Schönborn: Reforma Litúrgica é um reforço para as tradições antigas
O Arcebispo de Viena durante a bênção do Altar da Igreja de Schottenfeld: o altar do povo da reforma litúrgica já empurrou o espaço do altar para um segundo plano e posicionou um outro simbolismo.
Viena (kath.net / KAP) A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II não é o enfraquecimento das tradições, mas seu reforço. Foi o que pregou o Cardeal Christoph Schönborn neste domingo, na consagração de um altar na igreja paroquial de Schottenfeld em Viena.
Antes da reforma, o padre rezava no altar-mor voltado para a mesma direção com os fiéis, para o leste - em direção ao nascer do sol, que simboliza Cristo. O altar do povo vindo da reforma litúrgica empurrou o espaço do altar para um segundo plano e posicionou um outro simbolismo, afirmou Schönborn: "Nós nos reunimos em torno do altar, em volta de Cristo." Com esta reforma, isso é expressado de forma mais clara, "que Cristo é o nosso centro". Essa é a razão que a consagração de um altar tem um significado especial, explicou o Cardeal.
Schönborn pregava, entre outras coisas, sobre os casos de abuso na Igreja e reconheceu os erros ", mesmo de nós, sacerdotes". Acima de tudo, a Igreja está preocupada em reunir-se em torno de Cristo e focar sua vida em Deus. Então não é preciso ter medo do futuro, disse o Cardeal.
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A idéia central do cardeal é a idéia central da própria reforma litúrgica em si: aproximar o povo de Deus.
Ok, a idéia é sem dúvida louvável, mas a forma como ela foi executada e a teologia usada para dar forma a esse sonho da Igreja (ou de parte dela) foi o verdadeiro problema.
Vejam, mudar a posição do altar trouxe muito mais prejuízos que lucros. Tudo foi reduzido, para dizer, a uma reunião de amigos. Diferente do que diz o cardeal, o povo não vai mais a missa para se reunir em torno de Cristo, mas para se reunir apenas.
É louvável o cardeal reconhecer a teologia por trás do altar fixo, da postura Ad Orientem, e tudo mais. Mas ele, então, prefere trocar ouro por plástico ao defender o altar-mesa onde, supostamente, nos reunimos "em torno" de Cristo.
Contudo, o cardeal reconhece também que a mudança da posição do altar trouxe um outro simbolismo. Cristo agora não está a frente do homem, mas no centro da reunião. Ele não é mais o destino da humanidade, mas "Ele está no meio de nós", não precisamos fazer muito para alcançá-Lo. Não é por acaso que a idéia de conversão, penitência é tão estranha na Áustria.
A idéia da presença de Cristo de agora é diferente da idéia católica tradicional. Seguindo a visão de Schönborn, facilitada pelo altar-mesa, nós atingimos a idéia protestante de salvação universal. Lembrando que os protestantes, ao adotarem o altar-mesa, foram os pioneiros em nivelar Deus aos homens. A concepção tradicional católica era expressada pelo altar fixo com sacrário. Deus está sim no meio de nós, mas nós precisamos nos voltar para Ele, precisamos ir em direção ao sol da nossa salvação. O altar-mesa simboliza um povo que já goza da presença de Deus, que está no nosso meio. O altar-fixo, entretanto, simboliza um povo penitente e peregrino na oração.
O altar católico tradicional transmite muito melhor a idéia de sacrifício e penitência, é um altar que instintivamente nos convida a adoração e conversão. Ele nos conduz a desejar estar com Deus. O próprio espaço do altar, antes da reforma, era um espaço sagrado, pois ali havia um pedaço do céu. Hoje, contudo, o altar-mesa é só um espaço; na minha paróquia, por exemplo, você precisa cruza-lo se, por acaso, precisar ir ao banheiro...
A paróquia que recebeu esse novo altar tem mais de 200 anos. Uma arquitetura bem austríaca e é uma pena receber um bloco de mármore bem no seu coração.