sábado, 18 de dezembro de 2010

Interessante entrevista com o Metropolita Hilarion


O metropolita Hilarion é chefe do departamento de Relações Exteriores do Patriarcado Ortodoxo de Moscou e, por isso, o encarregado direto de representar a Igreja Ortodoxa da Rússia em diversos eventos e organismos internacionais, religiosos ou laicos.

Suas posições são, para os ortodoxos, bem avançadas, mas não modernistas. Esta entrevista é muito interessante, especialmente quando o metropolita fala brevemente sobre a superioridade do rito ortodoxo russo quando comparado ao romano ordinário "que sofreu muitas simplificações e reduções". Infelizmente, é verdade. O único rito latino que pode competir de igual para igual com o rito ortodoxo russo ou grego é sim o tridentino.

O metropolita explica como ele, sendo primeiramente um profissional de música, procura transmitir através das suas composições os sentimentos contidos nos textos litúrgicos ortodoxos. Isso é muito interessante, porque o Metropolita faz justamente o caminho inverso dos musicistas católicos. A música católica se empobreceu muito com a entrada da musica secular que, de uma maneira ou de outra, passou a dominar o cenário.

Hoje não é incomum ver músicas profanas ou mesmo heréticas "animando" as liturgias latinas. O metropolita leva a música sacra para ambientes profanos, sacralizando-os.

Uma prática interessante que acho muito benéfica e que ajudou a Igreja Ortodoxa como um todo a manter-se literalmente estática desde o século X é a escolha de bispos entre os monges. Se há um bispo ortodoxo, então é certeza que ele foi um monge antes de ser chamado ao episcopado. Acho isso muito positivo porque os monges trazem aquele ambiente de contemplação e oração constantes para o meio diocesano. Na Igreja latina a esmagadora maioria dos bispos é oriunda do clero secular, ou seja, dos padres diocesanos.

É claro que "monge" na ortodoxia deve ser compreendido de uma forma bem diferente do monge católico. O monge ortodoxo é o padre celibatário, diferente do padre casado. Mas o padre celibatário goza sim de um ambiente monástico semelhante ao beneditino latino.

Há diferenças grandes entre católicos e ortodoxos, mas é visível que o Metropolita é mais "católico" que muito bispo que nós temos "em comunhão plena" com o Papa. Isso é estranho.

Conhecer um pouco mais sobre a Igreja Ortodoxa não é pecado e, pelo contrário, nos ajuda a ver como um país onde a fé foi oficialmente banida, renasce cristão. É como ver um ramo verde embaixo do gelo de um longo inverno. Isso enche o católico, envolvido numa terrível crise, de esperanças.

É interessante ver os diferentes costumes, as diferentes opiniões e como eles conseguem fazer aquelas velinhas fininhas ou catedrais sem bancos pra se sentar numa liturgia que pode levar mais de 3 horas...

A entrevista é em espanhol, mas a RT (rede russa de TV) consegue uma pronúncia tão lenta e clara que fica bem fácil para quem não domina a língua entender.

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