Pe. Wylie celebrava missas na forma extraordinária (missa tradicional) em algumas paróquias da arquidiocese, inclusive celebrava mensalmente na paróquia de Holy Innocents na ilha de Manhattan que, segundo informam os planos da arquidiocese, será fechada. Vários blogs tradicionais repercutiram a decisão da arquidiocese de NY de encerrar a Holy Innocents, sobretudo por esta ser um importante centro de missa tradicional, o que dificultaria a vida dos fiéis que atendem a esta forma da missa.
Num sermão pregado numa das missas (forma extraordinária), Pe. Wylie urgiu a arquidiocese para que enviasse pastores verdadeiramente comprometidos com os fiéis que frequentavam a forma extraordinária, para não só celebrar a missa, mas para guiá-los espiritualmente. Seu sermão circulou, segundo informa o blog Rorate Caeli, por várias mídias e chegou até mesmo a sua arquidiocese de origem na África.
Em menos de cinco dias a arquidiocese de NY expulsou Pe. Wylie, impedindo-o de exercer qualquer ministério no seu território. Pe. Wylie foi demitido também da missão vaticana na ONU e uma carta de reclamação foi enviada à África e ao núncio apostólico na África do Sul, possivelmente para aniquilar qualquer chance de uma eventual promoção ao episcopado.
Segundo informou hoje o blog Rorate, a ordem da remoção do Pe. Wylie partiu diretamente do escritório do arcebispo, Cardeal Timothy Dolan.
Aqui é preciso destacar ao leitor a mudança radical na postura do arcebispo de NY, antes tolerante e aberto com os católicos tradicionais. O cardeal Dolan vem atuando de forma dura com os católicos tradicionais em NY desde a eleição de Francisco. já foi notado que há um fechamento deliberado das paróquias que eram usadas exclusiva ou parcialmente pela comunidade de leigos ligada ao rito tradicional e a remoção de alguns padres de inclinação tradicional ou conservadora. Pe. Wylie é só um exemplo concreto e o mais famoso.
Alguns trechos da homilia do Pe. Wylie são sintomáticos do que vem acontecendo em NY:
Eu me preocupo com a situação dos católicos tradicionais na arquidiocese. Sim, a arquidiocese "permite" a missa tradicional aqui e ali - mas a responsabilidade continua sobre a iniciativa e desenvoltura dos leigos, que com enorme dificuldade precisam procurar sacerdotes aqui e acolá, de forma que parecemos ainda viver na Inglaterra reformada ou na Irlanda de Cromwell. Não é tempo de a Igreja assumir a responsabilidade pastoral também para essas ovelhas? Será que elas não merecem um pastor? Uma paróquia? ou pelo menos alguma sensação de segurança jurídica? O que acontece com vocês quando a paróquia em que vocês estão abrigados fechar as suas portas?
O que será das vocações sacerdotais em grande quantidade que vejo nesses numerosos jovens, de tal qualidade e que temos em abundância servindo aqui em Holly Inncents, Santa Inês e em outros lugares - permanecendo como eles estão à mercê (e às vezes, ao capricho) dos 'senhorios 'que, por uma razão ou outra,'toleram' a sua presença em suas paróquias? As portas em todos os lugares estão se fechando para eles
(...)Isto é, a meu ver, um exemplo claro de exclusão: uma injustiça que vocês devem levar ao conhecimento do seu pastor, eu acho. Vocês são membros de pleno direito dos fiéis batizados, pelo amor de Deus: por que vocês estão se comportando como mendicantes eclesiásticos, esperando um pedaço ou dois cair da mesa para a sua própria existência? (...) Vocês não são cismáticos! Vocês são cismáticos?
A Arquidiocese de NY congrega, hoje, uma das maiores comunidades leigas ligadas à missa tradicional do mundo. Entretanto, como relata Pe. Wylie, não há uma "segurança jurídica" para esses leigos, eles não gozam da proteção do Direito Canônico porque nenhum pastor, muito menos o cardeal Dolan, lhes reuniu ou reconheceu enquanto paróquia pessoal. Essa inexistência oficial, que impede inclusive de mensurar números de fiéis e de organizar planos para atendê-los, isenta a arquidiocese e o seu arcebispo de se preocupar pastoralmente - e pastoral é o mais importante! - com eles. Pe. Wylie reconheceu corajosamente a existência dessas "ovelhas fantasmas".
Pe. Greene. |
Pe. Wylie deve retornar, em desgraça, diretamente para Joanesburgo. Sua remoção serve como um aviso aos demais membros do clero em NY - questionamentos não serão tolerados! O cardeal Dolan se comporta como um político tradicional e não um pastor. Instala-se a polícia do pensamento em NY, uma estratégia certamente será copiada em muitos lugares.
Em contrapartida, como notou o blog Rorate, um padre da diocese de Oakland, Pe. Padraig (Patrick) Greene, foi recebido com toda a honra por uma paróquia novaiorquina. Pe. Greene foi preso, cinco anos antes, por masturbar-se e assediar um homem num banheiro público (o homem era um policial a paisana). Quando os leigos souberam do histórico do sacerdote, reclamaram oficialmente à arquidiocese que, para espanto, afirmou que o sacerdote encontrava-se em bom estado junto a Igreja.
Com informações de Rorate Caeli e Creative Minority Report