Vaticano quer recuperar a confiança das religiosas dos EUA, diz arcebispo
Na fase final da visitação apostólica às comunidades religiosas femininas dos Estados Unidos, a congregação do Vaticano que supervisiona o estudo não está apenas enfrentando montanhas de papel, mas também deve tentar reconstruir uma relação de confiança com as religiosas, disse o secretário da congregação.
O arcebispo norte-americano Joseph W. Tobin, (foto) secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, disse: "Eu acredito que a visitação deva ter um aspecto dialógico, mas a forma como ela foi estruturada no início realmente não favoreceu isso" [crítica aberta ao antecessor, Cardeal Franc Rodé, que preferiu ação ao diálogo interminável e improdutivo que, agora sob nova direção, se tornou a regra da Congregação para os Religiosos].
Em uma entrevista no dia 10 de agosto com o sítio Catholic News Service, o arcebispo Tobin disse que a congregação espera que a sua revisão dos relatórios da visitação e as suas respostas às comunidades religiosas participantes sejam marcadas pelo diálogo e sejam um passo em direção à cura.
"Eu sou um otimista, mas também tento ser realista: a confiança que deveria caracterizar as filhas e os filhos de Deus e os discípulos de Jesus não é recuperado da noite para o dia. Eu acho que as religiosas têm o direito de dizer: 'Bem, vamos ver'", ele disse.
O ex-prefeito da congregação, o cardeal Franc Rode, iniciou a visitação em janeiro de 2009, dizendo que seu objetivo seria o de estudar a comunidade, a oração e a vida apostólica das ordens, para saber por que o número de religiosas nos EUA havia diminuído tão acentuadamente desde os anos 1960 [diminuiu porque, até então, o Vaticano havia adotado o diálogo e a compreensão como formas de lidar com as loucuras e o feminismo militante que por 40 anos arrasou as comunidades religiosas femininas nos EUA].
Quase um ano depois do início do estudo, o cardeal Rodé disse à Rádio do Vaticano que a investigação era uma resposta às preocupações, incluindo de "um importante representante da Igreja dos EUA", referentes a "algumas irregularidades ou omissões na vida religiosa norte-americana. Acima de tudo, se poderia dizer, isso envolve uma certa mentalidade secular que se espalhou nessas famílias religiosas e, talvez, também um certo espírito 'feminista'".
O arcebispo Tobin disse que a Madre Mary Clare Millea, superiora-geral das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus e visitadora apostólica nomeada pelo Vaticano, apresentou o seu "esboço geral do relatório", mas a congregação ainda espera outros 400 relatórios das irmãs que visitaram cada comunidade e muitos outros das próprias comunidades.
A congregação, que tem uma equipe de 40 pessoas, incluindo apenas três pessoas que falam inglês, vai precisar de ajuda para a leitura, a avaliação e a respostas aos relatórios, disse Tobin.
Uma possibilidade, disse o arcebispo Tobin, é pedir que as congregações religiosas com sede em Roma permitam que os membros norte-americanos dos seus conselhos gerais atuem como consultores da congregação e ajudem a repassar todos os relatórios.
O fato de o cardeal Rodé ter decidido que os relatórios dos visitadores não seriam compartilhados com as comunidades individuais foi apenas "uma parte do dano real feito no início", disse o arcebispo Tobin. A situação foi agravada por "rumores, e, eu diria, alguns conselheiros canônicos bastante inescrupulosos exploraram isso", semeando o medo de que o Vaticano iria substituir a liderança de algumas comunidades ou dissolvê-la totalmente [o que não seria má ideia! O que vão esperar? Um caso do tipo da Legião para tomarem alguma atitude? Outro escândalo envolvendo membros da Igreja para que possam jogar pedras no papa?].
"Certamente, do nosso lado do rio ou do nosso lado da lagoa, criamos uma atmosfera em que isso foi possível" e em que a ideia de que algumas comunidades seriam fechadas "não parecia tão estranha".
"É como a pregação: não é tanto o que você diz, mas sim o que as pessoas ouvem [...] E o que muitas dessas mulheres ouviram foi alguém que lhes dizia que a sua vida não era leal, nem cheia de fé", disse.
No fim, porém, muitas congregações acharam que o processo não foi tão ruim quanto se temia, disse Tobin, e "um importante resultado que já está acontecendo é que há um crescente número de religiosas nos EUA que dizem: 'Precisamos de reconciliação, mas ela tem que acontecer entre nós. Não pode ser imposta pelo Vaticano" [mais uma prova da anarquia que reina entre elas. Estão recusando a Igreja, recusando a obediência mais fundamental].
O arcebispo Tobin disse que a reconciliação é necessária dentro e entre as comunidades, inclusive entre aquelas representadas pela Leadership Conference of Women Religious [feministas] e pelo Council of Major Superiors of Women Religious, que, de forma estereotipada, são vistos, respectivamente, como muito progressista e muito conservador.
"Os próprios visitadores eram dos dois diferentes grupos e descobriram, ao falar uns com os outros, que essas caricaturas não estavam corretas", disse.
Fonte: IH-Unisinos
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Das duas cabeças que mandam na Congregação para os Religiosos, nenhuma está em comunhão com o Papa ou a Igreja. O prefeito e o secretário são da linha mais anti-Vaticano, anti-Bento XVI que se poderia imaginar e, por isso, farão o que estiver ao alcance para distanciar as comunidades religiosas das mãos do Vaticano, pois sabem a força que os religiosos exercem em Universidades - formando novos padres e religiosos - e nas paróquias.