domingo, 13 de julho de 2014

Errar é humano, insistir no erro é burrice mesmo. Francisco concede outra entrevista a Eugenio Scalfari.

E aconteceu de novo. Papa Francisco resolveu conceder mais uma entrevista ao periódico italiano "La Repubblica", comandado pelo ateísta Eugenio Scalfari.

Na última empreitada, ainda no ano de 2013, portanto o primeiro do seu pontificado, Francisco se aventurou no universo das entrevistas com Scalfari e o resultado foi confusão espalhada por todos os lados. Acontece que, depois de confirmado o estrago, o porta-voz da Santa Sé, o oficioso Frederico Lombardi, anunciava que a entrevista se deu não através da reprodução de relatos precisos do Papa, mas com texto livre publicado de memória de Scalfari. Alguns dias depois o próprio Scalfari afirmava que ele podia ter, digamos, colocado algumas palavras na boca do Papa...

A primeira entrevista foi ruim e foi um erro. A credibilidade de Scalfari saiu ligeiramente prejudicada, sobretudo por ser um jornalista veterano. Francisco, contudo, resolveu conceder outra entrevista a Scalfari, que foi publicada hoje. E se a primeira deixou todo mundo confuso, esta nos deixa perplexos.

Na nova entrevista - que na minha opinião é infinitamente mais danosa à Igreja que a primeira - Francisco teria afirmado que:

Muito dos meus colaboradores que trabalham comigo me afirmaram com dados confiáveis e afirmaram que a pedofilia dentro da Igreja é de um nível de 2%. Este dado deveria me tranquilizar, mas devo dizer que não me tranquiliza. Afirmo que é gravíssimo. 2% dos pedófilos são sacerdotes e até bispos e cardeais. E outros, mais numerosos, sabem, mas guardam segredo, punem sem dizer o motivo. E penso que essa situação é intolerável e pretendo lidar com a seriedade que ela demanda.

2% do clero é composto por pedófilos, ou seja, se a sua diocese tiver 100 padres, pelo menos dois deles são pedófilos. Reze para estar na paróquia certa!

A gravidade de tal afirmação é sem precedentes, como tudo neste pontificado. Afirmar num jornal, sobretudo num jornal comandado por um ateísta muito criativo, que 2% do clero é composto por pedófilos é colocar em contestação todos os padres do mundo, abalando a confiança que se tem no clero. Como um paroquiano poderá olhar para o seu sacerdote depois do Papa lhe dizer que ele pode ou não ser um dos 2%?

E, imediatamente, Pe. Lombardi afirmou:

Entretanto, como aconteceu numa situação anterior e similar, é importante notar que as palavras que o Sr. Scalfari atribui ao Papa, entre "aspas", vem da memória do próprio joranlista sobre o que o Papa disse e não são uma transcrição exata de uma gravação, nem uma revisão de tal transcrição pelo próprio Papa a quem se atribui as palavras.
Em nenhum momento, entretanto, Pe Lombardi nega ou desmente, apenas joga com uma certa imprecisão ou informalidade do texto. Lamentável, sobretudo pelo peso das declarações.

Como o esclarecimento de Pe. Lombardi não nega, nem desmente, muito menos corrige, podemos assumir que a afirmação, em essência, é verdadeira. 2% dos padres são pedófilos, inclua-se bispos e cardeais. Os outros 98% ou são inocentes ou são cúmplices, você escolhe. Como não se desesperar com isso?

Admitamos que o número seja correto e 2% do clero realmente esteja envolvido nesse crime horrível. Como tratar o problema? Certamente não através de entrevistas em jornais... Este Papa demonstra uma total - TOTAL - incompetência gerencial.

A punição seria mais fácil se esses 2% estivessem ligados direta ou indiretamente com um "cripto-lefebvrismo". Creio que a punição lhes cairia como um raio, com força devastadora.

O problema da pedofilia no clero existe e ninguém nega. É um problema que precisa ser resolvido na base, com boa formação dos seminaristas. É visível que muitos desses seminaristas de hoje são afeminados demais para o sacerdócio. E pelo que tenho visto - e vi muito - de seminaristas, posso dizer que esses 2% se tornarão 10% em alguns anos.

De qualquer forma é preciso registrar a perplexidade com a entrevista. Francisco tem um dom natural para escolher amigos entre os mais ferozes inimigos da Igreja, sem, é claro, convertê-los. Se na doutrina, por força do cargo e em situações muito específicas, ele é infalível, em todo o resto vem demonstrando não só falibilidade aguda, mas reincidente.

Rezemos!

4 comentários:

Anônimo disse...

Insistir no erro também pode ser esperteza diabólica.

Pedro Erik Carneiro disse...

Parabéns, pelo texto, Danilo. O crime de pedofilia é um desastre para a Igreja, mas o Papa deveria ter lembrado que há locais (e religiões) onde a prática é tolerada e até incentivada, como entre os autores de Hollywood e no Alcorão.

Mais uma entrevista do Papa que me dá vergonha. Cansei tanto delas que não tenho nem ânimo de falar sobre o assunto mais no meu blog.

Sinceramente, o Papa Francisco me dá certo desespero.

Rezemos.
ICXC NIKA.

Pedro Erik

Danilo disse...

Pedro, algumas pessoas acham que escrevemos o que escrevemos com alegria. Que colocamos a nossa crítica a quem quer que seja - inclua-se o Papa - porque somos pessimistas ou reacionários. Não é nada disso! Nos corta o coração ver esses grandes absurdos, para dizer o mínimo, que estão vindo da cátedra de Pedro e daqueles que estão ao seu lado.
É diferente - para o pior - dos problemas do tempo de Paulo VI ou João Paulo II.
Muitos ainda seguem com o seu silêncio obsequioso. Enquanto uns silenciam outros fazem a festa, ou melhor, fazem um estrago sem precedentes. Isso porque é apenas o primeiro ano de pontificado.
Rezemos mesmo!

Anônimo disse...

Será papa?

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