quinta-feira, 19 de junho de 2014

Calote argentino, padres da libertação e a incapacidade da esquerda arcar com as consequências dos seus atos



A Argentina ao que parece dará o calote novamente. Nesta semana o ministro da economia do país,  Axel Kicillof, anunciou que não pagará uma parcela da dívida, a mesma que foi renegociada durante o último calote argentino nos primórdios de 2001.
Trago um trecho do G1:


O novo imbróglio argentino remonta ao início desde século. Em 2001, em meio a uma grave crise econômica e política, a Argentina anunciou um calote em sua dívida pública, que era de cerca de US$ 100 bilhões.
Quatro anos depois, no governo Nestor Kirchner, o país tentou recuperar a credibilidade oferecendo a quem tinha sido prejudicado pelo calote pagamentos com descontos acima de 70%. Mais de 90% dos credores aceitaram a proposta e vêm recebendo esses pagamentos em parcelas (a dívida reestruturada). Os que não aceitaram, no entanto, recorreram a tribunais internacionais.
Em 2012, um dos casos, movido por fundos especulativos, recebeu uma decisão favorável da Justiça dos Estados Unidos, que determinou que a Argentina deveria pagar US$ 1,33 bilhão aos fundos. O governo argentino recorreu, e o caso chegou à Suprema Corte dos EUA, que decidiu manter a condenação, derrubando uma medida cautelar que suspendia os efeitos da determinação judicial anterior.
"A suspensão do 'stay' (medida cautelar) por parte da justiça impossibilita o pagamento em Nova York da próxima parcela da dívida reestruturada [as parcelas pagas aos credores que aceitaram o desconto] e revela a ausência de vontade de negociação em condições distintas às obtidas na sentença ditada pelo juiz Griesa", disse o ministério da Economia argentino.
A nota lamentou a decisão que ordena a execução da sentença do juiz Thomas Griesa, que deliberou a favor dos fundos especulativos, conhecidos como "Abutres", na Argentina.
O comunicado reafirma "a disposição da Argentina de pagar os credores da dívida reestruturada, aos quais sempre tem oferecido as mesmas condições, de acordo com a lei do país".
Na audiência de quarta-feira, advogados da Argentina comunicaram à Corte que uma delegação viajará a Nova York na próxima semana para tentar negociar com os fundos. "Estamos preparados para sentar (em negociação) com eles", afirmou Robert Cohen, que representa a NML.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, disse na segunda-feira que seu país não voltará a declarar moratória, mas ressaltou, contudo, que a Argentina "não será submetida à  biextorsão".

O resumo da ópera é o seguinte. Depois de anos de políticas irresponsáveis, populistas e descompromissadas com a boa gestão do patrimônio público, o governo argentino decreta moratória. Depois dessa grave crise, que nos afetou em 2001 e de certa forma impulsionou a vitória de Lula em 2002, o governo consegue o milagre de renegociar a dívida com 90% dos seus credores. A parcela de 10% que se recusou a renegociar e protelar o recebimento dos pagamentos exige que o país de Messi pague o que deve nos termos contratados; eles estão agindo dentro da esfera de competência que rege um contrato entre duas partes. O governo argentino, entretanto, não reconhece esse direito.

Os 13 anos que nos separam da moratória de 2001 não foram bons para a Argentina. O país não conseguiu alçar voo e se descolar das suas políticas heterodoxas, do seu peronismo, da visão nacionalista estreita. O país viu greves, desabastecimento, crises institucionais, crises fronteiriças com Brasil e Uruguai, e respondeu da única forma que sabe - culpando os outros.

Embora a presidente argentina deixe claro que não haverá calote, é mais claro ainda que seu partido e seu ministro para a economia já articulam junto a opinião pública uma revolta contra os credores. De vítimas do calote, os credores passaram a ser os algozes do país, os "capitalistas imperialistas", os "abutres americanos" que vivem da especulação e são responsáveis por toda a crise do país. No melhor espírito de "a culpa é deles!" já se vê nas ruas de Buenos Aires cartazes contra os "abutres".

Os especialistas em economia da Argentina:
Padres da Opção pelos Pobres
Agora é a vez dos "padres da opção pelos pobres" saírem das suas respectivas catacumbas bolorentas e se unirem ao coro dos caloteiros. Num comunicado dirigido ao povo argentino os padres marxistas afirmam que os credores "quieren también nuestra soberanía; y como cristianos y argentinos no podemos aceptarlo"! Já estou vendo esses padres bradando a frase com os punhos cerrados para o céu - "no podemos aceptarlo!".

A análise feita pelos padres é tão precisa quanto a sua ortodoxia:

"O problema de fundo é que o sistema capitalista liberal - que premia os especuladores e condena os trabalhadores - instala uma legalidade imoral levada a fundo pelos especialistas da usura"

Sim, a culpa é do capitalismo. Um discurso bem digno da década de 30 do século passado. Peço aos padres que me apontem um único país capitalista pobre, só um. Em contrapartida a pobreza parece ser um produto exclusivo das ditaduras de esquerda e das tiranias.

Os padres não entenderam que não foi o capitalismo liberal o grande problema da Argentina, mas o peronismo e o populismo, se for possível separar um termo do outro. João Fábio Bertonha (Doutor em História (Unicamp) e docente na Universidade Estadual de Maringá) já em 2002, portanto isento da argumentação apaixonada de hoje, afirmou:

A decadência argentina não pode realmente deixar de impressionar quem a estuda. Do país mais rico e desenvolvido da América Latina, de um dos pólos de desenvolvimento do mundo até 1930, pelo menos, a Argentina caminha a passos largos para se tornar apenas mais um dos pobres países da América Latina. Um argentino morto por volta de 1945 que ressuscitasse provavelmente não entenderia o que vê: do país rico e orgulhoso que tinha a coragem de bater de frente com os Estados Unidos e disputava a liderança continental com o Brasil, o que resta? Uma nação em crise, com índices sociais ainda melhores do que os nossos, mas declinantes, que tentou desesperadamente se jogar aos pés do tio Sam e cuja força econômica e política regrediu enquanto a brasileira cresceu. Um outro mundo surgiu no sul da América em meros cinqüenta anos e qualquer um que tente jogar toda a culpa disso em Menen ou no neoliberalismo dos anos 90 estaria dando excessivo crédito a eles. Um país tão rico e desenvolvido não pode ser destruído tão facilmente. Os motivos vêm de um passado mais longínquo. 

O resultado histórico de inúmeras políticas atrapalhadas, cálculos mal feitos e a incapacidade do governo argentino se abrir para o mundo e para os investimentos estrangeiros encontra no governo Kirchner o seu ápice.

Continuam os padres de passeata argentinos:
"este pecado que clama aos céus sabendo que fará sofrer nosso povo, em especial os pobres, e a tantos outros que veem em nosso país um espelho do seu futuro".

Os padres estão mesmo desconectados da realidade. O que fará sofrer os pobres argentinos - de todas as classes - e a irresponsabilidade do governo que muitos desses padres de passeata ajudaram a eleger. O calote da dívida, como querem os padres, conduzirá a já capenga economia argentina ao buraco pela segunda vez e possivelmente a última. É pouco provável que o país consiga uma nova renegociação se decretar uma nova moratória; investidores estrangeiros já voaram do país que já deu provas que não goza de segurança jurídica para acomodar investimentos.

Em 2012 o governo, liderado pelo mesmo Kicillof, expropriou a petroleira YPF numa demonstração estúpida e inconsequente de poder juvenil.  Os empresários espanhóis da YPF foram ameaçados de prisão se não deixassem o país, com eles se foi também parte da pouca credibilidade do país e hoje a Argentina colhe os frutos dessa e de outras atitudes anti-investimentos.

Por fim. o governo argentino é bolivariano, ligado ao Foro de São Paulo e tem relações importantes com o PT. Uma crise na Argentina não favorece a reeleição de Dilma e é possível que o governo petista aporte recursos bilionários no país vizinho, como fez em Cuba e na Venezuela, sem qualquer garantia de retorno.

A Argentina é um dos nossos principais parceiros comerciais e a crise agravada na vizinha pode afetar ainda mais a nossa balança comercial, sem contar que grandes investidores, já desconfiados com os rumos da economia brasileira, tendem a ver os países como um conjunto e o Brasil escolheu se alinhar com países de pouca ou nenhuma tradição de simpatia ao empresariado global (Venezuela, Cuba, Uruguai e Argentina).

Em 2001 a crise Argentina ajudou o PT a se eleger. Em 2014 ela poderá derrubar o PT. Ou pelo menos dar um empurrãozinho.

Um comentário:

Paulo disse...

A TL com seus padres e os comunistas de fato "amam" os pobres!
Os comunistas, socialistas e niilistas são uma peste mortal... (Leão XIII-QAM) odeiam a Deus, são movidos pelo ódio e "apreciam" realmente os pobres...
Confira na net: "CARTA QUE FIDEL CASTRO ENVIOU AO PRESIDENTE CHAVEZ DE COMO IMPLANTAR O COMUNISMO NA VENEZUELA" , depois repassada a outros presidentes socialistas, e verá nessa carta que os pobres são "gente de pouca memoria, massa-de-manobra, idiotas-úteis" e mais pejorativos.
Cuba, Coreia do Norte, Vietnam, China etc., são excelente vitrines de "amor" aos pobres!
Não se pode de forma alguma duvidar que muitos desses padres militantes da TL argentina, ou todos não sejam infiltrados na Igreja para desviá-la para o marxismo, aborto, pedofilia, ideologia do gênero, a luta de classes que é o inferno na sociedade etc., como aqui no Brasil a equipe do Boff -Betto & Cia, mesmo a CNBB que, se não é, parece ter se aliado ao PT, muitas vezes mais se parecendo ong humanista a serviço do globalismo.
Que podemos esperar de (camuflados)comunistas de ações satanistas já que odeiam a Deus e são a favor de tudo quanto O ofende?
PRECISAMOS ODIAR. O ODIO É A BASE DO COMUNISMO; AS CRIANÇAS DEVEM SER ENSINADAS A ODIAREM SEUS PAIS SE NÃO FOREM COMUNISTAS - Lenin.

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