Afirmava o cardeal:
[A] Familiaris Consortio, do Papa João Paulo II em 1981, é o último grande documento dos últimos 30 anos. A Igreja não é atemporal; ela vive em meio as vicissitudes da história e o Evangelho precisa ser conhecido e experimentado pelas pessoas hoje.
O jornalista americano Edward Petin, do National Catholic Register, foi o primeiro a chamar a atenção para a indicação de uma mudança doutrinal desejada pelo cardeal.
Continua o cardeal, conforme o texto de Petin:
"É no presente que a mensagem deve estar, com todo o respeito pela integridade de quem recebe a mensagem. Nós, agora, temos dois sínodos para tratar deste tema complexo da família e eu acredito que estas dinâmicas em dois movimentos permitirão uma resposta mais adequada às expectativas das pessoas"
Quais seriam as expectativas das pessoas? O resultado da enquete enviada pelo próprio Baldisseri aos bispos do mundo deixa isso muito claro - não há compreensão sobre a doutrina da Igreja e, portanto, as pessoas esperam que ela mude. Recentemente o cardeal Tagle, arcebispo de Manila e um dos presidentes do próximo Sínodo, afirmou-se chocado com os resultados da enquete de Baldisseri.
Várias estatísticas realizadas em vários países demonstram claramente que o católico mediano e, em alguns casos, até mesmo o católico dito "praticante", que vai à missa pelo menos nas grandes datas, não concordam com a proibição de divorciados receberem a comunhão. Isso sem contar apoio ao casamento gay, contracepção, etc.
Depois das declarações de Baldisseri - que na teoria deveria ser um prelado neutro no assunto - parece que as coisas mudaram um pouco. Numa recente declaração o purpurado, ainda referindo-se ao embate no sínodo, lembrou que não é possível uma mudança de doutrina.
"em relação à possibilidade do Sínodo dos Bispos mudar a doutrina da Igreja, quero reforçar a primeira constituição dogmática do Concílio Vaticano I 'Filius Dei' [sic] que afirma que há manter sempre o sentido dos dogmas sagrados uma vez declarados pela Santa Mãe Igreja e não se deve abandonar sob o pretexto ou em nome de uma compreensão mais profunda" (Fonte CNA/Infocatólica)Uma mudança!? E ainda citando, de forma livre, o Vaticano I! O cardeal só trocou o nome do documento, que é Dei Filius.
É claro que o que foi dito pelo cardeal, agora, é correto. O importante, contudo, é notar o aparente giro de 180° dado pelo capitão do Sínodo em menos de um mês.
"Este cardeal está publicando uma correção ao que ele abertamente afirmou numa entrevista anterior. Meu palpite é que o Papa Francisco está notando toda a comoção na imprensa local sobre o Sínodo e as especulações - e pedidos - por uma mudança fundamental na doutrina da Igreja", afirmou em seu blog o famoso padre americano John Zuhlsdorf.
Talvez seja apenas uma correção de curso ou, devido às críticas cada vez mais contundentes de outros bispos e cardeais, o time daqueles que jogam pela mudança - inclua-se Baldisseri - está apenas fazendo uma retirada estratégica. Saberemos conforme o jogo avança. Rezemos pelo Sínodo!