O bispo dos pobres e sua "amiga" |
Bargalló foi considerado um dos bispos mais envolvidos em questões sociais da Argentina e ainda como sacerdote em Buenos Aires, Mons. Bargalló foi responsável pelo setor regional da Cáritas. Em 2005, sucedendo ao Mons. Casaretto (bispo de San Isidro), torna-se presidente da Cáritas Argentina, em 2007 é eleito presidente da Cáritas Latino-América.
Bargalló e Casaretto são bispos arraigados em questões sociais e, por isso mesmo, foram na época importantes aliados do cardeal Bergoglio dentro da Conferência Episcopal. Mons. Bargalló foi um dos bispos que mais acompanhou as ações e tarefas das organizações católicas identificadas com a "opção pelos pobres".
Casaretto e Bergoglio na missa por Bargalló |
As vésperas da comemoração de 15 anos da diocese de Merlo-Moreno, Mons. Bargalló é afastado das funções de bispo e colocado "em silêncio". O desaparecimento de Mons. Bargalló da vida pública resultou no efeito desejado, as notícias nos jornais e TV cessaram e a vida na Conferência Episcopal pode continuar como antes. Nenhuma investigação sobre a origem do dinheiro foi feita e Mons. Casaretto foi nomeado administrador diocesano de Merlo-Moreno.
A missa de aniversário da diocese foi celebrada pelo cardeal arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, e pelo administrador Mons. Casaretto. Os dois bispos fizeram questão de elogiar o trabalho de Bargalló e de insinuar perseguição política contra o bispo. "Trabalhou para os pobres e isso lhe valeu a perseguição. Trabalhou também pelos anciãos e para escutar às crianças. Hoje temos uma Igreja unida, humanitária e missionária e viemos dar graças por esses 15 anos de caminhada comum" afirmou Bergoglio na missa comemorativa. Abaixo um trecho da missa com as palavras "carinhosas" do bispo Casaretto sobre seu protegido. Coloquem o vídeo na posição 6:00.
A predileção de Bergoglio por Bargalló era tamanha que o bispo de Merlo-Moreno figurava entre os candidatos a sucedê-lo como Arcebispo de Buenos Aires. Em junho de 2012, entretanto, Bargalló admite o envolvimento amoroso com a mulher das fotos, sendo ela uma mulher divorciada e mãe de dois meninos. Mons. Bargalló casou esta senhora, batizou seus filhos e foi padrinho de um deles, do que se deduz que o relacionamento adúltero de ambos era antigo. É finalmente afastado permanentemente pela Santa Sé.
***
Hoje trouxemos a notícia que o Papa Francisco removeu o arcebispo de Rosário através de uma nomeação para o Vaticano. Mons. Mollaghan se tornará chefe de um departamento interno da Congregação para Doutrina da Fé para análise dos crimes graves dos sacerdotes (pedofilia). O novo departamento não tem nome, não tem endereço nem funcionários, nem mesmo foi criado oficialmente, mas já tem um presidente!
A promoção foi claramente uma punição de Francisco à Mollaghan.
Como noticiamos antes, Mollaghan fazia parte do trio que pretendia remover Bergoglio da Arquidiocese de Buenos Aires. Os motivos são compreensíveis, sobretudo pela heterodoxia do então arcebispo. A situação em Buenos Aires é lamentável em todos os sentidos, sobretudo no campo vocacional. Clique e releia um texto que publicamos em 2012 sobre o desgosto do cardeal Bergoglio com o seminário ortodoxo de Mons. Rogelio Livieris, bispo de Ciudad del Este no Paraguai.
Mas por que Mollaghan foi removido? Em 2013 é elevado ao trono de Pedro o então cardeal arcebispo de Buenos Aires e muitos blogs que acompanham a vida religiosa nos países de língua espanhola, sobretudo do Secretum Meu Mihi, antecipavam o ataque de Bergoglio a todos aqueles que não rezavam de acordo com a sua cartilha. Mollaghan foi um deles. A arquidiocese de Rosário foi colocada sob vigilância da Congregação para os Bispos desde 2013. Que coincidência cabalística...
Em novembro e dezembro de 2013 a Congregação despacha Mons. José María Arancibia, arcebispo emérito de Mendoza, para uma "visita fraterna".
"O arcebispo emérito de Mendoza veio à Rosário enviado pela Nunciatura depois que algumas pessoas enviaram por algum motivo uma série de queixas. E a Santa Sé prefere ver as coisas como são de fato", afirmou Mons. Mollaghan.
Estão acusando o arcebispo de Rosário de má gestão financeira e de, pasmem, grosseria!
Antes de entrarmos em detalhes sobre as acusações, é importante destacarmos uma coisa. Surpreende a rapidez da Congregação dos Bispos para apurar uma denúncia feita por "algumas pessoas". Me pergunto quantas reclamações não chegaram a Roma contra o então arcebispo de Buenos Aires, mas nenhuma delas se converteu ou ameaçou se converter numa visita fraterna.
Teria o arcebispo de Rosário usado dinheiro diocesano para, talvez, prevaricar no México com uma mulher casada? Não. Usou os fundos de caridade para construir um novo palácio episcopal exuberante? Não.
Segundo informa o La Nacion:
"Na visita fraterna que realizou o arcebispo de Mendoza, que invetigou em 1994 a Edgardo Storni, ex-arcebispo de Santa Fé processado por abuso sexual de seminaristas, a auditoria se centra em certa desordem das contas da arquidiocese.Estão me fazendo crer que problemas financeiros numa rádio diocesana - provocados mais uma vez por um padre ligado a Cáritas (esse pessoal adora dinheiro!) - levaram à destituição de um arcebispo!? Somos tão idiotas assim para acreditar nisso?
O ponto de conflito é protagonizado pelo ex-titular da Cáritas Osvaldo Bufarini. Este sacerdote estava a frente da Radio Asunción, que está localizada em Arroyo Seco e pertence ao arcebispado de Rosário. Bufarini foi removido pelo próprio Mollaghan quando começaram a surgir algumas acusações - que logo provocaram processos dentro da justiça provincial - sobre supostas irregularidades no trato com os fundos.
'Foi uma época muito difícil porque a radio ficou a deriva até que fosse nomeado como diretor o padre Pedro Pergañeda. Tinhámos salários atrasados e nunca nos pagavam o que era devido' contou ao LA NACION um ex-empregado da emissora.
O Padre Pergañeda, que agora está a frente desse meio de comunicação, explicou que a 'ideia é começar a acomodar algumas questões, sobretudo às finanças da rádio. Um dos principais objetivos é solucionar os problemas mais urgentes, principalmente as dívidas salariais com os empregados e o aluguel'.
Segundo informa o blogueiro Andrés Beltramo Álvarez, Mons. Mollaghan pedirá ao Papa para que possa executar as suas novas funções em solo argentino, sem intenção de partir para Roma. Embora a novidade e a quebra de protocolos sejam a marca deste pontificado, é pouco provável que Francisco lhe permita executar suas funções curiais longe da Cúria. Francisco quer aniquilar toda a influência que Mons. Mollaghan possa exercer no episcopado argentino e por isso o levará para Roma.
O interessante é notar, como destacou Andrés, que nem Mons. Mollaghan sabe ao certo o que vai fazer, como irá executar seu trabalho nem quem serão seus subordinados.
Para o lugar de Mons. Mollaghan se cogita um típico prelado bergogliano, Mons. Jorge Lugones, bispo jesuíta de Lomas de Zamora.
Notemos como a misericórdia de Bergoglio funciona - para o bispo prevaricador da Cáritas, elogios em missa e a proteção paternal. Para Mons. Mollaghan uma remoção dura com um plano de fundo ridículo.
Ao final daquela missa presidida por Bergoglio em 2012 pelo 15º aniversário da diocese de Merlo-Moreno, um fiel grita para todos ouvirem "Viva Fernando Maria Bargallo!". O grito é seguido de aplausos. É o retrato mais contundente da Igreja querida por Bergoglio, uma Igreja onde a misericórdia é cega ao pecado. Não estranha, portanto, que assim que assumiu o trono de Pedro ele insista tanto nesse tema da misericórdia; uma pena que é uma misericórdia torta, anti-cristã.
A "teologia de joelhos" do Cardeal Kasper está em sintonia com a concepção que este Papa tem de misericórdia.
"Viva Fernando Maria Bargallo!" Viva Francisco!