sexta-feira, 6 de junho de 2014

Com o Báculo na Mochila

Ilson Montanari, Lorenzo Baldisseri e Fabio Fabene (carregando o báculo depois da ordenação)
(MARCO TOSATI) "Cada soldado francês carrega em sua mochila o bastão de general da França". Um dos aforismos mais famosos de Napoleão Bonaparte poderia ser atribuído - você troca o bastão pelo báculo episcopal - à Cúria do Papa Francisco.

Nos últimos dias o pontífice elevou ao episcopado Fabio Fabene, subsecretário do Sínodo dos Bispos. Uma nomeação que surpreendeu alguns na Cúria; não é comum que um subsecretário seja também um bispo. Uma promoção relâmpago que se parece com aquela de Ilson de Jesus Montanari, até então um simples funcionário de segunda classe, para secretário da Congregação para os Bispos, com a posição de arcebispo (e secretário do colégio cardinalício).

Carreiras relâmpago, que segundo aqueles que conhecem o mundo dos palácios do Vaticano, encontram explicação num homem: o secretário para o Sínodo dos bispos, o cardeal Lorenzo Baldisseri. Baldisseri, então núncio no Brasil, foi nomeado por Bento XVI como secretário da Congregação para os Bispos, e por consequência secretário do Colégio cardinalício. Ali se criou um grupo de pessoas que estavam em sintonia. Ao grupo que se dirigia à Baldisseri e que incluía o atual secretário pessoal do Papa, Fabian Pedacchio, da diocese de Buenos Aires, um amigo próximo de Montanari, também se juntou Fabene. Em seguida, Jorge Mario Bergoglio se tornou papa, e agora nós estamos testemunhando a ascensão dos membros do grupo.


***
O meu desgosto - para dizer o mínimo - com a figura de Baldisseri não parece ser infundado. Na verdade nunca pensei que fosse.
Baldisseri é um amalgama de carreirismo e oportunismo e, agora que goza da confiança pública do pontífice, está aparelhando o Vaticano. Deve ter aprendido com o PT, na época em que foi núncio - um dos piores - por estas bandas.
Mas penso, diferentemente do vaticanista Marco Tosati, que Baldisseri não é o grande arquiteto, mas é apenas um homem forte por trás de alguém que ainda não sabemos quem é.
Penso que a confiança de Bergoglio em Baldisseri começou antes do conclave, quando este ainda era arcebispo em Buenos Aires e tinha uma rede poderosa de contatos em Roma, comandada pelo seu "espião" Fabian Pedacchio. Já escrevemos sobre isso outras vezes no passado e, portanto, não é uma acusação nova que se origina do fato de Bergolgio ser Francisco. Escrevemos sobre isso em 2012, antes da renúncia de Bento XVI e obviamente antes de Francisco. Aparentemente Bergoglio tinha um interesse acima do normal pelas nomeações episcopais além da fronteira argentina, percorrendo vários países vizinhos.
Portanto, Jorge Mario Bergoglio tinha muitos contatos no universo das nunciaturas na América Latina, contatos estes que se fortaleceram depois do conclave de 2005, onde ele próprio foi candidato derrotado. Não por acaso Baldisseri, núncio no Brasil, foi feito secretário do Sínodo - que parece ser uma "super-congregação" dentro do projeto de reforma e sinodalidade do Papa Francisco - Parolin, ex-Núncio na Venezuela, foi feito Secretário de Estado e Stella, chefe da Academia Eclesiástica e antigo Núncio na Colômbia, é o seu Prefeito para o Clero.

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