Cardeal Amato na Doutrina da Fé? Italianos de volta ao poder |
Para a Congregação para a Doutrina da Fé deverá vir um cardeal da Cúria Romana que o Papa Ratzinger conhece muito bem: o Salesiano Dom Angelo Amato, ex-secretário da ex-"Supreme" e, atualmente, chefe da Congregação para as Causas dos Santos. Para substitui-lo na Causa dos santos deve ser, outra vez, outro cardeal da cúria, sobre quem muito tem sido dito nas últimas semanas, ou seja, Angelo Comastri, arcipreste da Basílica de São Pedro no Vaticano. Tem-se falado porque seu nome tem circulado como um possível sucessor para o cardeal Angelo Scola, de Veneza [transferido para Milão, NdT]. Pelo que se consta, sua candidatura não encontrou muita aceitação na alta cúpula. A hipótese de uma congregação para o Arcipreste, jovem (é de 1943) e disposto estar sob a luz, poderia satisfazer seu desejo de contribuir mais ativamente para o destino da Igreja universal.
E Muller? Para o arcebispo de Regensburg de 64 anos, professor e estudioso, pelo qual o prof. Ratzinger tem um grande respeito, abre-se um panorama de Roma bem em linha com aquelas que são as suas linhas de interesse, conforme indicado por uma biografia: "Os campos de pesquisa de G. L. Müller incluem teologia do ecumenismo, da era moderna, a compreensão cristã da revelação, a hermenêutica teológica e eclesiologia (o sacerdócio e diaconato). Como professor, acadêmico, sempre se esforça para a formação de jovens talentos na ciência. Desse empenho autêntico resultou o vasto círculo internacional de estudantes a quem ele continuou a dedicar-se mesmo depois de sua nomeação como Bispo. Não poucos deles também puderam fazer uso de seu sustento financeiro pessoal e privado. Muitas cátedras na Alemanha e no exterior estão cheias dos estudiosos treinados em sua escola".
[Müller] Poderia substituir o cardeal Raffaele Farina, arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana, nasceu em 1933, salesiano, e que há muito tempo espera para se aposentar. Resta ainda a incógnita de Veneza. O próximo nó deve dissolver-se na próxima semana, com uma reunião de uma Comissão de pequeno porte, organizada pelo Prefeito da Congregação para os Bispos, o cardeal Ouellet, e com a presença de altos representantes da Secretaria de Estado e de outros cardeais, para examinar a situação à luz da respostas dos bispos venezianos, e pedir conselhos, ou que Bento XVI, por sua própria iniciativa ou fornecidas pelos cardeais italianos cuja opinião ele tem plena confiança.
A Congregação para a Doutrina da Fé está desde 1968 sob o comando de não-italianos. Como muitos vaticanistas têm notado, Bento XVI está italianizando a Cúria Romana novamente. Quando ele assumiu, em 2005, apenas o Cardeal Ré era um prefeito italiano. Hoje contudo, a Causa dos Santos, o Clero, a Propaganda Fide e as Igrejas Orientais estão sob o comando de italianos (ou ítalo-argentinos, com é o caso da última).
As chances de Bento XVI trazer um bispo alemão, jovem, para ocupar a Doutrina da Fé são menores que as chances de Amato, um velho colaborador que tem a nacionalidade e os salesianos como pontos a favor, ascender ao trono da doutrina.
Qualquer italiano que se tornar Prefeito da Doutrina da Fé se tornará um - ou meso O - grande eleitor do próximo conclave, embora ironicamente, as suas chances diminuam, pois é pouco provável que dois prefeitos da Doutrina da Fé se tornem papas um após o outro.