(InfoVaticana) Segundo informa o vaticanista Sandro Magister, o Papa teria bloqueado o processo iniciado por Bento XVI na Congregação para a Doutrina da Fé para estudar profundamente a liturgia do Caminho Neocatecumenal.
Em 11 de abril de 2012 soubemos que com uma carta assinada pelo cardeal William Levada, Bento XVI havia ordenado a congregação para a doutrina da fé que examinasse se as missas neocatecumenais estavam em conformidade a doutrina e práxis litúrgica da Igreja Católica. Um "problema" que o Papa julgava de "grande urgência" para toda a Igreja.
Bento estava muito preocupado com as modalidades específicas com que as comunidades do Caminho Neocatecumenal comemoram suas missas no sábado à noite em quartos separados.
Segundo conta Sandro Magister em seu artigo no "Chiesa de L'Espresso", o Papa Francisco tomou a decisão de maneira reservada e teria bloqueado o exame empreendido pela congregação sobre as missas do Caminho Neocatecumenal.
No último dia 5 de setembro, Kiko Argüello, fundador do "caminho", foi recebido pelo Papa Francisco.
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Parece que os elogios de Kiko ao pobrismo de Francisco, poucos dias após sua eleição, fizeram bem ao Caminho. E olha que Francisco (diz que) não gosta de aduladores! Recordemos as palavras de Kiko:
Ninguém pensava como possível Papa este cardeal de Buenos Aires, Bergoglio, que vai revolucionar a Igreja. Ontem saudou a Igreja Ortodoxa ea primeira coisa que ele fez foi remover o trono, removeu o trono e se colocou em uma cadeira em pé de igualdade com os ortodoxos e judeus, já não se senta em qualquer trono, tem proibiu toda a pompa que vinha antes, toda cheia de ornamentos. (...) Leva uma mitra simplesinha, lisa, a mesma que levava como bispo de Buenos Aires. E leva os sapatos negros e não deseja colocar os sapatinhos vermelhos ou coisas do tipo.
E conta a história que quando lhe queriam colocar uma capa vermelha, para sair na varanda depois do conclave, disse que não. E ao liturgista (Monsenhor Guido Marini), que estava chocado porque estava muito frio, brincou: Vista-a você! Ou seja, revolucionando tudo!
Como notou Magister, é na liturgia que Bento XVI e Francisco se distanciam cada vez mais. Foi no campo litúrgico que houve o primeiro embate entre os dois pontificados, com a restrição da missa tradicional dentro da comunidade dos Franciscanos da Imaculada. E na entrevista a publicação jesuíta, Francisco afirmou que a liberdade para celebrar a missa tradicional, reconhecida pelo Papa Bento XVI e tida como um dos pilares da sua reforma da reforma, é uma "semplice concessione alle nostalgie di 'alcune persone che hanno questa sensibilità'" [simples concessão a nostalgia 'de algumas pessoas com essa sensibilidade']. A substituição dos consultores litúrgicos nomeados por Bento XVI, todos de uma só vez, também deixou os católicos "nostálgicos" alarmados.
Agora é a vez da liturgia 'kika' ser aprovada. Bento XVI bloqueou todas as formas de aprovação dos ritos neocatecumenais, mas Francisco não está caminhando na mesma direção.