Wikileaks: arcebispo argentino espionava Vaticano para os EUA
O arcebispo argentino Luis Mariano Montemayor, que trabalhava na Secretaria de Estado do Vaticano, atuava também como informante dos Estados Unidos na Santa Sé, segundo indicou o vazamento de documentos diplomáticos divulgados pelo Wikileaks e publicados na quinta-feira (28/04) pela revista italiana L’Espresso. Segundo a publicação, após realizar uma série de discussões, o Estado católico deu apoio às iniciativas dos EUA contra a “Guerra ao Terror”, iniciada pela administração George W. Bush, o que incluiu a utilização da prisão cubana.
Segundo o jornal argentino Página12, a visão que o Vaticano tinha da guerra do Afeganistão e do centro de detenção de Guantánamo foram os motivos que levaram o governo do ex-presidente George W. Bush a recorrer a Montemayor para obter mais informações e, consequentemente, articular um apoio. Nascido em Buenos Aires em 1956, Montemayor é filho de um militar da Marinha argentina durante a ditadura civil-militar daquele país (1976-1983).
Os despachos, qualificados como "reservados", saíram da embaixada norte-americana no Vaticano e envolvem o então embaixador James Nicholson, a quem Montemayor passava as informações.
Em uma das mensagens, o monsenhor teria contado a Nicholson que "o tratamento dos detentos de Guantánamo poderia ganhar importância dentro do Vaticano, onde um debate sobre este tema terminou com um sólido apoio, ainda que com algumas reservas, à campanha dos EUA no Afeganistão". A informação teria sido relatada em um documento de janeiro de 2002, logo no início da “Guerra contra o Terror”.
Entretanto, segundo as informações de Montemayor, a Rússia estaria estudando cuidadosamente o tratamento dos EUA com os presos de Guantánamo como forma de justificar o tratamento que o país dá aos detentos da Chechênia.
Ainda segundo o bispo argentino, mesmo com a preocupação de algumas pessoas no Vaticano com um "desastre humanitário" no Afeganistão, a maioria acreditava que "a intervenção estadunidense melhorou claramente a condição humanitária dos afegãos"
Fonte: Operamundi