sábado, 24 de março de 2012

As múmias do Concílio em prantos

Padres da geração Vaticano II ainda adotam modelo do Concílio, apesar de retrocessos

Com a aproximação das bodas de ouro da abertura do Concílio Vaticano II no dia 11 de outubro de 1962, homens ordenados nos anos do Concílio predominantemente adotam "o espírito do Vaticano II" como uma fonte para suas vidas e ministério mesmo enquanto outros católicos depreciam esse "espírito".

A reportagem é de Dan Morris-Young, publicada no sítio National Catholic Reporter, 12-03-2012. A tradução é deMoisés Sbardelotto. [comentários em roxo Blogonicvs]

Ao mesmo tempo, muitos desses "padres do Vaticano II" – como os pesquisadores os chamam – expressam preocupação de que as janelas icônicas da Igreja escancaradas pelo Concílio estão sendo fechadas e trancadas. Eles levantam inquietações sobre a liderança da Igreja, a apatia ecumênica, um colapso da colegialidade, o papel das mulheres, a reforma litúrgica e muito mais.

"Às vezes, eu penso que o Concílio Vaticano II é o segredo mais bem guardado da Igreja", disse o padre David Pettingill (foto), sacerdote aposentado da Arquidiocese de San Francisco, que ainda está ativo no trabalho de retiros e de cursos de ensino sobre o Concílio para ministros leigos.

"O que vejo é um esforço concertado para se afastar do Vaticano II juntamente com uma linha partidária, e essa linha partidária é que o Concílio simplesmente esteve em continuidade com o ensino da Igreja e que este simplesmente evoluiu", disse Pettingill, ex-pároco, professor de seminário e administrador de colégio de Ensino Médio que foi ordenado em 1962.

"No entanto, quando você assume essa abordagem, e ela pode até ser válida", acrescentou, "você também tem que fazer outra pergunta, se você quiser ser historicamente preciso: o que esse Concílio fez para a Igreja?"

"A menos que você queira dizer que foi uma perda de tempo, há algumas coisas que aconteceram lá que nunca haviam acontecido nos outros 20 concílios ecumênicos, e os documentos produzidos estão em uma forma literária diferente e são o consenso do maior número de bispos reunidos em assembleia de todo o mundo, e eles estavam dando um novo olhar para a Igreja porque João XXIII disse: 'Nós faremos um aggiornamento. Nós vamos atualizar a Igreja'".

"Então, eu acho essa linha partidária", disse Pettingill, "uma admissão real do fato de que estamos nos afastando" da renovação em curso. "Acho isso muito triste".

Muitos entrevistados apontaram para a tensão entre interpretar o Concílio como a inauguração de uma Igreja aberta e colegial contra vê-lo como "o fim de um processo, não o começo", nas palavras do padre jesuíta Thomas Reese (foto).

Ordenado em 1974, Reese entrou para os jesuítas no ano em que o Concílio foi aberto. "Estávamos trancados no seminário e dificilmente sabíamos o que estava acontecendo", brincou. "Nós não tínhamos acesso a jornais, TV ou revistas – ou ao The New Yorker, que, é claro, estava publicando os artigos de F. X. Murphy".

O padre redentorista Francis X. Murphy usava o pseudônimoXavier Rynne para publicar reportagens sobre os bastidores dos trabalhos do Concílio.

"De alguma forma, eu fiquei sabendo do Concílio, e dois de nós fomos ao encontro do superior e pedimos permissão para ter cópias dos documentos do Vaticano II. Ele teve uma reunião com seus consultores para decidir se podíamos ou não ter as cópias. A decisão foi de que nós dois poderíamos tê-las porque havíamos pedido, mas elas não seriam disponibilizadas em geral aos outros seminaristas.

"Dentro de um mês, eles eram leitura obrigatória", brincou Reese novamente.

"Mesmo que tenha havido lutas e argumentações e brigas" durante o Concílio, disse Reese, "havia uma sensação de que a história estava do lado dos progressistas e de que estávamos indo para a frente, de que era algo praticamente imparável e que as coisas começariam a ficar melhores na Igreja ano após ano". [e nós sabemos que os resultados ficaram realmente "melhores" para a Igreja, sobretudo para os jesuítas que, desde esse período, são exatamente a metade do que eram, em números. Quase não possuem vocações, vendem seus seminários para bancos, lojas, hotéis, etc]

Reese disse: "Isso praticamente parou com o papado de João Paulo II", que via "os documentos do Vaticano II como algo que era importante, não o espírito".

Atualmente membro sênior do Woodstock Theological Center da Georgetown University, em WashingtonReese foi uma fonte de preocupação para o Vaticano durante seus sete anos como editor-chefe da revista semanal dos jesuítas America. Ele renunciou do cargo em 2005 depois de uma crítica curial à sua abertura a explorar temas sensíveis da Igreja, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e pesquisas com células-tronco à Comunhão por parte de políticos católicos que apoiavam o aborto legal. [só isso? Que maldade do Vaticano!...]

Antes de se tornar papa, o cardeal Joseph Ratzinger, como chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, e o Papa João Paulo II "deram a sua interpretação aos documentos (...) e geralmente ela era a interpretação conservadora e minoritária do Concílio", disse Reese.

"Hoje, o medo não é só que os freios foram acionados, mas também que a marcha à ré foi engatada [Amém!]. Vemos mudanças nas áreas da colegialidade, da liturgia e do ecumenismo, onde não podemos nem mais chamar as comunidades protestantes de Igrejas".

Hermenêuticas

Enquanto isso, os críticos do "espírito do Vaticano II" acusam que ele é usado como um carta curinga para abandonar a ortodoxia doutrinal.

Ratzinger, agora como Papa Bento XVI, apresenta o argumento de uma "hermenêutica da continuidade", que enfatiza a interpretação dos próprios documentos conciliares.

Especialistas católicos como Russell Shaw são explícitos: "Acho que o 'espírito do Vaticano II' é bastante bem-humorado e hipócrita. Os líderes da Igreja depois de Constantinopla adicionaram uma quarta pessoa à Trindade no 'espírito de Constantinopla'? Os concílios certamente têm tons e espíritos, mas estes se baseiam nos ensinamentos e decretos do próprio concílio, não nas ideias e práticas que o concílio especificamente se recusou a aprovar. Em outras palavras, penso que o argumento de que, como o Vaticano II fez mudanças na Igreja, então é lógico que o Concílio nos chama a fazer mudanças ainda mais radicais e inovadores é falso".

Tais postulações levam pessoas como o padre J. Severyn Westbrook (foto) a balançar a cabeça: "Se a Igreja é essencialista, sabemos tudo, e não há mais nada a ser conhecido, e todas as questões estão resolvidas. As pessoas precisam aprender o que é a verdade estabelecida. Está tudo acabado. Nós apenas precisamos realizá-la. E eu acho que essa é praticamente a visão reinante hoje".

Ordenado em 1962 na Diocese de SpokaneWashington,Westbrook continuou: "Em uma Igreja existencialista, você ouve e presta atenção em como o espírito está se movendo entre as pessoas, especialmente nas comunidades de fé. Você aprende com isso. A Igreja precisa ser um organismo vivo, que respira, que sente, que reza. Devemos ser um organismo ou devemos ser uma organização?".

Westbrook admite: "Às vezes, eu me sinto muito desanimado. É como se as pessoas responsáveis – a quem eu geralmente chamo de autoridades do templo – estão ganhando. Eles estão ganhando por atrito. E eles formaram cuidadosamente o que está por vir no futuro" [Exatamente! Essas "autoridades do templo" têm vocações, enquanto que os liberais são tão jovens quanto esses que vemos nas fotos. Estão tristes porque não têm mais tempo, não têm mais sementes, não têm mais nada. Este vazio é fruto daquilo que plantaram].

Ele lembrou de uma apresentação em 1982 sobre a necessidade de padres casados, que ele foi convidado a fazer para os bispos do noroeste do Pacífico. "Fiquei surpreso de que nenhum deles criou problemas", disse. "Alguns ficaram até entusiasmados. Houve um consenso virtual".

No entanto, "há muito tempo, tenho ficado perplexo pelo fato de que o assunto nunca abriu caminho na agenda da Conferência dos Bispos. Certamente, isso levanta a questão de até que ponto os bispos podem exercer a colegialidade ou mesmo se encarregar da sua própria agenda" [os bispos não deveriam ter "uma agenda" própria, mas seguir fielmente a agenda de Cristo].

Um diálogo aberto e sincero "não é mais como era", denunciou Westbrook, pároco aposentado [aposentado... sentiram o frescor da juventude?], estudioso e capelão universitário. "As posições foram determinadas, e eles estão autorizados a votar 'sim'. Está fechado. Devemos ser um monólito ou devemos ser como seres humanos que pensam e sentem?[imutáveis ou mundanos?] E isso significa que podemos discordar e talvez possamos chegar a um consenso. Mas precisamos ouvir uns aos outros" [os progressistas tiveram muito tempo para falar, anos até. Agora que o microfone está em outras mãos, se lamentam, rasgam as vestes e acusam, clamam aos céus! Que diálogo aberto e sincero é este?].

"Eu não perdi a esperança e confio no Espírito Santo", acrescentou, "mas o jogo está sendo manipulado" [não, não! O Jogo acabou! Agora é a hora de arrumar a bagunça e o Espírito Santo fará justamente isso].
Líderes servos
WestbrookReese Pettingill são o que os sociólogos que estudam as tendências eclesiais definem como "padres do Vaticano II". Um grande estudo sobre os padres e seus ministérios, com lançamento previsto para abril, define o termo como homens nascidos entre 1943 e 1960.

Encomendada pela National Federation of Priests' Councils e realizada pelo Centro de Pesquisa Aplicada no Apostolado (CARA), com sede em Georgetown, a pesquisa afirma que os padres formados nas imediações do Vaticano II tendem a ver o sacerdócio, o ministério e a Igreja de forma diferente em muitos aspectos do que homens mais velhos e mais jovens. [então, podemos deduzir, o problema está neles e não na Igreja. São uma geração torturada e corrompida, desvirtuada do seu fim sacerdotal]

Dentre outras coisas, esses padres do Vaticano II se veem mais como "líderes servos" [que detestam servir, mas adoram liderar!] dentro da comunidade do que como "homens postos à parte" como se viam os "padres pré-Vaticano II" e, mais recentemente, os "padres pós-Vaticano II" e os "padres do milênio" [os padres de sempre, pelo jeito. Mais uma vez essa geração estudada se configura como uma falha, uma exceção].

Os padres do Vaticano II são mais propensos a apoiar o princípio de se consultar com líderes leigos e suas congregações.

Intitulado Same Call, Different Men: The Evolution of the Priesthood since Vatican II [Um mesmo chamado, homens diferentes: A Evolução do sacerdócio desde o Vaticano II], o novo estudo também relata que homens ordenados mais recentemente tendem a enfatizar a ortodoxia da Igreja e se consideram mais felizes no ministério do que os padres doVaticano II [jura!? Por que será???]. Eles também sentem o apoio episcopal e papal mais fortemente do que os homens do Vaticano II.

Em um apaixonado artigo de dezembro de 2010 intitulado "Reflexões sobre um aniversário de Bodas de Ouro Sacerdotais", um renomado padre australiano, Eric Hodgens, declarou: "Nós assumimos o Vaticano II no coração. Mudamos de padres chamados e consagrados por Deus para presbíteros chamados e ordenados pela Igreja – o Povo de Deus" [e deu no que deu. Servem o povo pelo povo, quando na verdade deveriam servir a Deus].

"Nós somos os padres da Gaudium et Spes", escreveu Hodgens, aludindo à constituição pastoral do Concílio sobre a Igreja no mundo moderno, que fornece um quadro teológico chamando a Igreja a se envolver mundialmente em questões que vão da justiça social e da tecnologia à economia e ao ecumenismo.

Padre da Arquidiocese de Melbourne, Hodgens criticou o que ele vê como preocupantes tendências pós-Vaticano II [mas não são eles próprios que querem avanços? Avancemos então, deixando a interminável década de 60 lá no século passado!] no ecumenismo, na timidez e condescendência episcopais, na falta de discernimento científico das lideranças eclesiais, em conhecimentos teológicos e bíblicos restritos, na regressão litúrgica mal concebida, na falta de colegialidade, transparência e discussão aberta, e em costumes sexuais, que "estão sendo promovidas para a prateleira superior" das atenções da Igreja.

"As decisões discordantes têm vindo [como sempre vieram] do papa para baixo", escreveu Hodgens. "O celibato sacerdotal, apesar de ser altamente controverso, foi reafirmado por Paulo VI em 1967, sem discussão. Em 1968, a Humanae Vitae foi uma decepção chocante. A maioria de nós nunca a aceitou [ora, talvez seja por isso que vocês não tenham vocações, já que apoiam a contracepção!]. Paulo VI começou a nomear bispos opostos ao ethos do Concílio. (...) Toda a tendência foi desmoralizadora".

No entanto, Hodgens também enfatizou o que o estudo do CARA constatou e que as entrevistas do NCR confirmaram: os padres do Vaticano II estão geralmente muito satisfeitos com suas vidas e ministérios, mesmo que não no mesmo nível dos grupos mais velhos e mais jovens.

Hodgens chama o fenômeno de "ser feliz em seu próprio quadrado".

Ordenado em 1969, o padre Gary Lombardi (foto) está feliz em seu "quadrado", na Paróquia São Vicente de Paulo, em PetalumaCalifórnia, mas ele claramente poderia estar mais feliz com o futuro da Igreja.

"De muitas formas, as coisas reverteram ao modelo autoritário, hierárquico e institucional. As coisas vêm muito mais de cima para baixo", explicou. "Tudo parece vir de Roma. Os bispos são nomeados sem muitas consultas com os bispos da região. Há uma espécie de ênfase na ortodoxia e na fidelidade, e no magistério e na lealdade ao Santo Padre, que é a mesma de antes do Concílio" [onde esse mundo vai parar!? Ênfase na ortodoxia? Eu não posso acreditar nisso...].

Houve um retorno à "rigidez" e uma ênfase sobre "pessoas que se enquadram à Igreja, ao invés de a Igreja ministrar às pessoas", disse Lombardi, que chefiou o escritório de educação do clero da Diocese de Santa Rosa por 16 anos. "Às vezes, vejo pessoas boas sofrendo por causa dessa rigidez".

Lombardi lembra ter se debatido nos últimos anos de sua formação no seminário com o fato de "se eu iria servir a Igreja ou se eu iria servir o povo".

"Então, isso me surpreendeu", disse. "A Igreja é o povo de Deus. O Vaticano II fez isso".

Embora dizendo que a Igreja "certamente precisa de uma autoridade de governo", Lombardi destacou que o Vaticano IIenfatizou uma Igreja "em contato com as vidas das pessoas" e aberta à "colegialidade e à consulta nas questões da vida e do ensino da Igreja".

"Essa era uma dinâmica fundamental e operativa no Concílio", disse. Isso levou a "uma espécie de maior conforto", em que os pastores como ele podiam "olhar diretamente para as vidas das pessoas" e "ajudar o ensino da Igreja a fazer sentido para elas".

A geração Gaudium et Spes realmente vê mudanças na perspectiva pastoral. Lombardi afirma sinteticamente: "Parece haver um crescente clericalismo por parte do clero mais jovem".

E também com o encorajamento oficial da Igreja, apontou Pettingill. "Parece-me que, em certos documentos, o padre está gradualmente sendo exaltado acima das pessoas a quem ele vai servir – coisas como: só os ordenados são autorizados a limpar os utensílios sagrados, a ênfase no sacerdócio ao ponto de um homem quase ser posto em um pedestal. E isso é perigoso tanto para o sacerdote quanto para o povo, porque somos todos humanos, e é essa humanidade que nos torna capazes de lidar uns com os outros" [mas os padres, pela virtude da sua ordenação, são humanos diferentes, são humanos-outros-Cristos, mortos para o mundo para justamente salvar o mundo através de Jesus Cristo. Isso parece, para a nossa eterna tristeza, algo espantoso aos ouvidos dos "padres do Vaticano II". Que triste!].

Padres versus leigos?

Outros, incluindo o padre Norbert Dlabal (foto), concordam. "A nova geração de padres realmente parece querer manter uma distinção entre o sacerdócio e o laicato", disse Dlabal, pároco da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Goodland,Kansas

O novo estudo do CARA ecoa a sua opinião. Os sacerdotes ordenados mais recentemente "sentem fortemente que (...) há uma clara distinção entre eles e os leigos", escrevem os autores [e há! Por que é tão difícil aceitar isso? Talvez porque a teologia desses senhores seja, de fato, marxista. Não pode haver "classes" na comunidade, por isso termos como Igreja e sacerdócio, que por anos foram tão claros para todos, são substituídos por "povo de Deus" e presbítero].

Segundo a pesquisa de 2009-2010, mais de dois terços dos padres do milênio – ordenados depois da metade do papado de João Paulo II de 1978 a 2005 – concordam "fortemente" com a afirmação: "A ordenação confere ao sacerdote um novo status ou um caráter permanente que lhe torna essencialmente diferentes dos leigos dentro da Igreja", em comparação com os 48% dos padres pré e pós-Vaticano II e dos 36% dos padres do Vaticano II.

Embora Dlabal, ex-diretor vocacional da Diocese de SalinaKansas, e missionário no Peru por cinco anos, diga que tenta "fazer luz de tudo isso", ele questionou os católicos "impressionados pelas aparências" que concedem "nobreza" a "qualquer clérigo comprometido com se vestir de preto" [ah sim... o ódio primário à batina.].

"Autenticidade? O que é isso?", perguntou Dlabal, que foi ordenado em 1972. "Maturidade, generosidade, sabedoria, bondade, abnegação, paciência, responsabilidade pessoal, longanimidade, amizade, respeito e amor? O que são essas coisas? Apenas vista uma batina com um colarinho romano e você é um servo fiel, leal, dócil, confiável. Vista uma camisa de outra cor e você é suspeito. Deixe a batina velha no armário e vista uma camisa colorida e você é um traidor".

Ele também observou que "os padres mais jovens realmente não sentem a necessidade de colaborar tão proximamente. Há uma espécie de ideia geral de que eles são os líderes da paróquia e todos os outros podem dançar a sua música" [não, dança não!].

Evitar o modelo de sacerdócio "líder servo" do Vaticano II em favor de um mais autoritário vai contra tanto o espírito do Vaticano II quanto o Catecismo da Igreja Católica, denuncia o Mons. Ralph Kuehner em reflexões recentes sobre os seus 60 anos de sacerdócio.

O catecismo, disse, "dirige os padres ministeriais para servir o sacerdócio dos leigos: enquanto o sacerdócio comum dos fiéis é exercido no desdobramento da graça batismal (...) o sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio comum".

Kuehner, um renomado ativista da justiça social da Arquidiocese de Washington, disse temer que "muitos aspectos da nossa Igreja reflitam um monarca ao invés de um servo". Ele contou a história de sua sobrinha de três anos de idade que, quando perguntada sobre uma missa celebrada por um bispo, ela disse ter visto "um rei com um bastão amarelo" [porque a Sabedoria abriu a boca aos mudos, e tornou eloquente a língua das crianças (Sabedoria 12, 5)].
Novas questões

O sacerdote apresentou uma "visão pessoal pelo futuro da Igreja", defendendo o encorajamento do serviço da Igreja por "padres que deixaram o ministério para se casar" e a expansão da ordenação presbiteral para homens casados e mulheres.

Outros padres do Vaticano II também apoiam esse chamado para discutir abertamente o papel das mulheres na Igreja, assim como outras questões, dos católicos gays e lésbicas à ciência da fertilidade.

"Simplesmente dizer que nós não discutimos essas coisas" não funciona, disse Westbrook.[mas nós discutimos essas coisas, lá no século passado, com a Humanae Vitae e a Ordinatio Sacerdotalis e chegamos a uma conclusão, apoiada na Fé e na Tradição. Os senhores é que perderam o trem da história!]

Reese disse: "A Igreja simplesmente não conseguiu descobrir como lidar com um laicato instruído [sim... somos "muito" instruídos, especialmente os progressistas. Cada católico é um Doutor da Igreja em potencial]. Ela ainda pensa que tudo o que ela tem a fazer é que os bispos e o Vaticano ajam como pais de filhos adolescentes. Eles pensam que, se eles apenas gritarem um pouco mais alto, as crianças vão se comportar. Eles dizem coisas equivalentes a 'não na minha casa' ou 'você não vai, e deu'. Qualquer pessoa com filhos adolescentes sabe o quanto essa estratégia é bem sucedida".

Ele disse: "O que a Igreja precisa desenvolver é um novo estilo de ensinar o Evangelho que seja compreensível para as pessoas do século XXI. Você não pode simplesmente repetir fórmulas do século XIII".

Pettingill se esforça por isso em suas aulas para católicos leigos que se preparam para o ministério paroquial [What? O que será isso!?]. "Eu vou fazer tudo o que posso para tornar conhecidas as riquezas do Vaticano II. Supõe-se que a teologia deve ser criativa", disse ele ao NCR. "Por exemplo, no Novo Testamento, cada um dos autores dos Evangelhos reconta e readapta a sua mensagem, cada um com ênfases diferentes, para ir ao encontro das necessidades dos seus ouvintes".

Geralmente, comentou, a "teologia agora parece ser uma exegese dos documentos papais. Gostaria de saber onde está a criatividade. Se não a tivermos, não crescemos".

Westbrook disse ver uma deserção institucional do diálogo. "Eu tive padres que realmente me disseram que a colegialidade deve ser suprimida", afirmou.

"Há pessoas como eu que ainda estão tentando viver no espírito da Gaudium et Spes", disse, "e há pessoas que estão tentando pôr um fim nisso. Do seu ponto de vista, a Igreja estava em uma grande forma e, por razões desconhecidas, até mesmo lunáticas, João XXIII virou tudo de cabeça para baixo. Um certo grupo sente que o velho deve ser restaurado. Sem dúvida. Sem hesitação. A autoridade vai cuidar de tudo" [Não de tudo, pois muito está sendo confiado aos leigos. Sobretudo na reforma da reforma, nunca antes na história da Igreja os leigos tiveram tanto poder! E o usam para ficar ao lado do Papa e isso assusta os empoeirados da Gaudium et Spes].

Um exemplo de uso inadequado da autoridade que veio à tona como um incômodo frequente para os padres do Vaticano II é o desenvolvimento e a implementação da nova tradução inglesa do Missal Romano.

Dlabal vê a tradução como um "exemplo de transformar uma questão em uma não questão por algum outro propósito" – e esse propósito é "deixar que a Igreja saiba quem está no comando" e vaporizar a tradução que vem se desenvolvendo desde o Concílio Vaticano II.

Pettingill, que dava aulas de inglês no Ensino Médio como jovem sacerdote, assinalou: "Ninguém perguntou ao povo de Deus se ele gostaria de ter uma nova tradução inglesa [sejamos honestos e nos perguntemos em primeiro lugar quem pediu por uma tradução em inglês. A tradução da missa em latim foi imposta literalmente do dia pra noite, com aplausos dos padres como Pettingill. Os leigos não tiveram escolha. E agora reclamam de um processo de tradução que levou mais de 10 anos!]. Em segundo lugar, ou talvez isso seja mais uma suspeita, os bispos locais não foram consultados, no sentido de serem questionados se eles sentiam que isso era apropriado nesse momento particular. Em terceiro lugar, se você tem qualquer relação com o ensino do inglês, você percebe que a tradução não é o inglesa. É um inglês latinizado, que é pesado, desajeitado e muito difícil de proclamar" [Mas até alguns parágrafos acima o povo não era "mais instruído"? Se é instruído é capaz de lidar com um inglês latinizado. Esses padres do Vaticano II querem é manter o povo cativo, amarrado em sua ideologia. Isso é o honesto a ser afirmado].

Desprezo pelo diálogo e menosprezo pela consulta repetidamente atraem a ira dos homens formados e ordenados dentro da curta sombra do Concílio Vaticano II. Durante o Concílio, dizem, a fórmula operacional para buscar a verdade era que o papa trabalhasse em conjunto com o colégio dos bispos.

Eles concordariam com um jovem teólogo consultor do Concílio que escreveu em 1963: "A formulação das leis litúrgicas para as suas próprias regiões é agora, dentro de certos limites, a responsabilidade das várias conferências episcopais. E isso não por delegação da Santa Sé, mas sim em virtude da sua própria autoridade independente".

De acordo com o biógrafo John L. Allen Jr., esse teólogo, o padre Joseph Ratzinger e futuro Papa Bento XVI, também escreveria durante os dias do Concílio: "Para muitas pessoas, hoje, a Igreja se tornou o principal obstáculo para a crença. Eles só conseguem ver nela a luta humana por poder, o espetáculo mesquinho daqueles que, com a sua pretensão de administrar o cristianismo oficial, parecem estar mais no caminho do verdadeiro espírito do cristianismo".

E esse verdadeiro espírito do cristianismo, dirão os padres do Vaticano II, era – e é – brilhantemente iluminado pelo "espírito do Vaticano II".

***
Nessa matéria podemos ver o nível da geração do Vaticano II - uma geração que se recusa a aceitar as mudanças, que se recusar a ver que o tempo passou e as doutrinas determinadas pelo relógio tornaram-se anacrônicas. 
A doutrina da Igreja não é ditada pelo badalar dos antigos carrilhões, mas pelo Evangelho de 2 mil anos que é sempre atual. Amar esse Evangelho e entregar a sua vida a ele é incompreensível para muitos, mas para os verdadeiros católicos é a única via de salvação.
Essa Igreja ditatorial, intolerante e reacionária que eles descrevem acima é na verdade uma Igreja do amor exigente do Evangelho. É a Igreja que quer a cruz, que não teme o martírio, que se dá por completo ao próximo pelo amor de Deus, é aquela esposa amável que vive em união com seu esposo. E isso eles não entendem.
Por que a Igreja que seguimos é tão horrível para eles? Porque é a Igreja que prega a conversão! Não há neles, como se lê, o desejo de conversão.

2 comentários:

Bruno Luís Santana disse...

É gratificante ver o fenecimento do modernismo radical, mas a destruição foi imensa... Se for da vontade de Deus uma restauração, esta ainda será lenta, e por muitas décadas ainda se sentirão os ecos deste liberalismo aplicado à religião.

Depois destes, haverão de minguar os modernistas moderados; mas não se muda uma mentalidade tão rapidamente: a tecnologia, a Internet, apesar de todas as suas enormes mazelas, tem sido utilizada por Deus como instrumento para levar também a verdade (até que o anticristo em algum momento comece a cercear este poderoso meio de divulgação), e provavelmente em virtude deste meio, muitas pessoas estão acordando e saindo do estado de perplexidade.

Ora, a televisão agiu como poderoso meio de mudar a mentalidade. O que era inaceitável há poucas décadas foi relativizado pelas novelas, talk shows e bombardeamento de propaganda, e hoje é visto como algo normal. Quem falaria em divórcio, casamento gay, aborto, eutanásia, pornografia com tanta naturalidade em outros tempos?

Enfim.

Para se construir requer-se esforço, planejamento, paciência e disciplina. Requer-se disposição para colocar tijolo por tijolo. O padre Jahir, superior da FBMV aqui na Bahia, comunidade católica anti-modernista e 100% tradicional, outro dia comentava sobre a demolição de uma dependência provisória do mosteiro, já que agora ele está sendo construido definitivamente segundo a planta.

Ao ver os monges e os operários derrubando uma parede, ele disse: "levou tempo para construir esta parede, mas para a destruição bastou uma boa pancada, e caiu tudo num só golpe". Falava assim como analogia. Porque para se construir é sempre mais laboroso. 19 séculos de cristianismo deixaram o ocidente de uma forma. Bastou um século para deitar tudo abaixo. O mundo regressou ao paganismo, e o que resta são escombros...

Leonardo S. de Oliveira. disse...

Esse Concílio Vaticano II é o causador de todo mal que hoje aflige a Santa Igreja.
Se a Igreja Católica não fosse a verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo com toda certeza do mundo a nossa Igreja catolica já estaria destruída por esse esses "clérigos" modernistas e liberais.
Libera me Domini dos "clérigos" modernistas do Vaticano II.

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