Bispos, como flocos de neve, podem parecer todos iguais, mas não são. Há na Igreja uma infinidade desses homens que, pela imposição das mãos, entraram para a fraternidade dos apóstolos como seus sucessores.
Há bispos que se tornam monarcas absolutos, tiranizando o clero e subvertendo opiniões contrárias. Outros, entretanto, são tão humildes que poderiam passar, sem problemas, por pobres párocos de vila.
Há bispos que procuram servir, até o limite das suas forças, o rebanho. Alguns querem ser servidos.
Enfim, o bispado é uma verdadeira força sobrenatural cuja potência jamais conheceremos profundamente!
Hoje tivemos conhecimento de dois exemplos extremos que sublinham com força essa natural bipolar. Dois cardeais e a missa tradicional - duas posturas completamente diferentes.
O primeiro caso é o do arcebispo de Boston, Dom Sean Patrick O'Malley, OFM cap, que confirmará algumas pessoas segundo a forma extraordinária do sacramento, na sua própria catedral no próximo dia 4 de junho.
O segundo é o do cardeal alemão e ex-presidente da Conferência de Bispos da Alemanha, cardeal Karl Lehman que, quando perguntado se faria o mesmo [confirmar segundo a forma extraordinária] afirmou que "Eu não o farei" porque, embora a o Santo Padre peça que esta liturgia esteja disponível, seria ir longe demais e que uma confirmação no rito antigo é "sem sentido" [nonsense].
Muitos bispos já confirmaram leigos usando a liturgia antiga, inclusive alguns que publicamente já haviam demonstrado algum nível de desconforto com essa forma. Não se entende, entretanto, como um bispo, um cardeal criado pelo próprio Papa, possa emitir uma opinião contraproducente. Se pensarmos na Igreja como uma empresa (péssimo, eu sei, mas façamos o esforço) e um dos executivos vai a público afirmando que o plano de gestão do presidente é sem sentido, o que lhe aconteceria? Demissão, por causa justíssima, e a perda da sua credibilidade como profissional. No mundo eclesial acontece justamente o contrário, contrariar o Papa é a regra e garante algum prestígio.
Talvez a Igreja devesse adotar certas práticas do mundo corporativo que, por sua radicalidade, serviriam para purgar o colégio episcopal. Contudo, não posso deixar de pensar que, por ter sobrevivido por 2 mil anos, a Igreja deve ter encontrado formas mais eficientes...