Se teve uma série de TV que eu realmente gostei, essa séria foi The Tudors. A apresentação da séria, da perspectiva técnica, foi impecável e a sua qualidade magnífica.
The Tudors, baseado na época da reforma protestante inglesa, revela personagens apaixonados, para o bem e para o mal, e conflitos emocionantes. É claro que a série não foi um documentário, por isso não espere 100% de precisão histórica no roteiro.
O que me fascinou na montagem de The Tudors foi uma coerência positiva com a história real. Mesmo não sendo completamente fiel aos acontecimentos, como já avisei acima, a série captou o clima da época. O impressionante, entretanto, é a sua simpatia com o catolicismo.
Diferentemente do que acontece em filmes ou shows sobre o terrível período da reforma protestante, The Tudors foi bem fiel ao sentimento inglês da época e mostrou um Henrique VIII que dificilmente seria representado em filmes do tipo Elizabeth (I e II) ou Lutero. Nestes últimos, a Igreja Católica é mostrada como uma dominadora sanguinária e seus padres e bispos como corruptos exploradores do povo ignorante.
Nenhuma série ou filme sobre a reforma inglesa, acredito, mostrou o levante da "Peregrinação da Graça" contra a dissolução dos monastérios. E nessa questão a série é magnífica ao mostrar o real motivo do assalto de Henrique VIII aos monastérios e abadias católicas: ganância. Não havia, no povo inglês, qualquer sentimento de repulsa contra os padres-monges católicos e a peregrinação mostra justamente o contrário, mostra um povo apaixonado pela sua fé.
A sinistra figura de Thomas Cromwell emerge como um verdadeiro fanático. Sua execução é mostrada como um alívio para o povo, que não demonstra qualquer comoção, bem diferente das lágrimas derramadas quando o carrasco corta a cabeça de Thomas More e do cardeal John Fisher, os únicos que se atreveram a manter a unidade com a Santa Sé e questionaram a tentativa de anular o casamento com Catarina de Aragão
O mérito de The Tudors foi mostrar os motivos mesquinhos e libidinosos que motivaram a reforma inglesa e o cisma. Henrique VIII, brilhantemente interpretado, é um torturador de esposas, um romântico inconseqüente e um político de temperamento imprevisível. Catarina de Aragão, a primeira esposa/vítima, é mostrada com a palidez de uma santa, sofrendo por toda a primeira temporada sem nunca abjurar a sua fé. Ana Bolena, a amante, aparece ao telespectador como uma interesseira e gananciosa prostituta.
Posso dizer que The Tudors é a muito católico (até a 3ª temporada, ainda não assisti a 4ª e última...). Até mesmo o Papa, interpretado por Peter O'toole, é encarado sem os tradicionais preconceitos. Lembro de uma frase do Papa "O'toole" na 2ª temporada da série: O imperador tem navios e exércitos e o que temos nós além da beleza e da verdade?.
Contudo...
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Espero que, pelo menos, a qualidade técnica seja tão boa quanto em The Tudors.