domingo, 3 de abril de 2011

Solução canônica para a FSSPX

Está rodando pela blogosfera, com maior ou menor efeito, uma brisa de fofoca onde especula-se que a Santa Sé estaria estudando uma estrutura canônica para a FSSPX, na forma de prelazia pessoal (estrutura Joãopaulina) ou, como sugerem os boatos mais recentes, um ordinariato pessoal e global (especialidade de Bento XVI).

Que bom será quando os padres da fraternidade puderem entrar nas dioceses sem os estigmas impostos pelos vigários e ordinários locais. Contudo, alguém acredita que isso é imediato?

Não há da parte da Sociedade um desejo público de regularizar a situação canônica porque, como vários expoentes da FSSPX deixaram claríssimo, a questão não é do direito, mas da teologia.

Pelo que se lê na rede e de algumas declarações pescadas aqui e ali pelo superior geral da Fraternidade, as conversas com Roma deram resultado zero. Irão terminar sem fruto objetivo. Talvez num espaço maior de tempo essas conversas serão úteis, mas o futuro pertence ao Senhor.

Não acredito que a FSSPX como um todo aceite qualquer estrutura, especialmente agora com tantas notícias desfavoráveis aos fiéis tradicionalistas vindas de todas as partes. Se a Santa Sé propor uma estrutura de qualquer natureza poderá receber um belo não  como resposta. Ou, pensando o pior, poderá rachar a fraternidade. O velho adágio romano "dividir para conquistar".

Os resultados pouco satisfatórios com a aplicação do Motu Proprio demonstram que há ainda muito caminho a ser percorrido. Há resistência, há perseguição de fiéis diocesanos que ousam manifestar qualquer traço de sensibilidade, digamos, mais tradicional. E poderíamos imaginar que os fiéis da fraternidade seriam poupados? Claro que não.

Fiquem onde estão, belo bem da Igreja!

Pode parecer incoerência, mas é o que desejo e acredito que é o melhor e mais sensato a se fazer. Se a Fraternidade for regularizada, morrerá. Os Institutos Tradicionais Ecclesia Dei são fortes em parte graças a existência da Fraternidade S. Pio X. Eles ainda estão unidos de alguma forma e existem em simbiose ou numa espécie de limbo teológico (são parte da FSSPX em Roma ou um braço de Roma na FSSPX?). Se a Fraternidade cair, eles serão assimilados pelas dioceses e a missa e toda a espiritualidade tradicional se tornará apenas um "carisma", uma caricatura imperfeita do que deveria ser de fato a alma da Igreja.

Eles não estão fora da Igreja, deixo claro. Eles estão fora da estrutura jurídica, apenas isso. Essa visão eu confesso que não tinha, mas me deparar cada vez mais com o caos dentro do Templo de Deus só me faz ter uma dimensão mais real das coisas. Algumas irregularidades podem ser benéficas.

2 comentários:

Bruno Luís Santana disse...

Danilo, você me surpreendeu desta vez. Mas felizmente concordo com o que foi dito.

Dizem que, em time que se está ganhando não se mexe. Bem, considerando que o time seja apenas a FSSPX, sua trajetória e seus frutos, 20 anos após a morte de mons. Lefevbre só demonstram o que o próprio cardeal Hoyos disse há tempos atrás: "os frutos são bons, logo o Espírito Santo está lá"...

Estará errada a FSSPX em dizer que a questão verdadeira não é o direito, mas a teologia? Eu acrescentaria algo além disso. Não é só a Teologia, é toda uma visão de mundo, toda uma cosmovisão. Trata-se no fundo, do Teocentrismo contra o antropocentrismo. É o confronto dos que desejam uma visão liberal do mundo contra os que desejam uma resposta católica.

Por isso o problema nunca foi apenas o direito, assim como nunca foi apenas a Missa, e nem mesmo apenas os textos ambíguos conciliares. D. Fellay esperava algum fruto dessas conversações para uns 20 anos, mas ele foi brando; é necessário que essa geração que ocupa as lideranças no mundo católico seja sucedida por novas e mais sensíveis gerações, e isso leva tempo;

Que os resultados constatados, considerando o que dá entender pelos pronunciamentos de D. Fellay são tristes, isso é verdade. Mas para quem conhece a FSSPX, nada disto é novo. Esperava-se mesmo que o fruto IMEDIATO destes colóquios fosse esse mesmo, porque não se resolveria uma luta de valores deste porte em uma sala do antigo Santo Ofício.

Portanto, por tristes que sejam, estes resultados causam também alívio.

O artigo recente provindo de um padre do IBP, por muito de, quiçá, verdadeiro, perde força. Perde força porque a FSSPX permanece a âncora da resistência frontal às forças desagregadoras; além do mais, por muito "confortável" que seja permanecer às margens do direito canônico, como assim definiu o padre-articulista, ao menos esta infelicidade traz frutos, ao passo que a Eccleia Dei está amarrada, silenciada e vigiada de perto em suas atividades "reacionárias". Podem despertar vocações, podem ter até mesmo números para ostentar, mas um exército de padres sem paróquia, sem priorado, sem apostolado "oficial"... O jeito para estes é contar com a extinção do clero de nações como a França, porque aí alguém terá que ocupar os postos, e preferirão conceder antes aos juramentados, ops, padres regularizados, do que à FSSPX.

Renato disse...

É, Bento XVI parece que resolveu aderir mesmo a heresia!

http://cumexapostolatusofficio.blogspot.com/2011/04/padre-ratzinger-o-herege-que.html

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