sábado, 8 de janeiro de 2011

Hã? 3 - A preocupação e outras considerações.

Depois de receber a notícia e digeri-la, mais fatos interessantes vêm a público com a nomeação do arcebispo de Brasília, Dom João Braz de Aviz, com prefeito da Congregação para os religiosos.

A entrevista do National Catholic Reporter, reproduzida pelo La Buhardilla de Jerónimo, é desalentadora. Nas perguntas vemos que o então arcebispo não sabe absolutamente nada do ocorre no dicastério que irá presidir. Absolutamente nada.

Quando perguntado sobre a visitação apostólica às freiras norte-americanas, Dom João responde que "sabe porque recentemente falou com a irmã Clare Millea" e que "além disso, não sei nada". Como não sabe? As informações pipocaram por meses em toda a rede, será que Dom João não tinha, em sua cúria, alguém com acesso à internet?

Acho que alguns bispos brasileiros se fecham, literalmente, a qualquer notícia da Igreja em outros países que não seguem a "opção preferencial pela teologia da libertação". Me lembro que o meu próprio bispo afirmou por escrito "desconhecer os frutos da aplicação do Motu Proprio Summorum Pontificum". Eles vivem em outro planeta, num outro século. Depois retrógrados somos nós!

Ou seja, nós, blogueiros do orbe católico, sabemos infinitamente mais sobre a Congregação que Dom João. Absurdo!

Dom João afirma que aprendeu, com os Focolores, que é preciso ter uma visão mais confiante do outro, não vendo o outro como um inimigo e diz que "é muito importante encontrar o bom no que o outro crê e sente, sem condena-lo ou destruí-lo". Dom João afirma ainda que está aberto ao diálogo com as rebeldes religiosas norte-americanas e "quero aprender com elas, caminhar com elas". Ora, mas que interessante. Para as freiras tresloucadas dos EUA há espaço para aprender, caminhar e encontrar o bom naquilo que elas crêem (inclua-se o aborto e a ordenação feminina); para os católicos tradicionalistas de Brasília, num número tão pequeno, não houve espaço para a mesma coisa, não houve espaço para a mesma acolhida. Dom João não se preocupou em encontrar o "bom" neles, não! Ele se preocupou sim em condená-los e tentou destruí-los, como muitos bispos brasileiros fazem cotidianamente.

Na última pergunta, Dom João fala, com um discurso quase obamesco, sobre carismas, de flores formando um jardim, fala sobre diversidade, critica a visão individualista onde "todos querem fazer que a sua visão pessoal das coisas governe tudo". Bravo! Bravo! Dom João aprendeu uma coisa em Brasília, mas não foi exatamente com os católicos de lá. Aprendeu com as ratazanas do planalto a dizer uma coisa e fazer outra, aprendeu a contradizer-se sem pudor.

Onde esteve o respeito a "diversidade de carismas" com os católicos de Brasília? Houve sim uma imposição da sua vontade episcopal sobre todo o povo da capital e, sem constrangimento, ordenou-se uma perseguição velada (ou nem tanto) aos poucos católicos tradicionalistas de lá.

Refletindo sobre tudo isso.

Nas cúrias, quando sabem de um tradicionalista, cantam os carrascos mitrados ao seu séquito:

***
Find him, bind him
Tie him to a pole and break
his fingers to splinters
Drag him to a hole until he
wakes up naked
Clawing at the ceiling
of his grave
***


Me ocorrem as palavras de um bispo, pasmem, anglicano. Peter Jensen (foto), arcebispo anglicano de Sidney, disse que o ordinariato só foi possível porque os anglo-católicos foram tão duramente perseguidos pelos bispos anglicanos progressistas, tão marginalizados pela intolerância episcopal que não sobrou outra saída para eles.

Para os anglicanos a pressão progressista foi positiva, porque viabilizou um caminho de conversão, de encontro com a Igreja. E para nós? Que podemos fazer diante da perseguição?

"Olhando para o passado, para as divisões que no decurso dos séculos dilaceraram o Corpo de Cristo, tem-se continuamente a impressão de que, em momentos críticos quando a divisão estava a nascer, não fora feito o suficiente por parte dos responsáveis da Igreja para manter ou reconquistar a reconciliação e a unidade; fica-se com a impressão de que as omissões na Igreja tenham a sua parte de culpa no facto de tais divisões se terem podido consolidar. Esta sensação do passado impõe-nos hoje uma obrigação: realizar todos os esforços para que todos aqueles que nutrem verdadeiramente o desejo da unidade tenham possibilidades de permanecer nesta unidade ou de encontrá-la de novo" (cf. Carta do Santo Padre aos bispos que acompanha o Motu Proprio Summorum Pontificum).

A unidade da Igreja é ameaçada não pela pressão externa, mas pela intolerância interna, pela forma tirânica como alguns bispos assumem seu múnus episcopal.
Fico alarmado, mas não impressionado pelo número sempre crescente dos descrentes com a Igreja, daqueles que, ameaçados e torturados psicologicamente, se refugiam no sedevacantismo ou na indiferença. Há um trabalho interno muito bem feito de autodemolição.

Reforço a pergunta. Para onde correm os católicos que sofrem por crerem firmemente no Evangelho e na Fé deixada por Cristo? Certamente não são vistos como flores "nesse jardim" cheio de carismas, mas como erva daninha que precisa, a todo custo, ser arrancada e jogada ao fogo. A nenhum outro grupo, a nenhuma outra parcela do povo católico - inclua-se aqueles que defendem o aborto - se vê um esforço tão grande para combater. Os tradicionalistas são a única ameaça que merece todas as sanções e penas.



Muito mais se espera

Veremos como andará a Congregação. Alguns dizem, e espero que seja isso, que o senhor arcebispo foi removido. A posição do Oblatvs é a mais otimista. Remove-se um mau arcebispo e neutraliza sua influência na Cúria, sob a batuta de Bento XVI e policiado pelos cardeais Bertone e Levada. Deus queira!
Mas creio que teremos efeitos colaterais inevitáveis. O primeiro será a ineficiência e a neutralização da visitação apostólica. O cardeal Rodé queria, como quer Bento XVI e parte do episcopado norte-americano, uma reforma profunda nas congregações e ordens. Dom João quer fazer caminhadas e dialogar com as freiras. Só um milagre poderá salvar o trabalho de visitação e impedir que, como uma boa CPI brasileira, ela termine em pizza.
Penso como ficarão os institutos, mosteiros e ordens tradicionais - o Le Barroux, o Cristo Rei, os Redentoristas Transalpinos e os vários pequenos mosteiros e ordens que estão surgindo. A Ecclesia Dei não tem tanto poder assim e quando eles conseguem aprovação pontifícia viram assunto da Congregação.
Parece que depois de alguns meses da aposentadoria, o cardeal Rodé poderá dizer: Apres moi le deluge!

8 comentários:

Anônimo disse...

O gênio que critica os papas do passado, na citação que você traz, é um que periodicamente causa vergonha aos católicos (só não causa vergonha aos papólatras, que sempre usam algum estratagema mental para abstrair Ratzinger do mal que ele faz). É um que trabalhou a vida inteira (desde os tempos em que zombava da devoção a Nossa Senhora até o tempo atual, em que diminui o Seu Imaculado Coração para que caiba no cérebro de um alemão ou de um inglês) pela destruição da Igreja. Não é à toa que tanta gente deixa de crer na Igreja.

Anônimo disse...

"Penso como ficarão os institutos, mosteiros e ordens tradicionais - o Le Barroux, o Cristo Rei, os Redentoristas Transalpinos e os vários pequenos mosteiros e ordens que estão surgindo."

Parece que se realizará o esperado: Roma os atraiu para destruí-los. Ainda bem que Dom Lefebvre sempre soube quem era Ratzinger...

Anônimo disse...

A saída atualmente parece sim ser o sedevacantismo!Bento XVI não vai mudar nada do que está ai.O motu-proprio Summorum Pontificum vai ser para acabar de vez com os católicos tradicionais.
Preste atenção em uma notícia recente que certamente passará a ser rotina. A notícia dá conta da ereção de uma quase-paróquia pessoal pertencente a Fraternidade São Pedro, formado por padres que traíram Dom Lefebvre (assim como os padres de Campos traíram Dom Mayer, crime pelo qual irão certamente responder diante de Deus). No tal decreto de ereção, assinado pelo “cardeal” Juan Sandoval Iñiguez, constam as diretrizes práticas para a verdadeira aplicação do Summorum Pontificum. E as palavras são aterradoras para qualquer fiel que não tenha ainda embotado o senso do que é ser católico nesta crise inaudita:
“sacerdotes e fiéis que querem seguir a santa Tradição Litúrgica do Missal Romano do Papa João XXIII, de 1962, sem opor-se à reforma ocorrida no Concílio Vaticano II, que ficou consignada no Missal Romano do Papa Paulo VI, de 1970”.

Tal decreto de ereção, assinado pelo “cardeal” Juan Sandoval Iñiguez, constam as diretrizes práticas para a verdadeira aplicação do Summorum Pontificum. E as palavras são aterradoras para qualquer fiel que não tenha ainda embotado o senso do que é ser católico nesta crise inaudita.

Para a anti-Sé é possível “preferir” a missa tridentina desde que não se oponha a missa de Paulo VI.

Porque quem o faz, de acordo com este decreto, se exclui da comunhão eclesial "por não serem fiéis” a esta determinação. Incrível: por estas palavras todos os tradicionalistas estariam, então, excluídos da comunhão com a Roma que publicou o Summorum Pontificum, porque é certo que eles não aceitam a missa nova (graças a Deus por isso)!

E o falso cardeal vai ainda dizer ser missão dos bispos exercerem "vigilância clarividente, cheia de caridade e fortaleza, de modo que em todas partes se guarde essa fidelidade” (no caso, a fidelidade a missa nova, como se fosse possível haver relação entre Cristo e Baal). E na seqüência do texto é dito que as duas missas representam “a diversidade de carismas e tradições de espiritualidade, a qual constitui a beleza da unidade na diversidade”, entre outras patacoadas que nem valem a pena serem comentadas para não estragar o natal de muita gente. Ao finalizar, diz o instrumento de Satanás que essa sintonia entre as duas missas, "sob o impulso do Espírito Santo, eleva a Igreja terrestre ao céu”.

Anônimo disse...

http://extraecclesiamsalusnulla.blogspot.com/2011/01/como-o-padre-ratzinger-imaginava-em.html

Rodrigo Motα disse...

Se a Santa Sé tornou-se "Anti-Sé", de que adianta continuar ser católico? Se for assim, as portas do inferno prevaleceram mesmo... Ah, já sei, a verdadeira Sé está em Ecône...

Bruno Luís Santana disse...

A saída NÃO é o sedevacantismo, mas quanto ao resto, concordo em tudo o que o anônimo disse.
Aliás, ele nem disse que a saída seria o sedevacantismo, mas disse que "parecia ser".

E até aí é compreensível.
Estamos todos CANSADOS desse vai-e-vem de Bento XVI, que nem é carne nem é peixe.
Olhe o que o papa fez com o trabalho de Rodé... O mesmo que fez com o trabalho de D. Sobrinho. Nunca pensei em dizer isso, mas agora estou torcendo para que a FSSPX jamais aceite uma regularização canônica neste pontificado, porque convenhamos: Bento XVI sabe ser terrivel!!!
Depois ele nos tapeia com paramentos romanos na festa da epifania, e faz uma homilia mais ou menos conservadora...
Senhor, iluminai Monsenhor Piacenza! Dai-nos santos bispos, porque pedir bons religiosos vindos da influência de D. Avis seria um milagre ainda maior!
Paciência, santa paciência, paciêeeeeeeeencia pra engolir esses desvarios...

Anônimo disse...

Rodrigo Mota, calma ai rapaz!

Veja o plano maçonico para destruir a Santa Igreja Católica Apostólica Romana de Nosso Senhor Jesus Cristo:

http://www.conchiglia.us/PORTUGAL/PT_extra/PT_Piano_Massonico.htm

Achar que o COncílio Vaticano II foi uma primavera na e da igreja Católica é brincar de ser católico.

Anônimo disse...

http://fratresinunum.com/2011/01/14/ops-esqueceram-de-verificar-um-pequeno-detalhe-a-religiao-do-novo-presidente/

(nem é preciso mencionar o novo brasileiro gayzista abortista da academia...)

a nova evangelização de Bento XVI:

http://fratresinunum.com/2011/01/10/arcebispo-zollitsch-chamado-para-o-conselho-pontificio-para-a-nova-evangelizacao-sob-comando-de-fisichela/

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...