sábado, 3 de dezembro de 2011

O mundo plural de um só

Toda conquista progressista é vista como um autêntico triunfo do diálogo e da tolerância, uma vitória do plural sobre o individual. Entretanto, o progressismo não é católico, ou melhor, por sua própria natureza poderíamos dizer que o progressismo é radicalmente anti-católico.

Se admitimos que católico significa universal - como poderíamos admitir outra coisa? - e se o progressismo é anti-católico isso só conduz a uma única conclusão possível: que ele [o progressismo] é naturalmente totalitário, tirano e absolutista, ou seja, o progressismo é sempre a vitória de uma determinada corrente, não sendo tolerante ou dialogante como pintam seus protagonistas. E isso é muito fácil de perceber em qualquer ambiente progressista, onde podemos observar o respeito apenas às opiniões convergentes e o patrulhamento ideológico contra opiniões contrárias.

Pensemos, por exemplo, nos ambientes políticos atuais, onde o progressismo ideológico comunistóide se comporta como um rolo compressor, impondo a sua agenda, que é contrária ao desejo da maioria e por isso é anti-democrática, ao povo brasileiro. O kit gay, as políticas de saúde pública, o atual cerceamento da dimensão religiosa do povo, são exemplos práticos da intolerância dos tolerantes.

O progressista, longe de querer o progresso, quer a submissão. A submissão da Ordem ao seu próprio conceito de ordem, a submissão da Religião ao seu conceito de religião, e por vai. O progressista quer colocar o mundo de cabeça para baixo! Ele observa o mundo dessa forma, totalmente despregada da realidade, e busca impor essa loucura como sensatez, o errado como certo.

Longe de querer tecer uma análise precisa do estranho mundo progressista, quero recordar o que escrevi acima (Toda conquista progressista é vista como um autêntico triunfo do diálogo e da tolerância, uma vitória do plural sobre o individual) e depois transcrevo um interessante artigo.

Andrés Torres Queiruga é autorizado a dar palestras em BilbaoNem vencedores nem vencidos. Ou, melhor dito, na diocese de Bilbao se impôs a sensatez e um acordo, pelo qual todos saem ganhando. O bispo da diocese, Mario Iceta, dando uma demonstração de um excelente jogo de cintura, voltou atrás em sua decisão e deu seu consentimento para duas palestras do teólogo Andrés Torres Queiruga noInstituto Diocesano de Teologia e Pastoral (IDTP), da diocese basca. Ganha o teólogo galego, cuja imagem e prestígio ficam incólumes. Ganha o bispo basco, que dá uma demonstração de pluralidade e realismo. E ganha o IDTP, que segue conservando sua independência e sua liberdade na comunhão.
A reportagem é de José Manuel Vidal e está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 01-12-2011. A tradução é do Cepat.
Dentro do ciclo “Teologia em diálogo”, Queiruga dará, no próximo dia 12 de dezembro, a palestra ‘Deus bom e mundo injusto’ em duas sessões abertas a professores, alunos do centro e comunidade em geral.Após a exposição do teólogo galego, um dos maiores especialistas no tema (acaba de publicar Repensar o mal, pela Trotta), haverá espaço para um debate com os presentes.“Chegamos a um acordo razoável com o bispo”, garantem fontes do IDTP, onde se mostram satisfeitos com o consenso alcançado com dom Iceta. “Houve uma reconsideração do tema por parte de todos e concordamos em agir dessa maneira”.No IDTP, consideram que se trata de um “bom acordo para a diocese e para a formação”, opinião amplamente compartilhada no centro. Agradecem especialmente a dom Iceta que tenha dado uma demonstração de flexibilidade e que não se tenha fechado em sua primeira decisão de proibir a presença de Torres Queiruga.




Para quem não conhece Queiruga há no blog Fratres in Unum um excelente texto, polêmico, sobre uma intervenção de Dom Redovino com base nas idéias do espanhol. Qualquer criança em fase de catecismo elementar consegue discernir que o que prega Queiruga é incompativel com a fé católica. Mas, como já disse, o mundo progressista não se apóia nos pilares da razão, antes se atola no lamaçal da loucura e da prepotência.

Na notícia é alardeado o ato "sensato" do bispo de Bilbao. Para os autores, seguramente progressistas, Dom Iceta deu mostras de pluralidade e realismo. Atitudes louváveis? Nem tanto...

Antes é preciso entender o que é pluralismo para os progressistas. Eles não enxergam o plural como a manifestação de várias opiniões; para eles é a simples liberdade para contrariar a ordem, neste caso específico, a doutrina católica sobre o Mal e, de modo ainda mais específico, o inferno e a danação. Pluralidade é a capacidade para questionar, sem qualquer argumento sólido, a ordem vigente.

Quando é evocada a "sociedade plural" temos a certeza que se trata de um argumento usado falaciosamente para empurrar na "sociedade real" coisas que esta não deseja. "A sociedade plural deve acolher todo tipo de diversidade sexual e, consequentemente, o casamento gay" ou ainda o mais contraditório e esquizofrenico, ouvido várias vezes: numa sociedade plural é inconcebível que argumentos religiosos tenham relevância no debate público.

Dentro da esfera eclesial o argumento da pluralidade é usado como instrumento para inocular heresias dentro da Igreja, especialmente dento de seminários, centros formativos e faculdades católicas, como é o caso em Bilbao.

Dissimuladamente os progressistas se valem da pluralidade, argumentando que o seminário católico moderno não pode ser um espaço para apenas ideias oficiais da Igreja - leia-se, a Doutrina Católica - mas deve se comportar como uma "academia" onde dos debates surgirá a verdade.

Acontece, meu amigo, que como já escrevi acima as palavras usadas pelos progressistas não têm o mesmo significado. Termos como "academia", "debate" e "verdade" adquiriram outro significado. Veja, por exemplo, a situação dos seminários dominados pela mentalidade progressista; neles não há espaço para a resposta católica, para a Doutrina da Igreja, e aqueles que desejam se formar conforme a fé da Igreja são massacrados - ou se convertem ao progressismo ou abandonam o seminário.

O bispo de Bilbao certamente enfrentou pressões poderosas. Independente de qualquer pressão ou ato perverso dos progressistas, a capitulação do bispo é lamentável. A fé da Igreja perdeu, toda a Igreja perdeu com essa permissão dada a este senhor.

Num centro que se pretende oferecer formação católica nada não-católico pode entrar. Esse é o princípio da coerência. A pluralidade autêntica é aquela que respeita a Ordem e Dom Iceta deveria te-la usado, fazendo valer sua autoridade de bispo e pastor máximo da diocese. Mas parece que a pluralidade em Bilbao não respeita a opinião do Bispo local!

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