"O fato de serem maioritariamente os jovens que procuram e participam na Missa Latina é completamente inesperado e, portanto, merece ser lido, entendido, e acompanhado particularmente pelos bispos." Mons. Bux
Um preconceito antigo que pesava sobre a missa tridentina e que motiva até hoje boa parte dos abusos na missa nova é a suposta incapacidade de um rito solene e, normalmente, silencioso atrair os jovens e as pessoas de uma geração cada vez mais dinâmica e rápida.
O rito moderno, fabricado nas reuniões das equipes de liturgia paroquiais, tem uma só meta: tornar a missa (ou outro momento litúrgico) mais atraente. Eles não possuem uma compreensão organizada e histórica sobre a natureza, a verdadeira natureza da liturgia. Boa parte da crise do culto católico se deve ao deslocamento da finalidade do culto de uma posição vertical para uma posição horizontal.
A juventude do rito, hoje, reside na sua imitação do profano. Para comunicar ao jovem é preciso falar a língua do jovem, é preciso estar no mesmo nível do jovem. Por isso temos liturgias que se comparam aos shows profanos. Não apenas a liturgia é afetada por essa nova forma de pensamento, mas todo o ethos católico padece dessa crise de identidade. Basta ver os retiros paroquiais (quando existem) de hoje, que são apenas encontros para comer e festejar, bem diferentes dos verdadeiros retiros de outros tempos. Tudo está reduzido a um nível de festança.
Não é incomum ouvirmos que a missa tradicional, essa que é a forma extraordinária, seria, portanto, incapaz de atrair o jovem ao seu universo. Contudo, o que se vê é justamente o contrário; são os jovens os maiores promotores da forma antiga da liturgia e os maiores entusiastas desse novo movimento litúrgico que valoriza o sagrado na sua mais autêntica expressão.
O Pe. Tim Finigan, por exemplo, nos apresenta a notícia vinda de Londres, onde uma escola católica permitiu que seus alunos tivessem acesso ao rito antigo que "faz parte da sua herança católica". A escola é primária, com alunos até o 5º ano. É importante que a criança de hoje cresça com uma noção do seu passado católico, que saiba de onde vem a sua fé e como ela foi vivida por muitos antes de nós. Na verdade, acredito que qualquer católico que seja privado da missa tradicional é também privado de conhecer a Igreja. É um crime contra a nossa identidade cristã e católica.
Até hoje não se soube de um único caso negativo de aplicação do Motu Proprio ou da liberação da missa tradicional. Contudo, com o rito novo e sua aplicação temos casos suficientes para criar um dossiê cujo número de páginas empilhadas seriam suficientes para nos levar a lua!
É na juventude onde reside o maior mistério de renovação do Espírito Santo. E a juventude parece começar a se cansar dos shows e do vazio espiritual. É um movimento tímido, mas que já é percebido pelos prelados da Cúria e por alguns bispos (desesperados) diocesanos.