons bispos são algumas dezenas num universo com mais de dois mil prelados, a ideia é desastrosa. Esqueçamos por um momento as ilusões românticas sobre o assunto que estão sendo pintadas pela imprensa, pelo Pe. Lombardi e Cia Ltda. Esqueçamos tudo isso.

Um Sínodo forte pede automaticamente um Papa fraco. É o que penso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não creio que o Papa fique fraco com um sinodo, para mim o papa só se enfraquece se ele não souber usar sua autoridade,bento XVI embora homem de grande sabedoria e santidade foi fraco no governo da Igreja pois não tinha experiencia de governo político, Tanbem a colegialidade não enfraquece o Papa, ele é e sempre sera a ultima palavra no governo da Igreja. Souza. Um forte abraço o blog esta muito bom e informativo. salve Maria.

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