sexta-feira, 22 de abril de 2011

Ortodoxos Russos e a repetição solene


Enquanto por aqui os maçons conseguem superar a missa católica, na Rússia a solenidade do rito parece conquistar o coração dos fiéis.

"Ai, ai, ai Danilo, você de novo com essa mania de Rússia ortodoxa pra lá, ortodoxos pra cá". Não se preocupem, porque uma conversão à ortodoxia russa ou grega não está nos meus planos. Mas acho importante reconhecer o esplendor litúrgico que há nas gélidas terras dos Gulags, de Dostoiévski e Tolstói.
O vídeo acima nos vem do site norte-americano, The New Liturgical Movement.

A primeira coisa que me chama a atenção é a repetição solene dos gestos, como o sinal da cruz e a tripla genuflexão. A liturgia bizantina, grega ou eslava, é rica em repetições dos gestos. Na verdade, se podemos colocar dessa forma, a liturgia como um todo é uma grande repetição solene e poderíamos ir ainda mais além na nossa reflexão  e afirmar que liturgia sem repetição é liturgia sem solenidade e, por isso, sem vida.

O vídeo mostra também que a liturgia pontifical ortodoxa conta com a participação quase exclusiva do bispo e seus diáconos e sub-diáconos. Acho muito importante existir, de fato, diáconos dentro da liturgia e não apenas diáconos de transição.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a juventude do clero e até mesmo do episcopado russo. São muito jovens. Isso se deve, penso eu, a presença e manutenção da preciosa ordem dos acólitos, todos do sexo masculino, que contribuiu para renovar e rejuvenescer a Igreja Ortodoxa Russa. Acólitas matam vocações. Os acólitos ortodoxos se paramentam de forma semelhante aos sub-diáconos, só não possuem estola dobrada ou cruzada sobre a vestimenta.

A cor negra, de luto, domina a liturgia. Como já tive a oportunidade de escrever num comentário recente, os ortodoxos usam a cor litúrgica de forma diferente de nós. Eles variam muito mais e usam cores que para nós são desconhecidas, como o azul e o dourado.

A liturgia em questão foi a de ontem, dia 21, e foi a leitura de todos trechos dos Evangelhos que narram a paixão do Senhor, por isso podemos imaginar que foi uma liturgia muito longa. Outros detalhes: não há bancos, você participa em pé! As velas são mais finas e longas, porque a liturgia é bem longa. É o bispo quem proclama o Evangelho.

Enfim, um belo vídeo que vale ser apreciado com pequenas lágrimas no canto dos olhos quando nós, isolados no terror litúrgico do interior paulista, só podemos nos contentar com vídeos.

2 comentários:

Rafael Vitola Brodbeck disse...

O dourado não é desconhecido para nós como cor litúrgica, dado que é a chamada "cor festiva", podendo substituir não só o branco da Páscoa, Natal e outras solenidades importantes, como até mesmo ser usado quando prescrito o verde, se o dourado for mais solene.

Quanto ao azul, em locais onde há indulto, pode ser usado nas Missas de Nossa Senhora.

Danilo disse...

Ah, mas disse bem "podendo". O dourado é raro na liturgia latina. Na liturgia ortodoxa ou oriental é muito comum, até mais que o verde. O azul também.
Inclusive os ortodoxos usam o dourado em detalhes das vestes misturado a outras cores. Eles também usam roxo, lilás, amarelo, cinza, etc.
Há uma boa variedade, diferente de nós que vemos verde-roxo praticamente o ano todo.

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