(InfoVaticana) O Secretário da Congregação para a Vida Consagrada, o franciscano José Rodríguez Carballo, número dois há um ano neste organismo vaticano encarregado da vida religiosa, esteve na Espanha neste final de semana para assistir à reunião da União dos Religiosos da Catalunha.
Nela, Carballo situou como um ponto importante da vida religiosa a fidelidade ao Vaticano II: PAra consagrados o Concílio é um ponto que não pode ser negociado. E afirmou que aqueles que buscam nas reformas do Vaticano II todos os males da vida religiosa "negam a presença do Espírito Santo na Igreja".
Explicou que na Congregação para a Vida Consagrada estão "especialmente preocupados" com este tema: estamos vendo verdadeiros desvios. Sobretudo porque "não poucos institutos dão não só uma formação pré-conciliar, mas também anti-conciliar. Isso não é admissível, é se colocar fora da história. É algo que nos preocupa muito na Congregação".
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Recentemente a Congregação, através do seu "capitão do mato", Frei Fidenzio Volpi, impediu o fundador dos Franciscanos da Imaculada de visitar o túmulo dos próprios pais para celebrar uma missa no seu aniversário. A proibição, que ultrapassou os limites do desprezível, chocou a comunidade de fiéis ligada diretamente aos Franciscanos da Imaculada e foi reproduzida pelo mundo todo, com desprezo, pelos blogs e sites católicos.
Mas o que temos de novo, trazido pelo trecho traduzido acima, não é surpreendente. No aniversário do Vaticano II a Igreja conciliar - para usar um termo famoso - decidiu que é chegada a hora de expurgar a resistência. A iniciativa veio com a eleição de Francisco que procurou de imediato atacar tudo aquilo que transpirava qualquer sinal de "restauração". Nas homilias diárias da Casa Santa Marta e nas inúmeras indiscrições e vazamentos das suas conversas particulares com grupos progressistas, o Papa não se poupou a criticar ou mesmo desdenhar dos católicos mais tradicionais, com suas piedades "pelagianas" e sua "modas litúrgicas".
A vida religiosa tradicional, no final do pontificado de João Paulo II e durante todo o pontificado de Bento XVI, floresceu. Vocações, conventos cheios e seminários lotados aturdiam bispos e cardeais da "velha guarda" que insistiam em novidades e relaxamentos como forma de atrair vocações. Isso foi demais!
Carballo - nunca é demais notar - foi chefe dos Franciscanos "marrons" e assistiu com a passividade de uma moça do século XIX ao desmoronamento da vida religiosa na Espanha, sua terra natal. Encolhimento de mosteiros, envelhecimentos dos frades franciscanos e uma supreendente - ou nem tanto - falta de vocações. Em trinta aos, ou talvez menos, a Espanha não terá mais religiosos.
Com um currículo mais do que fracassado, surpreendentemente foi chamado a Roma por Francisco, sua primeira nomeação como Papa, para comandar a vida de milhares de ordens no mundo todo. Que tipo de Pogrom poderia impor Carballo?
A família dos Franciscanos da Imaculada congrega em si toda a mensagem que, supostamente, o Papa Francisco quer passar ao mundo - humildade, serviço, desprendimento, caridade, espírito de missão, fidelidade e oração. Entretanto, e esse é um daqueles paradoxos que só a Igreja conciliar consegue sustentar, estão sendo furiosamente perseguidos com a ciência e anuência de Francisco.
Alguns católicos, com boa intenção ou simplesmente dopados, argumentam que Francisco não sabe em detalhes da perseguição e das injustiças diárias que os Franciscanos da Imaculada vem sofrendo. Tal argumento é absurdo! Sabemos pelas fofocas sobre o dia a dia do Papa que ele é muito bem informado. A deplorável intervenção nos Franciscanos da Imaculada já foi noticiada em todos os meios possíveis, sobretudo pelo trabalho de alguns historiadores e vaticanistas italianos e espanhóis. Apelar para a Santa Ignorância é no mínimo ridículo.
Os filhos da Imaculada tiveram algumas das suas principais Igrejas de apostolado na Itália fechadas, sua livraria foi encerrada, seus líderes despachados para diversos cantos do mundo e proibidos de falar, o padre fundador colocado em custódia, seus bens confiscados, suas freiras abandonadas aos padres diocesanos, os leigos totalmente perdidos. Impossível não comparar com a intervenção nos Legionários de Cristo, que foi "água com açúcar" para punir vários padres ligados ao desgraçado Pe. Maciel e que no final não puniu ninguém. Os Legionários não sofreram um décimo do que os Franciscanos vem sofrendo. É claro que os Franciscanos não contavam com a proteção indulgente do Papa Sodano...
Neste ano da canonização do Concílio devemos esperar ainda mais. Como disse Carballo, "não poucos institutos dão não só uma formação pré-conciliar, mas também ante-conciliar. Isso não é admissível". Esperamos, portanto, intervenções em outras comunidades para "ajustá-las" aos padrões conciliares. O próximo passo, desconfio, será colocar os institutos beneditinos "Ecclesia Dei" aos cuidados da Congregação de Carballo.
Ao final o Imaculado Coração triunfará, mas até lá muitas espadas ainda transpassarão o amável coração da SSma. Virgem.