sábado, 21 de setembro de 2013

Pobreza Franciscana na Sagração do Esmoleiro



Mons. Konrad Krajewski foi sagrado ou ordenado, como preferir, bispo no último dia 17 de setembro. O Papa Francisco, que não distribui comunhão "por medo de ser fotografado com alguém", não atuou como sagrante ou co-sagrante.

A foto acima mostra como o bispo de Roma se apresentou na liturgia de sagração/ordenação. Portando apenas uma estola "moderna" colocada sobre a batina. Alguns poderiam perguntar "o que tem isso de importante?".

Muito bem, em primeiro lugar tem muita importância. O sucessor de Pedro é o supremo legislador em matéria litúrgica, ponto. É dele que se espera o primeiro exemplo em matéria de liturgia e, portanto, do cumprimento da lei litúrgica.

Longe de ser uma "tara" pelo legalismo ou rubricismo, é importante destacar que a Igreja tem regras e que elas existem não só para encher as páginas dos códices, mas para serem cumpridas.

Se não somos rubricistas ou legalistas - e de fato não somos - não podemos também fazer da lei ou da disciplina da Igreja uma letra morta perdida em algum livro. Há uma ordem na Igreja que se expressa das mais diversas formas e que está a serviço da unidade e da missão da comunidade eclesial.

Quando começamos a afrouxar demais algumas dessas normas, em nome de um suposto espírito de simplicidade e humildade, nos tornamos, na verdade, orgulhosos. Tomamos nas mãos as rédeas da Igreja, dizendo que tudo aquilo que já existe e nos precede não é mais necessários; nos tornamos "outros Cristos" num sentido errado e deturpado do conceito, pois visamos apenas refundar a Igreja e re-regular as suas práticas de acordo com o "espírito da nossa vontade". Uma postura bem longe da humildade evangélica que pressupõe, acima de tudo, uma obediência.

Como escrevi acima, é do Papa que se espera o exemplo. Cabe ao legislador cumprir em primeiro lugar a lei, do contrário caímos no casuísmo litúrgico que gera, como já vemos, desunião e confusão.

A vestimenta prescrita para o Papa, quando não celebra ou concelebra, é a veste coral (batina, roquete , mozetta de seda vermelha, estola bordada e cruz peitoral pendida por cordão dourado). Em nome de uma suposta simplicidade, que vem empobrecendo, dispensou-se tudo isso.

Vejo no fato, embora julgue que tenha sido movido por boa intenção, uma espécie de assalto. Assalta-se o culto, rouba-se do próprio destinatário deste culto, do dono da casa. É por isso que não podemos empobrecer a liturgia - ela não nos pertence, ela não é direcionada a nós. Dela recebemos apenas a misericórdia. A liturgia é o culto a Deus, uno e trino, criador dos céus e da Terra. Quando mutilamos a liturgia, mesmo que só nos pequenos detalhes, mutilamos esse culto, essa latria devida a Deus.

Mons. Konrad Krajewski será o esmoleiro do Papa, aquele que levará um pouco do amor cristão aos desvalidos. Entretanto Deus não pode receber esmolas, pois não é pobre. Não podemos nos arrogar o direito de reduzir o culto que prestamos, tornando-o uma "esmola litúrgica".

Quem me lê sabe que o pouco que vimos deste pontificado me preocupa. Me preocupa porque estamos vendo um pontificado que tem coisas muito boas, mas que está mergulhado em confusão e desorientação.

A saída é rezar para que o Papa... creio que é melhor apenas rezarmos pelo Papa!

P/S: O arcebispo Piero Marini - aquele... - foi o co-sagrante do novo arcebispo. Pelo menos ele estava usando o paramento completo.


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