Pela primeira vez, em 30 anos, um arcebispo-primaz do Brasil celebra a missa campal em homenagem a Santa Bárbara. Dom Murilo Krieger presidiu a solenidade no Largo do Pelourinho, onde foi distribuída ao mesmo tempo hóstia e acarajé, que no candomblé é chamado de acará, ou seja, a comida ofertada à Yansã. Ato que emocionou até os que não têm fé. A benção aos fiéis ocorreu com folhas molhadas em água benta.
Dom Murilo não esqueceu de homenagear os mais de 30 trabalhadores rurais mortos em acidente na BR 116, trecho na Bahia. Ele também lembrou o ex-jogador Sócrates, que morreu nesta data também simbólica para o futebol, com a conquista do Campeonato Brasileiro pelo Corinthians, o clube do "Magrão".
Seguidores de Santa Bárbara e Yansã aproveitaram a festa para pagar promessas, distribuindo fitas e acarás pelo caminho. A Banda do Corpo dos Bombeiros agradeceu a proteção da padroeira da classe, acompanhando a procissão pelas ruas do Centro Histórico, até o Mercado de Santa Bárbara, na Baixa dos Sapateiros, todo tempo entoando cantos religiosos.
A festa continuou com danças, celebrações e o tradicional caruru. O gesto do arcebispo foi encarado como uma reaproximação da Igreja Católica com o Candomblé, que tem sido combatido por religiões neopentecostais na Bahia. A missa de atabaques chegou a ser uma marca dos beneditinos Dom Timóteo Amoroso Anastácio e Dom Jerônimo de Sá Cavalcanti, religiosos destacados na resistência à ditadura militar, no Mosteiro de São Bento de Salvador.
Fonte: Terra Magazine
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Simplesmente lamentável que o Senhor Arcebispo tenha se prestado a esse papel. "Ah, mas a missa foi em honra a Santa Bárbara, uma santa católica e foi para isso que o arcebispo estava lá" poderiam argumentar aqueles que defendem o indefensável.
Não teria a "prudência pastoral" recomendado ao Senhor Arcebispo Primaz que evitasse todo ato que comprometesse a fé católica, causando confusão no povo através do sincretismo? Ou será que o Senhor Arcebispo foi ingênuo o suficiente para imaginar que os sacerdotes e sacerdotisas dos cultos afro-brasileiros não iriam aproveitar a ocasião para profanar a cerimônia? Não é de hoje que os cultos afro-brasileiros se valem de santos e santas católicos para confundir as pessoas e, por isso mesmo, por mais de 30 anos nenhum arcebispo baiano conduziu uma cerimônia desse porte em honra à Santa Bárbara.
Até quando Senhor?! Até quando?!