Os candidatos à presidência da república já estão em campanha aberta. A presidente Dilma, candidata à reeleição, está em campanha desde 2013, mas amarga sucessivos desgastes políticos, misturados a muita incompetência no trato com a máquina pública e um crescimento inexpressivo - ou mesmo vergonhoso - da economia. Dilma amarga quedas sucessivas nas pesquisas de intenção de votos.
A principal missão é, sem dúvida, tirar Dilma e o PT do poder. E para conseguirmos esse objetivo fundamental para o futuro do país é preciso ser inteligente. A única alternativa viável contra o PT é o PSDB. Sim, é um discurso polarizado, mas inevitável na atual situação.
O PSDB não é um partido dos sonhos e não encarna no seu espírito os valores morais cristãos-católicos que todos nós sonhamos. Entretanto, o estado das coisas é tão lastimável no país que precisamos escolher o mal menor, que é o PSDB.
O PT e seus congêneres (PSTU, PSOL, PSB, PCdoB, PCB, PCO, Rede etc) são favoráveis ao aborto, ao gayzismo, à cubanização do Brasil e do restante da América Latina. Só isso já é mais do que o suficiente para nos deixar com a coluna em riste contra o partido. Mais do que isso, o PT & cia. tem um projeto de poder do qual não abre mão e faz de tudo - lícito ou ilícito - para a perpetuação desse projeto.
Este ano, diferente da eleição anterior, temos um cenário mais diversificado. No pleito anterior existia sim a polarização PSDB e PT, mas que contou com um agente desestabilizante chamado Marina Silva, que conseguiu uma votação expressiva no primeiro turno. O fator Marina foi muito importante para a vitória de Dilma por dois motivos. O primeiro, e mais objetivo, foi a incapacidade do candidato do PSDB, na época José Serra, em angariar votos entre os marineiros. O segundo, que em parte justifica o primeiro, foi a proximidade ideológica entre Marina e o PT. Na verdade os votos de Mariana foram "guardados" durante a campanha e direcionados para Dilma, porque o público e as propostas das duas eram muito parecidas. A Marina do PV serviu como um cavalo de Troia na campanha do PSDB que ficou confuso e sem saber em quem atirar. E numa guerra não se desperdiça munição.
Esse papel desestabilizador, hoje, cabe ao candidato do PSB Eduardo Campos. Tanto é verdade que ele escolheu Mariana como vice. Campos repete a mesmíssima estratégia de Marina, ou seja, propor-se como uma via alternativa ao cenário político polarizado, representando um "novo verdadeiro" e purificado das mazelas políticas brasileiras. Se tudo ocorrer como o planejado, Dilma usará o seu enorme tempo na TV para propor pactos e novos PACs, enquanto caberá a Eduardo Campos atacar Aécio Neves; uma estratégia sanduíche que visa esmagar o senador mineiro. O segundo turno, como tudo indica, será entre Dilma e Aécio, com Campos e Marina voltando ao curral petista e declarando seu apoio filial a presidentA.
Entretanto há um problema inesperado com a estratégia. O cenário político não é o mesmo e está muito pior para o PT. Sem contar que os votos de Marina, da eleição passada, não migraram e prometem não migrar para Eduardo Campos. Marina já não é mais aquela novidade que entusiasmava adolescentes em primeira eleição ou universitários chapados. Marina não é mais cult ou pop, está mais para um rococó confuso.
E, para piorar para o PT, os candidatos nanicos estão com uma qualidade muito superior ao do pleito anterior. Dois nomes estão ganhando destaque - Pastor Everaldo e Denise Abreu.
Pastor Everaldo conta com 4% das intenções de voto, confirmados por várias pesquisas. É um percentual grande quando comparamos com Eduardo Campos, que já foi governador de estado e tem Marina como vice, que tem entre 10% e 4%, dependendo da pesquisa. Como reconheceu o jornalista Reinaldo Azevedo, Pastor Everaldo fala coisa com coisa e tem coragem para defender posições consideradas de direita, o que para a política brasileira, toda pautada por uma agenda socialista, seria quase um suicídio. Questionado já em Abril pelo site UOL, Pastor Everaldo destaca suas bandeiras (grifos meus):
Vamos defender valores da família, da vida do ser humano desde a sua concepção, como consta na Constituição brasileira. Do ponto de vista econômico, somos liberais. Temos um projeto que busca a economia livre, com empreendedorismo, desenvolvimento econômico, mobilidade urbana, meio ambiente sustentável, educação e saúde livre e descentralizada, esportes e culturas independentes, liberdade civil e política. Nós achamos que a segurança pública é uma das mais áreas de maior apreensão do cidadão brasileiro e, nesse ponto, temos uma legislação penal confusa, com excesso de recursos. Vamos investir na segurança pública, dando atenção especial às Forças Armadas, que foram sucateadas por esse governo. Para nós, uma governança ativa requer descentralização e municipalização, com respeito ao direito da propriedade privada. Enquanto esse governo é estatizante, nós somos privatizantes. Tudo que for possível tirar da mão do Estado e passar para a iniciativa privada, para que os recursos possam ir para a saúde, educação e segurança publica, nós vamos fazer.
O discurso do Pastor é afinado com a vontade da maioria dos brasileiros, que é conservadora e de direita, mas que não tem em quem votar. Pelo menos não tinha. Marcar constantes 4% nas pesquisas, sem ser conhecido e defendendo valores abominados por muitos partidos, donos de jornais, empreiteiros e onguistas é um feito e tanto. Junte-se a isso o fato de ser "pastor".
Pastor Everaldo estará no debate de presidenciáveis da rede Globo e possivelmente de outros canais. Ele é o primeiro representante da maioria muda do país e, se conduzir a sua candidatura na linha apresentada acima, pode não vencer, mas participará do renascimento da direita no país. Neste pleito Pastor Everaldo é muito mais importante, para o futuro do país, que Marina Silva e sua homeopática política alternativa.
Temos também Denise Abreu que, sem fundos milionários ou apoio de empreiteiros e banqueiros, vem na mesma linha do Pastor Everaldo, embora com menos visibilidade. Denise Abreu tem um canal no Youtube onde tece críticas inteligentes ao PT e recebe convidados de calibre intelectual, como o prof. Olavo de Carvalho, com regularidade. Denise Abreu tem carisma, inteligência e demonstra não só um conhecimento da máquina de destruir reputações do PT, da qual ela mesma é vítima, mas tem uma vontade de mudar e construir um Brasil através do esforço dos próprios brasileiros e não através de assistencialismo escravizante.
Mas nós precisamos ser realistas. O único nome, hoje, capaz de apresentar alguma dificuldade para o PT é Aécio Neves do PSDB, e mesmo assim não será fácil. O brasileiro, como já dito, é conservador e por isso mesmo pode até flertar com a novidade, mas deseja um candidato com um pouco mais de bagagem política. Everaldo e Denise são candidatos que certamente estarão fortalecidos para pleitos futuros, para cargos majoritários ou não.
O voto do católico conservador deve ir para Aécio. "Ah! Mas eu sou católico tradicional e não posso votar num partido de esquerda", dizem as mentes afetadas e que afirmam que votarão em branco pela ausência de um candidato ligado ao catolicismo tradicional. O que esperam? Algum padre da FSSPX concorrendo à presidência? Interessante que a recusa desses católicos - que certamente formam uma parcela insignificante do eleitorado nacional - só fortalece a esquerda comunista. O PSDB é uma social democracia, mas nem de longe apresenta a sanha controladora, esquerdopata do PT e congêneres. Dentro das fileiras do PSDB existe um amplo espectro ideológico que vai desde um leve socialismo até a direita-conservadora-liberal, algo inexistente nas entranhas do PT ou PSB-Rede. Prova dessa diversidade é o que disse em recente entrevista o senador Aloysio Nunes, vice na chapa de Aécio:
VEJA - O senhor é contrário à criminalização do aborto e do usuário de drogas e a favor da rediscussão da maioridade penal. Esses temas são recorrentes nas campanhas políticas. Como acredita que se dará esse debate nestas eleições?SENADOR - Não temos uma unidade política em relação a muitos desses temas. Em muitos países, questões como essas foram decididas por plebiscito porque são temas que dividem verticalmente o sistema político. É uma questão mais de valores fundamentais do que um tema de cunho partidário e não creio que isso deva ser objeto de campanha. Em relação a drogas, o que deve ser discutido é a maneira de tratar o usuário e a forma mais eficiente de se combater o tráfico. O importante é como diminuir a demanda por drogas a partir de campanhas educativas, de mostrar que droga é uma droga e como tratar a pessoa que é vítima dessa doença. No caso do aborto, respeito as objeções morais, religiosas e até constitucionais, mas há um fato humano que precisa ser levado em conta. A mulher que decide interromper a gravidez já passa por um sofrimento muito grande e acho que seria cruel, desumano e ineficaz submetê-la a mais um castigo, o castigo da lei penal. O Aécio tem uma posição diferente da minha. Esses temas são mesmo uma questão pessoal.
Dilma sempre soube que um plebiscito sobre o aborto seria fatal para a causa abortista e por isso tenta impor desde cima a ideologia da morte, com uma discussão fictícia com a sociedade. Aécio, como toda a cúpula do PSDB, tem um medo absurdo e inexplicável de tocar em temas ligados ao universo pró-vida. Já afirmou que não vai interferir na legislação existente, que despenaliza o aborto no caso de estupro ou risco de vida para a mãe.
O PSDB não sabe lidar com o tema aborto na campanha com tranquilidade. Isso é uma falha grave e remete ao erro histórico de José Serra na campanha contra Dilma em 2010, quando o candidato tucano forçou com sucesso a agenda pró-vida contra Dilma até que o PT virou o jogo com uma confissão que a própria mulher de Serra já havia feito um aborto. Qualquer marqueteiro com meio neurônio saberia reverter a situação a favor de Serra, mas o PSDB entrou numa defensiva injustificável e facilitou o ataque petista em vários outros flancos.
Concluindo
Votar no PSDB, hoje, é dar uma chance para que no futuro um candidato conservador ou liberal possa existir. E convenhamos, é pouco provável que um eventual governo de Aécio ataque os valores cristãos de forma mais agressiva do que o governo do PT vem atacando.
Este blog e este blogueiro que vos escreve declara seu apoio ao candidato do PSDB. Não o faço por acreditar que Aécio é o candidato ideal, mas porque acredito que é o candidato que pode nos apresentar um futuro mais livre.
Em outubro não decidiremos apenas quem será o próximo presidente, mas se o Brasil vai ou não se tornar uma ditadura bolivariana, afundada na incompetência pública, na violência e no caos generalizado.
Dessa forma, escolher um pouco de esperança é melhor do que nenhuma esperança.